*Cientista Político Sérgio Abranches
(@abranches) em Headline Ideias
Política e cultura, segundo uma opção democrática, constitucionalista, reformista, plural.
quinta-feira, 29 de dezembro de 2022
Opinião do dia - Sérgio Abranches*
Paulo Fábio Dantas Neto* - O fator Tebet
Por enquanto não se enxerga espaço de vocalização para uma política independente, de centro democrático. Por outro lado, o sinal mais próximo do que poderá vir a ser uma oposição mais civilizada ao governo Lula vem de uma direita na qual posta-se o governador eleito de São Paulo, Tarcísio de Freitas. Esse novo político, embora tenha discurso e conduta distintos de Bolsonaro, está longe de cogitar rompimento com os grupos reacionários que sustentaram o governo que finda.
Luiz Carlos Azedo - Ampliação do governo barrará o golpismo
Correio Braziliense
Vivemos o maior retrocesso desde a
redemocratização. Lembra o clima às vésperas da posse de JK
É difícil entender a tese de que o
presidente Luiz Inácio Lula da Silva não ampliou o suficiente a coalizão de
governo. Ontem, sinalizou que entregará três ministérios ao PSD e três
ministérios ao União Brasil, além dos três que já negociou com o MDB. Igualmente
é incompreensível a tese de que “o centro está na periferia do governo”. MDB,
PSD e União Brasil estão onde sempre estiveram. Quem está se deslocando em
direção ao centro, e até um pouco além, é Lula, tudo com objetivo mais do que
justo de garantir apoio no Congresso e neutralizar o golpismo do presidente
Jair Bolsonaro.
O petista ganhou a eleição por uma estreita margem de votos, lida com uma oposição de rua enfurecida e perigosa, que já começa a registrar ações terroristas — e enfrenta uma situação econômica delicada, por causa de um governo que gastou o que tinha e o que não tinha para tentar a vencer as eleições. Administra tensões com as Forças Armadas, que surpreendem pela atitude de alguns comandantes — que se recusam a reconhecer o novo comandante supremo, embora tenham se submetido às loucuras de Bolsonaro por uma questão de disciplina e hierarquia. Um deles chegou a dizer aos colegas que bastava uma ordem do atual presidente para impedir a posse de Lula.
Merval Pereira - Crise desarmada
O Globo
Jose Múcio agiu com habilidade para acabar
com o início de uma crise institucional
O que poderia ser uma crise institucional
com os militares, tudo indica, foi superado pela negociação levada a cabo pelo
futuro ministro da Defesa, José Múcio Monteiro. Tal negociação política,
paradoxalmente, objetivou justamente despolitizar a troca dos comandantes
militares, que inicialmente pretendiam demonstrar seu descontentamento com a
eleição de Lula antecipando seu afastamento do cargo antes da posse.
Mas o futuro ministro da Defesa agiu com habilidade e conseguiu esvaziar o movimento, tanto que Bolsonaro já nomeou o novo comandante do Exército, general Júlio Cesar de Arruda, escolhido pelo presidente eleito, que assumirá hoje interinamente. Havia o temor de que, ficando vago o cargo enquanto Lula não assumisse, Bolsonaro nomeasse um militar bolsonarista mais ferrenho, que pudesse criar problema na transmissão do cargo.
Malu Gaspar - Lula precisa de críticas para acertar no governo
O Globo
Espaço para o debate e a contestação
garante a saúde e a sobrevida da democracia solapada pelo bolsonarismo nos
últimos quatro anos
Uma das declarações mais emblemáticas de
Luiz Inácio Lula da
Silva desde a vitória foi feita na última quinta-feira, durante a apresentação
do relatório da transição sobre o cenário que o presidente eleito encontrará
após subir a rampa do Palácio do Planalto.
“Eu
sei que vocês vão continuar nos ajudando, cobrando”, disse ele à plateia
formada por aliados políticos, integrantes da equipe de transição e
jornalistas. “Isso é importante, não deixem de cobrar. Se vocês não cobram, a
gente pensa que tá acertando, e muitas vezes a gente tá errando e continua
errando porque as pessoas não reclamam.”
