sábado, 9 de maio de 2015

Opinião do dia – Roberto Freire

Lula e Dilma são os grandes responsáveis pelo panorama sombrio da economia brasileira, cujos indicadores negativos se acumulam a cada dia. A crise é grave e, infelizmente, se aprofundará nos próximos meses, especialmente se o malfadado ajuste fiscal for aprovado da forma como o governo defende. Enquanto o sistema financeiro tem seus interesses atendidos pela política econômica em curso no país, a conta a ser paga recai sobre os ombros da sociedade brasileira. Se a crise não tem fim, a incompetência do PT não tem tamanho.

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Roberto Freire é deputado federal por São Paulo e presidente nacional do PPS, em artigo ‘O tamanho da crise’. Brasília, 8 de maio de 2015

Cargos a caminho

Velhas práticas

• Entre novos pedidos de aliados e postos já ocupados pela base, governo negocia 150 indicações

Júnia Gama e Simone Iglesias – O Globo

BRASÍLIA- Para garantir aos aliados que os cargos pedidos sairão, mesmo que as nomeações não sejam publicadas na próxima semana, antes da votação da próxima medida do ajuste fiscal, o governo começou a avisar que todas as indicações já foram encaminhadas à Casa Civil. Esta, por sua vez, vem informando que também já autorizou o envio dos nomes para a triagem da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e aos ministérios que têm a prerrogativa de efetivá-las. Tudo isso porque os aliados tinham cobrado que as nomeações saíssem no Diário Oficial (D.O.) até segunda-feira. A articulação política do governo já conseguiu negociar 150 posições na máquina federal. Nessa conta estão não só as novas indicações pedidas por deputados e senadores, mas também solicitações para que sejam mantidos em cargos-chave servidores que chegaram lá por indicação política. Mas poucos nomes já foram oficializados no DO.

Além da alegada burocracia como fator de demora para efetivar as nomeações, uma parcela significativa dos cargos mais cobiçados, especialmente no setor elétrico, deverão passar diretamente pelo crivo da presidente Dilma Rousseff para serem efetivados. As Companhias Docas são as mais pedidas pelos aliados, e despertam o interesse direto do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e do líder do PMDB, Leonardo Picciani (RJ). Onde não houver acordo, explicou uma fonte do governo, a definição será resolvida por arbitragem do vice-presidente Michel Temer. Além das Docas, os deputados da base aliada têm forte interesse pelo Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), Fundação Nacional de Saúde (Funasa), delegacias de Agricultura e superintendências da Pesca. Considerada a "joia da Coroa" até a Operação Lava-Jato, a Petrobras virou uma espécie de patinho feio nas atuais negociações.

Segundo integrantes do governo, não houve pedidos para a estatal. O desinteresse se deveria às investigações pelas quais passa a empresa. Já os cargos no setor elétrico, que concentra empresas e agências importantes em volume de recursos e poder político, passarão diretamente por Dilma. Ela informou a Temer que irá participar de todas as decisões relacionadas à área. As indicações para o setor já provocaram turbulências entre Dilma e Temer. Um acordo entre o PMDB e o PT de Santa Catarina resultou na indicação, para a Eletrosul, de Djalma Berger , irmão do senador Dário Berger (PMDB). Dias depois, o Ministério de Minas e Energia divulgou uma nota dizendo que Márcio Zimmermann, secretário-executivo da pasta e escolha pessoal da presidente Dilma, irá para o cargo.

A nomeação ainda não saiu. Em seis estados — Pará, Santa Catarina, Goiás , Piauí, Sergipe e Tocantins — foram fechados acordos com os partidos da base para a liberação dos cargos. Segundo um integrante do governo, o maior beneficiado é o PT, e o segundo, o PMDB, o que obedece a proporção das bancadas da Câmara. Nos outros 21 estados , há ainda muita disputa e os acordos que haviam sido fechados excluíam um ou outro partido da base, o que levou a articulação política do governo a refazer o mapa das indicações. São Paulo e Rio de Janeiro são os estados em que há mais dificuldade para as nomeações, pela quantidade de deputados envolvidos e pela importância dos cargos. Leonardo Picciani afirma que a expectativa no PMDB é que as nomeações saiam em breve e sinaliza que disso dependerá o sucesso do governo no Congresso .

— Acho que o mais indicado para o governo é tomar a decisão política e acabar logo de vez com a montagem. Isso sempre deixa o ambiente mais tumultuado. Esperamos que o processo possa se encerrar em breve. Até porque, a votação da MP 664 ainda não está definida — diz Picciani. A reorganização da base aliada é o objetivo central nas nomeações, já que quase metade dos deputados são novatos e não têm cargos no governo. Ao mesmo tempo, os antigos, que foram reeleitos, querem manter as suas indicações. Com a remontagem da base aliada, o governo espera ter um grau de confiabilidade no plenário que garanta maioria sólida. Para facilitar a aprovação dos indicados, os responsáveis pelas negociações no Planalto estão pedindo que sejam sugeridos nomes técnicos . O Palácio do Planalto desenvolveu uma fórmula pela qual estão sendo definidas as indicações: tamanho da bancada e a fidelidade ao governo nas votações. Com isso, PDT e PP correm o risco de saírem prejudicados na nova configuração do governo.

Manoel Dias diz que fica
Segundo uma fonte do governo, as negociações com os pedetistas estão "congeladas" em razão da oposição dos deputados à MP 665, que endurece as regras para concessão de seguro-desemprego e abono salarial. Por ora, Manoel Dias permanecerá no Ministério do Trabalho, mas ele pode sair quando a votação do ajuste estiver concluída. Ao participar da comemoração dos 70 anos do fim da Segunda Guerra Mundial, no Rio, Dias negou que exista a possibilidade de ser demitido. —Não existe ameaça. O PDT está muito bem. A bancada tomou uma posição que entendeu ser a mais correta, e ela tem autonomia para isso — afirmou. Com o PP, haverá uma conversa na próxima semana. Os votos contrários ao ajuste foram entendidos como uma reclamação do partido por não ter sido compensado com a troca do Ministério das Cidades pelo da Integração Nacional, que tem menos cargos do que o ocupado anteriormente. (Colaborou: Bruno Góes)

Quem vota com o governo terá preferência no 2º escalão, diz Mercadante

• Chefe da Casa Civil explicita tática do Planalto de nomear inicialmente os indicados por partidos mais fiéis, e provoca reação das bancadas que racharam ou se posicionaram contra a primeira medida do ajuste fiscal; PP ameaça entregar cargos

Tânia Monteiro e Nivaldo Souza - O Estado de S. Paulo

BRASÍLIA - O ministro-chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, explicitou ontem, em entrevista ao Estado, a estratégia do governo para arregimentar os votos necessários com o objetivo de garantir a aprovação das próximas etapas do ajuste fiscal no Congresso. “É evidente que quem ajuda o governo, quem vota com o governo, quem sustenta o governo, governa com o governo e tem prioridade nas indicações do segundo escalão”, afirmou. “Aqueles que querem colaborar serão privilegiados.”

A afirmação do ministro provocou imediata reação de partidos da base que não foram fiéis ao governo. “Não vamos mais aceitar discriminação de ‘seu Mercadante’ por termos votado em Eduardo Cunha (para presidente da Câmara). Somos a quarta bancada de deputados e não vamos ficar recebendo recado por jornal”, rebateu o líder do PP na Câmara dos Deputados, Eduardo da Fonte (PE).

Fonte anunciou ainda que a bancada se reunirá na próxima terça-feira para decidir se entrega todos os cargos no governo, incluindo o Ministério da Integração Nacional. Estará na pauta também a possibilidade de deixar a base aliada e passar a integrar o bloco de oposição. “Ou eles (o governo) querem o PP no governo, como partido com o tamanho que o PP tem, ou então a gente entrega tudo e sai do governo.”

O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), avaliou que o pacto político conseguido pelo Planalto para apoiar a Medida Provisória 665 – que altera benefícios trabalhistas – não está consolidado como um novo comportamento da base em relação ao Planalto. “A governabilidade não está assegurada. Essa semana houve um esforço para manter o ajuste fiscal e não ter percepção ruim dos mercados, mas não está consolidada.”

Outro infiel, o PDT, cujos 19 deputados votaram contra o governo, também reagiu às declarações de Mercadante. “Estamos na base porque acreditamos na presidente Dilma, mas lamentamos boa parte da articulação política, que às vezes se faz de cega”, afirmou o líder do partido na Câmara, André Figueiredo (CE). Ele disse que a legenda também pode deixar o bloco de apoio ao governo caso o ministro Manoel Dias (Trabalho) seja demitido (mais informações no texto abaixo). “Vamos esperar essa semana, que tem a (Medida Provisória) 664, e não sei se a presidente vai tomar alguma decisão antes.”

A reação dos infiéis poderá agravar a situação do governo nas próximas votações. A MP 665 passou na Câmara com uma diferença de apenas 25 votos, sendo que 16 deles vieram da oposição. Se os 40 deputados do PP votarem contra o governo – na semana passada, 18 votaram contra e 21 a favor – e o PDT mantiver a rejeição, o pacote fiscal estará ameaçado.

A Medida Provisória 664 restringe o acesso ao pagamento da pensão por morte e auxílio-doença. A votação está prevista para a próxima quarta-feira.

