Folha de S. Paulo
A hiperfragmentação e baixíssimo
partidarismo político no Brasil mascaram a escalada da polarização
A polarização se intensificou nos últimos
anos no Brasil e fora dele. Para os EUA, por exemplo, há evidências que a
polarização aumentou tanto no âmbito do eleitorado quanto no Legislativo. Ela
também mudou de chave: é "afetiva", tendo por base a rejeição do
rival, e não "programática", com base em políticas.
No Congresso americano, evidências de série histórica de mais de um século
(1879 a 2011) sugerem que, a partir dos anos 1980, os democratas e republicanos
votam de forma cada vez mais divergente na Câmara dos Representantes.
Uma forma de mensurar a polarização afetiva no eleitorado é através do
termômetro do sentimento do eleitor (a): a diferença nos escores atribuídos ao
partido com o qual se identifica e a seu rival. O primeiro tem se mantido
inalterado, mas o segundo tem crescido monotonicamente: os (a)eleitores (as)
rejeitam crescentemente o partido adversário.