terça-feira, 3 de junho de 2014

Opinião do dia: Eduardo Campos

Nosso desafio é buscar a participação do povo indignado com tanta coisa errada. Vamos ganhar as ruas, o campo, as pequenas cidades do Brasil. Vamos buscar os descrentes que querem votar em branco e nulo. Estamos vivendo o tempo de mais baixo crescimento da economia, não há desenvolvimento no Brasil real. Estão em risco as conquistas dos últimos ciclos, que fazem parte do cotidiano muito duro do brasileiro que trabalha. O brasileiro não tem uma vida fácil e tranquila.

Eduardo Campos, ex-governador de Pernambuco e presidente nacional do PSB, no Seminário Temático em Goiânia

Com consumo em queda, indústria dá férias coletivas

• Férias coletivas chegam às fábricas de eletrodomésticos e eletrônicos

• Após montadoras, setor é afetado pelo desaquecimento da economia

• Estoques altos e feriados da Copa do Mundo afetam empresas de diferentes setores

Lino Rodrigues / Ronaldo D’Ercole – O Globo

SÃO PAULO - O ritmo morno da economia levou indústrias de diferentes áreas, especialmente dos setores de eletrodomésticos e de motocicletas, a dar férias coletivas aos empregados a partir deste mês. Além disso, os feriados previstos para a Copa também têm efeito na indústria. Desde segunda-feira, a Electrolux colocou em férias coletivas cerca de 4.600 dos 8.600 funcionários de suas três fábricas no país — localizadas em Curitiba, São Carlos (SP) e Manaus. As paralisações vão variar de 10 a 30 dias. De acordo com a empresa, a decisão de reduzir a produção se deve à “economia desacelerada e à Copa do Mundo”. A Whirlpool, dona das marcas Consul e Brastemp, também colocou funcionários em férias coletivas, como informou Míriam Leitão, na edição de sábado do GLOBO.

Levantamento junto a 550 empresas do setor feito pela Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee) constatou que 58% delas preveem perdas na produção por causa dos horários diferenciados dos jogos da Copa. E que um terço delas programou “jornada especial” para os dias das partidas a fim de “amenizar as perdas”.

Na Whirlpool, todo o pessoal do setor administrativo das quatro fábricas da empresa no país — localizadas em Manaus, Joinville, Rio Claro e São Paulo — ficará parado entre os dias 12 e 25 deste mês. Na fábrica da Whirlpool da Zona Franca de Manaus, as férias coletivas, que sazonalmente ocorrem em julho, foram antecipadas para o dia 9, com volta prevista só para 8 julho. Em Rio Claro, a parada vai de de 16 a 25, e em Joinville, de 12 a 25. Ao todo, um terço dos cerca de cinco mil empregados da empresa terá férias neste mês.

Nas montadoras, 20 mil afetados
As paralisações na produção de eletrodomésticos ocorrem menos de dois meses depois de as principais montadoras do país darem um freio de arrumação para ajustar a produção ao ritmo fraco das vendas. O desempenho do setor foi afetado pelo desaquecimento do mercado interno e pelos problemas econômicos da Argentina, o principal destino das exportações brasileiras de veículos.

Com estoques em alta, as empresas passaram a alternar medidas para adequar a produção: antecipação de férias coletivas, suspensão temporária de contratos de trabalho (o chamado lay off) e antecipação de folgas foram medidas adotadas para evitar demissões. Ao todo, mais de 20 mil trabalhadores foram afetados.

O resultado do Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de bens e serviços produzidos no país) no primeiro trimestre mostrou forte acúmulo de estoques, com impacto de 1,1 ponto percentual na taxa de crescimento da economia, que foi de 0,2%. Ou seja, se não fosse o acúmulo de estoques, o PIB teria recuado 0,9%.

Lourival Kiçula, presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros), informa que, com exceção dos televisores (aparelhos da chamada linha marrom), cujas vendas nos primeiros cinco meses do ano superavam em 45% as do mesmo período de 2013, o setor vive um momento de vendas mais lentas.

— As famílias só têm um dinheiro e optam por comprar uma TV nova. A Copa, naturalmente, tira atração dos outros itens, como fogões, geladeiras e lavadoras de roupas — disse Kiçula.

Na LG, que também produz televisores, não haverá expediente entre os dias 12 e 15 nas áreas administrativas. E nos outros dias de jogos do Brasil o pessoal do turno da manhã sai uma hora e meia mais cedo, enquanto os trabalhadores da tarde entram uma hora e meia mais tarde.

Em Manaus, o Centro das Indústrias do Estado do Amazonas (Cieam) confirmou que boa parte das grandes fabricantes de eletroeletrônicos (Semp Toshiba, Panasonic, Samsung, Sony) e de motocicletas (Honda e Yamaha) está antecipando o início das férias coletivas para junho.

— Certamente, alguns segmentos esperavam vendas melhores nos últimos meses. Não foi uma calamidade, mas muitas empresas não atingiram as metas de vendas esperadas — disse Ronaldo Motta, diretor-executivo do Cieam, lembrando que as empresas também estão aproveitando a alta dos estoques para liberar os funcionários na Copa.

Aposta em recuperação após Copa
Para Valdemir Santana, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do Amazonas (Sindimetal), as paralisações no segmento de eletroeletrônicos foram uma surpresa, diferente do que acontece com as motos, cujo mercado já não vai bem há algum tempo. Ele calcula que entre 30% e 40% dos trabalhadores nas principais fabricantes vão ficar em casa durante os primeiros dez dias da Copa:

— No total, serão cerca de 25 mil trabalhadores que ficarão em casa por 10 dias a partir da semana que vem.

Segundo o sindicalista, até os fabricantes de televisores estariam com problemas de estoque excessivo, já que a produção foi acelerada a partir de dezembro, quando as empresas reduziram a tradicional folga de fim de ano em 10 dias.

— As empresas produziram muita TV, e os boatos de que a Copa seria ruim acabaram prejudicando as vendas.

Kiçula, da Eletros, informou que a expectativa dos fabricantes de televisores é superar as 16 milhões de unidades vendidas este ano, mais de 10% mais que os 14,6 milhões de 2013. As TVs de tela grande e as novas tecnologias, como as Smart TVs com Wi-Fi integrado são o chamariz. No Extra, do grupo Pão de Açúcar, por exemplo, no primeiro bimestre o volume de vendas desses aparelhos com mais tecnologia cresceu 150% em relação ao mesmo período de 2013.

A Eletros não dispõe de dados sobre as vendas da linha branca ( geladeiras, e máquinas de lavar), mas aposta numa recuperação após a Copa, a partir de agosto até o fim do ano, impulsionada por itens que continuam com as alíquotas do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) menores do que tinham no início de 2013.

— Claro que, quando foi anunciado o corte do IPI, muitas vendas foram antecipadas. Mas a expectativa é que as vendas da linha branca cresçam de 3% a 5% este ano, em volume — disse Kiçula.

Dilma oferece militares nas ruas para vigiar cidades-sede

• Governo muda estratégia e escala Exército para aumentar sensação de segurança

• São Paulo fecha acordo e terá reforço de 4.500 homens; tendência é as demais cidades da Copa aceitarem ajuda militar

Marco Antônio Martins, André Monteiro – Folha de S. Paulo

SÃO PAULO, RIO - O governo Dilma Rousseff ofereceu homens do Exército para atuar nas ruas e ajudar no patrulhamento das 12 cidades-sede da Copa.

A capital paulista, onde será realizada a abertura do evento, no próximo dia 12, já aceitou a oferta. Serão 4.000 homens, que também irão atuar nas cidades do interior que vão abrigar seleções.

O Rio ainda não aceitou, mas o tema está sendo discutido pela cúpula da Segurança e a tendência é que o reforço seja confirmado.

As Forças Armadas acreditam que os outros Estados também aceitarão a ajuda. Analistas entendem que nenhum deles irá recusar e correr o risco de ser responsabilizado por algum problema que venha a acontecer.

Dilma destacou o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, e o chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, o general José Carlos De Nardi, para percorrer as outras cidades e apresentar a proposta.

O plano é diferente da ideia inicial, em que a presença militar seria restrita à segurança de estruturas estratégicas.

Agora, os militares estarão espalhados em pontes, viadutos e vias de acesso às cidades-sede. As tropas também ficarão ao longo de rotas e ao redor de hotéis usados por autoridades e chefes de Estado, em aeroportos e outros pontos estratégicos.

Os militares, porém, não irão trabalhar diretamente no combate ao crime ou nas manifestações --sua presença nas ruas será para aumentar a sensação de segurança.

As tropas federais ficarão subordinadas aos centros de comando regionais da Copa, coordenados pelos secretários estaduais de Segurança, mas que contam com representantes da PF e Exército.

O governo usará os 21 mil militares que, inicialmente, ficariam aquartelados como equipe de contingência para atuar durante o Mundial.

Eles repetirão em escala nacional o plano das Forças Armadas desenvolvido na segurança de chefes de Estado, durante a Rio+20, em 2012.

