domingo, 2 de dezembro de 2018

Opinião do dia: Karl Marx

O concreto é concreto porque é a síntese de múltiplas determinações, portanto, unidade da diversidade. Por essa razão, o concreto aparece no pensamento como processo da síntese, como resultado, não como ponto de partida, não obstante seja o ponto de partida efetivo e, em consequência, também o ponto de partida da intuição e da representação. Na primeira via, a representação plena foi volatilizada em uma determinação abstrata; na segunda as determinações abstratas levam a reprodução do concreto por meio do pensamento. Por isso Hegel caiu na ilusão de conceber o real como resultado do pensamento  que sintetiza-se em si, aprofunda-se em si e movimenta-se a partir de si mesmo, enquanto o método de ascender do abstrato ao concreto é somente o modo do pensamento de apropriar-se do concreto, de reproduzi-lo como um concreto mental. Mas de forma alguma é o processo de gênese do próprio concreto.”

O todo como um todo de pensamentos, tal como aparece na cabeça, é um produto da cabeça pensante que se apropria do mundo do único modo que lhe é possível, um modo que é diferente de sua apropriação artística, religiosa e prático-mental. O sujeito real, como antes, continua a existir em sua autonomia fora da cabeça; isso, claro, enquanto a cabeça se comportar apenas de forma especulativa, apenas teoricamente. Por isso, também no método teórico o sujeito, a sociedade, tem de estar continuamente presente como pressuposto da representação.
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Karl Marx (1818-1883) – Grundrisse (Manuscritos econômico de 1857-1858- Esboço da crítica da economia política). O método da economia política, pp. 54-5. Boitempo Editorial, 2011.

Luiz Werneck Vianna: Bye bye, Brasil?

- O Estado de S. Paulo

Os brasileiros não vão se despedir de si, apenas dizem um até breve

Bye bye, Brasil, querem nos embarcar para uma terra nova – por ora, está difícil de evitar – sem reinações de Narizinho, sem Jubiabá, sem um catolicismo gordo e compassivo, sem o culto da cordialidade, sem o jagunço do Euclides da Cunha e os retirantes de Graciliano, o abolicionismo do Nabuco, sem Gilberto Freyre, sem a Coluna Prestes, até sem a Petrobrás e o Banco do Brasil, sair assim, com as mãos abanando e as cabeças vazias. O embarque deve ser imediato, para que nós, que mal conhecemos o liberalismo, num país onde jamais o capitalismo foi uma ideia popular, passemos direto ao neoliberalismo e ao culto da teologia da prosperidade, glória a Deus.

Cirurgia de tal envergadura não é obra solitária, ela foi concebida durante décadas com argumentos vindos de vários setores da vida social, inclusive do PT, que desde suas origens investiu contra a tradição republicana brasileira e o centro político que a encarnava, tal como no episódio famoso, ocorrido em pleno regime militar, em que sua principal liderança declarou que o principal inimigo das classes trabalhadoras era a CLT, e não o AI-5, vindo a sustentar um sindicalismo de resultados em oposição às antigas lideranças sindicais, em boa parte tradicionalmente associadas ao centro político. Em outro momento, com Lula candidato em segundo turno à sucessão presidencial vencida por Collor, seu partido recusou a participação em seu palanque de Ulysses Guimarães, um dos grandes próceres do nosso liberalismo político, como antes declinara assinar a Carta de 88, obra, no fundamental, do centro político, sob a inspiração desse mesmo Ulysses, que a apresentou ao mundo com palavras memoráveis.

A desconstrução do centro político contou com a ação de outros personagens, como setores das elites originárias da dimensão do mercado, desde sempre, tal como no caso da sua acirrada oposição, nos anos 1930, à legislação social, refratária à regulação pelo direito da vida social e ao embrião de social-democracia admitido pela Carta de 88. E mais recentemente, pela ação do Ministério Público, que interpretou em chave salvacionista a luta justa e necessária contra a corrupção sem atentar para as suas consequências e sem discriminar alhos de bugalhos, comportando-se como um macaco solto numa loja de louças, com o que levou à lona a sua representação política.

Fernando Henrique Cardoso*: Um novo caminho

- O Estado de S. Paulo

Há espaço para propostas que juntem modernidade e realismo, sem extremismos

A última eleição foi um tsunami que varreu o sistema político brasileiro. Terminou o ciclo político-eleitoral iniciado depois da Constituição de 1988. Ruiu graças ao modo como se formaram os partidos, o sistema de voto e o financiamento das campanhas. A vitória da candidatura Bolsonaro funcionou como um braço cego da História: acabou de quebrar o que já estava em decomposição. Há muitos cacos espalhados e há a necessidade de reconstrução. Ela será feita pelo próximo governo? É cedo para dizer.