‘Apressadas’. Segundo Mercadante, as indicações e nomeações para os cargos de segundo escalão serão “apressadas” onde “houve acordo na base”.

De acordo com o ministro da Casa Civil, quem do PMDB, por exemplo, votou com o governo terá preferência nas nomeações; quem votou contra, vai para o fim da fila. O mesmo vale para todos os partidos, inclusive o PT, segundo Mercadante. “Os primeiros serão os primeiros e não os últimos”, afirmou.

O ministro disse ainda que o governo vai “avaliar o que houve para saber medidas necessárias” podem ser tomadas em relação ao PDT. Ele, porém, minimizou as dissidências do PT nas votações. “O PT teve papel decisivo porque fechou questão e encaminhou votação”, afirmou o ministro, para quem a legenda “assumiu sua responsabilidade de partido do governo e seu papel foi decisivo para coesão da base, para formar a maioria que se formou para se chegar à vitória.”

‘Começar do zero’. O ministro da Casa Civil avalia que o trabalho de conquista dos votos dos partidos da base e até mesmo da oposição irá “começar do zero”.

Apesar de o governo ter o entendimento de que a votação da próxima MP referente ao ajuste fiscal vai passar pelo plenário da Câmara, as conversas já foram reiniciadas ontem e terão prosseguimento durante o final de semana. Ao mesmo tempo, outras investidas serão feitas para a aprovação da MP 665 no Senado, onde o governo sabe que a batalha também “será dura”.

“Não posso dizer isso (que lá será mais difícil). Há uma percepção de todos os parlamentares da importância estratégica do ajuste fiscal”, ponderou Mercadante, acrescentando que a intenção do governo, dos ministros e dos líderes é dialogar o máximo possível.

Além dessas duas medidas provisórias do ajuste, na semana que vem o governo tentará aprovar a MP 663, que trata da capitalização do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

A medida amplia de R$ 402 bilhões para R$ 452 bilhões o limite da parcela dos empréstimos do BNDES no âmbito do Programa de Sustentação do Investimento e enfrenta grande resistência da oposição, que quer abrir uma CPI na Câmara para investigar contratos do banco.

* José Matias-Pereira - A vitória nem sempre pertence ao vencedor

- O Estado de S. Paulo

As armas e os artifícios políticos utilizados na batalha eleitoral no segundo turno da eleição presidencial de outubro de 2014 pela presidente Dilma Rousseff permitiu que ela e o seu partido atingissem o seu propósito: ficar no poder, a qualquer custo. Nesse sentido, permito-me analisar as "vitórias" que vêm sendo obtidas pela mandatária nos últimos meses, tendo como referência a história de Pirro. Em 281 a.C., Pirro, Rei de Épiro, partiu com o seu exército para conquistar Roma. Após enfrentar e derrotar os romanos na Batalha de Heracleia, constatou que havia sofrido enormes perdas em homens e material bélico. Ao receber de um oficial o cumprimento pelo triunfo, Pirro respondeu: "Mais uma vitória como essa e estarei arruinado".

A presidente Dilma Rousseff, numa situação análoga à de Pirro, se encontra presa numa "enrascada" política, criada por ela e por seus apoiadores. Nessa teia de dificuldades, que vai estreitando a capacidade de manobra do governo e acuando cada vez mais a mandatária, destacam-se dois fatos, que estão conectados entre si. O primeiro diz respeito à postura da então candidata Dilma na corrida presidencial, que na busca de ganhar as eleições, adotou um discurso eleitoreiro, envolto em mentiras, engodos e falsas promessas, que sabia antecipadamente não poder cumprir. O segundo fato, traduzido no envio ao Congresso Nacional de Medidas Provisórias que compõem o denominado "pacote de ajuste fiscal", contradiz os discursos e as promessas da presidente durante a campanha eleitoral.

O pacote de ajuste fiscal proposto pelo governo vem sendo duramente criticado pela Central Única dos Trabalhadores (CUT), bem como por diversos parlamentares petistas. Isso ficou evidenciado na resistência da bancada do PT em fechar questão em relação a matéria, para atender à imposição do PMDB. Com a aprovação da MP no. 665, que restringe as regras de acesso ao seguro-desemprego, ao abono salarial e ao seguro defeso (para o pescador artesanal), o governo precisa também aprovar a MP no. 664, que muda as regras de acesso às pensões da Previdência Social. A estimativa do ajuste fiscal de diminuir R$ 18 bilhões nas despesas da União neste ano não deverá se concretizar em função das alterações que estão sendo feitas nas MP pelo Congresso Nacional.

A presidente Dilma se recusa a reconhecer que essas medidas visam corrigir os graves erros cometidos por ela e pelo governo na gestão da economia nos últimos anos, apoiados no estímulo ao consumo e na "Nova Matriz Econômica". As projeções feitas pelo IBGE, Banco Central e FMI para os próximos anos indicam que o cenário econômico atual vai piorar ainda mais. A inflação já se encontra bem acima do teto da meta, o desemprego está aumentando, a renda do trabalhador estagnada, e juros em patamares elevados. Esse cenário revela-se extremamente cruel com as camadas mais desprotegidas da população, colocando em risco as conquistas sociais.

O preço político a ser pago pela presidente Dilma e pelo PT para aprovar o texto base da Medida Provisória (MP) no. 665 na Câmara dos Deputados (por 252 votos a 227) será muito elevado. O resultado apertado da votação revela a fragilidade da base de apoio parlamentar que o governo tem no Congresso. O refrão cantado pelos parlamentares de oposição, ao ser anunciado o resultado da votação, de um samba de Beth Carvalho, "PT pagou com traição a quem sempre lhe deu a mão", é um prenúncio dos tempos difíceis que o partido tem pela frente. Dessa forma, o PT, que chegou ao poder com a bandeira de defensor dos interesses dos trabalhadores, se contradiz junto aos seus eleitores ao aprovar o pacote de ajuste fiscal que afeta a vida dos trabalhadores.

Sabe-se que foi a soma do crescimento, da estabilidade da economia e das políticas sociais do Estado, iniciadas com o Plano Real, em 1994, que criaram as condições para garantir o surgimento de uma na nova classe média no Brasil, estimada em 35 milhões de brasileiros, que passaram a ter oportunidades de acesso a bens e serviços, bem como à educação superior. O cenário econômico, no entanto, revelado pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua (Pnad Contínua/IBGE) sobre o mercado de trabalho para o Brasil no período de janeiro a março de 2015, sinaliza que essa nova classe média começa a ser afetada pelos erros na condução da política econômica, pela má gestão pública e pela corrupção ocorridos no primeiro governo Dilma. A Região Nordeste, com o maior número de habitantes em situação de risco, registrou neste primeiro trimestre do ano a maior taxa de desemprego, com 9,6% de pessoas desocupadas. A taxa média de desemprego do País é de 7,9%.

A estratégia eleitoreira "vitoriosa", por meio espúrios e populistas, trouxe como consequência a perda de legitimidade e credibilidade junto aos eleitores, evidenciada de forma contundente nas pesquisas de opinião pública e nas manifestações das redes sociais, nos movimentos das ruas e nos sistemáticos panelaços promovidos contra a presidente, o seu mentor político, o seu governo e o seu partido. Observa-se que as "vitórias" obtidas pela presidente Dilma e o PT não podem ser mensuradas pelas suas dificuldades, mas por serem vitórias inúteis. O mito de Pirro serve para mostrar aos detentores do poder que é preciso mudar a forma de fazer política no Brasil, pois a "vitória" nem sempre pertence ao vencedor.

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* José Matias-Pereira, economista e advogado, é doutor em Ciência Política (área de governo e administração pública) pela Universidade Complutense de Madri, Espanha, e pós-doutor em Administração pela Universidade de São Paulo. Professor de Administração Pública e pesquisador associado do programa de pós-graduação em contabilidade da Universidade de Brasília. Autor, entre outras obras, do Curso de Economia Política (2015), publicado pela Atlas

Aliados estabelecem prazo para governo concluir nomeações

• Casa Civil é avisada de que, se quiser manter apoio ao pacote fiscal no Congresso, deve fazer indicações até terça-feira

• Planalto resolveu suspender nomeações ligadas ao PDT, cuja bancada votou em bloco contra o ajuste

Marina Dias, Valdo Cruz – Folha de S. Paulo

BRASÍLIA - O Palácio do Planalto suspendeu as nomeações ligadas ao PDT em cargos no segundo e terceiro escalão do governo e pediu à Casa Civil para que acelere as indicações para os demais partidos aliados até, no máximo, terça-feira, dia 12.

A retaliação ao PDT deve-se ao comportamento de seus deputados federais na votação da primeira medida provisória do ajuste fiscal, na quarta-feira (6).

Embora tenha um ministro no governo, Manoel Dias, titular da pasta do Trabalho, nenhum dos 19 deputados pedetistas votaram a favor do governo federal.

A expectativa de aliados e de dentro do Palácio do Planalto é que a presidente Dilma Rousseff --uma ex-pedetista-- opte pela demissão de Manoel Dias.

A ideia seria usar o caso como "exemplo", mas a ordem, por enquanto, é não tirá-lo do cargo para evitar desgaste.

Caso a bancada do PDT mantenha a postura contrária aos ajustes propostos pelo Planalto, Dilma deve reavaliar a situação.

O vice-presidente Michel Temer (PMDB) avisou ao ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, que não poderá conter novas defecções na base em futuras votações do ajuste fiscal se os cargos federais prometidos aos partidos aliados não forem liberados até a próxima semana.

