O Estado de S. Paulo
Bolsonaro proferiu o discurso de sempre,
sem alma, sem ideias, recheado de mistificações
O balanço dos vexames de Jair Bolsonaro na
76.ª Assembleia-Geral
da ONU mostrou como um governante pode estragar uma conquista
da diplomacia do seu país. O presidente levou o Brasil a perder uma grande
oportunidade de se fazer ouvir. Seu negacionismo agressivo com relação à
pandemia, as insistentes falsidades, as referências reacionárias à família,
além dos desvios de comportamento, superaram as expectativas.
O contragosto começou na véspera, quando
Bolsonaro teve de ouvir o discurso de más-vindas do prefeito de Nova York. A
partir dali, enfrentou uma sucessão de reações que o obrigaram a zanzar de um
lado para o outro fazendo-se de desentendido. A comitiva do governo brasileiro,
sem agenda, seguiu o mestre, promovendo cenas inacreditáveis de
degradação.
Almoçar uma pizza na calçada porque, ao descumprir regras sanitárias de Nova York, está proibido de entrar em restaurantes, não é uma cena natural para um presidente da República. Bolsonaro contamina o cargo com sua incivilidade e péssima educação.