sábado, 11 de dezembro de 2021

Dora Kramer - Inútil paisagem

Revista Veja

Discutir agora quem será vice de quem é como tirar as meias sem descalçar os sapatos

O prezado leitor e a estimada leitora já tentaram tirar as meias sem descalçar os sapatos? Pois é. Um caso em que a ordem dos fatores compromete o resultado. As excelências envolvidas no mais longo processo eleitoral da história recente não se mostram atentas a essa evidência quando mergulham desde já na discussão sobre a escolha dos companheiros de chapa de titulares que, a rigor, nem existem.

São todos pré-candidatos e, uns mais, outros menos, sujeitos ao andar de carruagens para a definição dos respectivos destinos. Dependem, sobretudo, da capacidade de apresentar ao eleitorado credenciais à altura dos problemas a ser enfrentados a partir de janeiro de 2023 para consertar atrasos e apontar rumos de um bom futuro ao país.

Essa conversa com a população — feita de modo franco, de maneira a facilitar o entendimento e demonstrar como seriam alcançados os objetivos pretendidos — equivaleria a descalçar os sapatos. Ato essencial sem o qual não se chega às meias aqui compreendidas como a formação das chapas e o arco das alianças a ser postas à disposição do eleitor.

Ricardo Rangel - O próximo presidente

Revista Veja

Bolsonaro é o favorito para ir ao segundo turno com Lula, mas há o risco Moro

Conhecido por todo o eleitorado, que tem saudade das vacas gordas de quando ele era presidente, e em primeiro lugar disparado nas pesquisas, Lula é franco favorito. É virtualmente impossível que não esteja no segundo turno (petistas torcem por uma vitória do PT no primeiro turno, mas isso não ocorreu nem quando Lula estava no auge da popularidade, é improvável que ocorra agora).

Isolado em segundo, Bolsonaro tem um Auxílio Brasil turbinado, a caneta para distribuir benesses e alta competência nas redes sociais. É o favorito para enfrentar Lula, mas seu governo é um desastre e as perspectivas para 2022 são péssimas: nunca um presidente correu tanto risco de ficar de fora do segundo turno.

Com dois dígitos nas pesquisas, Sergio Moro está consolidado no terceiro lugar e crescendo. Ciro Gomes é de esquerda, não tira votos do capitão e praticamente não tem chance. João Doria até hoje não conseguiu transformar a vacina em voto e conta com a hostilidade de grande parte de seu partido: tem de operar um milagre para se tornar competitivo. Os demais parecem mais candidatos a vice do que outra coisa.

Bolsonaro foi eleito por votos ultradireitistas, antissistema e antipetistas. A ultradireita, núcleo duro bolsonarista (12% ou 15% do eleitorado), está fechada com o presidente, mas Sergio Moro veste o figurino de antissistema melhor do que Bolsonaro e é menos repugnante para antipetistas. Espaço para suplantar o capitão o ex-juiz tem.

Fernando Schüler* - O mal-entendido da democracia

Revista Veja

Há mais de trinta anos fizemos uma transição pacífica e escrevemos uma bela Constituição. Mas perdemos alguma coisa pelo caminho, no plano dos valores

O tema da democracia parece estar sempre em pauta no Brasil. Não deveria. Há muito precisaríamos ter um consenso em torno de coisas básicas: que as regras do jogo estão aí para serem respeitadas, que os poderes são independentes, que ninguém, à esquerda ou à direita, é dono da legitimidade democrática, e que os direitos individuais, a começar pela liberdade de expressão, serão preservados. É assim que funciona nas democracias maduras, e assim deveria ser no Brasil. Nossa Constituição já é balzaquiana, vamos para nossa nona eleição presidencial, diferentes visões políticas já ocuparam o poder e o fizeram, com arranhões aqui e ali, nos limites da lei. Somos uma democracia rodada. Mas o debate parece prosseguir em aberto.

