quinta-feira, 9 de outubro de 2008

FRASE SELECIONADA

“A esquerda não tem nem uma puta idéia do mundo em que vive”.


(o escritor comunista José Saramago em 1/10/2008 em seu blog)

CRISE MUNDIAL

Crise no Leblon
Ancelmo Góis
DEU EM O GLOBO


Ontem, num sinal luminoso do Leblon, no Rio, para fugir da chuva, uma carioca ia comprar de um camelô um guarda-chuva. O ambulante pedia R$ 15, ela oferecia R$ 10, e o impasse foi desfeito pelo argumento econômico do vendedor:

- Ô gata, o dólar subiu muito e o produto é importado...

Gabeira e Paes largam empatados na disputa pela prefeitura do Rio


FOLHA DE S. PAULO
DA SUCURSAL DO RIO


Candidato do PV herda mais votos de Jandira e Solange; peemedebista atrai mais eleitor de Crivella

Pesquisa Datafolha feita ontem e anteontem mostra que Gabeira tem 51% dos votos válidos contra 49% do candidato do PMDB


A disputa pela Prefeitura do Rio no segundo turno começa empatada, revela pesquisa Datafolha realizada ontem e anteontem. O candidato do PV, Fernando Gabeira, tem 43% das intenções de voto contra 41% de Eduardo Paes (PMDB), a 18 dias do pleito.

Os dois candidatos estão tecnicamente empatados, já que a margem de erro da pesquisa é de três pontos percentuais para mais ou para menos. Assim, Gabeira pode ter entre 40% e 46% dos votos, e Paes, entre 38% e 44%.

No primeiro turno, Paes recebeu 31,98% dos votos válidos (1.049.019), e Gabeira obteve 25,61% (839.994 votos).

De acordo com o Datafolha, entre os eleitores que disseram ter candidato no segundo turno, Gabeira herdou mais votos entre os eleitores de Jandira Feghali (PC do B) e de Solange Amaral (DEM), candidata do prefeito Cesar Maia, que já anunciou apoio ao deputado federal: 59% dos eleitores que haviam votado no primeiro turno em Jandira migraram agora para o candidato do PV e 41% foram para Paes; entre os eleitores de Solange, 55% foram para Gabeira e 45% para Paes.

A vantagem de Gabeira nessa migração o deixou numericamente à frente de Paes, apesar de o candidato do PMDB ser o principal beneficiário do eleitorado de Marcelo Crivella (PRB), terceiro colocado no primeiro turno. Desses 54% optam por Paes e 46% preferem Gabeira.

No domingo passado, Crivella recebeu 19,06% dos votos válidos (625.237), Jandira 9,79% (321.012), Alessandro Molon (PT) 4,97% (162.926) e Solange 3,92% (128.596).Os índices de Gabeira ficam acima da média entre os mais jovens (53%), os mais escolarizados (60%), os mais ricos (62%) e entre os que desaprovam os governos do prefeito Cesar Maia (47%), do governador Sérgio Cabral (55%) e do presidente Lula (58%).

As taxas de Paes são maiores entre os mais pobres (46%), os menos escolarizados (49%), os mais velhos (50%) e entre os que aprovam as gestões de Cesar Maia (48%), Sérgio Cabral (55%) e Lula (58%).

Votos válidos

A pesquisa Datafolha mostra que 7% dos entrevistados disseram pretender anular ou votar em branco, e 9% se definiram como indecisos, atingindo 16% os que não têm candidato. No levantamento realizado ontem e anteontem com 1.304 eleitores, em votos válidos (ou seja, excetuados os brancos e nulos), Gabeira tem 51%, e Paes, 49%.

No primeiro turno, dos 4,580 milhões de leitores do Rio, 17,91% não compareceram, 6,14% anularam o voto e 4,33% votaram em branco.

Na simulação anterior de segundo turno entre os dois candidatos, realizada pelo Datafolha nos dias 3 e 4 de outubro, o peemedebista tinha 52% das intenções de voto, e o verde, 36% -uma diferença de 16 pontos percentuais. Na simulação dos dias 29 e 30 de setembro, essa diferença era de 20 pontos (53% a 23%).

As simulações de segundo turno realizadas no primeiro turno são sinalizações dadas pelo eleitorado, mas não são comparáveis às pesquisas realizadas durante o segundo turno.

No primeiro caso, é pedido ao eleitor que analise seu comportamento na possibilidade de ocorrerem determinadas situações eleitorais, apresentadas com variações. Já no segundo cenário, o eleitor é convidado a se posicionar perante uma situação concreta de disputa entre dois candidatos.

Bodas de vento


Dora Kramer
DEU EM O ESTADO DE S. PAULO

A caça frenética dos candidatos finalistas pelo apoio dos partidos que ficaram de fora do segundo turno impressiona. Serve como passatempo no intervalo até o início do horário eleitoral no rádio e na televisão, presta algum serviço ao exibicionismo, mas não funciona no essencial.