O sistema político-partidário não ruiu sozinho. As fraturas são maiores. Antes, o óbvio: a Lava Jato mostrou as bases apodrecidas que sustentavam o poder, sacudiu a consciência do eleitorado. Qualquer tentativa de reconstruir o que desabou e de emergir algo novo passa pela autocrítica dos partidos, começando pelo PT, sem eximir o MDB e tampouco o PSDB e os demais. Na sua maioria, os "partidos" são sopas de letras, e não agremiações baseadas em objetivos e valores. Atiraram-se na captura do erário, com maior ou menor gula.

Visto em retrospectiva, é compreensível que um sistema partidário sem atuação na base da sociedade se desmonte com aplausos populares. Os mais pobres encontram nas igrejas evangélicas – e em muito menor proporção na Igreja Católica e em outras religiões – recursos para se sentirem coesos e integrados. O povo tem a sensação de que os parlamentos e os partidos não atendem aos seus interesses. O eleitorado, contudo, não desistiu do voto e imaginou que talvez algo "novo", inespecífico, poderia regenerar a vida pública.

Não foi só isso que levou à vitória o novo presidente. Basta conhecer mais de perto a vida dos mais pobres nas favelas e nas periferias carentes de quase tudo para perceber que pedaços importantes do território vivem sob o domínio do crime organizado, violência que não se limita a essas populações, pois alcança partes significativas da população urbana e rural.

Eliane Cantanhêde: Cadê o bom senso?

- O Estado de S.Paulo

Seguir Trump em tudo e eleger o filho como versão brasileira de Jared Kushner não são boas ideias

De Marina Silva, respeitada pelo mundo afora por suas posições a favor do meio ambiente: “é mais do que constrangedor, é vergonhoso” o presidente eleito, Jair Bolsonaro, retirar a candidatura do Brasil para sediar a COP 25 e alardear que vai sair do Acordo de Paris. Pois não é que ela tem razão?

O Brasil tem limites claros em embates políticos e econômicos internacionais, mas é um líder natural quando o tema é meio ambiente, importante em todo o mundo desenvolvido e democrático e tratado com ligeireza e com viés claramente ideológico pelo governo que vem aí.

Bolsonaro despreza e seu chanceler, Ernesto Araújo, ironiza a questão como “climatismo”. Assim como o “globalismo” e o “antinatalismo”, o “climatismo” e outros ismos seriam parte de um complô perverso contra o Ocidente. Já que o marxismo não conseguiu dominar o mundo pela economia, raciocina o futuro ministro, tenta via domínio cultural.

Esses posicionamentos seguem os do único líder “capaz de salvar o Ocidente”, Donald Trump, e isso não tem graça nenhuma. Ótimo o Brasil se reaproximar dos EUA, mas daí a seguir todos os passos de Trump, além de “constrangedor e vergonhoso”, pode ser desastroso, com altíssimo custo.

A União Europeia, por exemplo, condicionou a aliança com o Mercosul ao Acordo de Paris e o presidente Temer já assumiu o compromisso de Estado nesse sentido, mas Bolsonaro torce o nariz para esse acordo e Araújo explica por que em seus textos. E agora? Tudo combinado? Também é difícil entender o motivo para se meter numa guerra de gigantes, EUA e China, só porque Trump quer barrar o avanço chinês e impôs sobretaxas ao país. O que ganhamos, tomando partido? Nada.

Clóvis Rossi: Que a realidade eduque Bolsonaro

- Folha de S. Paulo

Ele já teve duas aulas, a do Egito e a de Macron

O general Juan Domingo Perón (1895-1974), três vezes presidente da Argentina, sempre por meio de eleição direta, produziu uma coleção de frases interessantes. Destaco uma: “A realidade é a única verdade”.

Torço para que a realidade aos poucos eduque Jair Bolsonaro para as verdades do mundo, para além de seus preconceitos, paixões e desinformação.

A primeira aula foi dada pelo Egito, que não chega a ser um dos países mais poderosos do mundo, ao cancelar viagem do atual chanceler, Aloysio Nunes Ferreira Filho, como represália pelo anúncio de Bolsonaro de que transferiria a embaixada brasileira para Jerusalém.

O impulso do presidente eleito ignora realidades. Primeira realidade: os países muçulmanos são grandes importadores de proteína animal do Brasil e poderiam ficar furiosos com a transferência da embaixada.

Logo, qualquer pessoa que pensasse antes de falar se perguntaria: o que o Brasil ganha com a mudança? Nada, a não ser, eventualmente, um afago de Donald Trump, o que não é nem remotamente suficiente para amenizar os problemas do Brasil.

Vinicius Torres Freire: A nova roupa do governo militar

- Folha de S. Paulo

Oficiais ocupam um terço do ministério e querem coordenar ações de governo

O general Hamilton Mourão é chamado de “primeiro-ministro” por um de seus camaradas. O colega de generalato e bolsonarismo faz a piada, ri e logo diz ao jornalista: “Não vai escrever uma coisa dessas, hein?”.

