segunda-feira, 11 de junho de 2018

Fernando Henrique Cardoso: Condições revolucionárias tomam corpo no Brasil

- Valor Econômico

Os brasileiros se deparam com uma escolha crucial nas próximas eleições gerais, inclusive para a Presidência, em outubro.

É necessária uma convergência de líderes democráticos capazes de encurtar a distância entre a sociedade e a política, reconstruindo a confiança de cima para baixo, ou de outra forma o Brasil vai se juntar a outras democracias em desintegração, como a Venezuela, que se inclinaram para falsos profetas e demagogos que persuadiram a população de que a única solução para a crise está no relacionamento direto de um líder forte com as massas.

Caso se dê a segunda alternativa, a democracia representativa, a liberdade e os interesses públicos vão estar ameaçados.

Desafios estruturais do Brasil
O Brasil enfrenta uma série de problemas estruturais e de curto prazo. A dificuldade de um país de renda média em sustentar seu nível de prosperidade é agravada pelo fato de que o país é industrializado, mas ainda não está totalmente integrado às redes internacionais de produção e comercialização. Uma grande parte do dinamismo econômico do Brasil nas últimas décadas veio do aprofundamento e da expansão do mercado interno. Ainda se carece, no entanto, de uma capacidade sólida para exportar bens industrializados.

Apesar do forte crescimento visto entre o fim da Segunda Guerra Mundial e os anos 80 e de alguns períodos favoráveis esparsos posteriores, o ritmo de expansão do PIB do Brasil em 2017 foi de apenas 1%, fraco em comparação ao mundial. A produtividade média da economia brasileira continua inferior à das economias desenvolvidas. Em 1990, o PIB per capita no Brasil equivalia a 13% do registrado nos Estados Unidos; hoje, é de 15%. Em contraste, em 1990, o da Coreia do Sul estava em 27% do patamar americano e, agora, equivale a 38%.

No Brasil e em outros países, as transformações radicais nos meios de comunicação (internet e mídia social) e nos modos de produção (automação e inteligência artificial) modificaram profundamente a sociedade e a forma como as pessoas adquirem informações e se conectam entre si. Uma das consequências dessas mudanças tectônicas tem sido o sentimento generalizado de que as instituições políticas – os partidos, o Congresso e toda a arquitetura da democracia representativa – não são mais capazes de atender as demandas de um conjunto de cidadãos bem conectado e informado.
Políticas mal orientadas e crise moral

A esses fatores estruturais, é preciso agregar dois graves riscos. Primeiro, as políticas econômicas mal orientadas adotadas nos últimos anos do governo do ex-presidente Luiz Inácio “Lula” da Silva e ao longo dos mandatos de sua sucessora, Dilma Vana Rousseff, quase faliram o Estado com gastos fiscalmente imprudentes.

Segundo, os sistemas econômico e político do Brasil se deparam com uma crise moral estarrecedora. Investigações do Judiciário trouxeram à tona uma rede sistêmica de corrupção entre o governo, os partidos políticos e empresas privadas e estatais. Privilégios e clientelismo substituíram a competição como motor da vida econômica e política.

Promotores e magistrados na chamada Operação Lava-Jato têm revelado que o dinheiro usado para financiar ilegalmente partidos políticos veio de contratos superfaturados com organizações públicas, cujos diretores foram indicados pelo governo para operar exatamente esse tipo de negócio. Longe de ser uma simples questão de fundos secretos de campanha, o que veio à luz foi um sistema organizado para desviar recursos públicos para o benefício de empresas e partidos, assim como, muito frequentemente, os bolsos de políticos individuais.

Crises morais combinadas a estagnações econômicas – o desemprego está hoje em 13% – são uma receita letal para qualquer sociedade.

Diante da indignação do público e do fogo cruzado das acusações de grupos políticos em conflito, tornou-se impossível reconhecer que nem todos os casos de corrupção são iguais, que este ou aquele líder político não fez mau uso de fundos de campanha para benefício pessoal, que algum outro pode ter cometido crime, mas não seu partido, e assim por diante. Aos olhos de um público inflamado, todos os políticos parecem ser um bando de malfeitores culpados de roubo. Tanto a classe política quanto o governo perderam credibilidade e legitimidade.

Nenhuma revolução aconteceu no Brasil. Estamos testemunhando, no entanto, condições revolucionárias nas quais vingadores se preparam para cortar as cabeças dos fortes e poderosos e são saudados pelas massas. Se a história serve de guia, o fim do jogo costuma ser a chegada de algum líder trazido pela providência, o salvador carismático ou homem forte que chega para pôr fim à anarquia na terra.

Esses são os riscos que pairam sobre as próximas eleições. Com Lula inelegível por estar preso sob acusações de corrupção, os diferentes segmentos da esquerda, privados de seu líder natural, sentem-se eleitoralmente inseguros. A direita vem pedindo a restauração da ordem a qualquer custo, incluindo a restrição de liberdades democráticas. Jair Bolsonaro, um ex-oficial militar de extrema direita, acusado de usar uma linguagem sobrecarregada racialmente contra comunidades indígenas e afrodescendentes do Brasil, atualmente lidera as pesquisas.

Um corpo político fragmentado sem confiança nas instituições
As sensibilidades políticas remanescentes estão fragmentadas, incapazes de se aglutinar em torno às partes desconectadas do centro político, realmente apenas um amálgama de alguns com um ponto de vista arcaico ou outros mais liberais ou vagamente social-democratas que dão valor às instituições da democracia e sabem que a principal ameaça é a desigualdade.

A grande gama de grupos políticos está organizada em nada menos do que 26 partidos políticos com representação no Congresso, a maioria dos quais dificilmente merece ser chamada de “partido”. São mais conglomerados de indivíduos cujo único objetivo é saquear os bens do Estado. 