Principalmente nessa etapa final em que as disputas acontecem apenas nas grandes cidades e o horário gratuito é repartido ao meio entre os dois oponentes independentemente do tamanho da coligação, o peso das alianças sobre o resultado da eleição é quase zero.

Quase, porque há uma vantagem objetiva. Quanto mais partidos houver ao lado de um candidato, em tese mais estruturas e mais gente haverá trabalhando por ele.

Mas, se é patente a preferência do eleitorado por pessoas em detrimento dos partidos, evidente que ao fim e ao cabo conta mesmo a capacidade de sedução - ou convencimento, para tratar o assunto com mais formalidade - do candidato na percepção do eleitor.

Então, por que os partidos se dedicam com tanto afinco a conquistar o apoio das legendas restantes e alguns até fazem da exibição desses acordos um movimento estratégico?

Basicamente por dois motivos: para criar um fato político por dia no curto período de entressafra e para se posicionar no jogo de correlação de forças presentes e futuras. Não é a fase de diálogo com o eleitor, é o momento de conversarem entre si, passarem os seus recados, mostrar os músculos uns para os outros, demonstrar agrados e desagrados.

Em São Paulo, dificilmente há algum eleitor preocupado com o fato de o PTB apoiar Gilberto Kassab, o PPS anunciar neutralidade ou de Marta Suplicy dirigir gestos elegantes a Geraldo Alckmin.

Ali, o relevante foi o acordo da dupla DEM-PSDB com Orestes Quércia, pelo qual José Serra tirou do governo federal o PMDB paulista para a parceria de 2010. E ainda assim, nada garante a perenidade deste ou de qualquer outro acerto.

Todos dependem da direção dos ventos. No Rio, o PT saiu das urnas com algo em torno de 6% dos votos e, no entanto, o apoio do partido a Eduardo Paes é tido como um feito e tanto.

A direção petista sabe perfeitamente da irrelevância eleitoral presente nessa decisão, como conhece bem o perfil de seus adeptos para supor que sejam mais afeitos ao modelo Fernando Gabeira. Mas o partido do presidente da República precisa fazer agradar, e muito, o PMDB do governador Sérgio Cabral e seu candidato Eduardo Paes.

Carinho que se revelará útil ou inútil só mais à frente, quando os pemedebistas decidirem em qual porto suas canoas ficarão mais seguras na perspectiva do poder federal.

Antídoto

Depois de meses agindo de modo oposto, o PT, por meio de seu presidente, Ricardo Berzoini, decreta: “Não há transferência de votos no Brasil”.

Com isso, o partido cria a teoria adequada ao distanciamento do presidente Lula das eventuais derrotas do segundo turno, mas abre espaço para contestações internas à pré-candidatura da ministra Dilma Rousseff.

Se não há transferência, vale o patrimônio de cada um.

Cara-pálida

Candidato da aliança Aécio Neves-Fernando Pimentel em Belo Horizonte, Márcio Lacerda explicou em duas palavras a frustração da expectativa de vitória no primeiro turno: “Fomos incompetentes”.
Para um político aprendiz, Lacerda já socializa prejuízos com a autoridade de um autêntico catedrático.

Outro mineiro, este apenas um espectador apartidário da cena, lamenta o risco do desmonte de um trabalho administrativo muito bem avaliado pela população da capital, e levanta uma tese que, se correta, serve como lição e explicação: o governador Aécio provavelmente esteja pagando o preço de pretender alçar à condição de unanimidade.

Carapuça

Ao justificar sua não-interferência na decisão de Geraldo Alckmin de concorrer à prefeitura, o governador José Serra disse que o PSDB de São Paulo não é um “partido de coronéis”.

Feita assim, em tom de ressalva à seção paulista, a afirmação do governador presta-se a interpretações ariscas por parte de colegas de partido, que veriam nela uma indireta à existência do vezo do mandonismo em tucanos de outros Estados.

O senador Tasso Jereissati, por exemplo. Se não tivesse absoluta certeza de que José Serra achou perfeito seu apoio explícito à candidatura de Ciro Gomes em 2002, poderiam imaginar tratar-se de uma referência ao Ceará.

Não por isso

Se Lula fez de Mangabeira Unger ministro, por que negaria apoio no Rio a Eduardo Paes baseado em rancores do passado? Os dois achavam que Lula comandava um governo corrupto e, neste aspecto, fica mal quem se curva para beijar e não quem estende a mão para ser beijada.