Duzentos cargos estão entre os pedidos que foram encaminhados à Casa Civil: 50 federais e outros 150 nos Estados.

O Palácio do Planalto age para que a medida provisória 664, que restringe benefícios previdenciários, seja votada na Câmara já na próxima semana; e que a medida provisória 665, recém-aprovada pelos deputados, passe também pelo Senado na semana que vem.

Em reunião na tarde desta quinta-feira (7), Temer, Mercadante e os ministros Eliseu Padilha (Aviação Civil) e Ricardo Berzoini (Comunicações) mapearam os cargos em distribuição.

O vice-presidente avisou que seu partido, o PMDB, e o PP já disseram que não votarão com o governo caso não recebam os cargos até a próxima terça.

O cenário preocupa diante da vitória apertada do Planalto na aprovação da primeira medida do ajuste: foram 252 votos a favor e 227 contra.

Aviso
O presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PI), disse a Temer que as traições da bancada de seu partido poderão aumentar. Na votação da primeira parte do pacote de ajuste, 18 dos 39 parlamentares do PP votaram contra.

O Palácio do Planalto trabalha para que esse número diminua. Quer que pelo menos 80% do PP vote agora a favor do governo.

O líder do PMDB na Câmara, Leonardo Picciani (RJ), mandou o mesmo recado a Temer: o PMDB dará as costas ao governo caso os cargos não saiam em quatro dias.

Dos 64 deputados peemedebistas, 13 foram contra a medida provisória.

Mercadante atribui o atraso nas nomeações à burocracia dos ministérios para alocar os novos servidores.

"O governo precisa cumprir o acordo", disse Temer a Mercadante, que prometeu apressar o processo.

PP ameaça deixar a base aliada do governo

• Líder da sigla que possui o maior número de parlamentares investigados na Lava Jato reagiu às declarações do ministro Aloizio Mercadante sobre distribuição de cargos para quem vota com o governo

Nivaldo Souza e Tânia Monteiro - O Estado de S. Paulo

BRASÍLIA - A declaração do ministro-chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, em entrevista ao Estado nesta sexta-feira, 8, na qual afirmou que o partido que "vota com o governo, especialmente nas votações relevantes, terá preferência" na distribuição de cargos do segundo escalão, foi a gota d'água na relação do PP com o Palácio do Planalto. "Não vamos mais aceitar discriminação de 'Seu Mercadante' por ter votado em Eduardo Cunha (para presidente da Câmara). Somos a quarta bancada de deputados e não vamos ficar recebendo recado por jornal", afirmou aoBroadcast Político o líder do partido na Câmara, Eduardo da Fonte (PP-PE).

O pepista disse que bancada se reunirá na próxima terça-feira, 12, para decidir se entrega todos os cargos no governo, incluindo o Ministério da Integração Nacional, ocupado por Gilberto Occhi. Estará na pauta também a possibilidade de deixar a base aliada e passar a integrar o bloco de oposição ao governo. "Ou eles (do governo) querem o PP no governo, como partido com o tamanho que o PP tem, ou então a gente entrega tudo e sai do governo", disse.

Embora Fonte diga que "a preocupação da gente não é cargo", o gesto pode ser visto como resposta à ameaça de Mercadante de colocar o PP no fim da fila da distribuição de postos no segundo escalão, após o racha da legenda na votação da medida provisória 665, a primeira do ajuste fiscal, aprovada na última quarta-feira pela Câmara. Só 21 votos dos 40 deputados da bancada foram favoráveis à MP - 18 parlamentares votaram contra. Diante do resultado, o Planalto pretende agraciar primeiro na distribuição de cargos, segundo Mercadante, os partidos cuja proporção de votos favoráveis à MP foi mais relevante.

Fonte avalia que o apoio de cerca de 50% da bancada do PP à medida do ajuste ocorreu porque os deputados ainda estavam "muito constrangidos em relação à votação da terceirização, quando chegaram aos seus Estados e tinha outdoors e corredor polonês nos aeroportos para pressionar". "Isso tudo patrocinado pela CUT e o PT", observou. O partido é também o que possui mais parlamentares (o total de 32) investigados no Supremo por suspeita de envolvimento com o esquema de desvios na Petrobrás revelado na Operação Lava Jato.

O líder acusa o Planalto de "discriminar" o PP em relação a outros partidos depois que a legenda se uniu à Eduardo Cunha para elegê-lo presidente da Câmara, impondo derrota ao candidato do governo, Arlindo Chinaglia (PT-SP). "Essa marcação toda em cima do PP é porque fizemos bloco com o PMDB e ganhamos a eleição na Câmara", disse.
O líder pede respeito ao tamanho da legenda. "Eles (governistas) ficam querendo retaliar o PP por conta disso e não vamos mais aceitar essa retaliação. Ou trata a gente e nos respeita pelo tamanho que temos, com os 40 votos que temos e os cinco senadores, ou então vamos entregar os cargos. Isso inclui o Ministério da Integração. Se for para devolver, tem de devolver tudo, não pode ser pela metade", afirmou.

Fonte diz que "ficar no governo é ser governo" e não ser discriminado. Segundo ele, a bancada do PP "encheu o teto (com) essa discriminação" e que os parlamentares têm pressionado para a legenda aderir à oposição. "Não vamos aceitar ficar em terceiro ou quarto plano. Ou eles (do governo) querem o PP no governo, como partido com o tamanho que o PP tem, ou então a gente entrega tudo e sai do governo", disse.

Ao ser questionado se havia risco real de o PP abandonar o governo, Fonte enfatizou que a possibilidade era "real, real, real".

Renan Calheiros volta a dizer que PMDB não quer mais cargos

• 'O PMDB não pode repetir a velha política na relação com o governo e com o PT', disse o presidente do Senado

Elizabeth Lopes - O Estado de S. Paulo

SÃO PAULO - O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), afirmou nesta sexta-feira, 8, que seu partido não quer mais cargos no governo e voltou a cobrar que a administração federal de Dilma Rousseff "corte na carne" e reduza o número de ministérios e de cargos comissionados para que o ajuste fiscal dê certo.

Após encontro com o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, hoje na capital paulista, Renan descartou que a aprovação de parte do ajuste fiscal, na Câmara dos Depurados, tenha sido feita por seu partido com o intuito de obter mais cargos no governo. "Da parte do PMDB, é o inverso do que (imprensa) está colocando."

"O PMDB não pode repetir a velha política na relação com o governo e com o PT", disse o peemedebista. "Não há como fazer ajuste fiscal sem reduzir ministérios e cargos em comissão, é preciso garantir o equilíbrio do ajuste fiscal, o governo precisa cortar na carne." Ele reiterou que a função de seu partido, na coalização com o governo, é dar conteúdo programático. "O PMDB tem de dar o roteiro programático para a coalizão, para o PT e para o Brasil."
Ainda sobre o tema, Renan disse: "Não tem exigência nem barganha, esse será o pior papel do PMDB (se isso for feito)".

Terceirização. O presidente do Senado garantiu que é preciso regulamentar "o mais rapidamente possível" o Projeto de Lei da terceirização, que já foi aprovado na Câmara dos Deputados e tramita agora no Senado.

Renan, que chegou a dar indicações de que não tinha pressa na tramitação dessa matéria, conversou hoje sobre o tema com Skaf, cuja entidade é uma das defensoras da causa. "O mais prudente do ponto de vista do trabalhador, da indústria, do Brasil é regulamentar o mais rapidamente possível, só assim vamos colaborar e estimular a volta dos investimentos e a volta do emprego", afirmou.

Em rápida entrevista coletiva concedida após a reunião com Skaf, o presidente do Senado também mandou um recado ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que vem garantindo a trabalhadores que, se o projeto for aprovado no Parlamento, a presidente Dilma Rousseff irá vetá-lo: "Ninguém substitui o Senado, ninguém substitui a Câmara, é importante aguardar o calendário (de votações)."

Renan destacou que o Senado vai avançar na discussão da terceirização e fará, já a partir da semana que vem, audiências públicas sobre o tema, com a participação, dentre outros, do presidente da Fiesp. "Vamos regulamentar a terceirização e diminuir a insegurança jurídica no País. O Brasil precisa regulamentar seus terceirizados, avançar na conceituação do que é a atividade-fim." O texto aprovado na Câmara dos Deputados amplia a possibilidade de terceirizar trabalhadores de todas as atividades de uma empresa, meio (como limpeza ou segurança, por exemplo) ou fim.

O presidente do Senado disse também que, além de diminuir a insegurança jurídica no País, regulamentar a terceirização, sobretudo a já existente, e avançar na conceituação das atividades fim e meio, vai ajudar na retomada dos empregos. "O Brasil precisa regulamentar seus terceirizados, avançar na conceituação do que é a atividade-fim, para retirar os riscos da precarização, da diminuição de salários", afirmou, argumentando que não se pode regulamentar a utilização de terceirizado na atividade-fim sem criar limites e estabelecer condições.

Empreiteiro diz que doou a Dilma por temer represália

• Dono da UTC afirmou a procuradores que as doações eram ligadas à Petrobras

• Ricardo Pessoa negocia acordo para reduzir sua pena e promete detalhar repasses feitos para o PT desde 2006

Flávio Ferreira, Estelita Hass Carazzai - Folha de S. Paulo

CURITIBA - O empresário Ricardo Pessoa, dono da empreiteira UTC, disse a procuradores da Operação Lava Jato que doou R$ 7,5 milhões à campanha à reeleição da presidente Dilma Rousseff por temer prejuízos em seus negócios na Petrobras se não ajudasse o PT.