No entanto, minutos depois, esse general também da reserva explica que o vice-presidente eleito é capacitado para a supervisão “estratégica” de planos e metas de governo. Que Mourão deveria ter mesmo tal função no governo de Jair Bolsonaro. Que não se encaixa no papel de conselheiro do presidente, pois muito voluntarioso, mas por isso mesmo seria um excelente executivo-chefe.

Um CEO? Não, apenas um coordenador-geral, responde o general. O governo seria ainda mais militar.
Ainda que alguns tenham faz tempo caído na vida civil, capitães, um tenente-coronel, um almirante e generais devem ficar com um terço dos ministérios. Além do mais, militares de Bolsonaro acham que é preciso ainda diminuir os “poderes de governar” do Tribunal de Contas da União e de agências reguladoras.

O vice-presidente eleito praticamente chegou a anunciar que seria uma espécie de chefe de gabinete, um “centro de governo”, entre outros papéis que se atribuiu, em palavras e na prática.

Mourão conversa com empresários. Faz teleconferência com financistas estrangeiros. Faz inspeção na Petrobras. Desde o começo da campanha, divulgava e apoiava uma versão genérica, mas completa, do programa de Paulo Guedes para a economia. Fez a propaganda da privatização entre os militares mais desconfiados. Conversa com gente do governo de Michel Temer sobre comunicação e publicidade oficiais.

Janio de Freitas: Um dia se saberá

- Folha de S. Paulo

A política externa que se antecipa não será do Brasil

O lema do governo Trump deveria bastar a Jair Bolsonaro para poupar o Brasil dos arreganhos e do espírito típico de colônia adotados nas relações do futuro governo com os EUA. "America first" transmite, entre outras coisas, uma mensagem imperiosa aos governantes atuais e vindouros, no sentido de que em tudo, nas relações com a "America", o ganho americano há de prevalecer sobre o equilíbrio das vantagens mútuas.

A política externa que se antecipa não será do Brasil. Mais do que caudatária dos Estados Unidos por ideologia, será uma ação a serviço dos Estados Unidos e praticada por imitações. Não e nunca a política internacional de um país soberano, ainda que em frangalhos.

O que se pode esperar do futuro ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, é uma figuração, ocupada com o desempenho burocrático do Itamaraty. A orientação de Bolsonaro em assuntos de política externa vem e virá do seu filho Eduardo. Mesmo o nome do futuro ministro pôde surgir de ou de mais colaboradores, mas a escolha coube ao filho. Já que apressada a ida de um representante do futuro governo a Washington, o indicado a fazê-lo seria o ministro escolhido. Não um deputado, que nem integra os quadros da nova administração. O deputado, porém, foi Eduardo Bolsonaro.

Bruno Boghossian: O Supremo no Espelho

- Folha de S. Paulo

Supremo precisa decidir se pode ou não se intrometer em outros Poderes

Um espectador desavisado poderia confundir as últimas sessões do STF com um ato de contrição. Lembrando o princípio da separação de Poderes, a maioria dos ministros sustentou que juízes não podem interferir nas competências de outras autoridades.

O argumento deve embasar a liberação do decreto de indulto natalinode Michel Temer. Não se deve esperar do tribunal, porém, uma revisão dos limites de sua atuação. O Supremo deixa intocada uma coleção de momentos em que se intrometeu no Executivo e no Legislativo.

Edson Fachin reconheceu a ironia. Ele ponderou que, se o STF não tem poderes para cassar o decreto, também não deveria anular a nomeação de ministros por um presidente.

A corte não teve esse espírito em episódios recentes. Em 2016, Gilmar Mendes suspendeu a nomeação de Lula como ministro da Casa Civil. Embora Dilma Rousseff tivesse autonomia para escolher sua equipe, o magistrado considerou o ato uma “falsidade” para proteger Lula.

No início deste ano, Cármen Lúcia deu aval à decisão de um juiz de primeira instância que proibiu a posse de Cristiane Brasil no Ministério do Trabalho. Uma decisão capenga dizia que ela não poderia assumir o cargo porque havia sido condenada em um processo trabalhista.

Luiz Carlos Azedo: Lula não é Mandela

- Correio Braziliense

O petista aposta na confrontação aberta e radicalizada com Bolsonaro, de maneira a ofuscar ou subordinar qualquer outra força de oposição

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em carta dirigida à direção do PT, questionou a legitimidade das eleições presidenciais de 2018. “Esta não foi uma eleição normal. O povo brasileiro foi proibido de votar em quem desejava, de acordo com todas as pesquisas. Fui condenado e preso, numa farsa judicial que escandalizou juristas do mundo inteiro, para me afastar do processo eleitoral. O Tribunal Superior Eleitoral rasgou a lei e desobedeceu a uma determinação da ONU, reconhecida soberanamente em tratado internacional, para impedir minha candidatura às vésperas da eleição.” Lula foi impedido de disputar as eleições pela Lei da Ficha Limpa porque está condenado pela Operação Lava-Jato em segunda instância a 12 anos e 1 mês de prisão, por ocultação de patrimônio e recebimento de propina, mas não aceita o resultado das urnas.