Compreensivelmente cético, a esta altura o corpo político não sabe se vale mesmo a pena votar.
Nisso, o Brasil não é exceção. Nossa sociedade, assim como outras, foi estilhaçada pelos próprios avanços da modernidade: a melhora na mobilidade social, o advento da era da informação e a ascensão de políticas de identidade de gênero e raça. Tudo isso rompeu a coesão das velhas divisões de classe e dos partidos e ideologias que as representavam na era anterior.

Uma perspectiva obscura
Não há saída? Estou convencido de que em situações como essa, um ponto de vista comum sobre o futuro é a única mensagem que pode unir a sociedade.

As demandas sociais estão ligadas às necessidades básicas da população: a busca por empregos, a luta contra a desigualdade, e as reclamações sobre a incapacidade do Estado de proporcionar de forma eficiente segurança, moradia, transporte, saúde e, acima de tudo, ensino. Em tempos de crise, os líderes políticos precisam traduzir um conjunto comum de valores – o espírito da liberdade, a igualdade de oportunidades e o respeito à dignidade humana – em ideias e propostas concretas que toquem as mentes e corações da população.

Eles precisam se dirigir a pessoas que não fazem mais parte de uma massa amorfa. Cada eleitor tem acesso a informação, tem consciência de seus direitos e quer que o governo atenda suas necessidades. Esse “reencantamento” da vida pública precisa andar de mãos dadas com o esforço para controlar as finanças públicas e promover o investimento produtivo, sem o qual não há criação de emprego.

Todos que dão valor à democracia e liberdade sabem o que precisa ser feito. Da mesma forma que em outros lugares, entretanto, as velhas correntes predominantes estão fora de sintonia com as novas realidades, e novas alianças políticas ainda não encontraram uma voz convincente em comum com o conjunto da população.

O risco de retrocesso coexiste com a perspectiva de renovação. A sociedade brasileira, impulsionada por transformações econômicas e sociais e por novos valores, está em movimento. Esse processo de mudança não é tão visível quanto as atuais polarizações políticas. Em muitos campos, o ritmo de mudança na sociedade é mais veloz do que o das instituições. Há, portanto, motivos para esperança – se encontrarmos a vontade política para transformar nossas instituições em sincronismo com as aspirações do público. (Valor Econômico – 11/06/2018)
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Fernando Henrique Cardoso foi presidente do Brasil de 1995 a 2002. Ele é integrante do Conselho do Século 21, do Berggruen Institute.

Este texto foi produzido pelo “The WorldPost”, uma parceria entre o Berggruen Institute e o “The Washington Post”.
Tradução de Sabino Ahumada

Marcus André Melo: Rebeliões tributárias

- Folha de S. Paulo

O poujadismo tropical inaugura novo conflito distributivo

"A Assembléia Nacional é o maior bordel de Paris", afirmou Pierre Poujade, que liderou o maior boicote contra o pagamento de impostos da história da França. Ele criou a União de Defesa dos Comerciantes e Artesãos e posteriormente seu braço político, a Union et Fraternité Française (UFF), partido que chegou a eleger 52 deputados em 1956. O mais jovem deles chamava-se Jean-Marie Le Pen.

Rebeliões fiscais não são monopólio da direita. Na Inglaterra, ativistas de esquerda iniciaram a revolta contra a Poll Tax (imposto per capita), instituída por Margaret Thatcher, que levou a sua débâcle em 1990.

Mas revoltas fiscais acontecem, em geral, não por imposição de impostos mas sim por cortes de gastos. Esta é a conclusão de Jacopo Ponticelli e Hans J Voth que examinaram dados sobre manifestações violentas, greves gerais e protestos de massa para 24 países europeus por um período de 90 anos (1919-2008).

O mal-estar na democracia brasileira deriva de ambos: insatisfação com impostos e cortes orçamentários. Mais que isso, reflete o colapso do padrão de resolução do conflito distributivo nas três últimas décadas. Os pilares do padrão vigente entre 1994 e 2006 foram inclusão social e responsabilidade fiscal. A inclusão sem ancoragem fiscal que se seguiu pós-Constituição de 1988 levou ao mecanismo clássico de resolução de conflito distributivo: a hiperinflação. Controlada a inflação, o conflito foi solucionado de nova forma:
elevação monotônica de impostos indiretos da ordem de 10% do PIB durante a vigência do padrão citado.

Vinicius Mota: Alta quilometragem

- Folha de S. Paulo

Marina, Ciro e Alckmin, presidenciáveis e mandatários veteranos, conhecem o Congresso e a máquina administrativa

Pouco antes da fase decisiva da campanha, não poderia haver teste de estresse mais desafiador para o desempenho dos presidenciáveis do que a comoção nacional provocada por caminhoneiros.

Pelo tipo da revolta —pequenos proprietários sem organização vertical a exigir ordem no país e proteção para sua renda— e pelo vasto apoio da população indisposta com o status quo, o quadro favorecia plataformas de direita e antiestablishment.

Pela primeira vez neste ciclo democrático, um candidato competitivo, Jair Bolsonaro, está sintonizado com esses sentimentos e disposto a defender aspectos da ditadura militar. O eleitor, no entanto, não se deixou abalar pela mudança do clima.

Descarregou a ira no presidente, mostrou o Datafolha, mas reservou-se o direito de pensar melhor, e no devido tempo, o quadro sucessório.

Michel Temer afinal encontrou o seu papel na eleição. Será o bode expiatório dos pecados da República, figura sacrificial que ajuda a manter alguma esperança de renovação no ritual cívico de outubro.

Fernando Limongi: A ficha caiu

- Valor Econômico

Não se espere autocrítica dos ortodoxos

O governo entrou em sua fase terminal. Com a greve dos caminhoneiros e a saída de Pedro Parente, Temer perdeu a capa de respeitabilidade que ainda o protegia. Velhos aliados aproveitaram a deixa para abandonar o barco e se eximir de responsabilidade pelo desastre.

