O Globo
A insensibilidade do presidente Bolsonaro
diante do sofrimento alheio, quando ele é difuso, é sinal de que é incapaz de
compreender o alcance do papel de um presidente da República, que chegou aonde
chegou pelo voto dos cidadãos, e não por escolha divina. Bolsonaro é capaz de
comover-se com a morte de um rapper conhecido por fazer “funk de direita” ou de
um militar no exercício de sua função, mas é incapaz de homenagear um grande
artista nacional que seja de esquerda ou simplesmente adversário de sua maneira
de ver o mundo.
Para ele, existem apenas os que são seus apoiadores ou os adversários, não há
brasileiros como coletividade, todos os que deveriam estar representados por
ele como presidente. Não viajar para a Bahia diante da catastrófica inundação
que deixou milhares de desabrigados e mais de 20 mortos, para passear de jet
ski no sul do país, é mais um desses episódios que demarcam sua psicótica
personalidade. “Espero não ter que voltar mais cedo”, comentou, na esperança de
não interromper suas férias.