Geografia da eleição de 5 de outubro


Maria Inês Nassif
DEU NO VALOR ECONÔMICO


A Região Sudeste exerce historicamente um contrapeso ideológico em relação ao restante da Federação, em especial ao Nordeste. Nas vésperas da Revolução de 1964, o apelo por políticas populares, se movia ativistas do Sudeste, provocava verdadeira efervescência no Nordeste, em especial em Pernambuco, onde um governador de esquerda, Miguel Arraes, e um movimento atuante pela reforma agrária, faziam o sonho da esquerda nacional. A reação ao governo João Goulart veio, em especial, do Rio, onde Carlos Lacerda não era apenas o governador, mas a voz da UDN que conspirava; em Minas, onde Magalhães Pinto, também da UDN, conspirava baixinho; e em São Paulo, onde uma elite conservadora mais tarde ajudaria inclusive a criar e manter o "piloto" de aparelho de tortura que unificava as forças militares e policiais, a Operação Bandeirantes (Oban), depois denominada DOI-Codi. É certo, existiam nos Estados mais ricos da Federação uma oposição popular e democrática e grupos que mais tarde rumaram para a luta armada, mas é inegável que o movimento conservador que resultou num golpe de Estado era hegemônico, pelo menos nos primeiros anos de ditadura militar.

No período de desgaste da ditadura, quando o governo militar já havia esmagado a oposição no Nordeste e as tentativas da esquerda armada de organização no Norte do país, e as famílias que tradicionalmente dominavam a política nordestina tornaram novamente hegemônica a política de compadrio e de clientela, foi o Sudeste a primeira região a registrar a disposição civil à resistência e à luta pacífica pela redemocratização do país. O MDB ganhou musculatura no Sudeste, antes de tornar-se um instrumento nacional de mudança pelo voto. Em 1974, quando apenas dois partidos eram permitidos pelo regime - o MDB, de oposição, e a Arena situacionista -, o MDB conseguiu 16 das 22 cadeiras em disputa para o Senado, chegando a 30% da bancada; e fez 44% da Câmara dos Deputados. Em 1977 o general-presidente Ernesto Geisel fechou o Congresso e editou o Pacote de Abril, para garantir maioria situacionista no Congresso e no Colégio Eleitoral que escolheria seu sucessor no ano seguinte, e era composto por membros do Congresso Nacional e delegados das Assembléias Legislativas. Com uma penada, o general mudou a composição da Câmara, dando maior peso aos Estados do Nordeste e do Norte, teoricamente sob controle dos "coronéis" donos de votos e partidários do regime. Em 1978, graças ao pacote de Geisel, a Arena manteve a maioria no Congresso, mesmo tendo obtido 13,1 milhões de votos, contra 17,4 milhões de votos dados ao MDB.

Depois da redemocratização, houve um processo lento de transferência de votos dos partidos mais conservadores para os mais afinados à esquerda no Nordeste. Lideranças nordestinas da antiga Arena, ou do MDB conservador, que foram se abrigar no PFL depois da redemocratização, mantiveram suas posições naquela região como partidos da base parlamentar do governo central, exceto pelo curto período do governo Itamar Franco (PMDB), até o segundo governo de Fernando Henrique Cardoso. O PFL tinha, em 1988, seu primeiro ano de existência legal, 1.058 prefeitos em todo o país, decresceu um pouco sua participação municipal nas eleições seguintes, de 1992 e 1996, mas recobrou musculatura em 2000, quando fez 1.026 prefeitos. Na oposição após a eleição de Lula, só fez cair: elegeu 792 prefeitos em 2004 e caiu para 494 no primeiro turno das eleições desse ano. O ex-PFL, hoje Democratas, quase foi varrido da sua base tradicional, o Nordeste: teve uma queda de 63% no número de prefeituras daquela região, de 2004 para 2008. Em compensação, três partidos à esquerda do espectro político cresceram assombrosamente em território nordestino: PT (105%), PDT (126%) e PSB (91%). No Sudeste, o DEM caiu 11% - muito menos do que caiu no Nordeste -, mas, mesmo em declínio numérico, conseguir acesso aos eleitores paulistas numa eleição para a prefeitura da capital é um feito. Gilberto Kassab tem grandes chances de vencer a eleição contra o PT no segundo turno, mas apenas tem essa oportunidade porque, desde 2006, São Paulo, Estado e capital, estão no meio de uma onda conservadora que se formou quase simultânea à queda do voto conservador no Nordeste. E isso ocorre num período em que o DEM mais manteve afinidade ideológica com o PSDB, que guinou para a direita no Estado e manteve, nessa posição, uma quase hegemonia nos últimos anos. A Região Sudeste foi a única em que o PSDB aumentou o número de prefeitos - em 8%; em todas as demais regiões o partido sofreu queda.

Dos números das eleições, pode-se concluir que a tendência do Nordeste à esquerda é uma inexorável atração da região pelo governismo - e o PT, afinal, está no governo federal; e que os partidos brasileiros, pela sua fraca organicidade, tendem a murchar quando na oposição. Isso parece ser um senso comum. O que existe de diferente no cenário, no entanto, é que desde 2006, com a radicalização que se seguiu ao escândalo do mensalão, as posições políticas dos partidos ficaram muito marcadas e eles passaram a representar com mais clareza estratos sociais. Assim como em 1964, o "ser governista" não explica, por si só, a virada política do Nordeste, nem o apelo maior dos setores conservadores na política do Sudeste.