Na ocasião, os militares foram vistos de prontidão por toda a cidade do Rio. Não serão usados tanques nas ruas.

Nesta segunda (2), o secretário da Segurança de São Paulo, Fernando Grella, reuniu-se com Cardozo e De Nardi para acertar detalhes. O acordo foi noticiado pelo jornal "O Estado de S. Paulo".

"Que fique claro: o Exército não vai ter atuação operacional, é simplesmente presença ostensiva para mostrar, estar presente, apoiando as atividades que continuarão sendo da PM", disse Grella.

Ele também afirmou que os militares não irão atuar em manifestações e que eventual ação "depende de pedido do governador".

O general De Nardi disse se tratar de ação preventiva, mas que, "no caso de eles serem atacados, irão se defender".

Desde março, Dilma já discutia com assessores a possibilidade de que os militares tivessem maior atuação na Copa, mas a ideia vinha desagradando a alguns setores.

A possibilidade de greves de policiais em alguns Estados e o temor de delegações estrangeiras no quesito segurança levaram a presidente a levar o plano adiante

Trunfos de Dilma em 2010 viram revezes

Fernando Exman e Andrea Jubé – Valor Econômico

BRASÍLIA - A cerca de quatro meses da eleição de outubro, a presidente Dilma Rousseff mantém a dianteira nas pesquisas de intenção de voto e caminha para ter um tempo de propaganda de rádio e TV muito superior ao dos seus adversários. Mas, para desassossego de alguns integrantes do comitê da campanha governista e proveito de aliados que buscam argumentos para pressionar o PT a fechar alianças que contrariam a sigla, Dilma enfrenta problemas nos Estados que mais lhe garantiram vantagem na disputa de 2010. Dirigentes petistas relativizam esses números, e ponderam que a conjuntura eleitoral é favorável à presidente.

Na última eleição, Dilma pavimentou sua vitória contra José Serra (PSDB) na Bahia, Pernambuco, Ceará, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Maranhão. Esses Estados garantiram a Dilma 12,6 milhões de votos a mais que o tucano no segundo turno. Na Bahia, por exemplo, a então candidata petista obteve a maior diferença no segundo turno contra o adversário tucano: 2,79 milhões de votos.

Hoje, contudo, esses são justamente os locais onde a presidente e o PT se deparam com as maiores dificuldades na acomodação de interesses dos aliados ou defendem governos estaduais reprovados pela maioria da população. No primeiro caso, Rio de Janeiro e Ceará são exemplos notórios. No segundo grupo, a Bahia, onde o governador Jaques Wagner apresenta baixos índices de aprovação.

São esses números de um cenário adverso que têm sido apresentados a Dilma em conversas reservadas com aliados nas últimas semanas. Assim, sob o argumento de que o resultado expressivo de 2010 tende a não se repetir em outubro, o PMDB pressionou, por exemplo, o PT a apoiar a candidatura de Renan Filho em Alagoas, enquanto os petistas preferiam Renan Calheiros "pai" ou, então, Benedito de Lira, do PP, que acabou fechando com Eduardo Campos.

Da mesma forma, o PMDB elevou a pressão para que o PT não se aliasse a Flávio Dino (PCdoB) no Maranhão, e para que os petistas da Paraíba confirmassem o apoio para o governo estadual a Veneziano do Rêgo, irmão do senador Vital do Rêgo. Na Paraíba, o PP do ex-ministro das Cidades Aguinaldo Ribeiro também pleiteava o apoio de Dilma ao governo estadual. Por fim, com base nesses números, o PMDB pressiona pelo apoio do PT ao senador Eunício Oliveira no Ceará, enquanto os petistas preferem marchar com o candidato do governador Cid Gomes (Pros), ainda indefinido.

Mas o vice-presidente do PT, deputado José Guimarães (CE), contesta essa adversidade eleitoral apontada por pemedebistas. Ele argumenta que Dilma deve ter a maior coligação na disputa presidencial desde a redemocratização. Além disso, o fato de o PT contar com candidatos competitivos em parcela relevante dos principais centros urbanos do país - em alguns pela primeira vez na história - compensa essa suposta fragilidade nesses Estados. Guimarães cita como exemplo as candidaturas no Rio Grande do Sul, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Bahia. "O quadro esboçado até agora é amplamente favorável à presidente Dilma. Qualquer análise fora disso não condiz com os fatos", sublinha.

Em 2010, quando obteve ampla vantagem de votos sobre Serra na Bahia, Dilma aproveitou-se da força do governo local, comandado pelo petista Jaques Wagner, que tentava se reeleger. Neste ano, porém, ela pode ser prejudicada pelos baixos índices de aprovação do governador. Não bastasse, a oposição e o PMDB local estão unidos ao prefeito de Salvador, Antonio Carlos Magalhães Neto (DEM), cuja gestão é bem vista pela população.

Pré-candidato a vice na chapa que será encabeçada pelo petista Rui Costa, o deputado federal João Leão (PP-BA) minimiza a ascensão de ACM Neto e o rompimento com o PMDB do ex-ministro da Integração Nacional Geddel Vieira Lima. Para Leão, a liderança de ACM Neto é limitada. Ele pondera que o prefeito capitalizou simpatia em cima de obras que, na verdade, seriam do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) da Mobilidade Urbana. E ressalta que, embora nesta eleição o PMDB e o PSB do presidenciável Eduardo Campos estejam em times adversários, outros partidos aderiram à chapa encabeçada pelo PT, como o PSD do vice-governador Otto Alencar - pré-candidato ao Senado - e a sua própria sigla, o PP.

Leão acrescenta que a coligação de apoio a Jaques Wagner arregimenta mais de 70% dos prefeitos baianos e tem votos até no PMDB, que oficialmente migrou para a oposição no Estado. Segundo o pré-candidato a vice governador, para evitar que a oposição se beneficie das obras federais, o governo intensificou a veiculação de propagandas para mostrar as realizações do governo estadual com o governo Dilma, como reformas na principal avenida de Salvador, a Avenida Paralela. Ele diz apostar no início oficial da campanha, quando Dilma, Lula e Wagner subirem juntos no palanque para pedir votos para a chapa governista.

Pernambuco e Minas Gerais são outros Estados onde Dilma corre o risco de não repetir o seu desempenho de 2010, quando obteve um saldo de 2,34 milhões e 1,79 milhão de votos, respectivamente, em relação a José Serra. Agora, as duas unidades da federação são redutos eleitorais dos principais adversários da petista: Eduardo Campos (PSB) e Aécio Neves (PSDB).

Pré-candidato ao Senado, o deputado João Paulo Lima (PT-PE) diz que, embora Eduardo Campos jogue nestas eleições em casa e contra Dilma, o PT avalia que a presidente tem condições de vencê-lo no Estado. Lima cita sondagens internas do partido em que Dilma aparece na dianteira, embora Campos tenha deixado o governo local como um dos governadores mais bem avaliados do país. "Nem o ex-presidente Lula nem a militância em peso do PT" entraram pra valer na campanha, ressalta o deputado, também argumentando que o antigo aliado beneficiou-se de obras feitas pelo governo federal no Estado e a partir de agora a campanha governista se esforçará para demonstrar a origem dos investimentos. "Temos um potencial amplo de crescimento."

Em Minas, onde o senador Aécio Neves é favorito, Dilma conta com o apoio do PMDB e a candidatura do ex-ministro do Desenvolvimento Fernando Pimentel. O mesmo não ocorre no Rio e no Ceará, onde a presidente enfrenta dificuldades na articulação com o seu principal aliado no plano nacional. No primeiro caso, embora o governador Luiz Fernando Pezão tenha garantido que pedirá votos para Dilma, a direção do PMDB fluminense se aliará ao pré-candidato tucano. Lá, Dilma registrou uma vantagem de 1,71 milhão contra o candidato do PSDB na última eleição. Já no Ceará, PT, PMDB e o grupo político do governador Cid Gomes (Pros) podem marchar divididos, se Gomes não ceder e apoiar o pemedebista.

Outro Estado que garantiu margem confortável de votos para Dilma em 2010 foi o Maranhão, onde a petista ficou 1,69 milhão de votos à frente de José Serra. Nesta eleição, a presidente deve ficar novamente ao lado da candidatura da família Sarney, que hoje amarga maiores índices de rejeição. Ironicamente, a oposição estará no palanque de Flávio Dino, cujo partido é um aliado histórico do PT.

Aécio afirma ser candidato da 'confiança'

• Para pré-candidato tucano, vitória pode ter 'efeito inverso' ao de 2002, quando Lula assustava mercado e precisou fazer carta aos brasileiros

Pedro Venceslau - O Estado de S. Paulo

SÃO PAULO - O senador Aécio Neves, pré-candidato do PSDB à Presidência da República, afirmou nesta segunda-feira, 2, que sua vitória na eleição de outubro vai significar o resgate da confiança na economia e a criação de um ambiente propício às reformas tributária e política. “Expectativa é um componente importante. Tenho expectativa de que poderemos ter um efeito inverso ao ocorrido em 2002 (na eleição do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva), quando era uma imprevisibilidade e ele foi obrigado a fazer uma carta aos brasileiros”, afirmou.