Nos últimos três anos discutimos exaustivamente sobre os “riscos à democracia” representados por Bolsonaro. Houve teses acadêmicas sobre o “fascismo” no poder; toneladas de papel sobre a iminência de um “golpe”; profusão de manifestos “em defesa da democracia”. Cansei de ler que andávamos como a Alemanha dos anos 30, aguardando o “putsch” final de nosso führer tropical. Gente boa apostou que seria nos comícios do 7 de Setembro. Como nada aconteceu, o tédio da pequena política voltou a reinar. Alguns ainda esperam por algum fiasco como aquele do Capitólio, com malucos de chifres na cabeça tirando selfies sobre as mesas dos deputados. Acho difícil, mas, se acontecer, vai todo mundo em cana.

Ainda na outra semana foi a vez de Lula dar sua contribuição. Em uma entrevista ao El País, lascou a pergunta que já ficou famosa: “Por que a Angela Merkel pode ficar dezesseis anos no poder e o Daniel Ortega não?”. Algo espantada, a jornalista retrucou: “Mas Merkel não mandou prender os adversários”. Seu espanto define bem nossa diferença. Por aqui há muito deixamos de nos impressionar com essas coisas.

Demétrio Magnoli - Direita, volver

Folha de S. Paulo

Enquanto Lula se move para centro, maioria dos pré-candidatos vai para direita

No ponto de partida da antecipada corrida presidencial, o fenômeno digno de registro é o giro à direita generalizado no timão político nacional. São três as raízes do movimento: 1) o controle absoluto de Lula sobre a esquerda; 2) a persistência de um extenso antipetismo; 3) o fracasso completo do governo Bolsonaro.

Desde o seu duplo mandato, Lula transformou-se, para todos os efeitos, na encarnação da esquerda brasileira –e, por isso, não teme concorrência à sua esquerda. O PSOL, sob Boulos, opera com sublegenda do PT e apoiará a candidatura de Lula em qualquer circunstância. Por isso, o ex-presidente não enxerga riscos na articulação de uma chapa com Alckmin, ou seja, num giro rumo ao centro muito mais impactante que sua anterior dobradinha com o empresário José Alencar.

Os escândalos do mensalão e do petrolão, junto com a devastadora crise econômica precipitada por Dilma, calcificaram a aversão ao PT em amplas parcelas do eleitorado. Lula sabe dos perigos que correria num segundo turno, independentemente do adversário. A valsa da aliança com o tucano em voo livre destina-se a encerrar o jogo no primeiro turno, por meio da redução de seus índices de rejeição, especialmente no Centro-Sul. Do ponto de vista de sua prioridade única, o lance faz sentido, assim como se justifica o apoio do PT ao PSB nas eleições estaduais de Pernambuco, às custas de Humberto Costa ou Marília Arraes, e São Paulo, às custas de Haddad ou Boulos.

Cristina Serra - Lula, Alckmin... E o que mais?

Folha de S. Paulo

Composição como essa envolve concessões e vantagens para os envolvidos, algo complexo até para os políticos mais habilidosos

O Brasil vive o pior momento de sua história recente com um genocida/miliciano entrincheirado no Planalto. Tirá-lo de lá vai exigir os melhores esforços das forças democráticas. Por isso, não deixa de ser notável a disposição para o diálogo entre adversários, como Lula e Alckmin.

Pelo que vazou até agora, as conversas envolvem a possibilidade de Alckmin ser o vice de Lula, aliança que dependeria do ingresso do ainda tucano no PSB, além de acordos regionais entre socialistas e petistas, aliados naturais. Uma composição como essa envolve o compromisso e o equilíbrio de concessões e vantagens para todos os envolvidos, algo bastante complexo mesmo para os políticos mais habilidosos.

Eleitor não vota em vice, mas o vice tem importância estratégica. O golpe de 2016 está aí para provar. Há exemplos de outra natureza. A dupla FHC-Marco Maciel selou a aliança preferencial dos tucanos com a direita. O empresário José Alencar serviu para quebrar resistências contra um suposto radicalismo de Lula.

Adriana Fernandes - Segunda onda de populismo fiscal

O Estado de S. Paulo.