Maria Inês Nassif é editora de Opinião. Escreve às quintas-feiras

Fim ou troca de caciques?


Eliane Cantanhêde
DEU NA FOLHA DE S. PAULO


BRASÍLIA - Novo mundo, novo Brasil. Enquanto o capitalismo se contorce com a quebradeira de bancos e a queda das Bolsas, no Brasil quem está na berlinda é o velho caciquismo político.

Na Bahia, ACM Neto é deputado federal em primeiro mandato e certamente promissor, mas ser excluído do segundo turno em Salvador foi um aviso: ele vai precisar comer muito feijão antes de assumir uma posição de liderança no Estado. O nome e a força do carlismo, sozinhos, já não dão para o gasto.

ACM, o avô, morto em 2007, era o "rei da Bahia". E não se fazem mais reis como antigamente, nem súditos. O eleitorado está mais mais disputado e diversificado, a correlação de forças é heterogênea.

No Maranhão, a família Sarney não apenas sofreu um revés como andou na contramão do que ocorreu com o PMDB no resto do país.

Sarney filiou-se ao partido para ser vice de Tancredo e foi ficando, ficando... e ficou. Agora, mais de 20 anos depois, também Roseana saiu do ex-PFL para ficar no PMDB e mais próxima de Lula.

Mas enquanto o partido é campeão em prefeituras em 14 Estados e avançou no Acre, no Amazonas, na Bahia, em Goiás, em Mato Grosso do Sul, no Pará, na Paraíba e no Rio Grande do Norte, no Maranhão ele encolheu. E encolheu bem. O reinado dos Sarney dura meio século, mas não se fazem mais reis...

Em São Paulo, Kassab é um nome diferente no cenário. No Rio, Eduardo Paes é novo em idade e em liderança, e Fernando Gabeira não é novo, mas é uma novidade. Em Belo Horizonte, você já tinha ouvido falar em Márcio Lacerda, Leonardo Quintão ou mesmo Jô Moraes, a terceira colocada?

A dúvida é se a política está se desfazendo do caciquismo ou só trocando de caciques. Olho vivo na Bahia, onde termina o reinado de ACM, mas Geddel Vieira Lima está babando pelo cetro e pela coroa. E pronto para ser disputado a peso de outro entre PT e PSDB em 2010.

Coluna do Milton Coelho


Milton Coelho da Graça
DEU NO DIÁRIO DA MANHÃ (GO)

BARÃO DO RIO BRANCO TREME NO TÚMULO

Se alguém fizer uma lista dos 100, 50, 10 ou até apenas 3 dos maiores brasileiros de todos os tempos, sem dúvida nenhuma o Barão do Rio Branco será um deles. Depois de nos metermos em uma carnificina no Paraguai e inspirarmos natural receio pela diferença de tamanho de populaçao e recursos naturais em relação aos outros países da América do Sul, o nosso grande barão construiu as bases de um patrimônio inigualável no resto do mundo: temos fronteiras com dez países e nem um só problema, uma só divergência sobre elas com nossos vizinhos. E tudo resolvido na mais completa paz. Também firmamos na consciência de todos os companheiros de continente a confiança de que o Brasil tem uma política sagrada de não-intervenção nos assuntos internos de cada um deles e colocamos em nossa Constituição a renúncia a qualquer agressão guerreira.

No entanto, de vez em quando, influenciados por idéias, estratégias e interesses de outros países não-sul-americanos, nossos militares têm espasmos de grandeza bélica. Certa vez compramos dois porta-aviões, armas claramente de ataque, numa operação que só se explica como mamata. Durante décadas, mantivemos em Santa Maria, Rio Grande do Sul, talvez a mais poderosa de nossas bases aéreas, com a óbvia intenção de assustar os argentinos.

Nosso Exército até hoje foi incapaz de aproveitar a grande extensão de nosso país e a experiência internacional para formular uma estratégia defensiva apoiada na guerra de guerrilha, capaz de enfrentar e derrotar qualquer um que algum dia resolva nos atacar. Continua basicamente agarrado a grandes bases e fortalezas inúteis em nossas maiores cidades, evidentemente mais preocupado com convulsões internas do que possíveis inimigos externos.

Pois nosso ministro civil da Defesa de repente começa a falar em reequipar as Forças Armadas com o intuito cada vez mais nítido – e até claramente expressado em jornais por alguns admiradores belicosos – de “assustar” os vizinhos envolvidos em disputas políticas internas com a hipótese de uma possível intervenção brasileira.

Por que e para que vamos gastar bilhões de dólares em novos caças supersônicos, muito pouco úteis para proteger nosso país das reais ameaças externas – sejam terroristas, traficantes, falsos missionários ou ladrões de nossa biodiversidade? E por que voltarmos novamente a proteger as indústrias de armamentos, alucinadas por subsídios?

