O Estado de S. Paulo
Sociedade demonstrou à saciedade sua rejeição ao fascismo e enfrenta seu destino pela via democrática do processo eleitoral
Ainda não é dia, mas já não é noite, e já
se sente uma dessas aragens benfazejas boas para limpar as cabeças do pesadelo
que nos aflige por quatro intermináveis anos. Falta pouco, e a agonia disso que
aí está pode levar tempo até seu desenlace final com elementos catastróficos ou
sem eles. O retorno ao regime do AI-5 não é mais uma hipótese plausível e a
sociedade demonstrou à saciedade sua rejeição ao fascismo e enfrenta seu
destino pela via democrática do processo eleitoral. Nesse terreno inóspito ao bolsonarismo,
ancorado no Centrão, é que ele joga sua última cartada com a derrama de
dinheiro entre os mais pobres que ora se inicia visando capturar seus votos,
iniciativa de resultados imprevisíveis.
Essa hipótese, contudo, está bem longe de ser confiável, como evidente no levante da consciência democrática na defesa que se alastrou entre a inteligência e ponderáveis setores das elites econômicas dos valores e instituições que conformam o Estado democrático de direito, nos vigorosos manifestos lidos em 11 de agosto na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, o dos juristas e dos empresários da FIESP , a que dezenas de outras, de vários estados da federação se acrescentaram replicando o inteiro teor do texto dado a público nesse simbólico dia de agosto subscrito por mais de 900 mil pessoas e inúmeras entidades, entre as quais as mais representativas do capital e do trabalho e de movimentos sociais.