Lula se recusa a qualquer autocrítica dos escândalos de corrupção envolvendo o PT e os erros políticos que cometeu. Também não abre mão de liderar o partido de dentro da prisão: “O PT nasceu na oposição, para defender a democracia e os direitos do povo, em tempos ainda mais difíceis que os de hoje. É isso que temos de voltar a fazer agora, com o respaldo dos nossos 47 milhões de votos, com a responsabilidade de sermos o maior partido político do país.” O ex-presidente atribui a vitória de Jair Bolsonaro esse resultado ao fato de não ter sido candidato e à “indústria de mentiras no submundo da internet, orientada por agentes dos Estados Unidos e financiada por um caixa dois de dimensões desconhecidas, mas certamente gigantescas”. Ou seja, tudo foi obra do imperialismo ianque.

Embora esteja preso por decisão em segunda instância, do Tribunal Regional Federal da 4ª. Região, com sede em Porto Alegre, Lula ataca a Justiça Eleitoral e atribui sua condenação à perseguição política do ex-juiz federal Sérgio Moro, que o condenou em primeira instância: “Se alguém tinha dúvidas sobre o engajamento político de Sergio Moro contra mim e contra nosso partido, ele as dissipou ao aceitar ser ministro da Justiça de um governo que ajudou a eleger com sua atuação parcial. Moro não se transformou no político que dizia não ser. Simplesmente saiu do armário em que escondia sua verdadeira natureza.”

A narrativa do golpe que embalou o PT e seus aliados desde o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff continua na ponta língua, ou melhor, da pena. Segundo a carta do líder petista, o futuro governo tem como objetivo “aprofundar os retrocessos implantados por Michel Temer a partir do golpe que derrubou a companheira Dilma Rousseff em 2016”. E arremata: “Eu não tenho dúvida de que a máquina do Ministério da Justiça vai aprofundar a perseguição ao PT e aos movimentos sociais, valendo-se dos métodos arbitrários e ilegais da Lava Jato. Até porque Jair Bolsonaro tem um único propósito em mente, que é continuar atacando o PT. Ele não desceu do palanque e não pretende descer.”

A carta de Lula foi lida na reunião do diretório nacional do PT pelo ex-ministro Luís Dulci, um dos principais conselheiros do ex-presidente da República antes, durante e depois de ter deixado o poder. Dirigente histórico da legenda, Dulci faz parte do grupo mais ligado ao ex-presidente, ao lado de Gilberto Carvalho e Paulo Okamoto. A carta sinaliza a intenção de barrar qualquer tentativa de autocrítica da legenda, considerando o resultado eleitoral do segundo turno, no qual o ex-prefeito Fernando Haddad aumentou sua votação de 31 milhões para 47 milhões de votos, um endosso popular às práticas políticas do PT: “Como diz a companheira Gleisi, não temos de pedir desculpas por sermos grandes, se foi o eleitor que assim decidiu.”

Merval Pereira: Complexo de vira-lata

- O Globo

Nosso complexo de vira-lata nos faz enxergar subserviência onde há gentileza, mas também leva nossa política externa a macaquear a de Trump

Para mostrar que a continência de Bolsonaro ao assessor americano John Bolton não passou de um gesto de gentileza, e não subserviência, como apregoa a oposição, tratei na coluna de ontem do complexo de vira-lata, que faz com que distorçamos o sentido de um gesto, mas também leva Eduardo Bolsonaro, deputado federal, filho do presidente eleito, a usar um boné com os dizeres “Trump 2020” numa visita oficial aos Estados Unidos. E nossa política externa a macaquear a de Trump, visto pelo futuro chanceler Ernesto Araújo como um deus político que vai salvar o Ocidente. Logo nós, latinos, que nem mesmo somos considerados ocidentais pela cultura anglo-saxã. Pois bem, encerramos esta semana na Academia Brasileira de Letras um ciclo de palestras justamente sobre como nos vemos como povo.

Fizemos um balanço do legado do movimento barroco, o que o escritor Jorge Maranhão chamou de “barroquismo brasileiro”, que se mantém enraizado na nossa cultura. Abordamos as distorções entre a teoria e a prática, o pensar e o agir, o código moral e a conduta social (o caso do cidadão que combate a corrupção, mas dá uma propina para ao guarda da esquina), a observância da lei, num país em que há leis que simplesmente não pegam.

Uma transposição cultural desastrosa do barroco, segundo a visão classicista de Jorge Maranhão. Mas pudemos entender também a criatividade da nossa cultura, compreender mais profundamente as influências musicais, as festas como o carnaval, o cinema de Glauber Rocha, o mais recente filme do acadêmico eleito Cacá Diegues, “O Grande Circo Místico”, obras por excelência barrocas.