A uma plateia formada por cerca de 300 empresários de vários setores que participaram de um debate promovido pelo Estado e a agência Corpora Reputação Corporativa, o senador ironizou a afirmação da presidente Dilma Rousseff feita a empresários de que em novembro as coisas vão melhorar. “Mas, para melhorar, é preciso um detalhe: ela perder as eleições e nós vencermos.”

O tucano voltou a defender a reforma política e disse que, se eleito, pretende usar seu capital político para adotar uma agenda de reformas que reduza o número de partidos - para oito-, que propicie o voto distrital misto, que acabe com o direito à reeleição e estabeleça um mandato de cinco anos para todos os cargos eletivos.

Segundo Aécio, uma vitória do PSDB pode “melhorar o clima de confiança” e dar segurança jurídica” para as reformas.

Preços dos combustíveis. Durante o evento, o senador mineiro foi questionado por representantes do setor sucroalcooleiro sobre quando ele reajustará, caso eleito, o preço da gasolina, que foi represado pelo governo para evitar o aumento da inflação. “Eu vou dizer uma palavra que eu acho que resume aquilo que nós vamos fazer: previsibilidade. Regras claras”, afirmou.

O tucano disse ainda que seria “irresponsável” antecipar qualquer anúncio sobre o aumento do preço do combustível sem efetivamente estar no governo. “Eu não posso anunciar nada sobre isso sem saber efetivamente os números do governo e da própria Petrobrás”, afirmou o pré-candidato.

Agronegócio. Depois de ouvir o presidente da Sociedade Rural Brasileira (SRB), Gustavo Lins Junqueira, defender a unificação em um mesmo ministério as pasta da Agricultura, Meio Ambiente e Desenvolvimento Agrário, o senador tucano evitou se comprometer com a proposta, mas criticou a utilização do Ministério da Agricultura como moeda de troca política. A pasta é atualmente comandada pelo PMDB, que apoia a reeleição da presidente Dilma Rousseff.

De acordo com Aécio, nos últimos anos a troca de cargos dentro da pasta tem sido feita mais como manobra política do que para a entrada de técnicos e especialistas do segmento. “É comum ver indicações que são feitas sem qualquer sintonia com o setor”, declarou.

O pré-candidato ao Palácio do Planalto comentou que, na Agrishow deste ano, tradicional feira do setor agropecuário realizada em Ribeirão Preto, interior de São Paulo, encontrou-se com técnicos da Embrapa que pediram o “salvamento” da empresa de pesquisa do agronegócio nacional.

Segurança pública. Quando o debate entrou no tema da segurança, o senador afirmou que há hoje uma “omissão criminosa” na política do setor. Segundo ele, do total de recursos que são investidos em segurança, 87% vêm dos Estados. “Só 13% vêm do governo federal, que apropria de 60% dos impostos arrecadados no País”, disse.

Aécio defendeu que a política de segurança seja passada para a responsabilidade dos Estados. Ele criticou o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, que disse que as cadeias no Brasil são masmorras medievais. “Ele está à frente do ministério há três anos e só aplicou 10,5% de todo o recurso contingenciado para a segurança”, afirmou o pré-candidato tucano.

Regulação da mídia. O senador criticou a proposta defendida pelo PT de revisar a legislação que trata da regulamentação da mídia no Brasil. “A democracia é um patrimônio que não temos o direito de permitir que seja ameaçado. A liberdade de imprensa é vital em qualquer sociedade democrática.”
O tucano alertou que isso poderá ocorrer em outras áreas e ficar ainda mais grave se o atual grupo político (de Dilma) vencer essas eleições, em razão do que classificou de “ausência de limites do atual governo”.

Ele citou que negociações políticas sempre ocorreram no Brasil, mas “hoje isso é vergonhoso, pois um partido que dá cinco segundos (no horário de TV) para a presidente da República recebe uma diretoria de banco ou uma diretoria da Caixa e por aí vai”.

Aparelhamento. O senador tucano aproveitou o evento desta segunda para retomar uma de suas críticas mais recorrentes ao governo do PT - o “aparelhamento” do Estado.
Essa prática, segundo o pré-candidato tucano à Presidência, alcançou instituições como Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). As críticas se estenderam ao Itamaraty, que, no seu entender, vive atualmente um alinhamento ideológico anacrônico.

O tucano insinuou, ainda, que uma eventual reeleição da presidente Dilma Rousseff poderia comprometer a independência do Supremo Tribunal Federal. “Depois da saída precoce do ministro Joaquim Barbosa (que anunciou sua aposentadoria do Supremo Tribunal Federal na semana passada), no próximo governo serão abertas cinco novas vagas na Corte. Eu não preciso falar mais nada.”

Alckmin prestes a fechar apoio do PSD e PSB; Kassab é o vitorioso

• O ex-prefeito Gilberto Kassab (PSD) e o governador Geraldo Alckmin (PSDB) estão a um passo de anunciar a aliança para a reeleição do tucano em outubro. Kassab deve ser vice de Alckmin e já mira o Palácio dos Bandeirantes em 2018. O anúncio, porém, ainda depende da chancela do PSB paulista, que pleiteia a vaga [...]

Julia Duailibi – O Estado de S. Paulo

O ex-prefeito Gilberto Kassab (PSD) e o governador Geraldo Alckmin (PSDB) estão a um passo de anunciar a aliança para a reeleição do tucano em outubro. Kassab deve ser vice de Alckmin e já mira o Palácio dos Bandeirantes em 2018. O anúncio, porém, ainda depende da chancela do PSB paulista, que pleiteia a vaga e que terá uma reunião na sexta-feira para definir se aceita a coligação com os tucanos.

A expectativa no Palácio dos Bandeirantes é a de que o partido de Eduardo Campos aceite a fechar a aliança, mas que jogue a definição sobre o cargo que ocupará na chapa para o dia 21 de junho, data da convenção estadual do partido. O PSB paulista, comandado pelo deputado Marcio França, prefere a vice, mas o mais provável é que fique com a vaga para o Senado.

Os tucanos avaliam que, com o acerto, vão asfixiar a candidatura de Paulo Skaf (PMDB), maior temor entre os aliados de Alckmin. Para eles, o adversário preferencial no segundo turno é o PT, de Alexandre Padilha. Apostam que a rejeição ao PT no Estado inviabiliza a vitória do ex-ministro da Saúde.

Vitória - O maior vitorioso dessa costura é Kassab, que quer ser governador e sabe que a melhor forma de chegar à cadeira é usando o atalho de vice. Em 2018, Alckmin renunciaria para se candidatar à Presidência, e Kassab se tornaria governador, disputando a reeleição daquele ano com o apoio do PSDB – os tucanos dizem que não há nenhuma negociação desse tipo em jogo, mas os aliados de Kassab já falam, sim, em “retribuição” do PSDB em 2018.

Para quem não lembra, foi a mesma estratégia usada em 2004, quando Kassab moveu mundos e fundos para se tornar candidato a vice-prefeito de José Serra (PSDB). Assim como Alckmin hoje, Serra também não morria de amores por Kassab. Ameaçou até não se candidatar, caso tivesse que ceder a vice para o então presidente estadual do PFL.

O ex-prefeito é hábil nas articulações políticas. Se movimenta nos bastidores de maneira que se torna quase indispensável. Criou um partido com uma bancada que lhe dá tempo de TV, um ativo cobiçado por quem vai disputar uma candidatura majoritária. Na eleição deste ano, seus minutos na TV passaram a valer ainda mais para os tucanos, quando surgiram os boatos de que Kassab se tornaria aliado dos adversários de Alckmin. Kassab foi o beneficiário direto desses vazamentos seletivos.

Kassab sempre quis ser candidato a vice, de preferência na chapa do PSDB – Alckmin aparece como favorito na disputa eleitoral deste ano. Texto publicado noEstado em 2013 já falava das reais pretensões do ex-prefeito. Ele se lançou pré-candidato ao governo do Estado, se valorizou na disputa, mas, como era esperado, desistiu. Em 2004, o roteiro foi parecido. Disse “um dia quero ser vice”, mas afirmou que aquele ainda não era o momento de ocupar o cargo. Três dias depois estava ele anunciando a participação na chapa de Serra.

Alckmin e Kassab já falaram coisas impublicáveis um sobre o outro. O primeiro enfrentamento dos dois foi em 2008, quando Kassab, prefeito, era candidato à reeleição com o apoio dos tucanos serristas. O distanciamento se aprofundou em 2011, quando Kassab criou o seu PSD e levou aliados de Alckmin para a sigla. O governador viu na ação uma tentativa de enfraquecê-lo politicamente no Estado e retaliou Kassab, demitindo o vice-governador Guilherme Afif Domingos da Secretaria de Desenvolvimento Econômico – Afif e Kassab são amigos e parceiros políticos.