Não chega a ser uma fala surpreendente para quem já disse outras vezes que este seria um governo de composição, de frente ampla, para além do PT. É, aliás, o esperado de quem se elegeu prometendo fortalecer as instituições democráticas, tão solapadas no último governo.
Maria Cristina Fernandes - A liberdade de Lula no poder
Valor Econômico
Escolhas sugerem que presidente eleito
parece disposto a assumir o ônus da prova de que foi injustiçado
O Fundo Nacional de Desenvolvimento da
Educação, um dos maiores feudos de interesses privados encastelados na
administração pública do país, com um orçamento superior à quase totalidade dos
Estados e dominado pelo Centrão há décadas, será entregue a Fernanda
Pacobahyba. Aos 44 anos, intendente da Aeronáutica por 13 anos, doutora em
direito tributário, funcionária de carreira da Fazenda do Ceará e atual
secretária do órgão, Fernanda venceu os 15 processos que as máfias da sonegação
lá incrustadas, moveram contra si. Está, para as políticas de controle, como a
futura secretária-executiva do MEC, a governadora do Ceará, Izolda Cela, está
para as de educação.
A lógica pode ser replicada para a escolha de Nísia Trindade, a socióloga que preside a Fiocruz e vai para a Saúde, outra caixa preta de lobbies privados entrelaçados no Congresso Nacional e nos tribunais. Ainda que o martelo não tenha sido batido, a ida do senador Jean Paul Prates (PT-RN) para a Petrobras é outro do mesmo quilate. Como ainda não foi anunciado, ainda não se sabe que pressões tem enfrentado na escolha de diretores, mas não há notícia de quem tenha entrado no gabinete do senador, ao longo dos últimos quatro anos, e presenciado escambos na redação de parágrafos, linhas, pontos e vírgulas de projetos de lei. A trinca exemplifica o zelo pela coisa pública como critério para a escolha do comando de grandes orçamentos da União.
Cristiano Romero - O que está por trás da polarização política?
Valor Econômico
Avanços, como as cotas nas federais,
explicam insurgência da direita
O atentado terrorista em Brasília, ainda
que fracassado, deveria conscientizar definitivamente as elites do país -
todas, não apenas as ricas - de que o abismo que separa os brasileiros é
profundo e imperscrutável. Não se trata de uma novidade, e a referência aqui
não se limita à violência (do Estado e de seus oponentes) observada durante as
duas ditaduras ocorridas século passado (1937-1945 e 1964-1985).
O Brasil é um país condenado à desigualdade
porque a formação de seu povo se deu sob o regime escravagista mais longevo da
história dos homens e que, na verdade, nunca acabou, apenas se transformou.
Fator de acumulação de capital durante quase quatro séculos, esse regime era
parte fundamental do modelo econômico adotado aqui, baseado na produção e
exportação de produtos básicos (pau-brasil, cana de açúcar, café, algodão,
fumo, minérios).
O uso de mão de obra indígena (até meados do século XVI) e africana escravizada deu aos produtores vantagem competitiva incomparável. O fim da escravidão, a última a se dar nas Américas, foi fortemente rejeitada pelas oligarquias rurais, de tal modo que resultou, entre outras consequências, na queda da monarquia no ano seguinte, na importação de mão-de-obra de países europeus para “branquear” a força de trabalho e na marginalização de milhões de ex-escravos que viviam no campo e nas cidades.
Maria Hermínia Tavares - Vedar a fenda
Folha de S. Paulo
Difícil será fechar a fenda que cindiu a
sociedade por ação deliberada da extrema-direita
O relatório final do Gabinete de Transição
Governamental dá conta do estrago provocado pelo governo que enfim acaba neste
sábado (1°). Embora alentado, o documento não traz propriamente informações
novas. Seu mérito é proporcionar uma visão panorâmica daquilo que o
vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin, coordenador da empreitada, definiu à
perfeição: "Desmonte do Estado brasileiro."