Bernardo Mello Franco: O presidente no zoológico

- O Globo

Bolsonaro comparou os índios a animais no zoo. Em Brasília, vai enfrentar a primeira deputada indígena. ‘Ele tem que parar de falar coisas erradas’, diz Joênia Wapichana

É exótica a fauna que habitará o Planalto a partir de 2019. O governo de Jair Bolsonaro vai reunir pavões, gorilas e outros bichos. Aos olhos do presidente eleito, os animais são os outros. Na sexta-feira, ele comparou os índios que vivem em reservas a feras no zoológico.

“Na Bolívia, tem um índio que é presidente. Por que no Brasil devemos mantê-los reclusos em reservas como se fossem animais em zoológicos?”, provocou o capitão.

Bolsonaro não chega a repetir Manuel da Nóbrega. No século XVI, o padre dizia que “índios são cães em se comerem e matarem e são porcos nos vícios e na maneira de se tratarem”.

As palavras são outras, mas a visão parece a mesma. Para o presidente eleito, o índio é comparável a um animal. Se quiser ser “um ser humano igual a nós”, tem que abandonar seu território e migrar para a periferia das cidades. O discurso soa como música para ruralistas, grileiros e mineradores, todos ansiosos para explorar as terras protegidas.

Bolsonaro não esconde o que pretende. “No que depender de mim, não tem mais demarcação de terra indígena”, disse, no mês passado. A ameaça tem alvo certo. Segundo a Funai, o país tem 130 territórios em processo de demarcação. Outros 115 estão em estudo.

“Índios não estão em reservas, muito menos em zoológicos. Índios vivem em territórios próprios, que são garantidos pela Constituição”, esclarece o antropólogo Mércio Gomes, professor da UFRJ e ex-presidente da Funai.

Elio Gaspari: O agronegócio não é uma ‘bancada do boi’

- O Globo

Contaminado por um setor paleolítico, o agronegócio brasileiro paga pelo que não é e não consegue mostrar o que é. Prova disso é que a defesa dos seus interesses é atribuída ao que denomina “bancada do boi”. Nessa bancada há trogloditas que querem queimar matas, calotear dívidas e invadir terras alheias. Defendendo-os, Jair Bolsonaro chega mesmo a acreditar que os quilombolas são um problema nacional.

Dois renomados historiadores — Herbert Klein, de Columbia e Stanford, e Francisco Vidal Luna, da USP — entregaram à editora da Universidade de Cambridge o texto de “Feeding the World” (“Alimentando o Mundo”), onde contam a história da revolução ocorrida na agricultura brasileira nos últimos 50 anos, acelerada neste século. O livro sairá em dezembro e a tradução, no ano que vem. O que houve foi uma revolução de verdade. De país atrasado, o Brasil tornou-se o maior exportador de soja, carnes processadas, laranjas e açúcar. É o quinto maior produtor de cereais. Enquanto a indústria nacional patinou depois da abertura da economia, o agronegócio adaptou-se, expandiu-se e adquiriu competitividade internacional.

Entre a década de 1980 e os últimos oito anos a produtividade das áreas plantadas cresceu 150%. Essa revolução juntou empreendedores e uma elite técnica formada com vigor chinês. Em 1999 o Brasil tinha seis mil estudantes de agronomia. Em 2007 eram 48 mil (40 mil dos quais em instituições públicas). Entre 1998 e 2017 foram produzidas oito mil dissertações de mestrado e três mil teses de doutorado. No pico desse êxito está a Embrapa, que se tornou um dos melhores centro de pesquisas agrícolas do mundo. Hoje o Brasil tem a terceira maior indústria de sementes.

Ascânio Seleme: Preparando-se para o melhor

- O Globo

Não vai ser tarefa trivial fazer oposição ao futuro governo Jair Bolsonaro, diz o ex-prefeito de São Paulo e candidato derrotado a presidente Fernando Haddad. A chance de o novo governo ir bem é grande, segundo ele, o que tornará ainda mais desafiador o papel dos partidos de esquerda, como o PT. Fernando Haddad passou os últimos dias dando palestras e conversando com pessoas em Nova York. Numa dessas conversas, o ex-candidato disse que a economia mundial emite sinais de que vai melhorar, o que pode impactar positivamente o Brasil e seu governo a partir do ano que vem.

Outro aspecto importante do governo de Bolsonaro serão as privatizações, já anunciadas pelo futuro ministro da Economia, Paulo Guedes, e pelo próprio presidente eleito. “Eles vão vender ativos, estatais, e vão fazer dinheiro, muito dinheiro”, disse Haddad. Se este dinheiro for bem empregado, o governo certamente apresentará resultados, o que lhe dará inclusive melhores condições de governar com sucesso. “Não podemos dar de barato que o governo Bolsonaro vai fracassar”, disse. Isso significa, em outras palavras, que a oposição terá de encontrar meios de fazer sua mensagem
preponderar, o que não será fácil.