PMDB PREPARA FESTA,TEMPORÃO PAGA CONTA

Os chefões do PMDB já acertaram todo o esquema para ficar com a presidência das duas casas do Congresso: Michel Temer comandará a Câmara Federal, José Sarney, o Senado. O deputado Henrique Alves assume a presidência do partido e o alagoano Renan Calheiros ressuscita e será o líder no Senado, Tudo certinho, mas e o PT, que insiste no tal acordo de Senado para um, Câmara para outro, e quer lançar Tião Viana? Aí já está até embrulhado o presente de consolação: a cabeça do ministro da Saúde, José Gomes Temporão, que não vem “atendendo” bem os pedidos dos parlamentares peemedebistas;

QUEM VAI SE MOLHAR COM OS RESPINGOS?

Um veterano do Itamaraty disse esta semana, durante um jantar em Brasília, que a extrema tolerância do presidente Lula com as maquinações do PMDB parecem inspiradas naquela explicação que o presidente americano Lyndon Johnson deu para manter uma raposa inconfiável como J. Edgard Hoover na direção do FBI:

“Eu sei que, se tirasse o William da nossa tenda, ele iria ficar lá fora mijando aqui para dentro. Prefiro que ele fique aqui dentro mijando lá pra fora.”

DUPLA BIBI-JUCA BAIXA PORRADA NO CONGRESSO

A veterana-eternamente-maravilhosa Bibi Ferreira estrela no Rio, com o teatro sempre lotado, a peça “Às favas os escrúpulos”, de Juca Oliveira. Todos os nossos senadores e deputados deveriam ir assisti-la, não só para aplaudir Bibi, mas principalmente para ver a reação do público – predominantemente de classe média, feminino e meia idade.

A peça conta a história de um senador com fama de honesto e bom chefe de família, mas na verdade trambiqueiro, com milhões de dólares de dólares e derretido por uma secretária boazuda. Bibi, a mulher, descobre tudo e só não conto o resto porque não quero tirar o gostinho das surpresas para brasilienses e goianos quando ela se apresentar no Planalto Central.

Esta notinha é só para registrar o aplauso e o entusiasmo do público com todas as falas severas criadas por Juca, expressando o desprezo e a descrença crescentes do país em relação ao Congresso e – perigosamente – até em relação à democracia representativa.

PRESUNTOS E EUCALIPTOS EM NOSSA CRISE

Esse é um ângulo novo e brasileiro na crise financeira, que provavelmente também surgirá em outros países com políticas monetária e cambial iguais ou parecidas com a nossa. Indústrias exportadoras com diretores financeiros metidos a espertos mergulhavam nas operações de jogatina da Bolsa, para obter lucros extras com os dólares das exportações. Faziam mais ou menos assim: exportavam presuntos (Sadia) e resmas de papel (Aracruz) e, em vez de simplesmente meterem os dólares na caixa, iam à Bolsa e apostavam que o dólar não cairia.

O diabo é que o dólar caiu. E muito. Agora está pintando aquela velha história: enquanto estavam ganhando, os lucros eram deles - dos acionistas e controladores das empresas metidas nesse pagode. Mas, na hora dos prejuízos, o socialismo é a doutrina favorita, em alguns corredores do poder a idéia de que o Estado brasileiro deve socorrer suas empresas em perigo. Presidente Lula, cuidado para não cair no conto da Bolsa-Presunto ou da Bolsa-Eucalipto!

E AINDA NÃO HAVIA GELADEIRA NEM TIRA-GOSTO

Josef Reichholf, historiador alemão, defende uma nova versão para o homem primitivo ter deixado de ser nômade e se tornar agricultor: a descoberta da cerveja, amigos, é que fez o homem construir uma casa, ficar quietinho e começar a cantar “daqui não saio, daqui ninguém me tira”.

Parece doido, mas o catedrático da Universidade Técnica de Munique (logo onde!) tem argumentos sérios. O homem teria se estabelecido inicialmente no Oriente Médio, onde havia muita caça. Portanto, ele começou a plantar, um trabalho muito mais duro do que caçar, não para comer, mas sim porque descobriu a cevada e para o quê ela servia nas horas de lazer. E tome loura, mesmo quente, com qualquer churrasco, de camelo ou pássaro distraído. Dêem uma boa olhada nos bares, nas noites de sexta-feira. segundo Reichholf, vocês verão diretos descendentes daquele homem cabeludo que aderiu ao descanso bem irrigado.

NA HORA DA SOMA, CADA UM FAÇA A QUE QUISER

Está difícil determinar qual realmente foi o partido que mostrou mais força nas eleições municipais. Segundo resultados oficiais do TSE, foi o PMDB quem teve mais votos: 18.422.732 (18,6% do total de válidos), com 2.543 candidatos, dos quais 1143 já se elegeram prefeitos e outros 11 foram para o segundo turno. O PT, com 1609 candidatos, 545 eleitos mais 15 no segundo turno. foi o segundo em votos: 16.486.025 votos (16,6%). E o PSDB, também considerando o total de votos “oficiais”, foi o terceiro – 14.454.949 – obtidos por 1702 candidatos, dos quais 778 já eleitos e mais 10 ainda no páreo.

