O Globo
Comissão não mostrou ser capaz de encontrar
caminho próprio de apuração que a diferencie das linhas já seguidas pela PF ou
pelo STF
A CPMI do 8 de Janeiro não completou nem
dois meses, e sua evolução errática já demonstra que ninguém mais tem interesse
em sua continuidade ou acredita que ela produzirá algo mais relevante que as
investigações a respeito da tentativa de golpe perpetrada por radicais bolsonaristas
nos primeiros dias do governo Lula.
Encalacrados numa falta completa de plano
de voo, deputados e senadores proporcionaram um espetáculo triste ao país, que
não se prestou nem ao papel de “flor do recesso”, aquela categoria de notícia
de menor importância, mas que, ainda assim, ajuda a preencher espaço em sites,
páginas de jornais e emissoras de TV no período de falta de grandes fatos
políticos pelo intervalo das sessões no Congresso e no Supremo Tribunal
Federal.
Criada pela insistência da oposição, que, sabe-se lá por que, achou que seria possível fazer uma tal inversão de narrativa para responsabilizar o governo Lula pela baderna promovida pelos apoiadores de Jair Bolsonaro, a CPMI não mostrou ser capaz de encontrar um caminho próprio de apuração que não só a diferencie das linhas já seguidas pela Polícia Federal ou pelo STF, mas também justifique os gastos e as horas despendidos em depoimentos inócuos e sessões de bate-boca degradantes.