O momento é de olho de águia nas votações. Ainda mais com um Orçamento em ano eleitoral

A votação da PEC dos Precatórios não encerra o capítulo das medidas de populismo fiscal. As duas últimas semanas de votações do ano são as mais delicadas, e quando toda a sociedade que acompanha o trabalho diário do Congresso deveria ficar muito atenta.

Entre os técnicos da área econômica, este momento tem até nome: votações do fim de mundo.

As lideranças aproveitam o cansaço de um ano cheio, e a pressa comum que antecede as festas de Natal e da virada do ano, para passar os projetos mais cabeludos, sobretudo, na área tributária. Benesses que na maioria das vezes foram negociadas bem antes e contam com a distração de todos para serem aprovadas.

João Gabriel de Lima* - A maldição do ouro da Amazônia

O Estado de S. Paulo.

Mineração ilegal cresce no País e se torna uma das principais causas do desmatamento

“Uma chuva de meteoros trouxe o ouro à terra. Talvez esse início violento tenha amaldiçoado o metal. Por nenhum outro se matou tanto.” A frase abre a última temporada da série ficcional A Casa de Papel, o programa de TV mais assistido no mundo nesta semana. Já na vida real, na Amazônia, assistese a uma nova – e triste – saga do ouro. A mineração ilegal cresce e se torna uma das principais causas do desmatamento na maior floresta tropical do planeta.

O Instituto Igarapé, centro de pesquisas brasileiro especializado em segurança pública, e a Interpol, organização que promove a cooperação entre as polícias do mundo, lançaram ontem um estudo sobre como combater a mineração ilegal na Amazônia. O texto esmiúça os casos de Brasil, Peru e Colômbia e tece conexões entre eles.

Sabe-se que a maior parte do desmatamento na Amazônia é criminoso, e uma fração crescente da devastação da floresta se deve à mineração ilegal. “Não é mais o garimpeiro solitário que busca ouro para sair da pobreza”, diz Ilona Szabó, cofundadora do Instituto Igarapé. “Há muito mais atores envolvidos.” Ilona e Laura Waisbich, também do Igarapé, são as entrevistadas do minipodcast da semana.

Marcus Pestana* - A aceleração da sucessão presidencial

Nas últimas semanas, os movimentos visando a preparação do tabuleiro da sucessão presidencial de 2022, ganharam nova velocidade e começaram a esboçar contornos mais definitivos. Toda eleição, nas sociedades democráticas, é vital para projetar o futuro desejado. Mas as eleições brasileiras de 2022 terão uma carga de dramaticidade adicional. Afinal, o país está mergulhado em profunda crise de múltiplas faces. Economia em frangalhos, desigualdades sociais aguçadas pela pandemia, novas variantes do vírus, polarização política e institucional amainada após o 7 de setembro, mas pronta para entrar em ebulição, a imagem internacional comprometida com os retrocessos na agenda ambiental.

Não é pouca coisa que estará em jogo em 2022. A aceleração dos movimentos se dá mais na órbita dos partidos e da imprensa. Não é ainda assunto que esteja no radar da maioria da população. Sérgio Moro se filiou ao PODEMOS, Bolsonaro ao PL, Dória venceu as prévias do PSDB e será o candidato tucano, o MDB lançou a Senadora Simone Tebet e o PSD investe em Rodrigo Pacheco. Mas a última pesquisa GENIAL Investimentos/QUAEST revelou que, neste momento, apenas 41% da população tem muito ou algum interesse em política.

Claudio Ferraz - A influência corporativa na política acabou?

O Globo

Acabar com as doações de empresas mantendo aberto o canal do ‘lobby’ não resolve o problema original da influência econômica

A Operação Lava-Jato trouxe à tona, entre 2014 e 2015, algo de que todo mundo desconfiava: o papel da corrupção no financiamento de campanhas políticas no Brasil. O ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, em depoimento à Procuradoria-Geral da República, confirmou a existência de um esquema onde empresários “ajudavam” políticos a ganhar eleições e, como contrapartida, políticos “ajudavam” os empresários repassando obras. Para que isso funcionasse, as licitações eram superfaturadas.

