- O Globo
Não tem Lava-Jato na França, mas há uma clara rejeição à roubalheira, aos privilégios e ao modo de ser dos políticos
Em abril de 2016, Emmanuel Macron, então ministro da Economia da França, fundou um novo partido, o Em Marcha. Apenas 13 meses depois, elegeuse presidente do país. E no próximo domingo, no segundo turno das eleições legislativas, seu partido deve conseguir mais de 400 cadeiras, uma maioria inédita na Assembleia Nacional, que tem 577 deputados.
E tudo isso sem um pingo de populismo. Ao contrário, marcou claras posições nos temas considerados mais delicados. No último debate da campanha presidencial, o moderador perguntou aos candidatos: qual sua posição em relação à Previdência?
Respondeu primeiro Marine Le Pen, da extrema-direita: “Vou reduzir a idade mínima de aposentadoria de 63 para 60 anos”.
Macron não se assustou. Não apenas disse que manteria os 63 anos, como afirmou que essa idade seria progressivamente elevada, conforme as taxas de envelhecimento da população. Ganhou com 66% dos votos. No discurso de posse, confirmou sua agenda definida como “radical de centro”: reformas da Previdência e da legislação trabalhista, maior rigor e restrição na concessão de seguro-desemprego, tornar o ambiente de negócios mais amigável para os empreendedores e privatizações.