O governo Temer veio ao mundo amparado por ampla coalizão. A aliança abrigou todos que viam em Dilma e no PT a causa última da crise vivida pelo país. Simplificando, as pastas ministeriais foram entregues a dois grandes grupos. De um lado, os 'profissionais', como viria a nomeá-los Moreira Franco e, de outro, o 'Dream Team' capitaneado por Henrique Meirelles.

Romero Jucá, um expoente dos 'profissionais', explicou melhor do que ninguém as razões que levaram o grupo a abandonar Dilma: era preciso estancar a sangria, traçar o círculo que dividiria os que já haviam caído nas malhas da Lava Jato dos que ainda poderiam se salvar.

O 'dream team' se juntou ao governo para recuperar a economia. Prometeu fazer a 'lição de casa' depois de anos de gestão macroeconômica heterodoxa imposta pelo PT. Os 'fundamentos' seriam respeitados, reformas implementadas e, liberado das amarras e distorções, o mercado responderia e a atividade econômica seria retomada. A economia voltaria a crescer. Essa foi a promessa feita quando o grupo assumiu as rédeas da economia.

Ricardo Rangel: A realidade esquizofrenizada

- O Globo

A direita quer prender até os ladrões de galinha. Já a esquerda parece querer soltar até os assassinos seriais

Caminhoneiros e transportadores conseguiram subsídio, controle de preços e cartel. O setor privado, que reclama do ambiente de negócios e da complexidade tributária, agrava o ambiente e aumenta a complexidade. E o governo, que persegue o ajuste fiscal e a retomada do crescimento, inviabilizou o ajuste, derrubou a perspectiva de crescimento e fez o dólar disparar (o que aumenta o preço do diesel).

Os donos dos postos dizem que para repassar o subsídio, só reduzindo o ICMS (o setor privado, que reclama... etc.). Os contratantes dizem que, nesse preço, não dá para contratar. Nem os transportadores gostaram: parece que com a tabela da ANTT fica mais barato transportar explosivo do que leite (o governo revogou a tabela, depois revogou a revogação).

A confusão nos transportes ofuscou, talvez, a notícia de que o Brasil teve, em 2016, 62 mil mortes violentas, num aumento de 6% sobre o ano anterior.

A equivocada e fracassada política de combate às drogas está na raiz da violência, mas a direita, que é quem mais se queixa do problema, recusa-se, com o auxílio das igrejas católica e evangélicas, a sequer falar do assunto. Cigarro, cachaça e rivotril, pode; maconha, não pode. Por quê? Mistério. Gente que tem dependente na família defende uma legislação que não poupou seu parente da dependência, mas pode lhe dar o inferno do encarceramento.

A esquerda reclama da violência e da corrupção da PM, mas torce o nariz para investimentos que a tornem mais técnica e menos brutal, e opõe-se à intervenção, que visa a depurá-la. A direita, que exige ordem acima de tudo, parece apoiar a PM de forma cega, e seus setores mais radicais defendem a insubordinação militar (a desordem absoluta) e votam num candidato que defende tortura (a ilegalidade suprema).

Gustavo Krause: Liderança e democracia

- Blog do Noblat / Veja

Liderança democrática não sai do forno de padaria que nem pão quente

Três consensos estão presentes em descontraídas conversas de botequins e sofisticadas rodas acadêmicas: o Brasil é um deserto de lideranças; há um risco real de êxito eleitoral do populismo autoritário; o capital político do presidente eleito viabilizará uma agenda reformista. No reino do caos: Cadê o líder?

De fato, liderança democrática não sai do forno de padaria que nem pão quente. Instalado o pesadelo de comida apodrecendo e governo batendo cabeça atrás de R$ 0,41, não custa sonhar: a faixa presidencial cairia bem numa personalidade comprometida com a democracia e virtudes da ética republicana; com ampla visão de mundo, consolidaria a legitimidade dos consensos, indo além de um programa de governo, balizando um rumo estratégico para o Brasil. Alguém se candidata?

Seria uma espécie terceiro turno: a mobilização da sociedade pelo líder eleito em torno dos interesses nacionais. Engana-se, a meu ver, quem aposta no capital político-eleitoral suficiente para viabilizar uma agenda reformista. Vai governar com que tipo de presidencialismo? Coalizão ou cooptação? Um Congresso mumificado. O Brasil não merece tamanho infortúnio. E com um quórum de 3/5 para as PECs?

Ora, o que dirão os candidatos em suas campanhas sobre seus “programas de governo”? Se convencer o eleitor com demagogia, entregará a mercadoria podre do estelionato eleitoral. Se disser a verdade nua e crua não “seduzirá” o eleitor. O desafio é construir uma agenda de Estado, em lista taxativa (numerus clausus), aprovando-as com os exigidos os 3/5, decorrente de uma concertação social e, em seguida, submetida a quorum constitucional transitório, 18 meses, de maioria absoluta. Polêmico? Sem dúvida.

Celso Rocha de Barros: Números iguais dizendo outra coisa

- Folha de S. Paulo

Faltam quatro meses para a eleição e, até agora, a disputa parece ser anormal

A nova pesquisa Datafolha trouxe resultados bem diferentes da realizada em abril. Os números são quase exatamente os mesmos. Mas esses mesmos números, a tão pouco tempo da eleição, são um resultado muito diferente.

A discussão central entre os analistas da eleição de 2018 é se ela será uma eleição "normal". Haverá de novo uma polarização entre a centro-direita e a centro-esquerda, como vinha sendo PSDB vs. PT? O peso de estrutura de campanha, alianças, horário de TV e dinheiro será o mesmo que foi nas eleições anteriores? Não era esse o quadro no Datafolha de abril.