Tão danosa quanto o legado de desgoverno é a herança de polarização política patrocinada pelo presidente de extrema-direita. Sua cara mais visível são os grupelhos que fecharam estradas, se instalaram às portas dos quarteis a pedir intervenção militar e tramaram atos terroristas com o que foi recentemente abortado em Brasília. O fanatismo que os move se nutre, de um lado, da complacência dos agentes da ordem e, de outro, do silêncio cúmplice de quem cultiva a ambiguidade com a recusa a reconhecer a derrota das urnas.
Vinicius Torres Freire - O que pode ser um governo de esquerda nova?
Folha de S. Paulo
Falta saber dos planos para a transição
verde, o SUS, crianças, reforma urbana e ciência
A gente tem se ocupado da política e da
politicalha de distribuição de ministérios. É inevitável, por motivos maiores e
menores. Por exemplo óbvio, o método de partilha do primeiro escalão pode
facilitar ou encrencar a vida do governo no Congresso.
Precisamos agora saber o que vai ser feito do plano de governo, dos assuntos
centrais, das novidades.
Dos temas críticos, mais se tratou foi
de gastos
do governo e de dívida. É crucial, básico. Mas daí apenas não sai um país.
Há indícios de boas intenções, boas diretrizes e gente capaz para levar a coisa adiante. Marina Silva deve ir para o Meio Ambiente. Já foi capaz, entre outras líderes de governos petistas, de reduzir o desmatamento amazônico, embora o ministério não se limite a isso e os bárbaros da destruição estejam soltos e audaciosos depois dos anos de trevas.
Conrado Hübner Mendes* - Bolsonarismo aciona o modo terror
Folha de S. Paulo
Não é delírio, é plano pensado, financiado
e autorizado
Enquanto teu tio desocupado passa a tarde
na frente do quartel pedindo golpe e comendo churrasco na cadeira de praia com
amigos de clube, seu parceiro de cerveja planeja
atentado a bomba para aterrorizar o país. Atiçados pelo presidente da
República e tolerados por agentes públicos, os executores do terror podem te
matar sob o grito da pátria e da liberdade. Não é delírio, é plano pensado,
financiado e autorizado.
No dia da diplomação de Lula, a violência
coordenada pelas ruas de Brasília demonstrou, para quem duvidava, que
os revoltosos que bloqueavam estradas e depois acamparam em circunscrições
militares estão envolvidos em atividade criminosa. E que se beneficiam da
complacência da cúpula governamental e militar.
Carros e ônibus queimados nas ruas evidenciaram a natureza do movimento. Autoridades de inteligência não só não os monitoraram como os acalentam na prática e no discurso. Nunca funcionou assim com movimentos que pedem justiça social.
Bruno Boghossian - Sob a asa de Lula
Folha de S. Paulo
Opção por Haddad, Alckmin e Tebet concentra
no presidente eleito poder sobre políticas da área
A um ano da eleição, Lula avisou
a aliados que nomearia um político para comandar a economia caso vencesse a
disputa. O petista seguiu o plano. Escolheu Fernando
Haddad para a Fazenda e foi mais longe, com outros dois
políticos na área. Além de Geraldo
Alckmin no Desenvolvimento, a equipe ficará completa com Simone Tebet
no Planejamento.
Nomear um político para a Fazenda foi o caminho definido por Lula para obter maleabilidade na gestão da economia. A ideia era ter uma equipe que não se amarrasse a dogmas, tivesse boa interlocução com o Congresso e, principalmente, demonstrasse jogo de cintura para cumprir as determinações do chefe.
Ruy Castro - A digital na coronha do fuzil
Folha de S. Paulo
Se algo acontecer a Lula na cerimônia de
posse, sabe-se desde já o nome do mandante: Bolsonaro
Ao investigar um assassinato ou tentativa
de, as autoridades partem de perguntas básicas. Quem matou? Quem mandou matar?