As maiores empreiteiras do país formaram um cartel e desenvolveram um complexo sistema de transferência de recursos desviados de grandes obras públicas como bem detalhado no livro “A Organização” da jornalista Malu Gaspar (colunista do GLOBO).

O resultado prático dessa grande operação, além de diversas prisões de empresários e políticos, e sua contribuição para a eleição de Jair Bolsonaro, foi a proibição da doação de empresas a campanhas políticas. Muitos analistas, cientistas políticos e juristas acreditavam que, com essa decisão, iríamos acabar com a corrupção no Brasil.

O argumento que eu escutava na época era que os políticos eleitos não trocariam mais favores com empresas do setor privado, já que essas empresas não poderiam “pagar” esses favores com contribuições de companha.

Mas essa visão estava totalmente equivocada. Os políticos conseguiram um grande fundo de financiamento público para suas campanhas e, com isso, a liberdade que precisavam para não depender de doações privadas.

Ascânio Seleme - É a fome, estúpido

O Globo

Combate à corrupção não vai decidir a corrida presidencial de 2022; questão tampouco pode se limitar à economia

Evidentemente não se deve esquecer jamais da corrupção, germe super-resistente que contamina a nação desde o seu nascimento, mas o grande tema da eleição presidencial de 2022 será a fome. Ela, que já foi estrela eleitoral, volta ao debate político dada a degradação da economia do país. Hoje, segundo a Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede Penssan), 19 milhões de brasileiros passam fome e outros 119 milhões estão em situação de insegurança alimentar, sem acesso regular e permanente a alimentos. Só na cidade do Rio, 107 mil famílias vivem em estado de extrema pobreza. Mas, o drama da fome é visível e palpável em todos os cantos de todas as cidades brasileiras.

Nunca se viu tantos miseráveis desalentados nas ruas, mendigando um prato de comida, um litro de leite, um resto, uma sobra, uma migalha. As imagens de grupos de famintos buscando o que comer em caminhões de lixo, nas portas de supermercados, bancos e farmácias remetem aos anos 1980 e início dos 1990. A notícia de brasileiros comendo lagartos no Rio Grande do Norte lembra episódios idênticos relatados no passado, com pessoas fotografadas enquanto preparavam calangos e ratazanas para a refeição. As imagens daquela época eram tão ultrajantes quanto são as de hoje.

As ruas de Copacabana parecem acampamentos, tamanho o número de pessoas sem teto dormindo nas calçadas ou sob as marquises. No Centro do Rio, em Ipanema, na Tijuca, onde você andar vai encontrar pessoas lutando por um pedaço de pão. Em Belo Horizonte, Salvador ou Porto Alegre as cenas se repetem. Em São Paulo, a maior cidade brasileira, a imagem é igual. Pare na esquina da Brigadeiro Faria Lima com a Alameda Gabriel Monteiro da Silva, no coração financeiro do país, e conte o número de pedintes. O resultado será na casa da dezena. No interior do Brasil é a mesma coisa, com mais gravidade em regiões mais pobres do Nordeste. Mas passa-se fome também em Santa Catarina e no Paraná.

Nas campanhas presidenciais pós-ditadura, os temas centrais foram corrupção (Collor e Bolsonaro), economia (FHC I e II, Lula II e Dilma I e II) e fome (Lula I). Lula de novo vem tratando do tema agora, na sua pré-campanha, mas foi a senadora Simone Tebet quem disse com todas as letras do que se trata ao lançar a sua candidatura pelo MDB, na terça-feira. Ela falou para a distinta plateia que a ouvia que partia para uma missão e acrescentou: “Essa missão tem um clamor. Tem o clamor da urgência, urgência porque o nosso povo, o povo brasileiro, está morrendo de fome”.