Lula ainda liderava tranquilamente, mesmo depois de condenado, e sem Lula na eleição a expectativa era de alta abstenção (uma evidente anormalidade). Mas esperava-se que Lula, depois de preso, perdesse seus votos para outra candidatura de esquerda.

Da mesma forma, Bolsonaro, o candidato mais extremista a disputar com chances a eleição presidencial brasileira em toda a nossa história, aparecia bem colocado, em segundo lugar, muito à frente dos candidatos de centro-direita. Mas esperava-se que esses votos de Bolsonaro voltassem para o centro conforme a candidatura de Alckmin se consolidasse. Faltam quatro meses para a eleição e, até agora, nada disso aconteceu. Os votos de Lula continuam não indo para lugar nenhum, e Bolsonaro continua bem na frente de Alckmin. Os votos de centro-esquerda estão indo para a abstenção, os de centro-direita estão indo para o extremo.

Ricardo Noblat: Lula “Jim Jones”

- Blog do Noblat | Veja 

Suicídio coletivo

No dia seguinte à sua eleição para presidente da República em 2002, reunido em um hotel da capital paulista com os principais membros de sua campanha, Lula foi logo advertindo:

– Nesta sala, as únicas pessoas votadas e eleitas fomos eu e o José Alencar.

Em seguida, comentou que haveria lugar para todos eles no seu governo. De fato, estava preocupado com a disputa de cargos. E queria reforçar a sua autoridade e prestigiar Alencar, seu vice.

Condenado a 12 anos e um mês por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, impedido de ser candidato, Lula não tem mais cargos para oferecer a ninguém, mas tem votos.

E é por tê-los, como mostram todas as pesquisas, que subjuga o PT à sua exclusiva vontade de seguir dizendo que apesar da lei, ele será candidato em outubro, e só deixará de ser quando quiser.
Parte dos seus acólitos acredita que Lula é um sábio, quase não erra. E que ao se apresentar como candidato, só se fortalece para na hora certa abençoar outro nome e transferir-lhe seus votos.

Angela Bittencourt: Brasil não saiu da crise e 2019 será de contração

- Valor Econômico

Presidente é definido pelo eleitor mediano e não pelo mercado

O ano de 2018 está perdido e o melhor que poderá sair dele é o próximo presidente da República do Brasil, a depender do escolhido pela maioria. A retomada do crescimento deverá se confirmar durante o mandato do novo presidente, mas desde que o eleito tenha compromisso com as reformas. Isso feito, em 2019 o mercado financeiro terá melhora importante e prolongada. Algo similar ao que se viu após o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff e do fim da interinidade de Michel Temer no posto que passou a ocupar, de vez, em 31 de agosto de 2016 e do qual se despede em 31 de dezembro deste ano.

Pesquisa Datafolha sobre intenções de voto para a Presidência da República, divulgada na edição de ontem do jornal "Folha de S. Paulo", mostra que se Lula (PT) for candidato, ele lidera a disputa e tem 30% das intenções de voto no primeiro turno. Sem Lula, Jair Bolsonaro (PSL) tem a maioria com 19%. Em seguida aparece Marina Silva (Rede) com 14% ou 15%. No segundo turno, Lula e Marina são os nomes melhor pontuados. Lula teria 49% dos votos. Marina, com 42%, ganharia de Bolsonaro com 32%; com 41% Marina derrotaria Ciro Gomes com 29%; e, novamente com 42%, ela venceria Geraldo Alckmin (PSDB) com seus 27% dos eleitores.

Na semana passada, de fortalecimento do dólar no exterior, o mercado financeiro local sofreu grande estresse também pela expectativa de que a eleição poderia ser decidida entre Bolsonaro e Ciro. Não foi isso o que o Datafolha mostrou, mas que entre Bolsonaro e Ciro existe Marina.

Dólar e juro dispararam e a bolsa afundou. Na sexta-feira, o dólar fechou em baixa de 5,5% ante o dia anterior e os juros se afastaram das máximas observadas durante os negócios. O Ibovespa caiu menos se comparado aos dias anteriores. Porém, a virada não teria acontecido sem US$ 24,5 bilhões em swaps prometidos pelo Banco Central (BC) para venda nesta semana e sem a garantia do Tesouro Nacional de que vai manter a recompra do título público federal NTN-F.

Os riscos da desconfiança: Editorial | O Estado de S. Paulo

Além das consequências desastrosas para a população e a economia, a greve dos caminhoneiros provocou outro efeito devastador sobre o País. A crise causada pela paralisação dos transportadores, somada a um conjunto de erros do poder público, fez recrudescer a desconfiança da população no Estado e em suas instituições, o que é extremamente prejudicial ao País.

Essa desconfiança da população não afeta apenas a popularidade do presidente Michel Temer. Se fosse assim, talvez não houvesse maiores consequências. Antes da crise, Temer já tinha um altíssimo índice de rejeição e seu governo terminará em menos de sete meses. O problema, no entanto, não se resume à imagem do presidente.

O clima de descrédito nas instituições agravado pela crise dos caminhoneiros tem três grandes efeitos deletérios. O primeiro diz respeito à governabilidade do País. Já não estava fácil dar continuidade à política reformista, mas agora ficou ainda pior. O governo enfraqueceu, a pressão populista aumentou e o esforço pela racionalidade na gestão pública perdeu vigor. A demissão de Pedro Parente da presidência da Petrobrás ilustra com realismo essa nova relação de forças.

Como segundo efeito do aumento da desconfiança em relação ao Estado e suas instituições, tem-se um agravamento das dificuldades para a retomada do crescimento econômico. As novas circunstâncias políticas conduzem invariavelmente a uma reavaliação mais negativa do ambiente econômico do País. O clima de descrédito da população nas instituições é um sinal de alerta para quem deseja empreender ou investir. Não há dúvida de que, nas duas últimas semanas, investir no Brasil ficou mais arriscado.