Por quê? Com a ajuda de quem? Pois nunca na história deste país uma cerimônia
de posse na Presidência esteve tanto sob a ameaça
de um ato de violência quanto a de Lula neste domingo (1º). E,
se de alguma forma, isso se concretizar, nunca terá sido tão fácil achar as
respostas. Todas levam o nome de Jair Bolsonaro.
Quem matou? Se um CAC anônimo e desesperado for o autor do disparo ou da colocação da bomba, o dedo no gatilho ou na banana de dinamite será o de Bolsonaro. Quem mandou matar? Por toda a pregação terrorista que praticou do primeiro dia de mandato até seu silêncio desde que perdeu a eleição, Bolsonaro será o mandante. E, se se argumentar que ele terá apenas "inspirado" o atentado, bastará levantar sua prática de governo: Bolsonaro pôs um arsenal na mão de cada seguidor, e não para ele brincar de pistoleiro em clubes de tiro ou matar tatus no mato.
William Waack - Lula e a ‘fortuna’
O Estado de S. Paulo
Lula aposta num governo do PT, que se inicia sob severas limitações
Não é uma frente ampla o que Lula montou
para governar. É um governo do PT que já começa limitado por duas severas
restrições, ambas de amplo alcance.
A primeira é de natureza fiscal e tem como
causa principal o horizonte político muito restrito do próprio Lula. Ele se
esforçou por conseguir uma licença para gastar – seu único foco inicial – e a
obteve a custo altíssimo: o Centrão enfiou na PEC de fim de ano enorme pressão
pela subida de gastos públicos.
O preço disso, nas contas de Marcos Lisboa e Marcos Mendes, é consumir de saída a “gordura” (que nunca existiu) para investir e antecipar o dilema entre juros altos ou carga tributária mais elevada. Suspeita-se que teremos os dois.
Eugênio Bucci* - Por um ano novo de verdade
O Estado de S. Paulo
O País tem chances reais de se aprumar porque cidadãos que trabalharam para reverter a escalada do autoritarismo não vão deixar por menos
Esperança não é uma boa palavra – e talvez
não seja um bom sentimento. O educador Paulo Freire costumava dizer que
preferia o verbo “esperançar” ao substantivo “esperança”, o que tem lá sua
lógica. Verbo é ato, não mera sensação. “Esperançar” não é esperar à beira do
caminho, com resignação, mas agir para mudar o caminho: uma atividade, não uma
passividade.
No século 17, o filósofo Baruch de Spinoza já tinha alertado. Em sua Ética, a esperança aparece como contraparte do medo: uma afecção ruim que, a exemplo do medo, enfraquece o espírito. Num resumo apressado, Spinoza dizia que, assim como o medo rebaixa a disposição de agir, pois intimida e confina o sujeito, a esperança torna a ação desnecessária, pois o sujeito fica lá embriagado pela torcida um tanto supersticiosa de que tudo vai dar certo.
Marcos Azambuja* - William Shakespeare & Jair Bolsonaro
O Globo
A dor e a humilhação da derrota costumam
ser atenuadas quando se cumpre, com rigor e dignidade, a liturgia da passagem
do bastão
O silêncio de Bolsonaro nas últimas semanas
me impressiona mais que suas palavras como presidente. Daquilo que disse nessa
travessia, pouca coisa merece ser guardada e lembrada. É orador medíocre e
parece não se dar conta de que suas formulações são quase sempre uma versão
requentada do que já foi dito por outros líderes populistas com a mesma vocação
autoritária.
A decifração do atual silêncio de Bolsonaro é desafio irresistível para uma “mídia” que ele soube manipular durante seus anos no Palácio da Alvorada. Usando mais uma das técnicas copiadas do playbook de Trump, nosso já quase ex-presidente procuraria agora conservar algum espaço no grande palco da política e se fazer mais interessante em sua recente encarnação como ator trágico e enigmático.
