sexta-feira, 1 de abril de 2022

Vera Magalhães: Terceira via precisa ter cara e projeto, e logo

O Globo

Os idos de março, início de abril, marcam o afunilamento das negociações para uma candidatura mais robusta de centro, ou centro-direita, mas, por ora, isso não se traduzirá em crescimento de nenhum dos postulantes a uma ainda nebulosa terceira via. Além disso, qualquer acordo nesse sentido ainda levará de 45 a 60 dias.

A esperada saída de Sergio Moro do páreo presidencial dividiu as atenções do país com mais cenas do esporte preferido do PSDB: o tucanocídio.

Ao longo de horas, João Doria ameaçou implodir o partido em São Paulo, único estado em que ainda é de fato grande, caso não obtivesse garantia da seção nacional do partido de que será candidato a presidente.

Obteve uma nota que, na prática, não é garantia de nada, se desgastou com os aliados que ainda tinha e com o sucessor, Rodrigo Garcia, que agora encontrou a desculpa que procurava para conduzir sua candidatura absolutamente apartada da imagem do antecessor, e segue com o mesmo problema: existe uma conversa avançada com União Brasil e MDB para um candidato único, e ele não é o favorito nesse páreo. “A prévia do PSDB está contida num acordo maior. Aquele papel amanhã servirá para embrulhar peixe”, me disse um dirigente desse conjunto de partidos depois da solenidade em que Doria reafirmou sua pré-candidatura à Presidência.

Eliane Cantanhêde: Tudo muda e tudo fica como está

O Estado de S. Paulo

O vai não vai de Doria foi uma lufada de esperança para a terceira via, mas durou pouco

O Brasil estava como o diabo gosta nesta quinta-feira, 31 de março de 2022, com o presidente Jair Bolsonaro enaltecendo a ditadura militar, despejando um palavrão contra o Supremo e acolhendo na primeira fila de convidados da cerimônia de troca de ministros o deputado Daniel Silveira, que ataca e desacata a Justiça brasileira.

São pratos e mais pratos cheios para a oposição, mas elas estão muito ocupadas, se defendendo de eternas acusações, como o PT, remoendo divisões internas, como o MDB, se estraçalhando, como o PSDB, ou insistindo no “eu sozinho”, como o PDT. Com a distância entre Bolsonaro e o petista Lula afunilando no primeiro e no segundo turno, como evitar uma debandada do centro para o bolsonarismo?

Fernando Gabeira: Educação pelo caos

O Estado de S. Paulo

Interessante que todo este mundo reacionário não caiu pela sua velhice e inadequação no mundo de hoje. Caiu por denúncias de corrupção.

Se a gente parar para pensar na educação brasileira nos últimos anos, o termo mais próximo é tragédia.

O governo Bolsonaro começou com um ministro indicado por Olavo de Carvalho, dentro do espírito de guerra cultural. O general abandonou o campo de batalha bem rápido. Em seguida, tivemos Abraham Weintraub atirando para todos os lados, mas atingindo principalmente o idioma e a cultura. Foi embora para os Estados Unidos. Surgiu, também, Carlos Decotelli, que nem chegou a assumir, derrubado por turbinar o currículo com informações falsas. Finalmente, tivemos o pastor Milton Ribeiro. Santo homem. O único que aparece em fotos na Bíblia, possivelmente com preços superfaturados.

Tudo isso seria apenas uma triste sucessão de erros. Ocorre que seu enredo se desenrolou durante uma pandemia.

Durante um longo período, todas as escolas brasileiras se fecharam. A transição para o ensino virtual foi penosa e incompleta. Os que tinham os equipamentos necessários não estavam totalmente preparados. Os que não tinham acesso à internet continuaram de fora, principalmente porque o governo se opunha a uma ampla inclusão digital.

