*Antonio Gramsci (1891-1937).
Cadernos do Cárcere, v.2. p.52-3. Civilização Brasileira, 2006.
Política e cultura, segundo uma opção democrática, constitucionalista, reformista, plural.
sexta-feira, 30 de junho de 2023
Opinião do dia – Antonio Gramsci* (Intelectuais e não intelectuais)
César Felício - Bolsonaro começa a colher o que plantou
Valor Econômico
Ao transformar o Poder Judiciário em seu
grande inimigo, Bolsonaro partiu para o tudo ou nada
O julgamento do ex-presidente Jair
Bolsonaro no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) entra em sua reta final, com os
votos dos ministros do Supremo Tribunal Federal Cármen Lúcia, Kassio Nunes
Marques e Alexandre de Moraes. A dúvida está no penúltimo voto, o de Nunes
Marques, em relação ao qual se projetam dois cenários: pedido de vista ou
rejeição da inelegibilidade do político do PL. Nenhuma das duas opções muda o
desfecho quase certo: o líder da extrema-direita deve ficar fora das eleições
de 2026 e não se pode descartar que tenha problemas para concorrer em 2030.
A lei das inelegibilidades tem brecha. Diz o texto legal: “São inelegíveis os que tenham contra sua pessoa representação julgada procedente pela Justiça Eleitoral, em decisão transitada em julgado ou proferida por órgão colegiado, em processo de apuração de abuso do poder econômico ou político, para a eleição na qual concorrem ou tenham sido diplomados, bem como para as que se realizarem nos 8 (oito) anos seguintes”.
Eliane Cantanhêde - O vilão do filme
O Estado de S. Paulo
Bolsonaro será condenado pela ‘fotografia na parede’ e pelo ‘filme’ em que ele é o grande vilão
O ex-presidente Jair Bolsonaro, como bem
definiu o relator, ministro Benedito Gonçalves, não está sendo julgado pelo TSE
por uma “fotografia na parede” (a reunião com os embaixadores) e sim por um
“filme”, a tentativa de golpe de Estado que desembocou no quebra-quebra do
Planalto, do Congresso e do Supremo em 8 de janeiro. Esse filme não acaba hoje,
mas terá um capítulo histórico: a condenação de Bolsonaro a oito anos de
inelegibilidade.
Já são 3 votos a favor e 1 contra a condenação e faltam os dos ministros do Supremo Cármen Lúcia, Alexandre de Moraes e Nunes Marques. Como o bolsonarista Nunes Marques é a única incógnita, o destino do ex-presidente está selado: ou por 6 a 1 ou por 5 a 2, ele vai perder e ficar fora das eleições presidenciais de 2026 e municipais de 2024 e 2028.
Bernardo Mello Franco – Piruetas no TSE
O Globo
No afã de absolver ex-presidente, Raul
Araújo chamou ataques à democracia de "excessos verbais"
Ao votar contra a inelegibilidade de Jair
Bolsonaro, o ministro Raul Araújo lançou um argumento curioso. Disse que o
capitão mentiu sobre o sistema eleitoral, mas alegou que isso não seria grave o
suficiente para justificar uma punição.
Araújo caprichou nos eufemismos ao
descrever a conduta do ex-presidente. Classificou suas acusações falsas como
meros “excessos verbais”. Segundo o ministro, “nem todo o discurso veiculou
afirmações inverídicas”. Isso equivale a dizer que uma autoridade pode mentir à
vontade, desde que tempere as lorotas com pitadas de verdade.
Em outra pirueta retórica, Araújo afirmou não ver “relação de pertinência” entre o ataque de Bolsonaro às urnas e a minuta de golpe apreendida com seu ex-ministro da Justiça. Faltou explicar por que ele concordou, em fevereiro, com a inclusão do documento no processo. O TSE aprovou a medida por unanimidade.
Reinaldo Azevedo - Bolsonaro já era; Fux, o novo Heitor
Folha de S. Paulo
Raul Araújo funda nova escola do direito
penal: a do crime ineficaz
Enquanto escrevo, o ex-candidato a
ditador Jair
Bolsonaro —pertenço ao ar livre do Estado democrático e de Direito
(faço questão do conectivo)— caminha para a inelegibilidade, em julgamento
em curso no TSE, por 3 votos a 1. É razoável supor um placar de cinco a
dois contra o biltre (sem vênias aqui). Basta um "4 a 3" para que se
cumpra a determinação constitucional, expressa no artigo 85, segundo a qual o
mandatário comete um crime quando atenta contra o livre exercício dos Poderes
da República. "Fiat lux, fiat lex". Faça-se a luz por meio do cumprimento
da lei.