Mas como os profissionais não agem com o fígado, a aliança entre Alckmin e Kassab está para sair do forno. Mesmo assim um tradicional aliado do ex-prefeito vê com ressalvas a parceria. “Essa aliança é o triunfo da esperança sobre a experiência. Será o terceiro casamento entre Alckmin e Kassab. Os dois anteriores não deram certo”, disse.

Os “dois casamentos anteriores” terminaram em litígio. Além de Afif, vice de Alckmin em 2010, Cláudio Lembo, que foi vice de Alckmin em 2002 por indicação de Kassab, é rompido com o governador até hoje.

PS: Com a cadeira do Senado com o PSB, o ex-governador José Serra deve disputar mesmo uma vaga na Câmara dos Deputados.

Para Aécio, PT quer censura com regulação dos meios de comunição

• O programa promete ainda "tolerância zero" contra a inflação

• "Precisamos restabelecer um ambiente de serenidade e tranquilidade para que os investimentos voltem ao Brasil e nós possamos voltar a crescer", Aécio Neves (PSDB), senador e candidato à Presidência da República

Alessandra Mello – Correio Braziliense

O pré-candidato do PSDB à Presidência da República, senador Aécio Neves, classificou de censura a regulação dos meios de comunicação. O discurso do candidato é uma crítica direta ao PT, que, no fim de maio, incluiu o tema em seu programa de governo. A proposta já havia sido defendida pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante encontro nacional do partido.

“O controle dos meios de comunicação é censura. Liberdade de imprensa é o maior valor numa sociedade democrática”, disse Aécio ontem, em encontro com empresários. Ele afirmou ainda que a agenda, “antes tratada” nos bastidores pelos petistas, agora é defendida abertamente pelos principais líderes do partido. “Eles não estão tendo mais nenhum constrangimento de colocar essa agenda, e esse é um patrimônio que não temos sequer o direito de deixar ser ameaçado”, concluiu.

O senador mineiro também prometeu criar uma secretaria para “simplificar a questão tributária” caso seja eleito presidente em outubro. E “tolerância zero” para a inflação. Para ele, falta previsibilidade no Brasil. “As regras têm que ser claras, transparentes, e é isso que ajuda a criar um clima de estabilidade na economia, de serenidade, favorável, inclusive, à retomada de investimento.”

Ele ainda criticou o que chamou de “intervencionismo exagerado” e “quebra de regras e de contratos”. Segundo ele, falta vontade política do governo do PT para enfrentar questões essenciais. Na sua opinião, “o Brasil tem jeito, sim. “O problema é o governo.”

Aécio diz que Dilma faz Pimentel cair

André Guilherme Vieira – Valor Econômico

SÃO PAULO - O pré-candidato tucano à Presidência da República, senador Aécio Neves, disse ontem que as visitas da presidente Dilma Rousseff a Minas Gerais têm provocado a queda do candidato petista ao governo mineiro, Fernando Pimentel: "A Dilma cada vez que ela vai a Minas, o Pimentel cai cinco pontos nas pesquisas. Veja as de hoje. Ela tem de continuar nos visitando", disse Aécio ao chegar ao evento Top Etanol, em São Paulo, que também contou com a presença de seu adversário na corrida presidencial, o ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos (PSB).

Pesquisa encomendada à CP2 Consultoria e divulgada pelo jornal "O Tempo" mostra Pimentel com 30,6% das preferências, contra 19,4% do ex-ministro Pimenta da Veiga (PSDB). A margem de erro da pesquisa é de 1,98%. O levantamento ouviu 2.062 pessoas entre os dias 23 e 27 de maio

Em sua palestra a empresários do setor sucroalcooleiro, o tucano voltou a ironizar a adversária ao afirmar que concordava com Dilma: "Em novembro as coisas vão melhorar. Mas para isso é preciso que ela perca a eleição." Foi aplaudido pela plateia de cerca de 200 pessoas.

Campos, em seu discurso, disse que é preciso alterar o critério de tributação para o setor sucroalcooleiro: "É preciso deixar claro o diferencial entre o que é combustível fóssil e o que é renovável. É o que se espera no mundo inteiro. E vamos fazer isso sem aumento de carga tributária", afirmou.

Indagado sobre qual será a decisão do PSB para a eleição a governador em São Paulo, Campos deu menos peso ao apoio à reeleição de Geraldo Alckmin: "O que a direção nacional sempre desejou foi pela candidatura própria aqui".

Pela manhã, seu futuro oponente Aécio Neves atacou uma das propostas tratadas como prioridade pelo PT: a regulamentação da mídia. "Vamos usar o termo correto: controle social da mídia é censura", afirmou o senador, durante evento promovido pelo jornal "O Estado de S. Paulo" e a Corpora. Aécio usou o tema para insinuar ainda que a reeleição da presidente Dilma Rousseff (PT) pode comprometer a independência do Supremo Tribunal Federal (STF).

"Depois da saída precoce do ministro Joaquim Barbosa, no próximo governo serão cinco novas vagas abertas no STF. Não preciso falar mais nada", disse. Questionado sobre quando faria o reajuste do preço da gasolina em sua eventual eleição, tergiversou: "Não posso falar sobre isso sem estar no governo e conhecer os números". (Com agências noticiosas)

Estratégia de Campos para o Rio irrita Sirkis e abre crise no PSB

• Deputado chama de bizarra a tentativa de herdar votos de Marina no Estado

Alexandre Rodrigues e Cássio Bruno – O Globo

RIO — Pré-candidato do PSB à Presidência, o ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos desembarca hoje no Rio no meio de uma crise na construção do palanque estadual, com o deputado federal Miro Teixeira (PROS) candidato ao Palácio Guanabara. O deputado federal Alfredo Sirkis (PSB-RJ), que já foi um dos principais articuladores da ex-senadora Marina Silva, vice na chapa de Campos, disparou ontem uma série de críticas à condução da pré-campanha de Campos no Rio. Para ele, Campos é negligente e conduz no Rio uma estratégia bizarra.

Segundo Sirkis, Campos não dá a atenção necessária ao Rio, apesar de, nas eleições de 2010, Marina ter ficado em segundo lugar no estado, com 2,6 milhões de votos. A então candidata do PT, Dilma Roussef, teve 3,7 milhões; José Serra, do PSDB, conquistou 1,9 milhão.

— O Rio é um estado chave. A Marina teve grande votação. Mas isso não é automaticamente transferível. Ele (Campos) está sendo negligente — disparou o deputado, ex-PV, que disse ter sido obrigado a “congelar” sua pré-candidatura ao governo fluminense por pressão do ex-governador e da própria Marina.

‘Tarde demais para outra alternativa’
Para ele, foi um erro dos dois apoiar a pré-candidatura de Miro:

— Não vejo a pré-campanha do Miro se desenvolvendo. Mas, agora, ficou tarde demais para tentar uma outra alternativa de palanque. É uma situação bizarra.

Em 2010, Marina teve como interlocutor da campanha presidencial no Rio o ex-deputado federal Fernando Gabeira. Para as eleições deste ano, esse papel caberia a Sirkis. No entanto, a relação entre ele e Marina não é a mesma desde que eles discordaram sobre as opções da senadora, após o fracasso do registro da Rede como partido, ano passado. Sirkis não fala sobre isso, mas se queixa do descaso de Campos:

— Desde quando eu me filiei ao PSB, nunca tivemos uma conversa.

O deputado federal Glauber Braga (PSB-RJ), um dos coordenadores da campanha de Campos no Rio, não quis polemizar:

— Campos vai intensificar a pré-campanha no Rio porque o estado tem a vocação para o novo e o Sirkis, na hora certa, terá um papel fundamental.

A aliança do PSB com Miro é baseada na relação pessoal dele com Marina. Eles se aproximaram na coleta de assinaturas para a Rede. Miro pretendia aderir à Rede, mas acabou no PROS. Ontem, ele evitou um embate com Sirkis:

— Essa é uma discussão do PSB, cuja executiva regional deliberou (apoio ao PROS). Acho o Sirkis uma boa pessoa.

Campos e Marina visitam hoje à tarde o projeto do AfroReggae, em Vigário Geral, na Zona Norte. À noite, jantam com artistas no Jockey Club Brasileiro. O deputado federal Romário, pré-candidato do PSB ao Senado, e Miro não comparecerão por causa das sessões do Congresso em Brasília.

A viagem de Campos ao Rio é uma tentativa de resposta ao movimento “Aezão”, dissidência de políticos (de PMDB, PSD, PP, PSL, PEN e Solidariedade) que anunciará quinta-feira apoio ao pré-candidato do PSDB à Presidência, senador Aécio Neves (MG). O grupo vai se reunir num restaurante na Barra da Tijuca,

— O “Aezão” é a representação clássica do que há de velho na política. Trata-se de um apoio daquilo que estamos buscando quebrar: aliança com o PMDB, que atrasou o Rio e o Brasil — disse Glauber Braga.

No Rio, Marina foi a segunda colocada em 2010
As últimas quatro eleições mostram que nenhum estado reúne tantos eleitores interessados na chamada terceira via como o Rio de Janeiro, terceiro colégio eleitoral do país. PT e PSDB, que rivalizam na cena nacional, são fracos no Rio.