Bernardo Mello Franco: A palavra de Moro

O Globo

Sergio Moro não é exatamente um homem de palavra. No auge da Lava-Jato, ele repetiu seguidas vezes que jamais entraria na política. “Não há nenhuma possibilidade”, sentenciou, antes da eleição de 2018. Assim que as urnas se fecharam, o doutor rasgou a promessa. Abandonou a toga e virou ministro de Jair Bolsonaro.

Após se desentender com o capitão, o ex-juiz passou a articular sua própria candidatura. Filiou-se a um partido nanico e saiu em busca de eleitores. A campanha nunca decolou, mas ele insistiu no discurso de que iria “até o fim”. “Zero chance de desistência”, assegurou, há apenas três semanas.

Com o anúncio de ontem, Moro saiu oficialmente da corrida ao Planalto. Deve trocar o sonho presidencial por uma modesta cadeira de deputado. Aliados atribuem a decisão à necessidade de garantir foro privilegiado — na terça-feira, ele descreveu a prerrogativa como uma “blindagem pra bandidos”.

O ex-juiz é o sexto passageiro a saltar do bonde da dita “terceira via”. A lista foi inaugurada pelo apresentador Luciano Huck, pelo banqueiro João Amoêdo e pelo ex-ministro Luiz Henrique Mandetta. No início deste mês, os senadores Rodrigo Pacheco e Alessandro Vieira também abandonaram o páreo.

César Felício: “Neste momento”

Valor Econômico

Moro, Doria e Leite travam terceira via até julho

De uma maneira atabalhoada, com um pouco de teatro do absurdo, o desenho e o destino dos candidatos da terceira via tornou-se mais nítido nesta quinta-feira. Está mais claro agora que os adversários de Bolsonaro e Lula no campo da centro-direita irão perder dois meses, talvez três, em negociações, propostas, contrapropostas, chantagens e bravatas até chegarmos ao momento das convenções.

Se em julho sair um candidato único do arco formado por PSDB, União Brasil, MDB, Cidadania e Podemos, gera-se um fato novo que pode dar à terceira via alguma chance de competir, com perspectivas muito modestas de êxito, mas talvez consistentes a ponto de influir no debate do segundo turno, dependendo de quem for o ungido. Sem isso, a eleição está resolvida. Para que fique claro: a chance maior é que a união não seja conseguida.

Sergio Moro retirou-se de campo. Em nota, ao confirmar a troca do Podemos pelo União Brasil, disse que abre mão, “neste momento”, da pré-candidatura presidencial.

No União Brasil, aliás bastante desunido entre os egressos do antigo DEM e os do PSL, o secretário-geral da sigla, ACM Neto, organizou uma nota assinada por toda velha guarda de sua legenda de origem, em que dizem que “neste momento” não há hipótese de concordarem com a pré-candidatura do ex-ministro da Justiça. Se “neste momento” a pré-candidatura está cancelada, significa que em outro momento, diferente do atual, quem sabe não seja ressuscitada.

O espólio de Moro é pequeno, mas relevante entre pretendentes na terceira via da centro-direita. Tem ali de 6% a 10%. Segundo o cientista político Antonio Lavareda, do Ipespe, haverá dispersão deste patrimônio. Grande parte migra para Bolsonaro, que tende a ficar acima de 30% nas próximas pesquisas, outra parte marcará opção por brancos e nulos, pequena parte deve vitaminar Ciro Gomes (PDT). Migração para João Doria (PSDB), Eduardo Leite (PSDB) ou Simone Tebet (MDB) “neste momento” não haverá.

Luiz Carlos Azedo: Moro joga a toalha; Doria, ainda não

Correio Braziliense

A desistência de Moro e as dificuldades de Doria ampliam a possibilidade de uma candidatura unificada da terceira via, porém, no momento, quem mais se beneficia dessa situação é Bolsonaro

Quinta-feira movimentada no xadrez das eleições presidenciais. O ex-juiz da Lava-Jato Sergio Moro deixou o Podemos e se filiou ao União Brasil (PSL+DEM) para ser candidato a deputado federal por São Paulo, como “puxador” de votos da legenda. Depois de um acesso de fúria na quarta-feira, no qual denunciou a traição dos aliados e ameaçou permanecer no cargo, o governador de São Paulo, João Doria, ontem, manteve sua candidatura a presidente da República. Na despedida de ministros que deixaram os cargos para disputar as eleições, o presidente Jair Bolsonaro defendeu a ditadura militar e voltou a atacar o Supremo Tribunal Federal (STF). Vamos por partes.

