O Globo
Caberá ao titular da Fazenda fazer com que
a orquestra soe coesa, inclusive integrando Tebet à cozinha da equipe econômica
À medida que o ministério de Lula vai
ganhando sua conformação final, fica cada vez mais claro que o futuro
presidente conferiu a Fernando Haddad a batuta de maestro de uma orquestra
grande, na qual os componentes têm influências e estilos distintos, mas que tem
de soar coesa e harmnônica, inclusive para conquistar uma parcela bastante
hostil da audiência.
Esse papel tem um peso maior na condução da
política econômica, mas não só. Não serão poucas as vezes em que caberá ao
ministro da Fazenda a missão de apagar incêndios com o Congresso e de coordenar
ações também com a cozinha do Palácio do Planalto.
Sua nova posição, no coração do governo,
difere muito daquela na qual ele permaneceu mais tempo nos governos Lula e
Dilma, o Ministério da Educação. Vai exigir mais dos aprendizados duros da Prefeitura
de São Paulo, pela complexidade das tarefas e a necessidade de composição, que
a relativa tranquilidade de lidar com um tema que, embora de central
relevância, ele dominava e para o qual tinha um desenho claro do que pretendia
alcançar, como o MEC.
A chegada de Simone Tebet à equipe econômica se inscreve nesse desafio novo. Dos nomes que vão integrar seu time e os ministérios contíguos, é ela aquela com quem o titular da Fazenda tem menos afinidade — nenhuma, na verdade. Vêm de partidos e trajetórias políticas diferentes e sempre professaram ideias bastante díspares a respeito de temas como Previdência, privatizações, gasto público e papel do Estado, para ficar só em alguns dos grandes assuntos que vão pautar o dia a dia das relações entre suas pastas.