Se dependesse do Rio, Marina teria ido ao segundo turno contra Dilma em 2010. Além do segundo lugar na capital, com os mesmos 32% que obteve no estado, ela venceu em colégios eleitorais importantes do interior e da Região Metropolitana, como Volta Redonda e Niterói.

No pleito presidencial de 2006, outra dissidente do PT, a ex-senadora Heloísa Helena (PSOL), experimentou no Rio uma votação bem mais expressiva do que em outros estados: ela conquistou pouco mais de 20% do eleitorado da capital fluminense, quase o triplo dos 7% que obteve no resultado nacional.

Em 2008, nas eleições municipais da capital fluminense, Gabeira teve mais de um quarto do eleitorado e perdeu a prefeitura para Eduardo Paes (PMDB) no segundo turno por apenas 2% dos votos. Em 2012, Marcelo Freixo (PSOL) perdeu no primeiro turno para Paes, candidato à reeleição, mas conquistou 28% dos votos. Nada mau para quem não tinha estrutura ou alianças.

Romário deve ser o principal cabo eleitoral
Os candidatos de terceira via costumam ter seus votos concentrados em áreas de classe média, como a Zona Sul do Rio. Uma análise do mapa eleitoral de Marina em 2010, feita por pesquisadores da PUC-Rio, mostrou que ela foi bem votada tanto em bairros de classe média como nas áreas mais populares. É uma votação bem mais distribuída pela cidade do que a de Gabeira, em 2008, concentrada nas áreas mais nobres.

Apesar de Campos precisar se tornar conhecido na Região Sudeste, ainda não priorizou o Rio. O problema da estratégia de Campos no Rio é ter pouco em comum com a campanha de Marina em 2010. Em maio, o deputado federal Romário (PSB-RJ) anunciou sua candidatura ao Senado na chapa de Miro, revelando uma conversa com Campos. O ex-jogador de futebol deverá ser o principal cabo eleitoral de Campos no Rio, já que Miro, ex-PDT, provavelmente terá seu partido coligado nacionalmente com o PT de Dilma Rousseff.

Aécio diz que diferença entre ele e Campos é nunca ter apoiado o governo PT


  •  Em entrevista ao programa “Roda Viva”, pré-candidato tucano disse que primeiras medidas no governo seriam a redução dos ministérios e secretaria para simplificar sistema tributário

Juliana Granjeia – O Globo

SÃO PAULO — O pré-candidato do PSDB à Presidência, senador Aécio Neves (PSDB-MG), afirmou que a diferença entre ele e o ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos (PSB) é que ele nunca participou de um governo do PT.

Em entrevista ao programa "Roda Viva", na TV Cultura, o tucano disse que não vai mudar suas estratégias de acordo com pesquisas eleitorais. Com as disputas por palanques estaduais acirradas, o pacto de não agressão entre Aécio e Campos ficou fragilizado.

- Eu não vou mudar minha estratégia em função de uma outra pesquisa de opinião - afirmou o senador referindo-se implicitamente ao pernambucano que já fez parte da base da presidente Dilma Rousseff.

- O grande desafio da oposição é apresentar uma mudança (...) O governo é tão ruim que até o PT quer mudar - afirmou o senador em uma referência indireta ao movimento "Volta, Lula".

O senador tucano voltou a afirmar que as duas primeiras medidas em seu eventual governo seria o corte de metade dos atuais 39 ministérios e criar uma secretaria extraordinária para simplificar o sistema tributário e avançar em três pontos da reforma política: o retorno da cláusula de desempenho, para reduzir o número de partidos, o voto distrital misto e o fim da reeleição.

No programa, Aécio reafirmou sua posição contra a descriminalização da maconha.

- Não acho que o Brasil deva ser laboratório para descriminalização de qualquer droga, vamos observar o que está acontecendo no mundo. O que precisa é ter uma política nacional de segurança. Bandeira petista, o programa Bolsa Família não vai acabar em uma eventual gestão tucana, de acordo com o senador.

- Nossa proposta transforma o Bolsa Família em política de Estado, tira da órbita de uma secretaria subordinada a um ministério regulada por decreto, para não ser usado como instrumento eleitoral. Para nós, o Bolsa Família é o ponto de partida, para o PT é o ponto de chegada.

Questionado sobre políticas de alianças, tema incômodo ao PT, o tucano prometeu fazer acordos de acordoo com seu plano de governo.

- Apoio você não nega, mas isso não quer dizer que essas pessoas precisam estar no governo.

Sobre política externa, o senador fez críticas ao "alinhamento ideológico" do governo petista com o bloco bolivariano.

- Temos que flexibilizar as amarras do Mercosul, fugir desse alinhamento ideológico e procurar parcerias com o mundo desenvolvido.

Ao deixar o estúdio, Aécio disse não ter se incomodado com as questões abordadas.

- Quem tem uma disputa como essa, com o PT, não pode esperar facilidades.

Com festa, PMDB do Rio lança ‘Aezão’

• Picciani, que apoia Aécio Neves, diz que movimento irá surpreender aliados de Dilma Rousseff

Aurélio Gimenez – O DIA

RIO - Se a previsão do presidente do PMDB, Jorge Picciani, se confirmar, a presidenta Dilma Rousseff levará um susto e tanto depois de amanhã. Picciani aposta na adesão maciça de peemedebistas fluminenses no churrasco de lançamento do movimento conhecido como ‘Aezão’, neologismo que junta o senador Aécio Neves (candidato a presidente pelo PSDB) e o governador Luiz Fernando Pezão, candidato à reeleição pelo PMDB.

Na festa que dará largada ao ‘Aezão’, Picciani conta não apenas com os peemedebistas mas também com políticos de outros partidos, como o PP do senador Francisco Dornelles, o PSD do ex-deputado Indio da Costa e o novíssimo Solidariedade. “Vejo com empolgação e, com certeza, haverá uma grande adesão no estado em torno de Aécio”, diz Picciani. Ele afirma que faltou reciprocidade, por parte do PT fluminense, para manter a aliança com o PMDB em torno da candidatura de Dilma.

Na avaliação de Picciani, a dissidência em prol de Aécio no Rio não se trata de revanchismo ou oportunismo. Segundo ele, o PT priorizou um projeto estadual — o lançamento da candidatura do senador Lindbergh Farias —, em detrimento do projeto nacional. Em 2010, Picciani, Lindbergh e Marcelo Crivella disputaram as duas vagas ao Senado pelo Rio. Picciani ficou de fora.

Para o presidente do PMDB, não há divergência dentro do partido, mesmo com uma ala apoiando Dilma e outra se voltando para Aécio. Segundo ele, o partido é maduro suficiente para discutir os seus caminhos. “O arco de alianças em torno de Pezão é muito grande. Certamente teremos quatro vezes mais tempo de TV do que o adversário mais próximo”, observa.

Deputado federal do PSDB, Otávio Leite acrescenta que a adesão à candidatura de Aécio no Rio é espontânea e vem ganhando musculatura. “Teremos a presença de prefeitos e vice-prefeitos da Baixada e do interior, deputados estaduais e federais”, garante. Os organizadores da festa de lançamento do ‘Aezão’ esperam a participação de mais de 400 políticos fluminenses.

Segundo Leite, o apoio a Aécio será bastante representativo em todo o estado, o que poderá levar o tucano a chegar na frente de Dilma no Rio. Os candidatos petistas, com o apoio do PMDB, venceram os tucanos nas últimas eleições presidenciais. Foi assim em 2010, quando Dilma ganhou do tucano, nos dois turnos eleitorais. No segundo, a candidata do PT ficou com 60,99% dos votos, contra 39,01%, do PSDB. Uma diferença de mais de 1,7 milhão de votos.

PP apoia tucano e Pros fecha com PSB
Apesar de no âmbito nacional o Partido Progressista (PP) ter declarado apoio à reeleição de Dilma Rousseff, aqui no Rio a sigla, cujo o presidente é o senador Francisco Dornelles, vai de Aécio. Os dois senadores são primos. Dornelles também mantém o apoio a Luiz Fernando Pezão.

Já Pros e PSB decidiram aderir à candidatura ao governo do Rio do deputado federal Miro Teixeira. Os dois partidos vinham conversando para selar a coligação majoritária, mas Miro insistiu em fechar também acordo para a formação da chapa proporcional a fim de dar “envergadura” a sua candidatura. “Agora está tudo acertado, tanto na majoritária quanto na proporcional. Acredito que teremos pouco mais de três minutos na TV para apresentar nossas propostas”, disse o deputado federal do Pros.

Segundo Miro, o deputado federal Romário é o nome que ele defende para concorrer ao Senado pelo PSB. “Mas isso é uma questão interna do partido”, afirmou o deputado, acrescentando que mantém conversas com alguns partidos, como o PPS, para a aliança regional. Quanto ao nome do vice, Miro disse que ainda está sendo discutido de acordo com o perfil da coligação.

