O Globo
O governo Jair Bolsonaro é marcado pelo
amadorismo em todas as suas ações. A reação apavorada, tardia, atabalhoada e,
por tudo isso, cara para os cofres públicos à CPI do MEC é típica de um
agrupamento disfuncional que não enxerga um palmo adiante do nariz.
Basta lembrar que, pouco mais de uma semana
atrás, o mesmo governo trapalhão garganteava a possibilidade de ele próprio
encabeçar a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar a
Petrobras, empresa de que é sócio majoritário. CPIs, deveria ser desnecessário
dizer, são instrumentos de minorias para se contrapor à força de impedir
apurações exercida por… governos.
A bravata funcionou para que José Mauro
Coelho antecipasse sua saída do comando da Petrobras, pouco mais de 40 dias
depois de ter sido designado para o cargo pelo próprio Bolsonaro, que passou a
chantageá-lo. E, claro, a CPI governista nunca saiu do papel, que aceita tudo.
Agora, com a CPI do escândalo dos pastores
do MEC, a coisa muda de figura. Faltou um mínimo de articulação ao governo para
impedir que a oposição conseguisse as assinaturas necessárias para apresentar o
requerimento: na verdade, sobraram assinaturas, num sinal evidente de tibieza
do governo na Casa.
Diante da constatação, que deveria ser óbvia se o governo contasse com o mínimo de articulação política, de que Rodrigo Pacheco não pretende matar no peito este caso como tentou fazer com a investigação sobre as ações do governo na pandemia, instalou-se um deus nos acuda no Planalto.