A surpreendente decisão de Sergio Moro, que desistiu da candidatura à Presidência e trocou o Podemos pelo União Brasil, muda o cenário eleitoral em favor do presidente Jair Bolsonaro. O projeto de Moro sempre foi tomar os votos dos eleitores de Bolsonaro descontentes com sua atuação à frente do governo federal. No primeiro momento, no auge da pandemia de covid-19 e da recessão, o projeto parecia ter consistência, mas Bolsonaro mostrou-se muito resiliente e manteve sua base eleitoral mais ideológica.

Flávia Oliveira: Democracia brasileira está fragilizada

O Globo

A incrível história de um país que, diante de ameaças recorrentes à democracia perpetradas pelo presidente da República, assiste a pré-candidatos desmoralizarem partidos, biografias e a política. Parece sinopse de filme ruim, mas foi a quinta-feira real oficial de um Brasil em que presidenciáveis entram e saem de legendas, desistem e voltam atrás em campanhas, traem e são traídos. Em paralelo, Jair Bolsonaro retoma a verborragia autoritária dentro do Palácio do Planalto, com direito a nota de exaltação ao golpe militar de 1964 assinada pelos três comandantes das Forças Armadas e à exoneração do ministro da Defesa, um general da reserva, para compor a chapa à reeleição.

As surpreendentes movimentações políticas de ontem encerram mais uma semana difícil para a democracia brasileira. No domingo, artistas, juristas e formadores de opinião levantamos a voz contra o retorno da censura, marca da ditadura militar, por obra de decisão de um membro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O ministro Raul Araújo concedeu o pedido do PL para que cantores fossem impedidos de manifestar preferências políticas num festival de música. O presidente do TSE e ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Edson Fachin, anunciou a intenção de levar o caso ao plenário, mas o arquivamento inviabilizou a (desejável) construção de jurisprudência a favor da liberdade de pensamento, expressão e manifestação. Seguimos sob o risco de cerceamento do exercício democrático por canetadas monocráticas de juízes de norte a sul do país.

Reinaldo Azevedo: Braga Netto incita o ataque dos cães

Folha de S. Paulo

Convém fazer a Frente Única em favor da democracia. O resto vem depois.

Ninguém tem o direito de duvidar de que Jair Bolsonaro e alguns outros extremistas com ou sem farda, de uniforme ou de pijama, estão se preparando para tentar golpear as eleições caso Lula vença a disputa. Os sinais estão em toda parte.

Não se trata de ilações oriundas de maquinações conspiratórias. Como sempre acontece desde a fábula do lobo e do cordeiro, os argumentos não têm importância, só os pretextos. Os outros pré-candidatos vão ou não defender a ordem legal? Já não se trata de combater o "apito de cachorro", mas o ataque dos cães.

A intimidação se adensa de forma escancarada. No Rio Grande do Norte, o dito "Mito" associou a população armada ao resultado das urnas. Em caso de vitória do "mal" —e ele se refere obviamente ao candidato petista—, então cumpre, nas suas palavras, dar "até a vida", necessariamente a dos outros, pela "nossa (deles!) liberdade". A liberdade de rasgar a Constituição, a exemplo de 1964.

O golpe, note-se, foi exaltado por Braga Netto, dublê de general da reserva, ministro da defesa e pré-candidato a vice na chapa do "capitão", numa Ordem do Dia que, dadas essas circunstâncias, entra para a história como uma das peças mais desavergonhadas da República em razão das mentiras que conta, das conclusões a que chega e das ameaças que embute.