Segundo Pessoa, a contribuição da empresa foi tratada diretamente com o tesoureiro da campanha de Dilma, o atual ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência, Edinho Silva.

Preso desde novembro do ano passado e hoje em regime de prisão domiciliar, o empresário negocia desde janeiro com o Ministério Público Federal um acordo para colaborar com as investigações em troca de uma pena reduzida.

Nos contatos com os procuradores e no documento em que indicou as revelações que está disposto a fazer caso feche o acordo, Pessoa descreveu de forma vaga sua conversa com Edinho, mas afirmou que havia vinculação entre as doações eleitorais e seus negócios na Petrobras.

O empreiteiro contou ter se reunido com Edinho a pedido do então tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, apontado como o principal operador do partido no esquema de corrupção descoberto na Petrobras e hoje preso em Curitiba.

As doações à campanha de Dilma foram feitas legalmente. Segundo os registros do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), foram três: duas em agosto e outra em outubro de 2014, dias antes do segundo turno da eleição.

Se Pessoa fechar o acordo de delação premiada com os procuradores, ele terá então que fornecer provas e detalhar suas denúncias em depoimentos ao Ministério Público e à Polícia Federal.

Em janeiro, Pessoa já havia indicado sua disposição de falar sobre a campanha de Dilma Rousseff em documento escrito na cadeia e publicado pela revista "Veja". "Edinho Silva está preocupadíssimo", escreveu o empresário.

Caixa dois
Pessoa também afirmou aos procuradores que fez contribuições clandestinas para a campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva à reeleição, em 2006, e a do prefeito petista de São Paulo, Fernando Haddad, em 2012.

O empreiteiro disse que deu R$ 2,4 milhões à campanha de Lula, via caixa dois. O dinheiro teria sido trazido do exterior por um fornecedor de um consórcio formado pela UTC com as empresas Queiroz Galvão e Iesa e entregue em espécie no comitê petista.

Pessoa afirmou também que, a pedido de Vaccari, pagou outros R$ 2,4 milhões para quitar dívida que a campanha de Haddad teria deixado com uma gráfica em 2012. O doleiro Alberto Youssef, outro operador do esquema de corrupção na Petrobras, teria viabilizado o pagamento.

Segundo o empreiteiro, o valor foi descontado de uma espécie de conta corrente que ele diz ter mantido com Vaccari para controlar o pagamento de propinas associadas a seus contratos na Petrobras.

Pessoa também promete revelar às autoridades detalhes sobre seus negócios com o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, que hoje cumpre prisão domiciliar por seu envolvimento com o mensalão.

O empreiteiro, que pagou R$ 3,1 milhões à empresa de consultoria de Dirceu entre 2012 e 2014, diz que o contratou para prospectar negócios no Peru, mas afirmou aos procuradores que a maior parte dos repasses foi feita após a prisão do ex-ministro, para atender a um pedido de ajuda financeira da sua família, em razão de sua influência no PT.

Lula disse ter lidado com 'coisas imorais'

• Em livro, ex-presidente uruguaio José Mujica relata conversa com o petista ocorrida em 2010, depois do mensalão

• Brasileiro nega que fala tenha ligação com o esquema de corrupção, que levou à prisão líderes de seu partido

Mariana Carneiro – Folha de S. Paulo

BUENOS AIRES - Em biografia recém-lançada, o ex-presidente uruguaio José "Pepe" Mujica relata a dois jornalistas conversa com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010) em que o petista disse, segundo a obra, ter tido de "lidar com muitas coisas imorais, chantagens", durante o governo.

A conversar teria ocorrido em março de 2010, segundo o relato de Mujica. "Essa era a única forma de governar o Brasil", continuou o brasileiro, sempre de acordo com o livro. Mujica conta que Lula falou com pesar, em encontro semanas antes de o uruguaio assumir a presidência.

Inicialmente, as falas foram interpretadas como uma possível referência ao episódio do mensalão, em 2005, que terminou com a prisão de líderes petistas --o que foi negado publicamente por um dos autores da biografia.

Explicação
Mujica narra que Lula sentia a necessidade de explicar a situação. No Brasil, o petista sempre negou que tivesse conhecimento do mensalão. Em declarações dadas em 2005, após a revelação do esquema, o então presidente disse que se sentia traído.

"Quero dizer a vocês, com toda a franqueza, eu me sinto traído. Traído por práticas inaceitáveis das quais nunca tive conhecimento. Estou indignado pelas revelações que aparecem a cada dia, e que chocam o país", disse Lula.

No livro, Mujica parece solidarizar-se. Diz que "Lula não é um corrupto como [Fernando] Collor de Mello e outros [ex-]presidentes brasileiros" e até Abraham Lincoln teria comprado votos para que seus projetos virassem leis.

As frases repercutiram após reportagem do jornal "O Globo". Procurada pelaFolha, a assessoria de Mujica disse que ele não falaria.

O Instituto Lula publicou texto criticando a versão: "Lamentamos que uma vez mais a imprensa brasileira se utilize de imprecisões para gerar interpretações equivocadas e divulgar mentiras".

Mujica promove livro autorizado, mas nega frase sobre Lula

• Ex-presidente uruguaio só contestou citação após repercussão de conversa sobre mensalão

Janaína Figueiredo e Cristina Tardáguila – O Globo

BUENOS AIRES E RIO - Apesar de ter lido o livro "Una oveja negra al poder" (Uma ovelha negra no poder , em tradução livre) antes de sua publicação e de estar promovendo essa biografia autorizada tanto no Uruguai quanto na Argentina, o ex-presidente José Mujica disse ontem que, ao contrário do que está escrito na obra e do que foi revelado pelo GLOBO ontem, nunca conversou com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre o escândalo do mensalão. O livro foi lançado há uma semana. Ao longo de cinco anos, os jornalistas Andrés Danza e Ernesto Tulbovitz, editor-chefe e repórter da revista "Búsqueda", entrevistaram o líder uruguaio com o intuito de publicar um livro ao final de seu mandato. Nas diversas entrevistas, a dupla colheu relatos de um encontro entre os dois que, segundo consta na obra, ter ia ocorrido em Brasília em 2010 e que teria girado em torno do escândalo do mensalão.

Nele, escreveram os autores, Lula lhe teria "confessado" que a compra de apoio parlamentar "era a única forma de governar o Brasil" e que havia lidado com "coisas imorais, chantagens" no período. Ontem, o ex-presidente foi à Prefeitura de Montevidéu para apresentar a biografia. O evento literário ocorreu num dos salões nobres da prefeitura. Durante a apresentação do livro e diante da grande repercussão gerada pelas citações atribuídas a Lula no livro, Mujica foi questionado sobre o assunto e respondeu: — Não. Eu jamais falei com o brasileiro sobre o mensalão. Os repórteres questionaram, então, o conteúdo do livro que ele promovia, ao lado dos autores, e Mujica emendou: — O que acontece é que eu não escrevi o livro.

Textualmente, a obra narra o seguinte trecho, com citações supostamente feitas por Mujica aos jornalistas: "" Lula não é um corrupto como Collor de Mello e outros ex-presidentes brasileiros", disse-nos Mujica, ao falar do caso. Ele contou, além disso, que Lula viveu todo esse episódio com angústia e com um pouco de culpa. "Neste mundo tive que lidar com muitas coisas imorais, chantagens", disse Lula, aflito, a Mujica e Astori, semanas antes de eles assumirem o governo do Uruguai. "Essa era a única forma de governar o Brasil", se justificou. Os dois tinham ido visitá-lo em Brasília, e Lula sentiu a necessidade de esclarecer a situação".

"Questões de interpretação"
Na manhã de ontem, Danza disse ao site G1 que Lula não se referia ao mensalão. Imediatamente, o Instituto Lula divulgou nota usando esta entrevista para negar a reportagem do GLOBO. Logo depois, em entrevista ao site da "Veja" , Danza, porém, reafirmou o que havia dito ao GLOBO na quinta-feira : que, conforme escreveu em seu livro, Lula "não usou especificamente a expressão mensalão" , ao f alar s obre "coisas imorais, chantagens", mas que "p ara Mujic a ficou claro que ele estava se re ferindo especificamente ao mensalão". 

A mesma associação — entre a frase atri buída a Lula e o escândalo do mensalão — aparece também na resenha que a revista "Búsqueda", editada por Danza, publicou na edição que chegou às bancas anteontem. Intitulado "Lula : el mensalão era la única forma de gobernar Brasil", o texto traz alguns trechos da obra, entre eles, aquele em que Mujica relata a posição de Lula sobre o escândalo revelado em 2005. 

Ontem, por telefone ao GLOBO, os dois autores da biografia disseram que não desmentem "uma vírgula do livro" , mas que existem "questões de interpretação". — O que está no livro é o que está no livro, o que disse Mujica é o que disse Mujica — afirmou Tulbovitz. A apresentação do já controverso livro na sede da prefeitura de Montevidéu aconteceu em meio à for te repercussão do caso. Jornalistas locais disseram que os autores do livro são muito ligados a Mujica, fato confirmado por ele s em entrevistas anteriores.