"Ah, rábula Azevedo! Tal dispositivo diz respeito a crimes de responsabilidade". Este amador —que, afinal, é aquele que ama— das leis e da Constituição sabe disso ao menos. Ocorre que aprendeu com os profissionais, os bons, que o ordenamento jurídico não é um salame que se come em fatias. A interpretação sistemática da norma nos diz que "o todo sem a parte não é todo, a parte sem o todo não é parte", como escreveu um poeta baiano.
Ruy Castro - O bandido perderá no fim
Folha de S. Paulo
Mas, se os Poderes tivessem feito seu
papel, Bolsonaro custaria muito menos dinheiro ao Brasil
O julgamento
da inelegibilidade de Bolsonaro é só a primeira das séries a que vamos
assistir, não pela Netflix, mas pela TV Justiça. Em todas, o bandido perde no
fim e, em algumas, puxará cadeia, com direito, por deferência do carcereiro, a
ração diária de pão com leite condensado. O que isso nos custará aos cofres é
irrelevante e não se compara ao que poderia ter sido poupado se os Poderes
tivessem cumprido
seu papel quando solicitados. Exemplos?
Durante seu império de quatro anos, Bolsonaro foi alvo de 158 pedidos de impeachment —o referente à reunião com os embaixadores foi apenas o 145°—, 66 dos quais sob Rodrigo Maia na presidência da Câmara e 92 sob Arthur Lira. Todos foram arquivados, desconsiderados ou postos em "análise", a qual nunca foi feita e agora é desnecessária. Já o relatório da CPI da Covid, que custou seis meses de audiências e acusou Bolsonaro de crimes contra a administração pública, a paz pública e a saúde pública foi dirigido ao procurador-geral da República, Augusto Aras, a quem competia avaliar as acusações. Mas Aras o mandou para uma gaveta na PGR reservada ao parto de ratos.
Hélio Schwartsman - Aliados e rivais naturais
Folha de S. Paulo
Mesmo sabendo ser irrealista, defendo
mudança para as listas proporcionais fechadas
Há poucos sistemas de votação que dão mais poder ao eleitor do que o voto proporcional em lista aberta adotado no Brasil. É um arranjo que também facilita a eleição de deputados temáticos, como o representante da causa ambiental, gay ou de alguma denominação religiosa, que é algo de que países com outros sistemas se ressentem. O voto distrital, por exemplo, tende a produzir legisladores mais parecidos uns com os outros e mais próximos do perfil do eleitor mediano.
Bruno Boghossian - As réguas de Maduro e Ortega
Folha de S. Paulo
Reconhecer 'problema na Nicarágua' é a
prova de que o presidente sabe o que é uma autocracia
Ninguém tinha perguntado nada sobre Daniel Ortega,
mas Lula avisou
que teria uma conversa com o ditador. "Nós temos um problema na Nicarágua",
sentenciou, assim mesmo, na primeira pessoa do plural.
Lula aproveitou Ortega como válvula de
escape. O presidente dava uma entrevista à Rádio Gaúcha e exagerava na
generosidade para defender Nicolás
Maduro. Negou que a Venezuela fosse um regime autoritário, com a
desculpa de que há eleições no país, e emendou que "o
conceito de democracia é relativo".
Reconhecer que há um "problema na Nicarágua" é a prova de que Lula sabe a diferença entre autocracia e democracia. Ortega disputa eleições, mas reduziu as amarras do poder presidencial e criou um sistema de perseguição a adversários políticos.
Vera Magalhães - Democracia não é relativa
O Globo
Eleito para assegurar a vigência da
democracia no Brasil, Lula erra ao enaltecer Maduro e fazer vista grossa ao que
acontece na Venezuela
É lamentável que, no curso de um julgamento
histórico, que deverá tornar Jair Bolsonaro inelegível pelos graves ataques
perpetrados por ele contra o Estado democrático de direito no Brasil, Lula,
eleito com a promessa de defendê-lo, diga em alto
e bom som que a democracia é algo relativo. Não é, presidente. Nem
aqui nem na Venezuela.