Thiago Bronzatto - Por que o presidente eleito adiou a escalação do governo?
O Globo
O presidente eleito está de olho não só em
votos no Congresso como também na sucessão em 2026
Ao montar a sua primeira equipe ministerial
em dezembro de 2002, Luiz Inácio
Lula da Silva (PT) disse que descobriu "o que sofre um
técnico da seleção". Naquela época, o então presidente eleito encarou
durante a transição chiadeiras públicas de aliados logo após fazer as primeiras
indicações e tentou, sem sucesso, atrair o MDB. Duas décadas depois e a quatro
dias da posse, o futuro mandatário revive o dilema de escalar o seu time do
terceiro mandato. Mas por que, afinal, o petista demora tanto para
mostrar a cara do seu governo?
Tancredo Neves, que também deixou para a véspera da posse o anúncio do seu time, dizia que durante a composição da Esplanada dos ministérios é preciso "deixar as ondas baterem umas nas outras para estudar a espuma". Sabendo disso, Lula observou os movimentos — e as colisões — dos seus aliados cotados para integrar o novo governo. O petista sabe que, desta vez, está em jogo não só o sucesso biográfico da sua terceira passagem pelo poder, que depende de uma composição política, como também a sucessão presidencial em 2026.
Aylê-Salassié Filgueiras Quintão* - Passada a "transição", a democracia entra no ar...
Assim foram no passado, as nomeações meritocraticas, e terminou tudo, tudo, tudo muito mal para os transgressores, para o modelo empresarial, para os juízes e procuradores, para o Supremo Tribunal Federal..., para o Brasil, enfim. Deu origem a um retrocesso e perdas de espaços no mundo.
A Lei das Estatais 13.303/16, um dos grandes avanços da República, estabelece um período de 36 meses de quarentena para quem atuou em estrutura decisória de partido vinculado a campanha eleitoral, impedindo ainda políticos de exercerem cargos de Conselheiro de Administração e Diretorias de empresas estatais.
Denise Paiva* - Tempos de esperança e lembrança ….
É grande o otimismo com o governo Lula. Não canso de aplaudi-lo quando fala de fome e desigualdade. Sua vitória inaugura um novo tempo de afirmação dos valores universais da democracia e direitos humanos.
Fundo em minha alma saudosa e inquieta a
questão do combate à fome. Acompanhei centenas de pessoas à espera das
quentinhas distribuídas no paço da Catedral do Rio de Janeiro, bem como da
experiência das cozinhas solidárias do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto que
atua na região dos Arcos da Lapa.
Tenho a percepção que ao mesmo tempo que a miséria e a fome crescem, existe o recrudescimento das ações humanitárias de organizações da sociedade civil, de grupos informais, de voluntários trazendo à tona o valor ético da solidariedade. Valor inerente à alma da nossa brasilidade, que clama nas suas iniciativas por menor dispersão e articulação entre Estado e Sociedade. Tudo isso deve estar nas pautas indutoras do novo governo.
O que a mídia pensa - Editoriais / Opiniões
Condenados por Carandiru não têm direito a indulto
O Globo
Supremo precisa suspender decreto natalino
de Bolsonaro que beneficiou responsáveis pelo massacre em 1992
As linhas tortas do indulto de Natal
concedido na semana passada pelo presidente Jair Bolsonaro tinham direção
certa: policiais militares condenados pelo Massacre do Carandiru, matança que
chocou o país e o mundo. Em 2 de outubro de 1992, 111 presos amotinados foram
executados durante invasão da Casa de Detenção de São Paulo por forças
policiais.
Oficialmente, o decreto concede perdão a agentes de segurança pública condenados por crime culposo (sem intenção de matar), desde que tenham cumprido pelo menos um sexto da pena; a militares condenados em operações de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) e — de modo inusitado— a policiais condenados, ainda que provisoriamente, por crime praticado há mais de 30 anos que não fosse considerado hediondo à época.