Campos: brasileiro não tem vida fácil

- Portal do PSB

Pré-candidato do PSB à Presidência, Eduardo Campos convocou dirigentes, militantes e simpatizantes dos partidos que compõem a aliança com a Rede Sustentabilidade, PPS, PPL, PRP e PHS, a estimular a participação popular nas eleições desse ano. “Nosso desafio é buscar a participação do povo indignado com tanta coisa errada”, avisou. “Vamos ganhar as ruas, o campo, as pequenas cidades do Brasil. Vamos buscar os descrentes que querem votar em branco e nulo”. Segundo ele, apenas a alternância de poder mudará o rumo do país. “Estamos vivendo o tempo de mais baixo crescimento da economia, não há desenvolvimento no Brasil real”, afirmou. “Estão em risco as conquistas dos últimos ciclos, que fazem parte do cotidiano muito duro do brasileiro que trabalha. O brasileiro não tem uma vida fácil e tranquila”, emendou, referindo-se à volta da inflação.

De passagem por Goiânia, onde participaram do último encontro programático regional da aliança para a formulação do programa de governo, Campos e Marina Silva, sua candidata a vice, foram enfáticos ao pontuar que tanto o PT quanto o PSDB tiveram a oportunidade de avançar nas mudanças, mas não o fizeram. “O governo não teve humildade para reconhecer a necessidade de mudar o rumo”, disse o socialista, comentando o fraco desempenho da economia. “"O PSDB já teve uma chance de dizer e fazer pelo Brasil. Não disse o que precisava e não fez. O PT já teve a sua chance. E não disse tudo o que precisava, porque nunca priorizou o desenvolvimento sustentável. É a vez de reconhecer as coisas boas que os dois governos fizeram, nos comprometermos com sua manutenção, mas também com a correção dos erros", disse Marina.

O evento aconteceu no auditório do Centro de Convenções de Goiânia, que recebeu centenas de militantes e dirigentes dos partidos da aliança para mais um dia de trabalho. Eduardo Campos defendeu a importância do programa de governo não apenas para o debate eleitoral, mas principalmente para a governabilidade de sua futura gestão – ele reafirmou que as parcerias serão sustentadas por um projeto. “Queremos um programa de governo que fale com o Brasil real”, avisou. “Não vamos tirar o Brasil do rumo errado sem aposentar a velha política. Na oposição, o fisiologismo padece, perece e morre”, garantiu. “Essa eleição não será ganha pela estrutura, mas pela postura”, endossou Marina Silva.

Candidata a vice, a ex-senadora exortou os partidos da alianças a quebrarem paradigmas e aprofundarem o debate dos problemas do país, de modo a aproximar o projeto liderado por Campos da população. “Não existem salvadores da pátria. Nós não vanos fazer para vocês, nós vamos fazer com vocês. Nós queremos um Brasil capaz de manter as conquistas, mas não vamos parar por aí”. Segundo ela, mais que criticar e apontar os problemas é preciso clareza para apontar soluções novas. “Esse não é o momento de desistir, mas de persistir pelo Brasil que queremos”.

O evento, realizado em Goiânia, foi o último da série de seminários realizados em todas as regiões do país. Encontro promovido e organizado pela Fundação João Mangabeira (FJM).

Não é que não quero, não posso falar', diz Graça Foster

• Paulo Roberto Costa disse que estatal fez 'conta de padeiro' para construir refinaria Abreu e Lima (Rnest), em Pernambuco

Antonio Pita e Fernanda Nunes – O Estado de S. Paulo

A presidente da Petrobrás, Graça Foster, disse nesta segunda-feira, 2, que “não pode falar” a respeito das recentes declarações do ex-diretor de Abastecimento da estatal Paulo Roberto Costa, acusado de integrar um esquema de lavagem de dinheiro que envolveria contratos da estatal - o caso foi deflagrado em março pela Operação Lava Jato da Polícia Federal. “Não é que não queira (falar), eu não posso falar”, disse a presidente da companhia de petróleo, Graça Foster, ao deixar um seminário sobre energia no Rio.

Costa afirmou, em entrevista publicada no domingo pelo jornal Folha de S.Paulo, que a estatal fez “conta de padaria” para definir o orçamento das obras da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco. A refinaria foi orçada em US$ 2,5 bilhões em 2005, quando foi aprovada pela diretoria executiva da estatal. Nove anos depois e com as obras atrasadas, o orçamento explodiu para mais de US$ 18,5 bilhões.

Segundo o ex-diretor, a Petrobrás errou ao divulgar o valor inicial “sem saber quanto a refinaria iria custar, sem ter projeto”. Costa também negou que tivesse envolvimento com o negócio, que seria de responsabilidade da área de Serviços da estatal. O ex-diretor disse apenas que “era dono do orçamento, mas não comandava a obra”.

Costa deixou o cargo de diretor da Petrobrás em abril de 2012, pouco mais de dois meses após a posse de Graça Foster como presidente da estatal.

Merval Pereira: Skaf rejeita Dilma

- O Globo

O desentendimento entre Paulo Skaf, o candidato do PMDB ao governo de São Paulo, e a presidente Dilma Rousseff é reflexo da geleia geral em que se transformou a política partidária no Brasil. A presidente, em reunião com o PMDB em Brasília, procurou atrair Skaf para sua candidatura à reeleição, colocando-o como mais uma opção para derrotar o PSDB além do candidato do PT Alexandre Padilha.

Quem deveria ficar magoado com a declaração seria Padilha ou o PT. Mas não, foi Skaf quem correu para esclarecer que, em São Paulo, ele é candidato de oposição ao PT tanto quanto ao PSDB, recusando assim a possibilidade de que Dilma tenha um palanque duplo no estado.

O presidente da Fiesp tomou a atitude para definir uma posição que lhe dá bastante conforto, caso vá para o 2º turno: se contra o PT, receberá votos dos antipetistas; se contra o PSDB, é a escolha obrigatória dos petistas para impedir que os tucanos continuem no poder.

Mas há também um cálculo eleitoral nessa recusa do palanque para Dilma: Skaf não quer se contaminar com o desprestígio que detecta no governo federal. A exemplo do candidato à Presidência da República Eduardo Campos, do PSB, Skaf quer ser a alternativa à polarização entre PT e PSDB em São Paulo e, pelo menos na teoria, está em melhor situação que Campos.

Aparece nas pesquisas em segundo lugar, bem à frente de Padilha. Nessa situação, o que menos quer é aproximação com Dilma, apoiada por seu partido para a Presidência da República.

Situação inversa acontece com Campos: o PSB deve acabar fazendo um acordo político com o PSDB em São Paulo, entrando na chapa de reeleição de Geraldo Alckmin, mas se recusou a manter o acordo com os tucanos nos demais estados em que ele estava sendo negociado, notadamente Minas Gerais e Pernambuco.

Já o PSD de Geraldo Kassab deve aderir à candidatura de Alckmin em São Paulo, mas não abre mão do apoio a Dilma para a Presidência da República, dando-lhe seus minutos de propaganda como gesto de gratidão pelo apoio que recebeu na formação do partido.

Com isso, inviabiliza o movimento para que o ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles venha a ser o vice do senador Aécio Neves, o que seria uma derrota direta do ex-presidente Lula. Meirelles, eleito deputado federal pelo PSDB em 2002, passou os oito anos do governo Lula à frente do BC, tornando-se um dos símbolos de seu governo, mesmo que em determinado momento Lula tenha pensado em trocá-lo.

Dilma terá o dobro de tempo de TV que o segundo colocado, Aécio Neves, do PSDB, mas não terá o apoio integral dos dez partidos que formam sua aliança. No Rio, Aécio tem uma aliança informal maior talvez que a formalizada pelos partidos da base aliada do governo Cabral-Pezão, que oficialmente a apoiam.

Isso acontece porque, segundo o cientista político Sérgio Abranches, o governo está em uma fase de “ambivalência”, tendo perdido sua força centrípeta, que é a fase em que é plenamente dominante. O presidente, com alta popularidade e liderança plenamente assegurada, consegue preservar o núcleo do governo com relativa facilidade, com o poder relativamente compartilhado e a rivalidade entre os parceiros da coalizão se dá dentro dos limites do negociável.

Essa força de atração, diz Abranches, começa a arrefecer em situações de crises de corrupção que atinjam o núcleo central do governo e a própria Presidência, ou reversão negativa do crescimento econômico, particularmente com alta da inflação e queda da renda real.

Nesse processo, o regime muda de fase, passando à “fase de ambivalência”, que é onde estamos na avaliação de Abranches. “Nessa, o sinal positivo da Presidência é fraco, “regular”, pouco indicativo do grau de apoio que ela de fato terá dos eleitores. A rivalidade entre os parceiros passa a afetar o núcleo central do governo”.

Se esse momento não for revertido por mudança significativa no ambiente político-econômico, adverte Abranches, o regime tende a mudar de fase, entrando na “fase centrífuga”. Nessa, a Presidência passa a ter sinal negativo. A popularidade cai de tal modo que a “popularidade líquida” (positivo — negativo) fica negativa e o “regular” não passa dos 20%. A liderança presidencial é contestada, da mesma forma que o núcleo central do governo. Há paralisia decisória e legislativa, levando o sistema para uma crise de governança.