Míriam Leitão: Precisamos falar sobre os livros

- O Globo

Crise das livrarias pode virar um problema sistêmico e atingir um produto que tem um valor intangível

Há um problema rondando o Brasil, enquanto o país está totalmente dominado por suas muitas emergências e um novo governo está se formando: o risco de uma crise sistêmica na indústria do livro. As duas maiores livrarias estão em recuperação judicial e devem R$ 360 milhões às editoras. Juntas, são 40% do varejo do setor, e a crise estreitou o canal de venda. Restam as redes menores, mas hoje há 600 livrarias a menos do que antes da recessão. Esse setor tem impacto para além da economia e chega ao intangível da vida do país.

— Imagine o fechamento da loja do Conjunto Nacional da Paulista? Seria uma tragédia não apenas econômica —afirma Marcos da Veiga Pereira, do Sindicato Nacional das Editoras de Livros (SNEL), citando a megastore ícone da Livraria Cultura.

Como em todas as crises, não há uma razão só, nem soluções simples. A lista das causas que derrubam o setor é longa. Na Saraiva e na Cultura, houve erros de gestão. Livro tem um giro baixo, e o setor trabalha com pouco capital.

O país viveu nos últimos quatro anos a pior recessão da sua história, as vendas despencaram e só agora começam a subir. A tecnologia e a mudança de hábitos impõem mudanças do modelo de negócios. A venda online é uma realidade e tende a crescer, mas os editores afirmam que descontos agressivos acabaram dando prejuízo a todos.

— A venda online não tem margem e parte do princípio da captura do cliente. Para Saraiva e Cultura, que têm participação grande nessas vendas, isso foi minando o negócio. A própria Submarino, que antes da Amazon entrar era a grande vilã dessa história, saiu do negócio da venda de livros — diz Marcos Pereira.

*Affosnso Celso Pastore*: Chicago, crescimento e distribuição de rendas

- O Estado de S.Paulo

Busquemos a eficiência, e não o compadrio, porém ao lado da melhoria na distribuição de rendas

Em Um Capitalismo para o Povo, 2015 Luigi Zingales, ilustre representante da nova geração da Universidade de Chicago, defende que a “essência do sistema capitalista não é a propriedade privada nem a motivação para o lucro, e sim a concorrência”. Defende, também, que “é preciso reduzir a intervenção do governo na economia, reservando-a somente aos casos em que tem mais chances de obter melhores resultados”. Esta é uma orientação da nova equipe econômica com a qual concordo. Porém é preciso cuidado com consequências negativas.

Zingales afirma que “para que a concorrência faça a sua magia, precisamos de regras”, e temos que reconhecer que “a captura regulatória, política e intelectual”, torna “difícil ver como usar o poder do Estado para limitar o uso político do poder econômico”. Sua crítica neste ponto é dirigida principalmente ao “capitalismo de compadrio”, que em menor escala também existe nos EUA, mas que no Brasil cresceu a partir do segundo mandato de Lula. Alguns exemplos são: a escolha dos campeões nacionais; e o delírio do “Brasil Grande” permitido pela descoberta do pré-sal, que levou à aventura da Sete Brasil, entre outros. Não somente nos afastamos do paradigma da concorrência como esta forma de capitalismo foi responsável, ao lado da irresponsabilidade fiscal e o aumento da corrupção, pelo ciclo depressivo no qual ainda estamos.

A política nas mãos do incerto

Dois intelectuais do século 20, o brasileiro José Guilherme Merquior e o inglês Michael Oakeshott, falam da agonia da imaginação liberal entre nós

Martim Vasques da Cunha | O Estado de S. Paulo /Aliás

A data 28 de outubro de 2018 ficará conhecida na história do Brasil como o dia da morte da “imaginação liberal” e o da ressurreição da ambiguidade na nossa atividade política. Segundo Lionel Trilling, em um estupendo livro de mesmo título, este tipo de imaginação consiste em limitar “sua visão do mundo àquilo com que pode lidar, e também inconscientemente tende a desenvolver teorias e princípios que justifiquem suas limitações, em particular em relação à natureza humana”, numa “negação das emoções” que tenta simplificar e organizar o fato de que “o mundo é um lugar complexo, inesperado e terrível”, impossível de ser “sempre entendido pela mente humana da mesma maneira que ela é usada em nossas tarefas cotidianas”.

Já o retorno da ambiguidade é próprio de qualquer atividade política – em especial, a de governar. Esta era a principal preocupação do filósofo inglês Michael Oakeshott ao escrever em meados de 1951, A Política da Fé e a Política do Ceticismo, que finalmente chega às livrarias brasileiras, justamente no momento no qual mais precisamos dela.