Não é democrático um regime que muda as
regras do jogo no Judiciário e no Legislativo para se manter. Não é democrático
um regime que mantém presos políticos e persegue opositores. Não é democrático
um regime que aparelha as Forças Armadas e cria aparatos paramilitares para se
impor. Não é democrático um regime que sufoca a imprensa e persegue
jornalistas.
Hugo Chávez e Nicolas Maduro cometeram todos esses ataques à democracia ao longo dos muitos anos em que o chavismo comanda a Venezuela.
Luiz Carlos Azedo - “Adeus, Lênin”, a sátira se aplica a Cuba, Nicarágua e Venezuela
Correio Braziliense
É preciso aguardar as conclusões do Foro de São
Paulo para saber se o encontro será um “aggiornamento”
ou um “déjà vu” político.
Em 1989, pouco antes da queda do muro de
Berlim, a sra. Kerner (Katrin Sab) entra em coma e, assim, permanece durante o
processo de unificação da Alemanha. Vivia no regime comunista da antiga
República Democrática Alemã (RDA), o lado oriental, e acorda na ordem
democrática e capitalista da antiga Alemanha Ocidental.
Berlim Oriental é outra cidade, muito diferente, o que preocupa seu filho, Alexander (Daniel Brühl), que temia o impacto das mudanças na saúde da veterana militante do Partido Socialista Unificado Alemão (PSUA), comunista. Isso faz com que procure esconder de sua mãe as mudanças em curso. Porém, quando ela sai do coma, as coisas se complicam.
Flávia Oliveira - Censo traz urgência
O Globo
Novo desenho da sociedade brasileira
demandará novas políticas
Havemos censo.
E todas as delícias e dores que dele advêm. A mais atropelada operação
censitária já efetuada no país deu em 203 milhões de brasileiras e brasileiros,
abaixo do esperado por especialistas, mas em linha com tendências demográficas
já diagnosticadas. No caminho do Censo 2022, não uma, mas várias pedras: de
Paulo Guedes a pandemia, de corte orçamentário a eleição presidencial, de Copa
do Mundo a festas de fim de ano, de férias de verão a carnaval e Páscoa. O
esforço de apuração terminou em maio, e anteontem o IBGE apresentou
os primeiros resultados.
Não é de hoje que a natalidade vem diminuindo e a longevidade aumentando no Brasil. Demógrafos antecipavam aos quatro ventos que, a partir dos anos 2040, o número de habitantes do país cairia em termos absolutos. Pena que as autoridades nem sequer começaram a se preparar — o que tampouco surpreende. Atravessado pela mais grave crise sanitária em um século, pela diminuição perceptível no tamanho das famílias e pela conjuntura econômica adversa, o Censo 2022 sugere que o encolhimento da população pode se adiantar em uma década.
Almir Pazzianotto Pinto* - Terceirização: fenômeno da moderna economia
O Estado de S. Paulo
Ao se colocar contra a terceirização, o
senador Paulo Paim, representando o Partido dos Trabalhadores, assume a
vanguarda do atraso
Não há lei perfeita e acabada. Boas ou más,
todas se submetem ao desgaste do tempo. É o caso da Consolidação das Leis do
Trabalho (CLT), ultrapassada pela ação invencível de tecnologias modernas.
Algumas omissões eram inevitáveis. Na época
da elaboração da CLT (início dos anos 40), a produção compartilhada, ou
terceirização, era ignorada pela economia. Verticalizadas e concentradoras, as
indústrias supriam suas necessidades com utilização de mão de obra interna,
tanto em atividades urbanas como nos serviços rurais.
O fenômeno da produção compartilhada cresce
na economia por volta dos anos 70. Escrito por Peter Drucker, o livro
Administração em Tempos Turbulentos dedica capítulo ao tema Produção
Partilhada: Integração Internacional. Thomas Friedman analisa a terceirização
no livro O Mundo é Plano – Uma Breve História do Século XXI.