Catia Seabra: O bom recadinho de Doria

Folha de S. Paulo

Desistência de candidatura enterraria projeto de eleger 15 deputados por SP

Existem 70 milhões de motivos para os tucanos —Aécio Neves à frente— dinamitarem a campanha de João Doria ao Palácio do Planalto. Sequiosos pela fatia de R$ 314 milhões do fundo eleitoral, os (por ora) 30 deputados federais do PSDB se recusam a destinar mais recursos a uma candidatura claudicante.

Hoje com 2% das intenções de voto segundo o último Datafolha, Doria reivindicou R$ 140 milhões para a campanha. Só terá direito à metade. Cedida a contragosto.

A cota dos deputados é de R$ 2,4 milhões, um total de R$ 72 milhões. Sem Doria na disputa, dobraria. Daí, o movimento para desestabilizá-lo. Eduardo Leite quase conseguiu ao manifestar a pretensão de lutar pelo direito de concorrer à Presidência.

Hélio Schwartsman: Ilusões políticas

Folha de S. Paulo

Doria desistir da candidatura teria sido apenas realismo

Doria mobilizou mundos e fundos para anunciar que fica onde estava na véspera. Se não houver nova reviravolta, ele é candidato a presidente, embora só reúna 2% das intenções de voto. Moro parece ter, por ora, desistido, e Ciro se mantém irredutível.

O que se passa na cabeça de políticos, que parecem acreditar que têm chances de vitória mesmo quando todos os sinais objetivos mostram que não? A lista de medalhões que insistiram em candidaturas fracassadas apenas para sair humilhados por votações nanicas inclui Geraldo Alckmin (4,76% em 2018), Leonel Brizola (3,19% em 1994) e Ulysses Guimarães (4,73% em 1989).

O irrealismo também é comum entre empresários. Especialmente num país com juros cronicamente altos, é mais racional investir o capital em renda fixa e ficar em casa assistindo à Netflix do que montar uma empresa, ter de trabalhar duro e correr riscos. Mesmo assim, muitos empreendem. Keynes identificou essa disposição e a atribuiu a "espíritos animais", o triunfo do otimismo sobre as expectativas matemáticas.

Ruy Castro: Para a desratização do país

Folha de S. Paulo

O problema é que, quando saísse, o Dicionário já estaria desatualizado

A ideia de um Dicionário Brasileiro da Corrupção, lançada esportivamente aqui na quinta-feira (31), caiu bem para muitos leitores. Um ou outro perguntou se era um projeto meu. A resposta é não, até porque não é tarefa para uma pessoa. Sua produção exigiria um batalhão de historiadores, economistas e cientistas políticos e sociais dispostos a aturar o fedor de nossos governos e instituições.

Nesse Dicionário, nenhum governante sairia ileso. Os da Primeira República (1889-1930) mantiveram o país sob o mais grosso atraso por 40 anos, com eleições viciadas, desenvolvimento zero e 80% de analfabetos, enquanto sustentavam os oligarcas do café. Getúlio, em 1930, tomou medidas modernizantes, mas a ditadura do Estado Novo (1937-45) foi um festival de cupinchas e interventores corruptos, sem falar em prisões, torturas, mortes, Congresso fechado, censura e o monumental culto à sua personalidade. Corrupção não é só roubar.

José de Souza Martins*: A decadência da classe média brasileira

Valor Econômico / Eu & Fim de Semana

Politicamente frágil e manipulável, ela é mais descartável e sobrante do que a classe operária, também em crise.

Desde 2021, dados como os do Pnad indicam um encolhimento da classe média no Brasil. Ela já deixara de ser a mais numerosa do país e, em proporção, equiparava-se à classe pobre. É sempre complicado falar em classe social. As estatísticas oficiais lidam com agrupamentos de dados e estratos sociais que são estratos de rendimentos. Classe é outra coisa, mais qualitativa do que quantitativa, mais modo de vida e tipo de mentalidade do que apenas dinheiro no bolso.