Dora Kramer: À francesa

• Pelo jeito a idéia é sair de fininho, atribuindo negócios da Petrobrás à negligência

- O Estado de S. Paulo

Há emissão de sinais sobre os negócios da Petrobrás, notadamente os dois de mais fácil compreensão - a compra da refinaria de Pasadena, no Texas, e a construção de Abreu e Lima, em Pernambuco -, que indicam a preparação de uma saída à francesa para a confusão criada pelo ímpeto da presidente Dilma Rousseff de afastar de si um problema por meio de emenda desastrosa para o conjunto do soneto.

Os personagens envolvidos na história até um tempo atrás apresentavam versões contraditórias, pareciam trocar mensagens cifradas e até algumas alfinetadas. Instaladas as duas CPIs no Congresso, porque o governo não teve força para impedir, as falas de cada um foram sendo adaptadas de forma a convergirem para um ponto: quaisquer que tenham sido os problemas - sim, pois que existem não há como negar -, eles foram todos produtos de mera negligência.

No início de maio, a presidente Dilma, que em março havia sido tão veemente ao atribuir a informações "técnica e juridicamente falhas" a compra da refinaria que em 2005 valia US$ 42,5 milhões e em 2012 custou US$ 1,18 bilhão à Petrobrás, amenizou o tom. Passou a dizer que "pode ter havido equívoco" no negócio, mas jamais "má-fé".

Domingo, o ex-diretor de Abastecimento e Refino da estatal Paulo Roberto Costa deu à Folha de S. Paulo sua primeira entrevista depois de dois meses preso sob a suspeita de participar de um esquema de coleta de propinas entre empresas interessadas em contratos com a Petrobrás para dividir o butim com políticos.

Em resumo, negou quaisquer irregularidades de ordem criminal, rejeitou a hipótese de superfaturamento na refinaria de Abreu e Lima e disse que a previsão inicial de US$ 2,5 bilhões contra o custo final da construção de US$ 18,5 bilhões deveu-se à falta de planejamento. "Conta de padeiro", desleixo. Desmazelo, sabe como é? Um aumento de 620%. Mas, tudo na maior inocência.
Ainda que tenha sido uma questão de incúria, sem resquício de "má-fé". Nem por isso deixa de ser malfeito. Ou em português claro: malversação de dinheiro público.

Efeito especial. Embora componham bem a cena da retirada, as ameaças ao ministro Joaquim Barbosa não convencem como motivação real para a decisão dele de antecipar a aposentadoria, depois de afirmar que ficaria ao menos até novembro quando terminaria seu período na presidência do Supremo Tribunal Federal.

Em primeiro lugar porque, em matéria de segurança, ele está muito mais protegido como integrante da Corte do que fora dele. Em segundo, expõe absoluta descrença (desconfiança?) na capacidade do Estado de preservar sua integridade física.

De qualquer modo, o ministro não confirmou essas versões nem tampouco as desmentiu.

Lé com cré. As situações esdrúxulas vão se reproduzir nas alianças País afora. No caso do Rio de Janeiro a bagunça é assim organizada: o ex-presidente Lula faz campanha para o candidato do PT ao governo, Lindbergh Farias; a presidente Dilma Rousseff fecha com o governador Pezão, do PMDB, que por sua vez declara apoio da seção regional a Aécio Neves na eleição presidencial.

Na mosca. De tão precisa, a frase do publicitário Renato Meirelles (Instituto de pesquisas Data Popular) em entrevista à coluna Direto da Fonte merece um bis: "A política brasileira é analógica, e os jovens eleitores são digitais".

Acrescento: no sentido figurado não apenas os jovens, mas a maior parte do eleitorado é "digital" em relação aos meios e modos da política ainda referidos na era pré-redemocratização.

Eliane Cantanhêde: Tabus e oportunismo

- Folha de S. Paulo

A manchete da Folha desta segunda (2), informando que seis em cada dez alunos da USP poderiam pagar mensalidade, é muito importante e duplamente oportuna.

Primeiro, por causa da crise da melhor universidade brasileira, que acaba de perder o primeiro lugar da América Latina para a PUC do Chile. Segundo, porque a campanha eleitoral já está escancarada.

Campanhas e eleições são para exposição e confronto de ideias, de forma que o eleitor possa optar pelos candidatos que melhor traduzam suas posições, suas aspirações, suas crenças. Mas não é isso que ocorre. Há uma pasteurização.

Petistas e tucanos correm atrás de Maluf e, como liberais e conservadores, gregos e troianos, viram papagaios repetindo o mesmo discurso sobre os temas mais polêmicos e que, portanto, deveriam justamente diferenciá-los diante da sociedade.

Quem não se lembra do contorcionismo de Dilma e de Serra ao falar sobre aborto em 2010? Eles diziam a mesma coisa --o oposto do que ambos acreditam. Em vez de expor corajosamente suas ideias ao escrutínio do eleitor, decoraram um discurso enviesado ditado pelos marqueteiros com base nas pesquisas e no oportunismo eleitoral.

Agora, em 2014, quem terá coragem de remar contra a corrente e falar o que pensa e o que planeja de fato? Dilma, Aécio, Eduardo Campos? Nenhum deles. Nem suas campanhas deixam nem eles mesmo se arriscariam. Seria "ingenuidade".

Em sendo assim, o país perderá uma grande chance (mais uma) de debater para valer: 1) sistema misto de bolsas e cobrança no ensino superior; 2) o direito ao aborto; 3) a descriminalização da maconha; 4) a redução da maioridade penal. Muito menos (5) como tratar as tarifas públicas para o bem de todos.

E é assim que o estudante pobre vai continuar pagando universidades privadas ruins e caras, enquanto o rico estuda nas públicas boas e gratuitas. Mas é proibido falar disso.

Raymundo Costa: Futebol campeão foi política do Estado

• Após derrota de 50, oposição explorou corrupção nas obras

- Valor Econômico

Lula demonstra inconformismo com a perda de apoio popular à realização da Copa do Mundo no Brasil. Acha que o governo perdeu a batalha da comunicação. Não era bem isso o que o ex-presidente imaginava há oito anos, ainda no exercício do primeiro mandato, quando liderou a bem sucedida articulação que levaria o país a ser escolhido para sediar a competição.

No horizonte de Lula estavam a reeleição em 2006, a eleição de um sucessor ou o terceiro mandato em 2010 e a consagração dos governos do PT agora, em 2014, após 12 anos de poder e a caminho dos 20 declarados projeto do partido. O "feito" de Lula foi cantado em prosa e verso pelos candidatos do PT, nas eleições de 2010.

A Fifa se contentava com oito cidades para sediar os jogos. Lula quis as 12. Hoje a Copa mais ameaça que autoriza os sonhos de hegemonia petista.

Lula não foi o primeiro e certamente não será o último governante brasileiro a tentar se valer do futebol com fins políticos e de promoção pessoal. Nas livrarias, há uma boa variedade de obras sobre a volta da Copa do Mundo ao Brasil, após 64 anos. Uma boa parte fala do trauma que foi a derrota da seleção nacional para o Uruguai, o outro finalista de 1950, quando a conquista do título parecia mera formalidade. Uma delas, no entanto, vai além e se ocupa dessa relação em geral negligenciada pelos autores.

"Maracanazo - A história secreta. Da euforia ao silêncio de uma Nação", do jornalista uruguaio Atílio Garrido, fala dos antecedentes do que aconteceu naquela tarde de 16 de julho de 1950. Garrido captura, no tempo, o momento em que futebol e política se transformam num projeto político de Estado: 1934, após a Copa da Itália, quando Getúlio Vargas consolidava a revolução de 30, no Brasil, e o nazi-fascismo e a grande guerra espreitavam a Europa.

Até então "o Brasil não era a potência quase invencível de hoje no futebol", conta Garrido. "Era apenas a terceira força", atrás de Uruguai e Argentina. O Uruguai não foi campeão por acaso. Chefiando a delegação brasileira à Itália seguiu Lourival Fontes, um dos homens-fortes do governo Getúlio, jornalista, integralista e o marqueteiro do Estado Novo.

"Toda a Itália viu-se tomada por um fervor esportivo. Os esforços publicitários não foram poupados. O governo adotou medidas de caráter econômico, como por exemplo um desconto de 50% para as viagens de trem e uma considerável redução nas tarifas dos hotéis e outros alojamentos", conta Garrido. "Mussolini sabia que essa Copa significava, na verdade, o seu melhor investimento político".

Campeões do mundo, os jogadores foram promovidos ao cargo militar de comendadores, "sendo fotografados com o uniforme do exército de Mussolini". Eram novidades que poderiam ser postas em prática no Brasil para promover o governo de Getúlio, cujas simpatias pelos regimes italiano e alemão eram conhecidas.