A banalidade do arbítrio: Editorial | O Estado de S. Paulo

Parece livre de obstáculos o caminho de arbitrariedades trilhado por alguns membros da Polícia Federal (PF), do Ministério Público (MP) e do Poder Judiciário em uma autoatribuída cruzada anticorrupção. Ela não raro vem carregada de um ar messiânico na fala e nas ações de seus integrantes, mais preocupados com a opinião pública do que com o respeito às leis. Uma cruzada que seria por demais importante para ter de lidar com “óbices” como a Constituição.

O pedido de quebra do sigilo telefônico do presidente da República é exemplar destes tempos esquisitos, em que a banalidade do arbítrio se instalou justamente entre alguns dos que deveriam ser os primeiros a venerar a lei.

A quebra do sigilo telefônico do presidente Michel Temer foi requerida pela PF ao ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), no âmbito do inquérito que apura o suposto pagamento de R$ 10 milhões ao MDB pela Odebrecht. Em troca do financiamento ilegal de campanhas eleitorais do partido, a empresa teria sido favorecida em contratos com o governo federal.

De acordo com o inquérito – que, pasme o leitor, tramita em segredo de justiça –, a negociação para o repasse do dinheiro teria ocorrido em 2014 no Palácio do Jaburu, envolvendo Michel Temer, então vice-presidente de Dilma Rousseff; Marcelo Odebrecht, presidente da empreiteira; Moreira Franco, atual ministro de Minas e Energia; e Eliseu Padilha, atual ministro-chefe da Casa Civil. A PF também requereu a quebra do sigilo telefônico dos dois ministros de Estado.

À luz do que está escrito no artigo 86, parágrafo 4.º, da Lei Maior, o pedido de quebra do sigilo telefônico do presidente da República feito pela PF ao STF é mais um caso de audacioso abuso. Fosse respeitado o texto constitucional, um inquérito para apurar supostos crimes cometidos por Michel Temer em 2014 nem sequer deveria ter sido instaurado enquanto ele exercer seu mandato como presidente da República.

Em busca de trabalho: Editorial | Folha de S. Paulo

Na esteira da crise econômica, país gera empregos precários, o que torna retomada mais difícil

A recessão de 2014-16, por sua profundidade e duração, deixou sequelas profundas no mercado de trabalho. Além do salto recorde do desemprego e da precariedade dos postos gerados nos últimos dois anos, a crise expôs fragilidades que não são apenas conjunturais.

Se já claudicava, a retomada da economia agora vive sob o risco de perder o que havia do ímpeto recente. Nos últimos meses, a taxa de desocupação praticamente estacionou perto dos 13% da população ativa —ou, vale, dizer, mais de 13 milhões de brasileiros.

Forma-se, de certo modo, um círculo vicioso, na medida em que a debilidade das vagas compromete o potencial de recuperação da atividade em geral. Trabalhadores sem carteira assinada têm maior dificuldade de acesso ao crédito bancário e menor potencial de consumo, por exemplo.

Os aspectos estruturais, contudo, são ainda mais preocupantes, como mostrou caderno especial publicado por esta Folha.

Um deles é o desemprego entre os mais novos, que disparou entre o fim de 2014 e o início deste ano. Hoje, 44% dos que tem entre 14 e 17 anos e 28% dos que tem entre 18 e 24 anos não conseguem um lugar no mercado, o dobro dos percentuais verificados antes da crise.

Mais representativos: Editorial | O Globo

Contribuições voluntárias forçam os sindicatos a de fato trabalharem para as suas categorias

Não seria mesmo pequena a resistência à essencial conversão do imposto sindical em contribuição espontânea, feita pela reforma trabalhista aprovada em novembro, um dos pontos altos do governo Temer. O fato de o imposto arrecadar anualmente R$ 3,5 bilhões, para que os sindicatos gastassem sem precisar prestar contas, sempre foi um motivo forte para a defesa deste “direito do trabalhador”. Na verdade, um dinheiro ao dispor dos dirigentes, que costumam se perpetuar nos cargos. Há até esquemas de famílias que controlam sindicatos.

O argumento a favor da contribuição voluntária é o mesmo que Lula, ainda na militância metalúrgica, usava para defender idêntica proposta: a contribuição força os sindicatos a de fato trabalharem para as respectivas categorias, e assim aumenta de forma muito saudável sua representatividade. Por uma simples razão: é assim ou o sindicato fecha.

O imposto, ao contrário, estimulou esquemas para a manutenção do poder nos sindicatos a qualquer custo, sem maiores preocupações com o atendimento das demandas das categorias. Afinal, o dinheiro chegaria de qualquer forma. E assim, atingiu-se o ponto atual de haver cerca de 15 mil sindicatos. Com o imposto, eles se multiplicaram, por serem virtuais “casas da moeda”, capazes de “fabricar" dinheiro. Claro, dinheiro público, arrecadado pelo Estado.

Ambição e vaidade imobilizam o centro: Editorial | Valor Econômico

O lançamento do manifesto "Por um Polo Democrático e Reformista", na última terça-feira (5), no salão verde da Câmara dos Deputados, mostrou o quanto será difícil reunir a centro-direita brasileira em torno de uma candidatura única, nas eleições presidenciais de outubro. Prova disso é que nem mesmo os candidatos ditos de centro apareceram para prestigiar o evento. O documento caiu no vazio.

Uma hipótese para o esvaziamento da solenidade é que ela teria sido preparada sob medida para o pré-candidato do PSDB, Geraldo Alckmin, desde sempre visto como o homem capaz desse feito. A ser verdade, essa versão apenas serve para reforçar a ideia de que a união do centro caiu vítima das vaidades, ambições pessoais e que será difícil a união das forças também no segundo turno, se houver um segundo turno.