Trecho
"Neste mundo tive que lidar com muitas coisas imorais"

Ele contou, além disso, que Lula viveu todo esse episódio (mensalão) com angústia e com um pouco de culpa. "Neste mundo tive que lidar com muitas coisas imorais, chantagens", disse Lula, aflito, a Mujica e Astori, semanas antes de eles assumirem o governo do Uruguai. "Essa era a única forma de governar o Brasil", se justificou. Os dois tinham ido visitá-lo em Brasília, e Lula sentiu a necessidade de esclarecer a situação.

Inflação em 12 meses é a maior desde 2003

• IPCA perdeu fôlego em abril, mas variação de 0,71% foi considerada elevada pelo IBGE

- Zero Hora (RS)

A inflação acumulada em 2015, 4,56% até abril, superou o centro da meta para o ano inteiro, de 4,50%. No quarto mês do ano, contudo, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) desacelerou: ficou em 0,71%, abaixo de março (1,32%). O reajuste consideravelmente menor nas tarifas de energia em abril foi a principal contribuição para o recuo. A eletricidade subiu 1,31%, após o aumento de 22,08% em março, quando refletiu a revisão dos preços em todas as regiões pesquisadas, além dos 83,33% sobre a bandeira tarifária.

Apesar da redução no ritmo mensal, a inflação em 12 meses permanece acima do teto da meta (de 6,5%). Até abril, fechou em 8,17%, a maior desde dezembro de 2003, quando ficou em 9,30%.

Conforme Eulina Nunes dos Santos, coordenadora de Índices de Preços do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 0,71% em um mês é ainda um patamar elevado, com vários itens que compõem o consumo das famílias apresentando aumentos expressivos contaminados pela alta da energia.

Conforme Eulina, o IPCA de maio deve ser pressionada por reajustes em tarifas de água e esgoto e luz, além de aumento nos valores das apostas de loterias da Caixa e dos medicamentos.

Ainda de acordo com a coordenadora do IBGE, haverá no índice da inflação deste mês a pressão dos preços dos serviços, "que teimam em se manter em patamar elevado, e dos alimentos, principalmente o tomate, que voltou a pressionar

Lei das domésticas deve ser alvo de vetos do governo

• Redução de 12% para 8% do INSS pago pelos empregadores preocupa porque reduz a arrecadação esperada pelo governo

Erich Decat - O Estado de S. Paulo

Após passar pelo Congresso Nacional, a chamada PEC das Domésticas deve ser alvo de vetos da presidente Dilma Rousseff. Segundo integrante da cúpula do governo consultado pelo Estado, o entendimento é o de que há um contrassenso em aprovar medidas com previsão de impacto fiscal, em um momento em que o Executivo luta para aprovar um pacote de ajuste fiscal no Congresso. Em reunião com integrantes da base aliada antes de a proposta entrar em votação no plenário do Senado, representantes do Ministério da Previdência alertaram para o impacto estimado na arrecadação com a PEC, que seria de R$ 750 milhões por ano.

Apesar do aviso, a proposta foi aprovada pelos senadores na quarta-feira, 6, e seguirá para sanção da presidente na próxima semana. Ela agora poderá vetar trechos da PEC, depois de consultar os ministérios envolvidos. Para definir a posição sobre a matéria, o Planalto vai aguardar pareceres dos ministérios da Justiça, Fazenda, Planejamento, Trabalho, Previdência Social, Secretaria-Geral, Advocacia-Geral da União e Casa Civil.

"A questão da contribuição patronal tem impacto fiscal. Ela precisa ser bem discutida porque a PEC das Domésticas tira um pedaço da arrecadação que era esperada com o esforço das Medidas Provisórias. Neste momento, não é bom fazer qualquer flexibilização fiscal" ressaltou um integrante do núcleo mais próximo da presidente Dilma. O texto aprovado reduz de 12% para 8% do salário a contribuição do patrão ao INSS.

O governo, no entanto, sabe que qualquer alteração provocará reações, tanto no Congresso Nacional, quanto de trabalhadores, o que pode afetar a popularidade da presidente Dilma Rousseff. Apesar da sinalização do governo de mudanças no texto aprovado pelos parlamentares, a última palavra será dada pelo Congresso, responsável por avaliar os vetos feitos pela presidente.

O problema para representantes do governo é que a discussão da regulamentação dos direitos dos trabalhadores domésticos ocorre em meio a um cenário de crise econômica e duras negociações entre o Palácio do Planalto e lideranças da base entorno da votação das Medidas Provisórias 665 e 664. As duas MPs fazem parte do pacote de ajuste fiscal.

A primeira modifica alguns direitos trabalhistas e foi aprovada na quarta-feira, 6, na Câmara, sendo encaminhada para nova discussão no Senado na próxima semana. Já a segunda altera direitos previdenciários e poderá iniciar a discussão no plenário da Câmara na terça-feira, 12. A previsão de economia com as mudanças sugeridas por parte do Executivo nas duas MPs é de R$ 18 bilhões. Mas após alterações realizadas pelos parlamentares nos textos das matérias essa receita caiu em R$ 3,5 bilhões.

A proposta aprovada pelos congressistas garante aos trabalhadores domésticos 17 novos direitos, igualando sua realidade com a dos demais trabalhadores urbanos e rurais. Para facilitar a vida do patrão, foi criado o Super Simples Doméstico, que vai reunir todas as contribuições, que chegam a 20% do salário, em um único boleto. Entre os benefícios assegurados está a jornada de oito horas diárias ou 44 semanais, com a previsão de um banco de horas para quem trabalhar além desse horário. E o pagamento de horas extras em que as primeiras 40 horas extras deverão ser pagas em dinheiro, com acréscimo de 50% sobre o valor da hora normal. O restante entra no banco de horas. Colaborou Rafael Moraes Moura


Fusão: Diretório Nacional do PPS se reúne dia de 12 de junho

Fusão: Diretório se reúne no dia 12/06

Diógenes Botelho - Portal PPS

A direção nacional do PPS convocou para o próximo dia 12 de junho reunião do Diretório Nacional do partido com o objetivo de deliberar sobre a proposta de fusão com o PSB. No encontro, que acontece a partir das 10 horas no San Marco Hotel, em Brasília, também serão debatidas questões relativas a convocação de um Congresso Extraordinário do PPS. Leia abaixo a íntegra da convocação.


Partido Popular Socialista

Diretório Nacional

Ofício Circular Nº 023/2015

Convocação Extraordinária do Diretório Nacional 

A Comissão Executiva Nacional, por seu presidente, RESOLVE:

Convocar reunião extraordinária do Diretório Nacional do PPS, para o dia 12 de junho de 2015 (sexta-feira), na cidade de Brasília/DF, no San Marco Hotel, a partir das 10 horas, com a seguinte pauta:

1. Deliberar sobre a proposta de fusão com o Partido Socialista Brasileiro – PSB;
2. Demais deliberações sobre o Congresso Extraordinário.

Brasília, 05 de maio de 2015.

Roberto Freire
Presidente Nacional do PPS

: Arnaldo Jardim * - Renovar a política - Fusão PSB-PPS

Nosso país vive uma grave crise econômica com desdobramentos nítidos e preocupantes na qualidade de vida da nossa população, especialmente dos mais vulneráveis. Equívocos e demagogia populista geraram instabilidade de regras e provocaram um desajuste que custará muito para ser superado. Mais grave porém – barreira para a retomada da atividade econômica – é a crise de confiança hoje existente! Crise expressa no descrédito e inanição da Presidência da República que “terceirizou” sua orientação econômica e sua ação política.

Essa crise, porém, se desdobrou em outras instâncias e em claro questionamento que emerge das ruas, da sociedade quanto aos atuais partidos políticos. Pressentimos isso a partir das manifestações de 2013, o que nos impulsionou a buscar uma alternativa para as últimas eleições presidenciais, e assim participamos da constituição da chapa e da campanha de Eduardo Campos/Marina Silva.

Não vencemos as eleições, mas os fatos demonstraram que estávamos certos. Esta convicção se fortaleceu ainda mais com os escândalos e o estelionato eleitoral, repudiados pelas recentes manifestações populares.

Assim surge a proposta da fusão do Partido Socialista Brasileiro (PSB) e do Partido Popular Socialista (PPS). A legenda que surgirá da união atuará como nova alternativa na política nacional com 45 deputados federais; oito senadores (contados com o ingresso da ex-prefeita de São Paulo Marta Suplicy); três governadores; 92 deputados estaduais; 588 prefeitos; sendo quatro de capitais; 5.832 vereadores e 792 mil filiados e se fortalecerá com adesões de novas lideranças para uma nova política.

A fusão costura uma aliança programática entre históricos protagonistas das esquerdas brasileiras, diminui a dispersão do espectro partidário e segue no sentido de propor a polarização entre PT e PSDB. Juntos, PSB e PPS podem caminhar para a formulação de um genuíno pacto político capaz de abrir um novo ciclo democrático de desenvolvimento econômico e social para o Brasil.

Para os que estranham esses entendimentos lembro que o PPS é um dos legítimos herdeiros do Partido Comunista Brasileiro (PCB), fundado em 1922, e que o PSB descende historicamente do partido socialista fundado em 1947. Os dois registram longa história de lutas conjuntas. PCB e PSB, por exemplo, ao lado de outros setores progressistas, animaram a Frente Nacionalista, surgida a partir da histórica campanha do “Petróleo é Nosso” que resultou na criação da Petrobras em 1953. Comunistas e socialistas estiveram juntos também nas campanhas da Anistia e das Diretas-Já.