Terceirizar é expressão nova na Língua Portuguesa. Não a registram as duas primeiras edições do Dicionário Aurélio e o Vocabulário Jurídico de De Plácido e Silva. Aparece no Michaelis, edição de 1998, com o significado de “delegar, a trabalhadores não pertencentes ao quadro de funcionários de uma empresa, funções exercidas anteriormente por empregados dessa mesma empresa”. Está na primeira edição do Dicionário Houaiss, de 2001.
Vinicius Torres Freire - Lula 3 define suas metas econômicas
Folha de S. Paulo
Governo tem metas fiscais e de inflação;
balanço do primeiro semestre é positivo
A meta de inflação que o Banco Central deve
acertar ficou
em 3% para 2024, 2025, 2026 e a perder de vista, pois houve a tão falada
mudança do sistema, de cumprimento de metas no dito ano calendário para um
horizonte flexível.
A manutenção da meta foi uma decisão razoável de Lula 3. A alteração da data de cumprimento da meta não vai fazer lá diferença, se alguma. A ironia é que, com essa mudança, o Banco Central passa a ter mais autonomia, atributo detestado por grande parte do petismo.
Ter deixado a meta em 3% deve redundar em alguma redução de expectativas de inflação e de taxas de juros de prazo mais longo, afora no caso de outras mudanças importantes no cenário econômico doméstico e internacional.
José Eli da Veiga - A soberba do pensamento econômico
Valor Econômico
A “economia positiva” deixou de lado muitos
dos difíceis aspectos morais, que afetam o comportamento humano
Engenharia e ética são as duas dimensões
essenciais do pensamento econômico. Têm sido inócuas as tentativas de isolar
apenas a mais instrumental, com a ingênua pretensão de purificá-lo. Têm sido
até mais precárias que as inventadas nos 150 anos que separaram a obra clássica
de Adam Smith (1776) da de Lionel Robbins (1932).
Claro, são duas tradições bem mais antigas.
A que inclui a ética remonta a Aristóteles, para quem a finalidade do Estado
deveria ser a promoção comum de uma boa qualidade de vida. E lhe foi
contemporânea a exclusivamente logística proposta por Kautilya, conselheiro e
ministro do avô do célebre Ashoka.
Desde meados do século passado, só diminuiu
o peso relativo do componente ético. A metodologia da chamada “economia
positiva” não apenas se esquivou de posturas normativas como também acabou por
deixar de lado muitos dos difíceis aspectos morais, que afetam o comportamento
humano.
Ao examinar as proporções das duas ênfases em publicações acadêmicas sobre economia, salta aos olhos a aversão à dimensão ética e o descaso pela influência de considerações deontológicas no tocante a condutas individuais e sociais. Um crescente e empobrecedor distanciamento.
Claudia Safatle - O desmonte do Banco Central
Valor Econômico
Há dez anos sem contratações, com equipe
reduzida a quase metade da original, instituição ainda enfrenta pressão contra
política monetária
“O Banco Central está sob ataque. Quando
você começa a bater no presidente do Banco Central chamando-o de ‘aquele
cidadão que lá está’, você está fazendo põe um ataque à instituição. Este
governo está desmontando uma instituição. Quero deixar isso bem claro”, disse o
ex-presidente do BC Affonso Celso Pastore, durante seminário sobre Política
Monetária, no FGV Ibre, dia 23.
“Os economistas têm que ter a coragem de dar um grito em defesa de uma instituição que vem fazendo, exemplarmente, o seu trabalho. E têm que, no fundo, denunciar um governo que vem atacando essa instituição. Isso não é uma conduta que um estadista deveria ter”, prosseguiu Pastore. Ele concluiu: “Sr. presidente da República e senhores ministros, é obrigação de vocês preservarem a instituição chamada Banco Central do Brasil”.
Fabio Giambiagi - O pecado original: 8% reais!
O Globo
Como
na prática a regra do gasto como função da receita não valerá para 2024, o
governo já anunciou: ano que vem tem mais
Nos
anos de 1993 e 1994, fui funcionário do BID, tendo trabalhado com a Colômbia.
Havia ali um antigo ministro da Fazenda espirituoso que costumava dizer que
“austeridade fiscal é como sexo: em geral, quem fala muito, pratica pouco”. A
frase me vem à memória todas as vezes em que escuto um governo fazer juras de
amor ao compromisso com a suposta austeridade fiscal.