Mas a classificação se complica se levarmos em consideração a relação entre número de candidatos e eleitos: O PMDB já elegeu 47% dos candidatos, o PSDB 46% e o PT apenas 34%.

E se complica ainda mais se considerarmos que os votos foram somados aos partidos em que os candidatos estão inscritos e que nem sempre foram os principais nas coligações que os apoiaram. Por exemplo, Gilberto Kassab foi incluído no total do DEM e Gabeira no do PV. Mas, nos dois casos, receberam forte apoio dos tucanos. Mas, na conta do Tribunal, o PSDB ficou com os votos de Geraldo Alkmin, derrotado e afastado do segundo turno.

Confuso. E mais confuso ainda o caso de Belo Horizonte, em que os votos de Márcio Guerra estão no total do PSB, mas, na verdade, a grande maioria veio do apoio do governador Aécio Neves (PSDB) e do prefeito Fernando Pimentel (PT)? E como calcular exatamente o número de votos espalhados por candidatos de todos os partidos da frente governista unicamente pela altíssima aprovação popular do presidente Lula?

Cada um pode fazer sua conta e escolher o partido vencedor das eleições.

ENTRE OS VEREADORES, A COISA É MAIS SIMPLES

O PMDB é o campeão dos vereadores no Brasil, elegeu 23% de seus 36.482 candidatos, com 11.977.196 votos. O PSDB derrotou o PT por escassa diferença de votos – 10.714.393 x 10.539.880 – elegendo 21% (5.894) de seus 28.681 candidatos, enquanto o PT só conseguiu emplacar 14% (4186) do total de 29.882 candidatos.

Mas, na área municipal, outros partidos chegaram mais perto dos Três Grandes, tanto em número de eleitos como de votos: DEM (4815, 7.999.337), PP (5.122, 7.233.167), PDT (3.509, 6.717.625), PTB (3.929, 6.315.928). O resto teve menos de 6 milhões de votos e de 3 mil eleitos

Vertigem


Clóvis Rossi
DEU NA FOLHA DE S. PAULO


MADRI - Dá vertigem acompanhar os números envolvidos no noticiário sobre a crise financeira. Dupla vertigem, aliás: a primeira, porque são tão violentos que não é possível nem sequer imaginar aproximadamente o que significam. Alguém aí sabe "quem" é US$ 700 bilhões (ou, em reais, R$ 1,603 trilhão, ao câmbio do fechamento de ontem)?

A segunda vertigem vem da montanha-russa que é tentar acompanhar o cassino. Acordei ontem, liguei, como de hábito, o computador e, dos cantos da telinha, até dava para ver pedaços derretidos das Bolsas asiáticas. Se era assim lá, aqui na Europa tenderia a repetir-se o caos da segunda-feira.

Saio para assuntar e, lá pela hora do almoço, um interlocutor me informa que os BCs de meio mundo reduziram conjuntamente os juros, com o que as Bolsas (européias) se recuperavam algo. Já tinha feito perguntas a meia dúzia de interlocutores com foco no derretimento.Parecia trabalho meio perdido.

Depois do almoço, já não era trabalho perdido, porque as Bolsas podiam até não estar derretendo, mas caíam pesadamente. Não tenho mais idade para andar na montanha-russa.

Volto aos números. Carlos Eduardo Lins da Silva, o ombudsman, tem reclamado que a gente não consegue apresentar "quem" é US$ 700 bi ao leitor. No fundo, é uma abstração, não é?

Como tenho muito respeito pelo Carlos Eduardo, resolvi traduzir para o Brasil conta inspirada na edição eletrônica da "Der Spiegel", alemã: US$ 700 bi dariam para pagar um salário mínimo por dez anos para quase 30 milhões de brasileiros, se é que não errei nas contas, de tantos zeros.

Continua uma abstração, mas dá ao menos pálida idéia de como é a vida no que o Elio Gaspari chama de andar de cima e andar de baixo. Dá ou não dá vertigem?

Mudar os juros


Míriam Leitão
DEU EM O GLOBO


O Banco Central deveria mudar sua política de juros, interrompendo o ciclo de alta, diante do agravamento da crise. Ontem, ao fim de mais um dia tenso, o clima começou a melhorar. O BC vendeu dólar físico e liberou mais compulsório. Além disso, algumas exportadoras começaram a negociar com bancos a liquidação das opções de câmbio. Lá fora, a ação conjunta dos BCs começa a surtir efeito.