Publicado logo após a sua morte, em 1990, o livro recupera o que deveria ser óbvio a qualquer um que faça uma análise política criteriosa – o fato de que o ato de governar só existe em função de uma ambivalência de vocabulário que torna o mundo político complexo e impossível de ser reduzido nos esquemas mentais da “imaginação liberal”. Aliás, esta tensão na linguagem já acontece no fundamento teórico deste pequeno tratado, no qual a política da fé não envolve a crença em quaisquer aspectos religiosos ou transcendentes, mas lida com a fé na perfeição racional de que um governo pode alcançar o bem comum por meios exclusivamente técnicos, enquanto a política do ceticismo não tem nada a ver com a suspeita ontológica de pós-modernos como Foucault ou Derrida – e sim com a desconfiança a qualquer poder político centralizado que impeça a liberdade individual.

No fundo, são princípios que guiam a nossa política ocidental – especialmente, a europeia – e que jamais lidam com a natureza do que é o ser humano, mas sobre a conduta humana. Apesar de serem descritos como extremos e opostos, na verdade os polos da política da fé e do ceticismo estão misturados nas circunstâncias concretas e até podem ser analisados como parceiros. Ou seja: qualquer político, ao se caracterizar como oposição, usa a política do ceticismo para confrontar o governo que usa a da fé. Porém, se eleito, provavelmente não terá outra solução para praticar suas promessas de campanha, exceto se for aproveitar das técnicas que antes evitava como o diabo a fugir da cruz.

Cientista político narra a vida de Karl Marx em três volumes

O colossal 'Karl Marx e o Nascimento da Sociedade Moderna' chega ao Brasil pela Boitempo

Marcelo Godoy | O Estado de S.Paulo / Aliás

Biógrafos não devem ter a ilusão de contar a história completa de uma vida, algo impossível de se conhecer na plenitude. Seu desafio será mais intenso quanto maiores forem as rupturas e as ações possíveis em uma existência, observada em meio ao tempo e às relações sociais e espaciais. O cientista político Michael Heinrich decidiu escrever sobre a vida de Karl Marx. Pode-se imaginar o tamanho da tarefa pelas dimensões do personagem.

Karl Marx e o Nascimento da Sociedade Moderna, cujo primeiro dos três volumes a Boitempo publica, pretende representar todo um programa, cumprido pelo autor, sobre o ofício do biógrafo e a finalidade desse tipo de obra. O desafio assumido por Heinrich é o mesmo de todos os seus colegas. 

No ensaio A Ilusão Biográfica, Pierre Bourdieu atacava a reconstrução do biografado por meio de um “artefato socialmente irrepreensível, que é a história da vida”. É conhecida a conclusão de Bourdieu: “Tentar compreender uma vida como uma série única e por si suficiente de acontecimentos sucessivos, sem outro vínculo que não a associação a um sujeito, cuja constância não é senão aquela de um nome próprio, é quase tão absurdo quanto tentar explicar a razão de um trajeto do metrô sem levar em conta a estrutura da rede”.

Absurdo seria também tratar a vida como se fosse condicionada por um fim último desde o início. Essa perspectiva teleológica é comum tanto aos que consideram o percurso do homem como resultante do espírito do tempo quanto às biografias beletristas que pretendem desvendar a essência de personagens, seus fracassos e sucessos, valendo-se de consultas a psicanalistas ou da revelação proporcionada por anedotas, episódios que explicariam o biografado. Em jargão jornalístico, essas obras estariam no terreno da cascata, da história turbinada pelo autor. A restrição às biografias se completava com um determinismo estrutural que – diz Heinrich – não dava “espaço à ação individual fora dos sujeitos coletivos de classe e partido”.

A resposta a essas críticas deve levar ao reconhecimento do valor epistemológico das biografias, caminho trilhado por autores como o historiador francês Jacques Le Goff, cujo São Luís marcou a revalorização do gênero. É sobre esse trajeto que Heinrich construiu sua obra.

Por muito tempo se pensou que os historiadores fossem juízes dos infernos, capazes de distribuir elogios ou vitupérios aos mortos. Assim Marx pôde ser para o anticomunista o responsável pelos crimes de Stalin ou, nas visões hagiográficas, o profeta da emancipação humana. A figura do biógrafo, portanto, não pode ser desprezada. Heinrich é ligado aos pesquisadores responsáveis pela Marx-Engels Gesamtausgabe-2 (Mega-2), as obras completas de Marx e Engels. Desde 1975, publicaram 65 volumes – e devem chegar a 114. Logo no começo do livro diz que Marx não será posto em pedestal, tampouco condenado. E se propõe a analisar o processo histórico em que ele se desenvolveu como “pessoa, teórico, político e revolucionário”, produto da ruptura de duas épocas. Alguém que tivesse nascido 150 anos antes dele não reconheceria o mundo moderno. O mesmo não valeria para Marx. Para Heinrich, ele era de um tempo cujas condições fundamentais não se diferenciam do presente, o que garante atualidade ao pensador.