Pablo Ortellado - Um Brasil mais parecido com a Europa

O Globo

Não há brasileiro que, ao viajar para a Europa, não se encante com os efeitos de uma sociedade mais igualitária. Pessoas que só se locomovem de carro no Rio de Janeiro encantam-se com o metrô de Paris e os bondes de Lisboa. Aqueles que no Brasil só fazem consultas médicas privadas surpreendem-se com a eficácia e a frugalidade de um sistema de saúde como o inglês ou o espanhol, em que o advogado e o atendente do supermercado se encontram na fila do posto de saúde.

A redução da desigualdade não melhora apenas a vida dos mais pobres, melhora também a vida dos mais ricos. Com mais igualdade, não há apenas distribuição da riqueza social, mas uma reorganização dos horizontes e das expectativas, fazendo com que se encontre mais satisfação em férias bem tiradas do que na aquisição do último iPhone. A redução da desigualdade também reforça os vínculos de comunidade, levando trabalhadores e profissionais a se verem como concidadãos ao compartilhar o transporte público, os hospitais e as escolas.

Carlos Alberto Sardenberg - Garantia de impunidade

O Globo

Não foi apenas a Lava-Jato de Curitiba que colocou e manteve em ação o combate à corrupção. Havia um ambiente de intolerância com a roubalheira do dinheiro público, ao mesmo tempo causa e consequência do mensalão e do petrolão. Esse ambiente envolveu a sociedade e, daí, diversos níveis do Judiciário e da política.

Foi nesse clima que tramitaram no Congresso três propostas de emenda constitucional (PECs) cujo objetivo era criar instrumentos legais mais adequados ao combate à corrupção. Mas deram no contrário.

A PEC da Improbidade Administrativa — que definia crimes e punições para o mau uso do dinheiro público — tornou-se conhecida, apropriadamente, como a PEC da Impunidade. Dificultou ao máximo a responsabilização dos agentes públicos.

Outras duas PECs dormem nas gavetas congressuais: uma coloca na Constituição a prisão para condenados em sentença de segunda instância; outra limita o foro privilegiado de milhares de políticos e servidores públicos.

No Judiciário, promotores e juízes, inclusive das instâncias superiores, aplicavam, corretamente, o rigor necessário aos casos de corrupção. Hoje, especialmente nos tribunais lá de cima, o movimento é o contrário: livrar todos, não por serem inocentes, mas por argumentos processuais.

O que pensa a mídia - Editoriais / Opiniões

EDITORIAIS

A entropia que nada produz

O Estado de S. Paulo.

Bolsonaro é um presidente fraco que paga caro para não ser importunado pelo Congresso enquanto finge que governa o Brasil

A incapacidade de Jair Bolsonaro para exercer a Presidência da República está diante dos olhos de qualquer cidadão atento ao que se passa no País nos últimos três anos, mas também pode ser medida por critérios mais objetivos. Um levantamento feito pelo Observatório do Legislativo Brasileiro (OLB), centro de estudos vinculado à Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), revelou que Bolsonaro é o presidente que menos aprovou projetos legislativos de seu interesse nestas mais de três décadas desde a redemocratização. Neste ano, apenas 27,7% dos projetos enviados pelo Executivo ao Legislativo foram aprovados. Em 2019, mesmo com a alta popularidade de um recémeleito, Bolsonaro só conseguiu aprovar 30% de suas proposições, um recorde negativo anotado já no primeiro ano de mandato. Em 2020, o presidente conseguiu melhorar o desempenho, digamos assim, tendo aprovado 42,9% de suas propostas. Mas se tratou de um ano atípico, marcado pelas ações necessárias ao enfrentamento da pandemia de covid-19, algumas das quais o governo simplesmente se viu obrigado a apresentar diante da tragédia que se abateu sobre o País.

No geral, os indicadores da relação de Bolsonaro com os parlamentares, no que concerne à aprovação de projetos de seu interesse, são muito ruins. Até a ex-presidente Dilma Rousseff, que se notabilizou pela relação tempestuosa com o Congresso, conseguiu ser mais produtiva do que o atual inquilino do Palácio do Planalto. É preciso dizer mais?

Poesia | Charles Baudelaire - Ao leitor