As empresas exportadoras encalacradas com futuro de câmbio começaram a negociar com os bancos para fazer uma liquidação compulsória. A dívida delas com o derivativo começou a ficar tão alta que algumas empresas procuraram escritório de advocacia para contestar judicialmente os contratos. "Algumas cláusulas são leoninas", disse um exportador. Quanto mais o dólar subia, mais as empresas tinham que depositar margem, mais compravam dólar, mais faziam a moeda subir e maior era o prejuízo. Os bancos que operam com esse ativo poderiam simplesmente ficar sem receber e, além disso, enfrentar uma contestação judicial. Um banqueiro me confirmou a negociação.

- Cada banco cuida do seu cliente, mesmo porque não tem outra alternativa. O risco era não receber.

As duas partes estariam começando a negociar. Nos casos em que estas opções foram vendidas a terceiros, os bancos estão financiando as empresas. De qualquer maneira, essa operação está bastante disseminada. Não será tão simples acabar com o problema.

Outro banqueiro me informou que as empresas brasileiras aumentaram muito a exposição ao dólar nos últimos cinco anos, e não apenas as exportadoras, mas também as que têm qualquer atividade no exterior e as que têm competidores estrangeiros. Há rumores em relação às grandes empresas mineradoras e às da área siderúrgica. A Vale negou que tivesse problemas nessa área. A Votorantim informou que fez operações de opção de dólar nos últimos meses, mas garantiu que "a exposição, após um conjunto de operações programadas, foi totalmente eliminada na data de hoje" (ontem).

O Banco Central mudou de atitude novamente e passou a vender dólar físico, ajudando a acalmar o mercado de câmbio. Ele tem mostrado agilidade nos últimos dias, depois de ter ficado algum tempo prisioneiro daquela análise equivocada feita no governo brasileiro, de que a crise não chegaria aqui. Chegou, tem um capítulo só nosso nessa confusão cambial e exigia atitude do BC. Mas ainda que ele esteja mais ativo, um problema continua grave: a falta absoluta de linhas para o fechamento de contratos de câmbio.

Outro problema que começa a ser resolvido é das dificuldades dos bancos pequenos por não estarem tendo acesso ao interbancário. O presidente do Banco do Brasil, Antonio Francisco de Lima Neto, negou que tivesse comprado ontem carteira de consignado por imposição do governo.

- Fazemos porque é uma oportunidade. Nós temos liderança em crédito consignado, nossa participação no mercado é de 19%, com R$11 bilhões, e compramos mais R$900 milhões. É um produto padronizado, com baixo risco, e nós do Banco do Brasil queremos crescer em crédito à pessoa física urbana.

Mesmo que se resolvam estes problemas, o dinheiro continua sem circular. O problema é comum ao Brasil e ao mundo: mesmo quando o Banco Central injeta dinheiro, ele fica nos bancos. O crédito não circula.

A economia continua a funcionar por crédito liberado antes. Eu conversei com pessoas ligadas a três grandes empresas de varejo. Em uma delas, as vendas continuam, mas é um grupo com vendas diversificadas, inclusive muito eletroeletrônico; em outra, especializada em ramo mole, as vendas estão piores do que no ano passado e, na terceira, estão em queda. A economia real começa a sentir o tranco da liquidez. Os juros estão crescendo fortemente. Os últimos dados já superados - porque eles têm subido diariamente - são de taxas de 137% ao ano para empréstimos à pessoa física e 66% no crédito às pessoas jurídicas.

No mercado financeiro, a volatilidade intensa mostra que ainda se está longe da normalidade. O dólar chega a variar, entre quedas e altas, dez por cento; ontem a Bovespa oscilou 3.000 pontos entre quedas e altas. Vários economistas com quem a coluna entrou em contato acham que o mercado continuará ao sabor das notícias de cada dia.

O BC enfrentará agora o dilema da sua política de juros. No mundo, os juros estão em queda e ontem o corte coordenado dos maiores países do mundo confirma que essa é a tendência. Mas o BC brasileiro está no meio de um "ciclo de aperto de política monetária". Ele continuará subindo os juros, mesmo com a queda das taxas no mundo, com a inflação cedendo no Brasil e com a economia reduzindo o ritmo? Mas há também impacto inflacionário da alta do câmbio. O Bradesco acha que o BC deveria apenas aumentar mais 0,25 ponto percentual e encerrar a elevação. Nílson Teixeira, do CSFB, acha que os juros deveriam parar de subir já na próxima reunião, mesmo que venham a subir depois, caso haja elevação da inflação. Thomas Málaga, do BBA, acha que os juros deveriam parar de subir, ou até cair um pouco diante do novo quadro econômico brasileiro, de restrição de crédito, e novo quadro internacional, de forte desaceleração.

O medo da recessão


Merval Pereira
DEU EM O GLOBO

NOVA YORK. O fato de que nenhuma das perguntas dos eleitores reunidos anteontem no debate entre os candidatos a presidente dos Estados Unidos se referiu aos "escândalos" que envolvem os dois, mas sim às questões econômicas, deveria servir de lição nesses últimos dias de campanha. Ninguém do público, escolhido pelo instituto de pesquisas Gallup entre os eleitores indecisos, estava interessado em saber sobre as relações de Barack Obama com o ex-terrorista Bill Ayers, ou com o pastor radical Jeremiah Wright; nem sobre o escândalo em que cinco senadores, entre eles McCain, foram acusados, anos atrás, de tentar proteger o banqueiro Charles Keating, que estava sendo investigado por irregularidades no Lincoln Savings & Loan Association, que quebrou em 1989, levando o amigo de McCain para a cadeia.