O ajuste no BB e na CEF precisa ser o último: Editorial | O Globo

Com extensa história de uso pelos políticos, os bancos públicos têm enfim de ser bem administrados

Fundado por Dom João VI ao chegar em 1808 com a família real ao Brasil, em fuga das tropas de Napoleão, o Banco do Brasil quebraria, pela primeira vez, em 1821, quando o rei fez o caminho de volta com o dinheiro do BB nos porões. O banco público jamais deixou de ser usado pelos poderosos de ocasião até novas falências — ou precisar ser resgatado pelo Tesouro, sinônimo de contribuinte, antes de quebrar.

Com o governo de Jair Bolsonaro vai-se tentar não repetir o script tantas vezes seguido de manipulação do BB e também da Caixa Econômica, não tão antiga quanto o banco comercial, mesmo centenária, com idêntico papel relevante no fortalecimento da economia, porém manipulada em projetos de poder de políticos inescrupulosos, sem qualquer preocupação com acionistas e pagadores de impostos. Como o Banco do Brasil. O sentido figurado do saque feito no BB por Dom João ocorreria diversas vezes, também na República, inclusive em outros bancos públicos, porém de formas mais sutis: por meio de créditos subsidiados e concessão descuidada de financiamentos a amigos do poder, por exemplo.

Cabide estatal: Editorial | Folha de S. Paulo

Deputados criam brecha para indicações políticas nas empresas do Estado, que têm avançado na profissionalização; Senado deve barrar manobra

A aprovação da chamada Lei de Responsabilidade das Estatais, em 2016, resultou em boa parte da indignação com os desmandos de inépcia e corrupção nas empresas públicas, revelados em proporções escandalosas pela Lava Jato.

O diploma definiu normas de governança e publicidade dos atos e resultados das companhias. Buscou restringir o comando a profissionais com experiência executiva, limitar a interferência política na gestão e barrar o nepotismo.

Proibiu-se que parlamentares e integrantes do primeiro escalão da administração direta, além de seus familiares, ocupem cargos nas estatais. Estão vedadas ainda indicações de titulares de cargos comissionados sem vínculo permanente com o setor público, dirigentes partidários ou sindicais e seus parentes de até terceiro grau.

Passados pouco mais de dois anos de vigência da legislação, porém, uma Câmara dos Deputados em fim de legislatura manobrou nos últimos dias para abrir uma brecha nesse muro de proteção do patrimônio público.

Prudência e temperança: Editorial | O Estado de S. Paulo

Jair Bolsonaro ainda não assumiu a Presidência da República, mas é natural que tudo o que ele e seus principais assessores digam ou façam no período de transição tenha considerável repercussão. Assim, o presidente eleito e aqueles que se apresentam ou são tidos como seus porta-vozes precisam ter em mente que suas palavras e atos, mesmo que não sejam propriamente decisões de governo, pois em sua maioria não passam de intenções, servem para criar ou frustrar expectativas em toda a sociedade brasileira e, dado o peso econômico do Brasil, mesmo na comunidade internacional.

Sendo assim, o recomendável seria que todos os envolvidos na transição fossem mais prudentes, evitando, como se tem visto até aqui, atropelos, desorganização e voluntarismo – que, em alguns casos, pode irrefletidamente atar o País a compromissos de caráter ideológico ou religioso que atenderiam a supostos desejos dos eleitores de Bolsonaro, mas claramente prejudicam o interesse nacional.

Foi assim, por exemplo, que Eduardo Bolsonaro, um dos filhos do presidente eleito, foi aos Estados Unidos para, na condição de enviado especial do pai, oferecer, sem esperar contrapartida, o apoio integral do Brasil à agenda do presidente norte-americano, Donald Trump. Deputado federal mais votado nas últimas eleições e fortemente identificado com o presidente eleito, Eduardo Bolsonaro parece ter esquecido que suas palavras e atos têm consequências, seja para si mesmo, seja para seu partido, para o próximo governo e para o País.

Tamanha temeridade foi coroada com a imagem de Eduardo Bolsonaro com um boné da campanha de Trump à reeleição, em 2020. Com isso, sugeriu que o futuro governo Bolsonaro torce pela vitória eleitoral do atual presidente norte-americano, quando o bom senso manda manter-se neutro nas disputas eleitorais alheias, já que o governo terá de lidar com quem quer que seja eleito em 2020 nos Estados Unidos.

Carla Visi: Você passa, eu acho graça

Carlos Drummond de Andrade: Amor é bicho instruído

Amor é bicho instruído
Olha: o amor pulou o muro
o amor subiu na árvore
em tempo de se estrepar.
Pronto, o amor se estrepou.
Daqui estou vendo o sangue
que escorre do corpo andrógino.
Essa ferida, meu bem
às vezes não sara nunca
às vezes sara amanhã.