Quando os partidos se uniram em torno da candidatura à Presidência da República de Eduardo Campos e Marina Silva vivenciaram uma ação conjunta que fundamenta ainda mais a convergência do presente. Temas tais como a retomada do desenvolvimento econômico, a questão primordial da sustentabilidade ambiental, a manutenção do espirito republicano das instituições, a defesa intransigente da democracia, orientam nossa unidade e nossa atuação.

As legendas devem discutir o novo estatuto partidário e pretendem finalizar o processo antes de outubro, para que seus integrantes possam disputar as eleições municipais de 2016. É o desfecho coerente e natural da visão que temos da política e das lutas por uma sociedade mais humana, mais justa e sustentável econômica, social e ambientalmente. Almejamos um renovado modo de fazer política, de contribuir para o diálogo político, para o aperfeiçoamento das instituições, o fortalecimento da democracia e a valorização dos cidadãos.

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* Arnaldo Jardim é deputado federal licenciado (PPS-SP) e secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo

Merval Pereira - O lado errado

- O Globo

Quando o jurista Luiz Edson Fachin foi indicado pela presidente Dilma para a vaga aberta no Supremo Tribunal Federal com a aposentadoria precoce do ministro Joaquim Barbosa, estranhei que ele tenha se anunciado partícipe de um grupo de "juristas que têm lado" na campanha presidencial de 2010, em apoio à eleição de Dilma.

Juristas "que têm lado" não deveriam estar no Supremo, aleguei então, inclusive porque Fachin notabilizou-se por defender politicamente as ações do MST, o que seria, na minha opinião, influência negativa nos seus julgamentos no Supremo. Disse então que Fachin deveria explicar que história era aquela de "ter lado", e que deveria se comprometer com a independência em relação ao governo petista, explicando qual a diferença daquele Fachin de 2010 para o hoje indicado ao STF. Desde então, Fachin não para de se explicar e já garantiu aos senadores que não tem nenhum compromisso com o PT, que é a favor da propriedade privada, que não é amigo de Stédile, que não é a favor da bigamia, e assim por diante, em muitos casos contrariando frontalmente seus escritos e seus depoimentos.

Seus apoiadores chegaram a comparar sua situação com a de Ayres Britto, que, nomeado por Lula em 2003 após ter sido filiado e candidato do PT a deputado, portou- se com independência no mandato, tendo sido um dos protagonistas do julgamento do mensalão. O exemplo parece pertinente, mas as circunstâncias políticas são diferentes das de 2003. Ser filiado ao PT naquela ocasião significava, pelo menos na teoria, ser honesto politicamente, estar em busca de política com decência. Ayres Britto foi coerente com aqueles princípios, o que mudou foi o significado de estar ligado ao PT. Estar nesse lado hoje, para a maioria da sociedade, é estar no lado errado. Mesmo sem ser filiado ao partido, Luiz Edson Fachin tem atuação política muito próxima de uma ala radical do petismo que está sendo contestada cada vez com mais intensidade pela sociedade brasileira, e que já não tem o apoio da maioria do Congresso.

O apoio do tucano Álvar o Dias é dessas atitudes provincianas que não deveriam ser levadas em conta. Não há dúvida de que Fachin tem notório saber, e o apoio de associações do Direito e da Academia só fortalece essa verdade. Mas não é isso o que preocupa o Senado. O STF é um Poder cuja composição deve obedecer a determinado equilíbrio político e institucional, não podendo ser capturado, pura e simplesmente, por indicações unilaterais do Executivo. Daí a importância do Senado, para contrabalançar o peso político da vontade da Presidência. E, se é natural que Dilma possa indicar alguém afinado com suas preferências ideológicas ou políticas, deve-se considerar natural que o Legislativo, representado pelo Senado, exerça controle e avalie, discricionariamente, a dimensão política de uma nomeação.

Para tanto, dispõe do conceito de conduta ilibada e goza da prerrogativa inviolável do voto secreto em plenário. Cabe ao Senado apreciar e definir soberanamente esse pressuposto constitucional para o cargo de ministro do STF. Se compete ao Senado definir o que seria a conduta ilibada que a sociedade espera de um magistrado da mais alta Corte do país, é possível que semelhante definição obedeça a critérios elásticos e atenda ao ambiente político-institucional de determinado momento histórico . Cabe ao Senado avaliar todos os aspectos subjetivos que envolvem a personalidade e a trajetória profissional do indicado ao STF. Por tais razões, o indicado precisa demonstrar cabalmente independência e autonomia.

Não se pode ignorar que, tanto quanto a Presidência, o Senado participa ativamente da escolha do ministro do STF, e não está vinculado politicamente à deliberação de Dilma, ou às opções ideológicas do PT. Mais ainda quando há concreto descumprimento da lei por Fachin, a atuação na advocacia privada concomitante com a de procurador do Estado. Ele fez concurso para promotor no PR com regras da lei estadual que permitia ao promotor atuar como advogado. Mas tomou posse no início de 90, quando a Constituição estadual já havia mudado em 89, e proibia o exercício da advocacia por promotores. Não há como justificar, na lei, a sua atitude e a de quantos outros agiram desse modo. A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) pode considerar a proibição indevida, mas é a lei estadual que deve prevalecer, não a tese da OAB.

José Roberto de Toledo - Bola de cristal embaçada

- O Estado de S. Paulo

A polêmica não é só no Brasil. Junto com o Partido Trabalhista, as pesquisas de intenção de voto foram as grandes derrotadas nas eleições gerais britânicas. Na véspera, dez em dez institutos previram resultado apertado, um virtual empate de trabalhistas e conservadores. O Partido Conservador, porém, obteve maioria folgada de votos e 99 cadeiras a mais do que os trabalhistas. O que deu errado nas pesquisas lá? E o que esse erro implica aqui?

Estatísticos e especialistas em modelos matemáticos aplicados às ciências políticas estão buscando uma resposta para a incômoda questão, mas ainda estão longe de uma conclusão. As causas podem estar em lugares tão diferentes quanto o comportamento do eleitor ou os sistemas de amostragem e abordagem do eleitorado.

Seja o que for, deu errado para todo mundo. Tanto institutos multinacionais, como Ipsos Mori, quanto estrelas locais, como Lorde Ashcroft, ficaram além da margem de erro. Na média, os institutos previram 34% dos votos tanto para conservadores quanto para trabalhistas. Na urna, foi 36% a 31%. Pode parecer pouco, mas quando se traduz isso em cadeiras, o erro aumenta. Muito.

O Partido Conservador conquistou 331 vagas no Parlamento, enquanto as projeções não falavam nem em 300. Já o Partido Trabalhista teve que se contentar com 232 assentos, muito menos do que os mais de 270 que eram projetados. Cogitava-se que nenhum partido alcançaria a maioria de 326 cadeiras e que os trabalhistas poderiam chegar ao poder por causa de uma coalizão com o emergente Partido Nacional Escocês (SNP, na sigla em inglês).

Pois os conservadores tiveram um desempenho eleitoral bem melhor do que em 2010 e atingiram a maioria absoluta sem precisar dos votos do Partido Liberal-Democrata. O erro não parou aí, porém. Nenhum instituto previu que os liberais-democratas seriam dizimados e perderiam 49 de suas 57 cadeiras. A única previsão correta dos institutos foi o crescimento – confirmado – do SNP.

Tampouco os modelos tipo fivethirtyeight.com – que acertou tudo nas últimas duas eleições presidenciais nos EUA, misturando pesquisas de intenção de voto e inferências estatísticas – foram capazes de prever que o partido de David Cameron comandaria por mais cinco anos o governo britânico. A combinação de variáveis que esses modelos agregam aos resultados das pesquisas não foi suficiente para antecipar o que ocorreu.

As pesquisas de boca de urna, feitas após o eleitor votar, foram as únicas a chegar bem perto do resultado final da apuração. O problema, portanto, não é com a pesquisa em si, mas com a capacidade das sondagens e dos modelos de anteverem o que o eleitor fará quando estiver na solidão da urna.

Uma das hipóteses em estudo é que uma parcela cada vez maior do eleitorado deixa para decidir em quem vai votar no último minuto da última hora. Esse eleitor retardatário não é captado pelas pesquisas de véspera, simplesmente porque ele ainda não decidiu seu voto. Por mais precisas que sejam, as pesquisas não conseguem adivinhar em quem o retardatário vai votar.

A volatilidade do eleitor também aumentou porque a influência das redes interpessoais foi potencializada pelas redes virtuais. As pessoas tendem a votar como seus pares – familiares, amigos e colegas. Com Twitter, Facebook e WhatsApp, a rede se ampliou e se intensificou, aumentando a troca de informação (e de boatos).

“Vai ser cada vez mais difícil, aqui e no resto do mundo, prever o resultado da eleição. Por causa das novas tecnologias, a circulação da informação entre pessoas de grupos sociais específicos ficou mais rápida. Isso provoca mudanças súbitas de comportamento de parcelas do eleitorado.

Pode virar resultados”, diz Marcia Cavallari, CEO do Ibope Inteligência.

A diferença do Reino Unido é que lá se discute o erro para tentar melhorar as pesquisas. No Brasil, para proibi-las ou limitar sua divulgação.