Ao contrário do que imaginavam as forças políticas que sempre orbitaram em torno do PSDB, PMDB, DEM (o antigo PFL) e PP, a condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez muito mal à chamada centro-direita. Essas forças não entenderam que, sem Lula na disputa, ainda seria preciso vencer uma eleição. Não se tratava de mera nomeação.

Mas em vez de unir o outro lado em torno de um candidato capaz de liderar a retomada do Palácio do Planalto, a ausência de Lula agravou os conflitos internos do centro político. Tanto que ele é capaz de recorrer a argumentos mesquinhos para esvaziar um ato que teria muito o que dizer ao país. Perplexo com a rejeição popular, está imobilizado, sem poder de reação até para apresentar uma proposta de governo capaz de despertar o país para uma eleição que está à porta mas até agora não motivou o eleitor.

‘É tudo futrica da Corte’, diz Alckmin sobre desistir da candidatura

Em entrevista ao JB, pré-candidato pelo PSDB diz que busca alianças com cinco partidos

Bernardo de la Peña | Jornal do Brasil, domingo, 10/6/2018

Depois de governar São Paulo por duas vezes, o médico anestesista Geraldo Alckmin foi escolhido para disputar a eleição à Presidência da República pelo PSDB pela segunda vez. Na anterior, em 2006, foi derrotado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que se reelegeu na ocasião. Nas últimas semanas, Alckmin tem sido alvo de fogo amigo dentro do próprio partido, com críticas ao seu desempenho nas pesquisas e à condução da campanha. Em entrevista ao JB, o pré-candidato tucano diz que não há possibilidade de desistir da candidatura e que "há muita futrica da Corte" em relação ao assunto. O tucano, que está costurando aliança com cinco partidos, afirma ter simpatia por Marina Silva.

• Especulou-se sobre a possibilidade de o senhor abrir mão da sua candidatura. Há fundamento nisso?

Não. Na realidade, não houve nenhuma especulação nesse sentido. Tem é muita fake news. É impressionante como, às vezes, a imprensa, e isso é um fenômeno mundial, em vez de cobrir com profundidade os temas de interesse do país, dá espaço para essas especulações. Há muita futrica da Corte. Pretendo ser candidato até o dia da eleição.

• Acredita na possibilidade de se aliar a outro pré-candidato de centro?

Nenhum candidato até agora celebrou aliança porque a lei mudou. Pela lei antiga, as convenções começariam no dia 1º de junho. Agora, pela lei nova, só se pode fazer a convenção a partir de 20 de julho, e até 5 de agosto. Então, você só vai saber quem tem candidato e quem não tem no finalzinho de julho. Nós, hoje, temos uma conversa com cinco partidos.

• Quais seriam os partidos?

Nós vamos deixar que eles anunciem, no momento adequado.

• São conversas para alianças?

Acredito que podemos ter seis partidos numa boa aliança. E isso faz diferença por causa do tempo de televisão e de rádio. É uma campanha muito curta, ela só começa praticamente em 31 de agosto.

• Entre Rodrigo Maia (DEM), Henrique Meirelles (MDB) e o senador Álvaro Dias (Podemos), que foi do seu partido, com quem o senhor tem mais afinidade?

Acho que temos que respeitar o tempo. São outros partidos, que têm grandes lideranças. Não vão ser poucos candidatos. Isso é fruto do pluripartidarismo brasileiro. Infelizmente, a reforma política não foi feita como deveria. Não existem 35 ideologias, existem partidos que são pequenas e médias empresas mantidas com dinheiro público. Evidente que isso não está correto. A primeira reforma que eu pretendo fazer, já no começo do ano que vem, é política.

Tucanos buscam explicação para o ‘enigma de Alckmin’

Colaboradores cruzam pesquisas para entender baixo desempenho em São Paulo

Silvia Amorim | O Globo

-SÃO PAULO- Catalisador da desconfiança em torno da candidatura de Geraldo Alckmin (PSDB), o fraco desempenho eleitoral em São Paulo, estado que governou por 13 anos, intriga a própria equipe do tucano. Ao cruzar pesquisas, seus colaboradores perceberam o fenômeno: apenas um terço dos eleitores que aprovam sua gestão aponta Alckmin como seu candidato nas eleições deste ano. Eles dizem que o fosso entre a avaliação positiva e a disposição em votar contraria a normalidade.

A desconexão é um enigma para a campanha, que foi investigar pesquisas de eleições anteriores atrás de explicações para o cenário inédito do tucano em seu estado. Sem encontrar respostas seguras, a equipe do tucano se agarra a uma hipótese: a de que muitos eleitores de São Paulo ainda não sabem que ele é candidato.

Alckmin é o político que por mais tempo governou São Paulo. Nas duas últimas eleições (2010 e 2014) venceu no primeiro turno — sendo o mais votado em 644 dos 645 municípios paulistas quatro anos atrás.

Desgaste de imagem do PSDB com a Lava-Jato e cansaço com as administrações no estado também são hipóteses para a discrepância. Alckmin amarga o pior desempenho de um presidenciável do PSDB no estado. Pesquisas Ibope e Datafolha, divulgadas em abril e maio, mostram o tucano com 15% das intenções de voto dos paulistas, num empate técnico com o Jair Bolsonaro (PSL).

Articulação ligada a FHC vê Marina como opção

Grupo suprapartidário que busca união do centro em torno de um candidato ‘reformista’ avalia que as conversas devem considerar a ex-ministra, Alckmin e Alvaro Dias

Pedro Venceslau e Marianna Holanda / O Estado de S. Paulo.

O movimento que busca uma candidatura única de centro para a eleição presidencial, apoiado pelo expresidente Fernando Henrique Cardoso, tenta se aproximar de Marina Silva. A candidata da Rede tem 15% das intenções de voto. O grupo avalia que Marina poderia se sair melhor do que Geraldo Alckmin (PSDB) em disputa contra Jair Bolsonaro (PSL) e um candidato de esquerda.