De qualquer modo, o rendimento é mediação decisiva na situação de classe e mais ainda na da classe média. É ele que define prestígio, aspirações sociais, nível de consumo e de ostentação. Enfim, tudo aquilo que se tornou característico da sociedade capitalista na modernidade, sociedade que é a classe média a que melhor a personifica.

Os níveis do sofrimento pessoal, decorrente da situação econômica adversa, dos membros da classe média, tendem a ser mais intensos do que os dos mais pobres. A classe média, com mais facilidade, tende ao imediatismo e ao inconformismo, tende a achar que pobreza é um atributo dos outros, os que já nasceram assim, pobres. Fica surpresa e indignada quando a pobreza lhe bate à porta.

Os pobres não tendem propriamente ao conformismo, porque são o último grande reduto social da esperança. Eles têm outra compreensão da adversidade. Os que mais carecem são os que mais esperança têm. Sofrem de modo diferente da classe média.

A consciência socialmente crítica da classe média é diferente e intolerante, enquanto a consciência crítica dos pobres tende a ser a da certeza na superação da adversidade. Os da classe média acham que têm mais a exigir do que os da classe pobre, mais generosos, que têm mais a dar de suas pessoas ainda que nada a dar de seu bolso.

Claudia Safatle: Guedes avisa: “Vai explodir tudo”, se houver reajustes

Valor Econômico

Corte do gasto com funcionalismo foi até agora o coração da política fiscal do atual governo

Começaram as pressões por reajuste de salários no setor público. “Isso vai ser como tirar o pino da granada”, tem alertado o ministro da Economia, Paulo Guedes. “Vai explodir tudo!”, resumiu ele a um de seus assessores mais próximos.

Guedes sabe bem o que está em jogo. A contenção do gasto com o funcionalismo foi o coração da política fiscal do governo Jair Bolsonaro. Não houve reajuste geral de salários nesta gestão.

“O ponto alto da nossa política fiscal foi o controle do gasto com o funcionalismo”, concordou uma alta fonte da Economia. Agora a área de recursos humanos da União corre contra o tempo para aprontar uma proposta que caiba dentro do Orçamento, que destinou, neste ano, apenas R$ 1,7 bilhão para correção de salários. Pela legislação eleitoral, o governo tem até o dia 2 de abril, amanhã, para conceder reajustes reais, ou seja, maiores que a inflação.

Rogério Furquim Werneck: Surto populista

O Globo / O Estado de S. Paulo

Lula continua fascinado por políticas neoperonistas e se permite festejar ações desastrosas dos governos petistas

A fala de Lula, na inserção que vem sendo veiculada no rádio e na televisão como propaganda partidária do PT, é uma preciosidade. São 30 segundos de discurso populista em estado puro.

“Meus amigos e minhas amigas. Alguém aí na sua casa ganha em dólar? Seu salário sobe quando o dólar sobe? Então por que a Petrobras está reajustando o preço do combustível em dólar? O Brasil é autossuficiente em petróleo. E o custo do nosso petróleo é em real. Nos governos do PT, a gasolina, o gás e o diesel eram em real. Lutar para abrasileirar os preços dos combustíveis é um compromisso do PT. Se a gente quiser, a gente pode”.

A fala denota desconhecimento da lógica de formação de preços em uma economia aberta. O preço interno de um barril de petróleo deve sinalizar seu custo de oportunidade: o que custa para a economia tornar um barril a mais disponível. Como petróleo e seus derivados são bens transacionados internacionalmente, o custo de tornar um barril a mais disponível é dado por seu preço externo. Se o barril tiver que ser importado, por razões óbvias. Se for produzido internamente, porque poderia ou ser exportado ou permitir importar um barril a menos, caso não fosse consumido.