Esses temas têm dominado as campanhas dos dois candidatos, nas propagandas de televisão e nas mensagens pela internet, mas não interessam de fato aos eleitores, que estão mesmo preocupados com as conseqüências da crise econômica no seu dia-a-dia.

A atuação dos dois com relação ao tema tem provocado frustração nos eleitores, que não sentem firmeza nos seus discursos, que não encontram respostas nos programas de governo de nenhum dos dois. No debate de terça-feira na Universidade de Belmont, no Tennessee, os dois candidatos se aproximaram um pouco da verdade, mas ficaram a uma distância prudente para seus projetos políticos.

O republicano McCain porque tem uma missão quase impossível de se dissociar do governo republicano que está na Casa Branca há oito anos e, como Obama salienta a cada momento, recebeu um governo com superávit fiscal e hoje apresenta um déficit de cerca de US$400 bilhões este ano, e um déficit externo que era de US$5 trilhões e dobrou nestes oito anos.

Esse quadro econômico nada favorável, que já era objeto de crítica de Obama durante a campanha, acabou mostrando sua verdadeira face com a crise financeira que estourou há 15 dias, explicitando a gravidade da situação.

Isso tudo torna a posição de McCain cada vez mais difícil, e é previsível que não queira que o tema econômico domine os debates. Em Nashville, como não controlava as perguntas, não pôde evitar que o verdadeiro interesse do cidadão-eleitor se evidenciasse nas perguntas.

Já Obama, à frente das pesquisas, ampliando sua vantagem em estados-chave e tornando-se a alternativa natural do eleitor que quer mudar a política econômica, claramente não quer arriscar essa posição confortável. Os dois estão mais focados em ganhar a eleição do que em se mostrar em condições de enfrentar a crise econômica, o que está incomodando os eleitores.

A crise não apenas dominou a maior parte do debate; até mesmo quando a discussão passou para as questões internacionais, a primeira pergunta da platéia foi sobre se a crise econômica vai reduzir a capacidade dos Estados Unidos de intervir para manter a paz mundial quando necessário.

As perguntas dos eleitores indecisos mostraram também o quanto o cidadão comum está descontente com os políticos de maneira geral. Uma senhora perguntou por que confiar em um dos dois quando os dois partidos colocaram o país nessa situação; um jovem duvidou se o pacote econômico aprovado pelo Congresso, com o apoio dos dois candidatos, realmente resolveria o problema; uma outra, com a experiência de ter passado pela crise de 1929, foi direto ao ponto: qual o sacrifício que cada um deles exigiria de cada americano para superar a crise econômica?

Nem mesmo com essa "permissão" da eleitora os dois ousaram. O republicano McCain respondeu genericamente, dizendo que cortaria vários programas ineficientes, mas não citou nenhum. Voltou a defender que o orçamento federal deveria ser expurgado de adendos que não sejam essenciais, e ressaltou que só não pediria cortes em verbas para a segurança nacional e educação.

Já Obama conseguiu ser mais criativo, falando na necessidade de o país sair da dependência do petróleo estrangeiro. Os dois candidatos tratam do tema como sendo uma questão de segurança nacional, pois, os dois ressaltam, os Estados Unidos dependem do fornecimento de energia de países que, como diz McCain constantemente, "não gostam muito de nós".

O próprio Obama chegou a citar a Venezuela e países árabes, e até o Irã, como países de cuja produção os Estados Unidos dependem na questão de energia. E McCain citou a importância estratégica da Geórgia na distribuição de gás para a Europa como um dos motivos para que os Estados Unidos a defendam da Rússia.

Mas, além da política de combustíveis alternativos, Obama tocou num ponto crucial: a capacidade de cada americano de cortar seu próprio consumo, de economizar combustível no seu dia-a-dia, mudando os hábitos.

Essa é uma luta que é muito impopular, e talvez por isso o candidato democrata não tenha querido se aprofundar no assunto, mas será um dos principais papéis do futuro governo: fazer com que o desperdício de combustível seja evitado, mudando os hábitos da população, muito arraigada ao transporte individual.

Dois detalhes paralelos ao debate, mas que têm importância fundamental na percepção dos eleitores:

1. A certa altura, McCain referiu-se a Obama como "that one" ("aquele ali"), o que está sendo considerado falta de respeito pelo adversário. Já há camisetas com a frase, que vai ser explorada pela campanha democrata.

2. O formato do debate não ajudou McCain, que mostrou o peso da idade ao se movimentar pelo cenário, e não olhava para os eleitores em vários momentos.

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