Renato Andrade - Novos desafios

- Folha de S. Paulo

O ministro Manoel Dias (Trabalho) está prestes a entrar no rol daqueles que estão em busca de "novos desafios", um eufemismo usado pela turma que perde emprego e precisa voltar a gastar sapato para encontrar nova ocupação.

Correligionários do ministro do PDT vão alegar que a saída de Dias do governo --para muitos, uma mera questão de tempo-- é resultado das pressões de líderes de outros partidos da base aliada da presidente Dilma Rousseff e de assessores presidenciais. Mas o comportamento de deputados da oposição é que pode ter sido a pedra fundamental para sacramentar a futura despedida.

A forma como se faz política no Brasil merece diversas críticas, mas alguns critérios adotados são relativamente fáceis de ser explicados.

Partidos montam uma aliança para ganhar o direito de comandar o país. Após a confirmação da vitória nas urnas, a administração do governo eleito é organizada entre as legendas que se esforçaram para emplacar o novo inquilino do Planalto.

Fechada a distribuição de tarefas (cargos, na verdade) entre os aliados, o chefe da tropa espera que, nas votações e disputas no Congresso, seus escolhidos para postos-chave tenham a mínima capacidade de arrancar de partidários o apoio necessário para a aprovação de medidas defendidas pelo comando central.

Dois critérios são sempre citados durante as discussões sobre a formação de gabinetes presidenciais. O futuro ministro precisa ter representatividade política --o que significa controlar sua bancada-- ou notabilidade na área em que for comandar.

Pelo resultado registrado na votação da última quarta-feira (6), Dias deixou claro que sua representatividade entre os pedetistas é nula.

Como defender a manutenção de um ministro que conseguiu a proeza de ter toda a bancada contra o governo, enquanto o DEM, inimigo visceral dos petistas, garantiu oito votos de apoio ao pacote de Dilma?

Guilherme Fiuza - Eles sabiam de tudo (mesmo)

• Segundo o companheiro Mujica, Lula lhe confidenciou que o mensalão era "a única forma de governar o Brasil"

- O Globo

O ex-presidente bonzinho do Uruguai, José Mujica, contou que o ex-presidente bonzinho do Brasil, Lula da Silva, se sentiu culpado pelo mensalão. Está registrado e agora publicado em livro: segundo o companheiro Mujica, Lula lhe confidenciou que o mensalão era "a única forma de governar o Brasil". Que ninguém tome isso ao pé da letra. Não é que o mensalão seja a única forma possível de governar. Tem também o petrolão e seus derivados. Ou seja: a única forma de governar o Brasil é roubar os brasileiros, enriquecer o partido e comprar a vida eterna no poder.

Esse golpe está sendo dado há 12 anos, e há dez o Brasil brinca de se perguntar se Lula sabia. Eis a resposta entregue de bandeja pelo amigo de fé, irmão camarada Mujica: Lula sabia que a única forma de ficar no poder com um grupo político feito de pessoas medíocres, despreparadas, hipócritas e desesperadas por cargos e verbas era se fingir de coitado, chorar e parasitar o Estado brasileiro com todas as suas forças.

O império do oprimido ofereceu ao país incontáveis chances de perceber a sua única forma de governar. Escândalos obscenos foram montados dentro do Palácio do Planalto, envolvendo os principais personagens do Estado-Maior petista. Hoje o Brasil é governado por uma marionete desse sistema único de governo (SUG), uma presidente solidária ao seu tesoureiro preso, acusado de injetar em sua campanha eleitoral dinheiro roubado da Petrobras. Uma presidente que exalta como heróis os mensaleiros julgados e condenados. E que presidiu o conselho de administração da maior estatal brasileira enquanto ela era depenada por prepostos do seu partido.

Foi necessária a confissão de um companheiro uruguaio para desvelar o óbvio: eles sabiam de tudo. Tudo mesmo.

Essa forma única de governar o Brasil só tem uns probleminhas: a economia acaba de registrar sua maior retração em 20 anos, na contramão dos emergentes e do mundo; a inflação avacalhou a meta e taca fogo na antessala da recessão; o desemprego voltou às manchetes, apesar das tentativas criminosas de esconder seus índices durante a eleição; a perda do grau de investimento do país está por uma unha de Levy, após anos de contabilidade criativa, pedaladas fiscais e outras orgias progressistas para esconder a gastança —a única forma de governar.

Com inabalável firmeza de propósitos, o PT chegou lá: tornou-se o cupim do Estado brasileiro. Hoje é difícil encontrar um cômodo da administração pública que não esteja tomado pelo exército voraz, que substitui gestão por ingestão. O Brasil quer esperar mais quatro anos para ver o que sobra da mobília.

Mujica disse que Lula não é corrupto como Collor. Tem razão. O Esquema PC era um careca de bigode que batia na porta de empresários em nome do chefe para tomar-lhes umas gorjetas. O mensalão e o petrolão foram dutos construídos entre as maiores estatais do país e o partido governante. Realmente, não tem comparação.

Os cupins vão devorando o que podem — inclusive informação comprometedora. As gravações da negociata de Pasadena, presidida por Dilma Rousseff, sumiram. Normal. Dilma, ela mesma, também sumiu. Veio o Dia do Trabalho, e a grande líder do Partido dos Trabalhadores não apareceu na TV — logo ela, que convocava cadeia obrigatória de rádio e TV até em Dia das Mães. Pouco depois, veio o programa eleitoral do PT e, novamente, a filiada mais poderosa do partido não foi vista na tela.

Quem apareceu foi Lula, o amigo culpado de Mujica, vociferando contra os inimigos dos trabalhadores, as elites, enfim, toda essa gente que não compreende a única forma de governar o Brasil. E os brasileiros bateram panela em todo o território nacional — o que algum teórico progressista ainda há de explicar como uma saudação efusiva ao filho do Brasil adotado pela Odebrecht.

O ministro da Secretaria de Comunicação disse que é um erro vincular Lula e Dilma ao PT. Já o PT tenta parecer desvinculado do governo Dilma. Pelo menos isso: eles sabiam de tudo, mas não têm nada a ver uns com os outros.

Em meio aos panelaços, foi possível ouvir o balanço da Petrobras contabilizando 6,2 bilhões de reais de corrupção. Ou seja: as informações da Operação Lava-Jato, que apontam o PT e a própria presidente da República como beneficiários do petrolão, foram oficializadas no balanço auditado da maior empresa brasileira. Pena Lula não ter conversado sobre isso com Mujica. Os brasileiros vão ter que perceber sozinhos: esta só continuará sendo a única forma de governar o Brasil se o Brasil não cumprir o seu dever de enxotar um governo irremediavelmente delinquente.

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Guilherme Fiuza é jornalista

Demétrio Magnoli - Teatro de sombras

• Mito da 'infiltração' de Levy dá à narrativa lulopetista da batalha do Povo contra a Elite alguma verossimilhança

- Folha de S. Paulo

João Pedro Stédile, líder do MST e chefe do "exército de Lula", definiu Joaquim Levy como um "infiltrado" da elite malvada no governo de Dilma Rousseff. O deputado Rodrigo Maia, uma liderança do DEM, concorda com o diagnóstico e, em nome dele, votou pela aprovação do ajuste fiscal. "Eu quis garantir um voto de confiança ao ministro da Fazenda", que "tem muita convergência com um partido como o nosso, que tem uma linha mais liberal na economia", explicou à Folha. Maia e Stédile leem a Bíblia noite e dia --apenas com a diferença de que, onde um lê branco, o outro lê negro. Nessa convergência de fundo encontra-se a chave para decifrar o teatro de sombras da crise do lulopetismo.

Sob pressão dilacerante do PMDB, a bancada do PT fechou questão em torno da aprovação do ajuste fiscal. Ainda assim, não votou unida: nove deputados ausentaram-se da sessão e um declarou-se contrário. Se a oposição não se dividisse, a soma das traições petistas às outras previsíveis defecções na base governista provocaria a derrota da MP 665. Levy agradeceu publicamente aos deputados pelo resultado. O certo seria dirigir o gesto especificamente aos 16 oposicionistas (do DEM, do PSB e do SD) que, votando com o governo, asseguraram o esquálido triunfo. Mas, para tudo ficar certo mesmo, o agradecimento deveria partir de Lula: Maia e os seus cumprem uma função de prestidigitação política que Stédile já não é capaz de cumprir.

Nossos liberais experimentam uma atração irresistível pela malemolência do capitalismo de Estado à moda petista. Guilherme Afif e Kátia Abreu, ministros da copa e cozinha, conectam o governo Dilma a setores cruciais do empresariado. O ministro-despachante Gilberto Kassab opera como terceirizado do Planalto no balcão de negócios da criação de partidos. No centro do palco, o primeiro-ministro informal Levy resgata um mínimo vital de credibilidade à economia, evitando o naufrágio da presidente. Contudo, a narrativa política do lulopetismo, bem mais precioso entre todos, pende de uma corda esgarçada que teria se rompido sem a intervenção de Maia et caterva.