Trinta e sete anos de dedicação ao tema me ensinaram a saber distinguir atos de palavras. E, no caso do Brasil atual, em particular, pode-se afirmar com certa tranquilidade que ambos estão divorciados, pelo menos por enquanto, ainda que se tente manter as aparências em público, para fins formais.
Celso Ming - Meta de inflação mantida em 3%
O Estado de S. Paulo
Depois de tanta paulada desferida pelo
presidente Lula sobre a meta de inflação vigente, a decisão do governo, tomada
nesta quinta-feira, 29, pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), foi de não mexer
nas metas de inflação de 2023, 2024 e 2025 e manter para 2026 a meta já
definida para os dois anos anteriores, de 3%.
A única mudança foi a de acabar com a
exigência de cumprimento da meta ao fim de cada 31 de dezembro (ano-calendário)
e, a partir de 2025, adotar a meta contínua, a ser perseguida ao longo do tempo
(no acumulado de 12 meses), como acontece na maioria dos países que adotam o
regime de metas.
Até 2024 será mantida a área de escape, de 1,5%, tanto para cima como para baixo do centro da meta, com o sistema de ano-calendário (de janeiro a dezembro). Mas, a partir de 2025, com a adoção do critério de meta contínua, não fará mais sentido manter esse intervalo de tolerância. Se acontecer um choque de oferta, como o que houve ao longo da pandemia e da guerra na Ucrânia, o Banco Central (BC) tratará de trazer de volta a inflação para a normalidade, dentro do horizonte de atuação, sem ter de apresentar tiro na mosca do alvo a cada dia 31 de dezembro.
Luiz Gonzaga Belluzzo* - Nova ordem internacional?
A almejada correção dos chamados desequilíbrios globais vai exigir regras de ajustamento não compatíveis com o sistema monetário em sua forma atual
Angustiado com a sucessão de crises
financeiras, o presidente da França, Emmanuel
Macron, promove em Paris uma reunião para tratar da reforma do
sistema financeiro global. Lula estará presente
e terá papel
importante na apresentação de sugestões.
Como é de conhecimento geral, a conferência
convocada para a pequena cidade norte-americana de Bretton Woods cuidou de
debater em 1944 a construção de uma arquitetura financeira internacional capaz
de impedir as desgraças que assolaram o mundo nos anos 30. As estrelas do
conclave foram Dexter White, dos Estados Unidos, e o economista inglês John
Maynard Keynes.
Essencialmente, a reforma monetária que Keynes apresentou nos estertores da Segunda Guerra foi a seguinte: o dinheiro internacional seria simplesmente uma moeda de conta, ou seja, os países trocariam mercadoria por mercadoria e o dinheiro seria simplesmente moeda de cálculo. Os países com déficit registrariam na Clearing Union, em sua conta, o que deviam aos demais. E, assim, ia-se fazendo uma compensação entre os déficits e superávits. Os países sistematicamente superavitários seriam estimulados a aumentar suas importações e obrigados, com taxas de juros módicas, a financiar os déficits dos demais. Os países sistematicamente deficitários estariam sujeitos a processos de ajustamento comandados pela Clearing Union. Os particulares pagariam e receberiam suas contas em moeda nacional. Apenas os Bancos Centrais estariam habilitados a realizar operações com a moeda universal.
O que a mídia pensa - Editoriais / Opiniões
CMN mantém meta e amplia prazo para o BC atingi-la
Valor Econômico
Não está descartado um ambiente mais
favorável que o previsto que permita reduções mais rápidas da taxa de juros
O Conselho Monetário Nacional fez a coisa certa e decidiu ontem estabelecer para 2026, pelo terceiro ano consecutivo, a meta de inflação em 3%, com intervalo de 1,5 ponto percentual em ambas direções. Resolveu também ratificar as metas de 2024 e 2025 e inaugurar em 2025 a perseguição contínua da meta de 12 meses, que não mais se restringirá ao ano calendário, como tem sido desde a criação do sistema, em 1999. Para a decisão contaram um trabalho paciente do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em dissuadir o presidente Lula de ampliar a meta - ele chegou a mencionar 4,5% -, a reação fortemente negativa dos investidores diante da perspectiva dessa mudança e os resultados obtidos pelo Banco Central com o aperto monetário que, com o recuo da inflação, está prestes a iniciar um ciclo de corte de juros.