Pedro Doria: Lei das Fake News poupa parlamentares

O Globo / O Estado de S. Paulo

O Projeto de Lei 2.630, que ganhou o apelido de Lei das Fake News, está para ser votado no Congresso. Ele tem um parágrafo num dos artigos, um único parágrafo, que é um problema grande e que periga atrapalhar muito mais que ajudar. É o parágrafo 7 do inciso 7: “A imunidade parlamentar material estende-se às plataformas mantidas pelos provedores de aplicação de redes sociais”. Por trás da linguagem empolada natural às leis, em essência, o texto diz que a imunidade parlamentar se estende às plataformas digitais.

E o problema é o seguinte: vereadores, deputados estaduais, federais e senadores estão entre alguns dos principais divulgadores de notícias falsas.

O deputado Orlando Silva (PCdoB-SP), relator do projeto na Câmara, é um dos parlamentares que melhor conhecem legislação para a internet. Ele já havia relatado a Lei Geral de Proteção de Dados, que, como o Marco Civil, serve de exemplo para inúmeros países. A quem lhe pergunta, ele afirma que o parágrafo não tem nada demais. Apenas reafirma o que já está na própria Constituição — que parlamentares têm imunidade.

O que a mídia pensa: Editoriais / Opiniões

EDITORIAIS

Desistência de Moro afunila opções de centro

O Globo

A decisão de Sergio Moro de trocar o Podemos pelo União Brasil e, principalmente, a candidatura ao Planalto por uma à Câmara comprova que a corrida eleitoral deste ano, assim como todas as demais, ainda guarda surpresas. Até o momento, o ex-juiz era o pré-candidato de centro mais bem colocado nas pesquisas, com pontuação em torno de 7%.

Em movimento aparentemente calculado, o tucano João Doria ameaçou abandonar a disputa pela Presidência para, em questão de horas, voltar atrás e anunciar que sairá do governo de São Paulo para concorrer. Com a desistência de Moro, terá de provar que sua candidatura tem condição de sair do chão.

O jogo ainda está em aberto, e toda atenção agora estará voltada para o chacoalho prestes a ocorrer nas pesquisas de intenção de voto. A esperança de Doria é quebrar a polarização entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL), os dois primeiros colocados.

Apesar das conquistas inegáveis de seu governo, seu desempenho sofrível tem sido insuficiente para ultrapassar até a margem de erro. Em matéria de rejeição, ele só perde para Bolsonaro, no máximo também para Lula. O efeito no eleitorado da encenação de ontem ainda é uma incógnita, mas não será nada difícil a pantomima enfraquecer ainda mais a candidatura Doria.

Moro, em contrapartida, antes de engatar na campanha para deputado federal, deveria explicar os motivos que o levaram a desistir. Embora seu poder de transferir votos seja desconhecido, poderia também apontar quem será seu candidato (logicamente, nem Lula nem Bolsonaro). Parte de seus eleitores deverá optar por outros nomes de centro, campo em que estão Doria, a emedebista Simone Tebet e, mais bem colocado que ambos, o pedetista Ciro Gomes (com ao redor de 7%). Não será desprezível, claro, a migração em direção a Bolsonaro, hoje porta-voz do sentimento antipetista.

Poesia | Graziela Melo: Ato de pensar

Pensar,
pensar
pensar...

nas trevas
na luz,
no ar...

pensar
em andar
na terra
ou em voar!!!

Pensar
na amargura
ou na doçura
que a gente
não cansa
de procurar!

Pensar
na loucura,
nos tempos
terríveis
da ditadura...

Pensar
na ternura que guardo
na alma

sempre
disposta
a entregar...

entregar
ao mundo,
à vida,
à terra,
ao mar!!!

E pensar,
pensar,
pensar!!!!

idealizar,
filosofar...

brincar,
amar,
querer,

até a hora
de acabar

o carinho,
o afago...

é o momento
amargo

de terminar

o ser,
o ter
e o haver...

é a hora de morrer!!!

Música | Casuarina: Beija-me (com Pedro Miranda e Ana Costa)