O Estado de S. Paulo
Cumpre exigir dos presidenciáveis um só
caminho do centro, em prol do Brasil
No início do mês passado foi publicado
manifesto assinado por figuras importantes da nossa sociedade como
intelectuais, economistas, empresários, banqueiros, líderes religiosos. Desse
documento destaco: “A sociedade brasileira é garantidora da Constituição e não
aceitará aventuras autoritárias”.
Em meados de agosto, o presidente da
República enviou ao Senado Federal pedido de impeachment do ministro Alexandre
de Moraes, do Supremo Tribunal Federal. Em documento enviado ao presidente do
Senado por ex-ministros da Justiça e da Defesa, propunha-se o arquivamento
imediato do pedido como “caminho que evite constrangimento indevido e conduza
ao apaziguamento dos ânimos e à reafirmação do respeito e da confiança no Poder
Judiciário e no Estado de Direito”.
A Febraban, com apoio de 300 entidades,
organizou manifesto a ser publicado pela Fiesp, que à última hora,
constrangedoramente, recuou de dá-lo a público. Mas a Febraban e as demais
entidades reafirmam esse texto, em nada agressivo ao governo, pois sua tônica é
a defesa da democracia, como se pode ver no parágrafo a seguir.
“As entidades da sociedade civil que
assinam este manifesto veem com grande preocupação a escalada de tensões e
hostilidades entre as autoridades públicas. O momento exige de todos
serenidade, diálogo, pacificação política, estabilidade institucional.”
Setor fundamental da economia brasileira,
que tem mantido as exportações e o crescimento do PIB nacional, o agronegócio,
por intermédio de seis entidades, a começar pela Associação Brasileira do Agronegócio
(Abag), em posição firme, ao contrário da pusilanimidade da Fiesp, deu
publicidade a documento incisivo acerca do instante movediço vivido no País. E
enfatizou “sua preocupação com os atuais desafios à harmonia
político-institucional e como consequência à estabilidade econômica e social em
nosso país. As amplas cadeias produtivas que representamos precisam de
estabilidade, segurança jurídica, harmonia para poder trabalhar”.
A sociedade brasileira, que assistia
atônita às representações diárias de irracionalidade do sr. presidente, muitas
vezes verbalizadas de forma chula, percebeu os riscos da criação artificial de
confrontos promovida pelo mandatário. Esses antagonismos deixaram de ser em
face de partidos e de pessoas, e passaram a ser em vista de instituições da
democracia, criando um clima de grande insegurança.
Os agentes econômicos dos mais diversos setores expressam agora o sentimento principal que preside o nosso cotidiano: a sociedade brasileira está cansada de guerras inventadas que sinalizam a necessidade falsa da adoção de medidas totalitárias, pois se quer, antes de tudo, estabilidade.
Por isso, a tônica das manifestações está na extrema preocupação com a escalada de tensões e hostilidades entre as autoridades públicas, clamando-se pelo apaziguamento dos ânimos, pelo diálogo, pela pacificação política.