Liberação do cigarro eletrônico interessa apenas à indústria
O Globo
Não há nenhum aspecto positivo em seu
consumo, ao contrário do que tentam insinuar os fabricantes
Entidades da área médica têm manifestado
preocupação crescente com o Projeto de
Lei (PL) que propõe liberar os cigarros eletrônicos, também conhecidos
como vapes. Venda, importação e propaganda dos
dispositivos estão proibidas pela Anvisa desde 2009, devido à inexistência de
dados que comprovem sua eficácia e sua segurança. De autoria da senadora Soraya
Thronicke (Pode-MS), o PL dos Vapes tramita na Comissão de Assuntos
Econômicos.
O principal argumento da indústria do fumo, maior defensora do projeto, é que, apesar da proibição, vapes são vendidos livremente, sem regulamentação. De acordo com ela, isso também impõe riscos à saúde, pois os usuários não sabem o que consomem, e os produtos ilegais têm concentrações mais altas de nicotina. Os defensores também alegam que os eletrônicos contribuiriam para a redução do consumo de cigarros tradicionais. Tais argumentos são defendidos publicamente em artigos, como aqui no GLOBO. É verdade que, mesmo com a proibição, os vapes têm ganhado espaço, especialmente entre os jovens. No ano passado, 2,2 milhões de adultos usavam cigarros eletrônicos no Brasil, de acordo com levantamento do Ipec — em 2018, eram menos de 500 mil.