O Globo
O intervalo entre a aprovação a toque de
caixa da PEC Kamikaze no Senado e sua discussão na Câmara parece ter sido
aquele da tomada de consciência por parte da oposição da forma irresponsável
com que rasgou a lei eleitoral e o ordenamento jurídico que assegura o
equilíbrio fiscal para dar uma enorme vantagem econômica e política a Jair
Bolsonaro na disputa pela reeleição.
Uma cegueira inexplicável pautou a
sem-cerimônia com que a chapa Simone Tebet- Tasso Jereissati, os petistas todos
e demais oposicionistas chancelaram um texto escrito literalmente na hora pelo
senador Fernando Bezerra, conhecido pela sua capacidade camaleônica de servir a
qualquer governo de turno, e hoje um dos mais efetivos arautos do bolsonarismo
no Congresso.
No entorno do ex-presidente Lula já se
capta uma preocupação com o estrago eleitoral que a PEC dos R$ 41 bilhões para
Bolsonaro despejar no bolso do eleitor pode causar. Tarde demais. O movimento
todo na Câmara de Arthur Lira enquanto este texto ia para o prelo era de
atropelar as tentativas tardias da oposição de obstruir a farra fiscal.
Graças ao auxílio emergencial que vigorou na pandemia, a avaliação de ótimo e bom de Bolsonaro, a despeito de suas declarações e ações contra o isolamento social, as medidas protetivas e as vacinas, saltou para 37% em agosto de 2020, segundo o Datafolha.