Lançado na semana passada com o apoio do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o movimento suprapartidário que busca viabilizar uma candidatura comprometida com as reformas estruturais avalia que Marina Silva (Rede) pode se consolidar como uma alternativa do chamado “centro democrático” na disputa presidencial.

Líderes políticos que integram o grupo acreditam que as conversas devem se concentrar em três nomes: a ex-ministra do Meio Ambiente, o presidenciável do PSDB, Geraldo Alckmin e Alvaro Dias, pré-candidato do Podemos.

A preocupação é criar uma terceira via para enfrentar eventual polarização entre o deputado Jair Bolsonaro (PSL-RJ) e um candidato que represente uma coalizão de esquerda. Parte dos signatários do manifesto Por um Polo Democrático e Reformista, lançado na semana passada, incentivou a entrada de um outsider na corrida presidencial, no caso, o apresentador Luciano Huck, que declinou do convite feito pelo PPS.

Nesse aspecto, a avaliação é que, além do desempenho nas pesquisas de intenção de voto, Marina ainda é um nome menos contaminado pelo desgaste com os partidos e a política tradicional.

Na pesquisa Datafolha divulgada ontem, a ex-ministra se mantém em segundo lugar, com até 15% das intenções de voto, nos cenários sem o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do PT, preso e condenado na Operação Lava Jato.

Bolsonaro lidera com 19% das preferências na ausência de Lula. Alckmin, que tenta unir o “centro” em torno do seu nome, alcança 7% das intenções de voto, em situação de empate técnico com o ex-ministro Ciro Gomes. O pré-candidato do PDT oscilou entre 10% e 11%. Já Alvaro Dias aparece com 4%.

“Marina é uma candidata desse campo. O nome dela deve ser levado em consideração. Achamos no PPS que Alckmin é o melhor candidato, mas não podemos ir para a conversa impondo o nome dele. Temos de admitir que pode não ser”, disse ao Estado o presidente nacional do PPS, Roberto Freire. Segundo Freire, em conversa recente, a mesma avaliação foi feita por Fernando Henrique. Ao jornal O Globo, FHC disse que “não convém” fechar portas para a ex-ministra.

O grupo ainda acredita que Alckmin terá fôlego de “maratonista” e vai crescer quando a campanha começar de fato. O nome de Marina, porém, é visto como alternativa, especialmente em face à crise interna que afeta a pré-campanha tucana.

Aliados de Alckmin gravam vídeos contra ‘fogo amigo’

Mensagens destacarão nas redes sociais as ‘qualidades’ do pré-candidato tucano para resolver problemas

Vera Rosa / O Estado de S. Paulo.

BRASÍLIA - Aliados do pré-candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin, decidiram fazer uma espécie de desagravo ao tucano, embalado como mensagem de apoio. Irritados com manifestações de “fogo amigo”, deputados da bancada, de Estados diferentes, gravaram vídeos que entrarão nos próximos dias nas redes sociais enaltecendo “qualidades” de Alckmin para a resolução de problemas.

A cúpula do PSDB está preocupada com a estagnação do ex-governador, confirmada pelo último Datafolha. A pesquisa mostrou que os 7% obtidos por Alckmin significam o pior desempenho de um candidato do partido ao Planalto em quase 30 anos.

“A eleição está em aberto. De fato, precisamos juntar mais, do ponto de vista das lideranças, e ter interlocução mais frequente, mas estamos no caminho certo”, disse o deputado Samuel Moreira (PSDB-SP). Ex-secretário da Casa Civil e um dos participantes de recente encontro no qual Alckmin perdeu a paciência com cobranças de seus pares, Moreira afirmou que, quando a propaganda na TV começar, em agosto, haverá uma “conexão” maior com a sociedade. “Há uma certa ansiedade de alguns, que precisa ser administrada.”

Pesquisa espontânea: 69% não sabem, ninguém e nulo

Brancos e nulos sobem sem Lula e Barbosa na disputa

Mesmo com o ex-presidente Lula enquadrado na Ficha Limpa e sem o ex-ministro do STF Joaquim Barbosa na disputa, os principais pré-candidatos à Presidência não conseguem ampliar seu eleitorado. Pesquisa Datafolha divulgada ontem aponta o crescimento dos eleitores sem candidato, que alcançaram 34%, contra 28% em abril.

Espólio ainda sem dono

Sem Lula e Joaquim Barbosa na disputa, brancos e nulos disparam na preferência do eleitorado

Silvia Amorim, Fernanda Krakovics, Bruno Góes e Mateus Coutinho | O Globo

-SÃO PAULO, RIO E BRASÍLIA- O afunilamento de candidaturas para a Presidência não tem se revertido em maior clareza do cenário eleitoral. Nos cenários sem Lula, enquadrado na Ficha Limpa, com o exministro do STF Joaquim Barbosa fora da disputa, aumentou significativamente o número de eleitores que se declaram sem candidato. É o que mostra pesquisa Datafolha divulgada ontem. Os votos brancos, nulos e indecisos bateram em 34%, em “primeiro lugar” na corrida. Em abril, o maior patamar registrado havia sido de 28%.

A desistência de Barbosa era esperada como um fator de mudança. No entanto, as intenções de voto obtidas por ele em abril (8% a 10%) não fortaleceram nenhum concorrente em especial. Lula, embora preso, mantém-se na liderança, com 30%. Sem o petista, o pré-candidato do PSL, Jair Bolsonaro, assume a dianteira, com 19%. Potenciais substitutos de Lula, Fernando Haddad e Jaques Wagner continuam com desempenho pífio — 1%.