Dilma girou a política econômica, mas nunca renunciou à doutrina que produziu o fracasso de seu primeiro mandato. Os intelectuais do PT, que abdicaram da honestidade acadêmica, descrevem a reviravolta de Dilma 2 como um fruto da maldade infinita do "mercado", não como a consequência de um fiasco anunciado. No seu programa de propaganda política, o PT entoou a marcha marcial da defesa dos direitos trabalhistas. Comandada pelo partido, a CUT convocou um protesto tardio contra a MP aprovada pelos próprios petistas. O diretor do teatro de sombras chama-se Lula, que monta o palanque de sua candidatura com as tábuas do ilusionismo. O ex-presidente planeja emergir como restaurador de uma idade de ouro desperdiçada por sua sucessora. Mas não pode fazê-lo sem o auxílio providencial da oposição.

Stédile, um boneco iluminado, só parece emitir sons: quem fala, de fato, é Lula. O mito da "infiltração" de Levy confere o último fiapo de verossimilhança à narrativa pela qual o lulopetismo representa o Povo, numa batalha épica contra a Elite. Nos tempos de FHC, o "arrocho" era obra dos tucanos. Nos tempos de Dilma, a "austeridade" deve ser exibida como obra de Levy. Às vésperas da votação da MP 665, o PMDB subiu metade da cortina que cobre os bastidores do palco, deixando entrever a maquinaria oculta. A outra metade, que dependia da oposição, permaneceu imóvel. Maia fez o serviço de Stédile.

"O Brasil iria quebrar hoje", garantiu Maia, refugiando-se no patriotismo de araque para justificar seu ato de camuflagem. O Brasil, claro, não quebraria. A derrota do ajuste estilhaçaria, isso sim, um encanto que nos imobiliza. Sem as luzes, as sombras e os bonecos, teríamos que sair do teatro e encarar a realidade.

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Demétrio Magnoli é sociólogo

Celso Ming - Inflação em desaceleração

• Dois fatores deverão contribuir para que a inflação se retraia nos próximos meses. O fim do efeito do tarifaço e a visível contração da demanda, que levará os formadores de preços a remarcarem mais devagar suas mercadorias e serviços

- O Estado de S. Paulo

A inflação de abril, de 0,71%, alinhou-se às projeções do mercado. Foi apenas 0,01 ponto porcentual mais alta do que a mediana das projeções apontada pela Pesquisa Focus, do Banco Central.

Comparada com a inflação de março, de 1,32%, foi um tombo e tanto, que mostra clara desaceleração. Mas os números acumulados continuam altos demais. Apenas nos quatro primeiros meses a inflação atingiu 4,56%, ou seja, a meta para o ano inteiro, de 4,5%, foi estourada. E, medida em 12 meses, saltou para 8,17%.

Esse salto reflete o tarifaço, que faz parte do ajuste da economia. Os preços administrados, que dependem de autorização do governo, mantidos represados ao longo de 2014 porque cumpriram o objetivo de garantir a vitória do governo nas eleições, foram fortemente reajustados neste início de 2015.

Mas a alta dos preços administrados (veja também o Confira) não é tudo. A inflação continua espalhada demais, como mostra o índice de difusão: nada menos que 71,1% dos preços da cesta de consumo tiveram alta em abril, contaminados em grande parte pela estocada dos administrados.

Dois fatores deverão contribuir para que a inflação se retraia nos próximos meses. O fim do efeito do tarifaço e a visível contração da demanda, que levará os formadores de preços a remarcarem mais devagar suas mercadorias e serviços. Contribui em parte para isso o aperto do volume de moeda na economia promovido pelo Banco Central, responsável pela forte elevação dos juros básicos (hoje em 13,25% ao ano).

O cumprimento da meta deste ano está irremediavelmente perdido. Apesar da desaceleração prevista para os próximos meses, não é esperada uma inflação inferior a 8,0% em 2015.

O Banco Central está mobilizado para garantir a inflação na meta ao final de 2016, como está na Ata do Copom divulgada na quinta-feira. Para esse objetivo, a política cambial também deve dar sua contribuição. O Banco Central avisou que não tem pressa para se desfazer do seu estoque de swaps cambiais (cerca de R$ 110 bilhões), que são títulos em reais que equivalem a dólares vendidos no mercado. Essa postura deverá manter sob controle a procura por moeda estrangeira. Portanto, deverá atuar para evitar disparadas no câmbio, especialmente quando o Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) começar a operação de retirada de dólares do mercado. Com isso, também quer evitar excessivo encarecimento dos produtos importados. Ou seja, o câmbio é parte da equação de controle da inflação.

Mas ninguém deve esperar uma postura rígida do Banco Central. Seu objetivo agora é a inflação na meta ao final de 2016, como está dito. Portanto, vai esperar pelo que acontecerá, para monitorar juros e câmbio.

O mercado ainda trabalha com uma inflação alta demais em 2016, de 5,6%, como aponta a Pesquisa Focus desta semana. Isso sugere que os juros básicos (Selic) deverão continuar sua trajetória de alta até que o Banco Central tenha conseguido a convergência das expectativas do mercado.

O peso da conta de luz
Somente os preços da energia elétrica, uma das tarifas administradas, subiram 38,12% no primeiro quadrimestre do ano e sozinhos tiveram um impacto de 1,12 ponto porcentual na inflação de 4,56%, acumulada em 2015. Reflete a alta dos custos da maior participação da energia térmica (produzida com queima de óleo combustível e diesel) na matriz elétrica. Entre os preços livres, a maior alta foi a do tomate, com 48,65% no quadrimestre.

Míriam Leitão - Horizonte industrial

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- O Globo

Milhares de trabalhadores estão em licença nas fábricas ou sendo demitidos. Nas lojas, o emprego encolhe. A CNI acha que a porta de saída é a exportação, mas ela não deslancha; ou projetos de infraestrutura, mas eles estão com dificuldades. O setor de máquinas e equipamentos acha que a crise foi criada aqui dentro. Os revendedores de automóveis esperam que o ajuste fiscal restaure a confiança.

Na semana em que diversos setores empresariais divulgaram balanços e prognósticos, o que se viu é um país em crise buscando saídas. A Associação de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) tem certeza de que os problemas atuais foram criados internamente e, por isso, a recuperação só depende de nós, com o ajuste fiscal e a retomada da agenda de reformas. O setor industrial é, de longe, o que mais tem sofrido com a crise. O comércio é afetado como consequência, como se vê nos números da Fenabrave, entidade que reúne as revendedoras de automóveis. A produção industrial de março, divulgada esta semana pelo IBGE, terminou o primeiro trimestre com encolhimento de 5,9% sobre o mesmo período do ano passado. O fechamento de postos de trabalho está cada vez mais constante.

O gerente-executivo de política econômica da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Flávio Castelo Branco, estima que o ano de 2015 será de recessão de 1,2% no PIB, com uma retração de 3,4% no PIB industrial. A queda maior será do setor de construção civil (-5,5%); seguida pela indústria de transformação (-4,4%); e dos serviços industriais de utilidade pública (-2,8%). Apenas a extrativa deve terminar o ano com crescimento, puxada por petróleo e gás e mineração (2,3%). —A saída é crescer via exportação e destravar os projetos de infraestrutura. Para exportar, é preciso aumentar a competitividade. Nas concessões, será preciso mudar o modelo e melhorar a rentabilidade do setor privado. O trauma causado pelas mudanças no setor elétrico ainda é grande, isso também precisa ser superado — afirmou.

A Abimaq diz que 22 mil postos de trabalho foram fechados desde janeiro de 2014. A utilização do parque produtivo está em 69%, percentual que significa recessão, segundo a entidade. As encomendas só garantem a produção de 2,8 meses, quando a média é 6,5 meses. Até o segmento de máquinas agrícolas sente o impacto. Na última feira Agrishow, realizada na semana passada em São Paulo, houve queda de 30% nas vendas. Foi a primeira vez que aconteceu em 22 anos de evento. Diante de tantos números vermelhos, o presidente da Abimaq, Carlos Pastoriza, mantém pelo menos uma certeza: sair da crise só depende do Brasil.

— É preciso fazer o ajuste fiscal e tocar a agenda de reformas, que tem sido sempre adiada, como a tributária e a da previdência. Para baixar a Selic, antes é preciso gastar menos e aumentar a poupança. Não só fazer superávit primário, mas fazer superávit nominal. A crise foi fabricada internamente. Assim, também só depende do Brasil sair dela. Esse é o lado positivo — afirmou Pastoriza. A indústria automotiva cresceu muito nos últimos anos, e agora sofre duplamente. Primeiro, pela queda do PIB; segundo, pela antecipação de consumo depois de todos os estímulos dados pelo governo. A Fenabrave, entidade que representa as distribuidoras, registra 12 mil postos de trabalho fechados. O presidente da entidade, Alarico Assumpção Jr., teme que esse número possa chegar a 40 mil até dezembro, com fechamento de 10% das concessionárias do país.

Cerca de 800 de um total de 8 mil. O setor como um todo teve queda de 16% nas vendas, de janeiro a abril, com um colapso de quase 40% nas vendas de caminhões. — Começamos o ano com estimativa de estagnação nas vendas e já revisamos o nosso número para queda de 18%. A esperança é o ajuste fiscal recuperar um pouco da confiança dos consumidores e dos empresários e ter um segundo semestre um pouco melhor — disse Alarico. A semana mostrou que este será um ano difícil, em que notícias de demissão e queda da atividade econômica serão frequentes. A inflação em quatro meses atingiu a meta para o ano todo: 4,5%. Os juros continuarão a subir, apesar da recessão. É o preço dos erros do primeiro mandato.