Sem Lula, a ex-senadora Marina Silva (Rede) aparece na segunda posição, entre 14% e 15%. Ciro Gomes (PDT) tem de 10% a 11% e aparece empatado tecnicamente com Geraldo Alckmin (PSDB), que marcou 7%. Álvaro Dias tem 4%. No pelotão com intenção de voto entre 1% e 2% estão Manuela D'Ávila (PC DO B) e Rodrigo Maia (DEM). Os demais pré-candidatos tiveram 1% ou menos.

Os cenários pesquisados este mês são diferentes dos que foram considerados em abril. Por isso, os resultados dos dois levantamentos não são perfeitamente comparáveis. A pesquisa, com margem de erro de dois pontos percentuais, foi realizada com 2.824 eleitores de 174 municípios, na quarta e quinta-feira da semana passada.

A sondagem mostrou que a crise dos caminhoneiros não alterou o cenário eleitoral. Diferentemente da avaliação do presidente Michel Temer, que viu sua taxa de rejeição bater novo recorde — 82%. Em abril, ela era 70%.

Situação do país piorou para 72% da população, aponta Datafolha

Mau humor do brasileiro com a economia é o mais alto do governo Temer; só 6% apontam melhora

Ranier Bragon | Folha de S. Paulo

BRASÍLIA - Em meio à alta volatilidade cambial, às incertezas sobre a retomada do crescimento e aos impactos da paralisação dos caminhoneiros, 7 de cada 10 brasileiros avaliam que a situação econômica do país se deteriorou nos últimos meses.

Pesquisa do Datafolha concluída na quinta-feira (7) mostra que 72% dos entrevistados enxergam uma piora do cenário, contra apenas 6% que apontam melhora.

Os números são bem mais negativos do que os da última pesquisa do instituto, feita na primeira quinzena de abril. Na época, 52% dos entrevistados opinaram ter havido deterioração no ambiente econômico —20 pontos percentuais a menos do que agora.

A expectativa para o futuro também não é boa.

Diferentemente de abril, quando os que demonstravam otimismo eram numericamente superiores aos que manifestavam pessimismo, agora os que afirmam que a situação vai piorar nos próximos meses somam 32%, contra 26% dos que acreditam em melhora da economia.

Quando os entrevistadores do Datafolha perguntaram sobre a situação econômica pessoal do brasileiro, as respostas também foram mais negativas em relação ao último levantamento —49% dizem ter passado por retrocesso (esse índice era de 42% há dois meses) contra 10% que declaram avanço.

Assim como a rejeição recorde ao governo de Michel Temer, o mau humor do brasileiro com a economia também é o mais alto na atual gestão.

Desde maio de 2016 o índice dos que avaliavam que a situação havia piorado estava na casa dos 60%, tendo caído para 52% no início de abril deste ano.

A atual percepção popular encontra eco no panorama traçado por especialistas do mercado financeiro.

O boletim Focus do Banco Central, que compila as previsões de consultorias e instituições financeiras, também mostra o aumento do pessimismo. No início de março, a aposta era a de que o país alcançaria uma taxa de crescimento da economia próxima de 3% até o fim deste ano.

O último boletim, do início deste mês, mostra cenário mais nublado: alta de 2,18% do PIB em 2018.

Pesquisa mostra cenário de estabilidade

César Felício | Valor Econômico

SÃO PAULO - Sem grandes novidades, a pesquisa de intenção de voto do Datafolha divulgada na edição de ontem pelo jornal "Folha de S. Paulo", indica o declínio do eleitorado que opta pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), preso há dois meses, a estagnação de Jair Bolsonaro (PSL), Marina Silva (Rede), Ciro Gomes (PDT) e Geraldo Alckmin (PSDB), e a convergência de resultados de institutos que medem a preferência dos eleitores, com metodologias distintas.

A pesquisa Datafolha é feita com entrevistas pessoais, que transitam em pontos de fluxo. A divulgada ontem coletou a opinião de 2.824 pessoas ouvidas entre os dias 6 e 7. No cenário em que Lula é incluído, o petista-que não deve ser candidato em função da Lei da Ficha Limpa- ficou com 30%; Bolsonaro com 17%; Marina Silva (Rede) com 10%, Ciro Gomes (PDT) e Geraldo Alckmin (PSDB) com 6% e Alvaro Dias (Podemos) com 4%.

Em um levantamento feito por telefone pelo instituto Ipespe, por encomenda da corretora XP Investimentos, feita com 1 mil entrevistas entre 4 e 6 de junho, os resultados foram muito similares. Lula, Marina e Ciro tiveram o mesmo porcentual da pesquisa do Datafolha. Bolsonaro apareceu com 20% na sondagem por telefone, e Dias com 5%. Considerando que a margem de erro do Ipespe é de 3,2 pontos percentuais e a do Datafolha é de 2 pontos percentuais para mais ou para menos, os levantamentos se equivalem.

O enfraquecimento de Lula fica patente ao se olhar o resultado da pesquisa espontânea. Na medição do Datafolha, o petista é citado sem a apresentação do cartão de candidatos por apenas 10% dos eleitores. Em setembro do ano passado, que foi o melhor momento do petista nas pesquisas do instituto, Lula tinha 18%. Bolsonaro pela primeira vez aparece à frente de Lula nesta modalidade com 12%. A percepção de que Lula não será candidato provavelmente explica o resultado.

Geraldo Azevedo/Elba Ramalho:Chorando e Cantando

Fernando Pessoa: Às vezes

Às vezes tenho ideias felizes,
Ideias subitamente felizes, em ideias
E nas palavras em que naturalmente se despegam...

Depois de escrever, leio...
Por que escrevi isto?
Onde fui buscar isto?
De onde me veio isto? Isto é melhor do que eu...
Seremos nós neste mundo apenas canetas com tinta
Com que alguém escreve a valer o que nós aqui traçamos?...