Garrido pesquisou por mais de 15 anos os eventos de 50, que causaram impactos tanto deste como do lado uruguaio da fronteira. Na mente de Lourival Fontes - conta o uruguaio - nasceu esse desafio constituído de dois objetivos: o primeiro, esportivo, era ganhar a Copa do Mundo de 1938; o segundo, político, organizar a competição em 1942.

Ao voltar da Itália, Fontes expôs suas ideias ao governo. "Getúlio Vargas e os militares que o rodeavam compreenderam que o plano que estava sendo exposto complementava a estratégia delineada, baseada no culto da própria personalidade do homem forte que estava à frente do governo. As ideias de Fontes somaram-se perfeitamente à estratégia de fabricação dessa imagem".

Tomada a decisão, o futebol se transformou numa política de Estado. Homens da confiança de Getúlio foram designados para postos-chaves do esporte. A Confederação Brasileira de Desportos foi assumida por Luiz Aranha, irmão de Graça Aranha, ideólogo e instigador do golpe de 30 contra Júlio Prestes, "o poder que estava por trás do poder", na descrição de Garrido.

Coube a Aranha, o Luiz, pacificar o futebol e acabar com os enfrentamentos políticos entre paulistas e cariocas, também agravados pela revolução de 30. Começa o projeto para fazer um time campeão em 1938, na França, como afirmação do Estado Novo, o que esteve próximo de acontecer, e o Brasil país-sede da Copa do Mundo de 1942. A Itália foi novamente campeã, e os alemães se colocaram como candidatos a país-sede em 42. "Depois do que os Jogos Olímpicos de 1936 tinham significado para Adolf Hitler, ele quis imitar Mussolini e também consagrar a supremacia da raça ariana nos campos futebolísticos".

Em setembro de 1939 a Alemanha invade a Polônia, o plano de ser campeão da Copa do Mundo foi suspenso, mas continuou a atividade voltada para esse fim. O Brasil do Estado Novo era candidato a sediar a primeira Copa do pós-guerra. "Criando um novo feito que afirmasse esse desejo e que, por sua vez, formasse parte da intensa campanha promocional realizada para associar o brilho futebolístico da década com a ideologia autoritária e nacionalista" de Getúlio nasceu a ideia de construir um grande estádio para a copa"

Os ventos democráticos que sopraram do pós-guerra tiraram Getúlio Vargas do poder, mas o general Eurico Gaspar Dutra manteve a máquina político-administrativa do Estado Novo e o projeto de construção do Maracanã. "A obra converteu-se num comitê político do PSD", que não conseguiria, em outubro, eleger seu candidato a presidente, Cristiano Machado. Garrido supõe que, se Dutra tinha alguma condição de eleger Machado, em 1950, isso foi descartado no gol de Ghiggia.

"Com a derrota do Brasil, a oposição, que havia se contido em respeito ao resultado dos jogos, iniciou seus ataques, sem dó nem piedade, durante os 79 dias que restavam para as eleições", escreve Garrido. "O centro de todas as críticas não foi o aspecto esportivo, mas, sim, a corrupção envolvendo a construção do Maracanã". O Congresso fez uma devassa nas contas. Deu em nada, mas algumas carreiras políticas estavam sepultadas. E Getúlio ganhou as eleições de 1950.

Marco Antonio Villa: O governo acabou

• Os ministérios estão paralisados. O que se mantém é a rotina administrativa

- O Globo

O governo Dilma definha a olhos vistos. Caminha para um fim melancólico. Os agentes econômicos têm plena consciência de que não podem esperar nada de novo. Cada declaração do ministro da Fazenda é recebida com desdém. As previsões são desmentidas semanas depois. Os planos não passam de ideias ao vento. O governo caiu no descrédito. Os ministérios estão paralisados. O que se mantém é a rotina administrativa. O governo se arrasta como um jogador de futebol, em fim de carreira, aos 40 minutos do segundo tempo, em uma tarde ensolarada.

Apesar do fracasso — e as pífias taxas de crescimento do PIB estão aí para que não haja nenhum desmentido —, Dilma é candidata à reeleição. São aquelas coisas que só acontecem no Brasil. Em qualquer lugar do mundo, após uma pálida gestão, o presidente abdicaria de concorrer. Não aqui. E, principalmente, tendo no governo a máquina petista que, hoje, só sobrevive como parasita do Estado.

A permanência no poder é a essência do projeto petista. Todo o resto é absolutamente secundário. O partido necessita da estrutura estatal para financeiramente se manter e o mesmo se aplica às suas lideranças — além dos milhares de assessores.

É nesta conjuntura que o partido tenta a todo custo manter o mesmo bloco que elegeu Dilma em 2010. E tem fracassado. Muitos dos companheiros de viagem já sentiram que os ventos estão soprando em sentido contrário. Estão procurando a oposição para manter o naco de poder que tiveram nos últimos 12 anos. O desafio para a oposição é como aproveitar esta divisão sem reproduzir a mesma forma de aliança que sempre condenou.

Como o cenário político foi ficando desfavorável à permanência do petismo, era mais que esperada a constante presença de Lula como elemento motivador e agregador para as alianças. Sabe, como criador, que o fracasso eleitoral da criatura será também o seu. Mas o sentimento popular de enfado, de cansaço, também o atingiu. O encanto está sendo quebrado, tanto no Brasil como no exterior. Hoje suas viagens internacionais não têm mais o apelo do período presidencial. Viaja como lobista utilizando descaradamente a estrutura governamental e intermediando negócios nebulosos à custa do Erário.

Se na campanha de 2010 era um presidente que pretendia eleger o sucessor, quatro anos depois a sua participação soa estranha, postiça. A tentativa de transferência do carisma fracassou. Isto explica por que Lula tem de trabalhar ativamente na campanha. Dilma deve ficar em um plano secundário quando o processo eleitoral efetivamente começar. Ela não tem o que apresentar. O figurino de faxineira, combatente da corrupção, foi esquecido. Na história da República, não houve um quadriênio com tantas acusações de “malfeitos” e desvios bilionários, como o dela. O figurino de gerentona foi abandonado com a sucessão de “pibinhos”. O que restou? Nada.

Lula está como gosta. É o centro das atenções. Acredita que pode novamente encarnar o personagem de Dom Sebastião. Em um país com uma pobre cultura democrática, não deve ser desprezada a sua participação nas eleições.

A paralisia política tem reflexos diretos na gestão governamental. As principais obras públicas estão atrasadas. Boa parte delas, além do atraso, teve majorados seus custos. Em três anos e meio, Dilma não conseguiu entregar nenhuma obra importante de infraestrutura. Isto em um país com os conhecidos problemas nesta área e que trazem sérios prejuízos à economia. Mas quando a ideologia se sobrepõe aos interesses nacionais não causa estranheza o investimento de US$ 1 bilhão na modernização e ampliação do porto de Mariel. Ou seja, a ironia da história é que a maior ação administrativa do governo Dilma não foi no Brasil, mas em Cuba.

Os investimentos de longo prazo foram caindo, os gastos para o desenvolvimento de educação, ciência e tecnologia são inferiores às necessidades de um país com as nossas carências. Não há uma área no governo que tenha cumprido suas metas, se destacado pela eficiência e que o ministro — alguém lembra o nome de ao menos cinco deles? — tenha se transformado em referência, positiva, claro, pois negativa não faltam candidatos.

O irresponsável namoro com o populismo econômico levou ao abandono das contas públicas, das metas de inflação e ao desequilíbrio das tarifas públicas. Basta ver o rombo produzido no setor elétrico. A ação governamental ficou pautada exclusivamente pela manutenção do PT no poder. As intervenções estatais impuseram uma lógica voluntarista e um estatismo fora de época. Basta citar as fabulosas injeções de capital — via Tesouro — para o BNDES e os generosos empréstimos (alguns, quase doações) ao grande capital. E a dívida pública, que está próxima dos R$ 2,5 trilhões?

No campo externo as opções escolhidas pelo governo foram as piores possíveis. Mais uma vez foi a ideologia que deu o tom. Basta citar um exemplo: a opção preferencial pelo Mercosul. Enquanto isso, o eixo dinâmico da economia mundial está se transferindo para a região Ásia-Pacífico.

Ainda não sabemos plenamente o significado para o país desta gestão. Mas quando comparamos os nossos índices de crescimento do PIB com os dos países emergentes ou nossos vizinhos da América Latina, o resultado é assustador. É possível estimar que no quadriênio Dilma a média sequer chegue a 2%. A média dos emergentes é de 5,2%, e da América Latina, de 3,2%. E o governo Dilma ainda tem mais sete meses pela frente. Meses de paralisia econômica. Haja agonia.

Marco Antonio Villa é historiador

Arnaldo Jabor: Um bonde chamado Maluf

• Quando íamos levantar voo, o mais burro regressismo tomou conta do governo

- O Estado de S. Paulo e O Globo

As fotos do Maluf abraçado no Alexandre Padilha merecem uma análise semiológica. Nelas, podemos ver o belo e dramático constrangimento do petista superando as agruras da dignidade pequeno-burguesa para ter mais um minuto na TV. Quão pragmático, quão tarefeiro, quão obediente o Padilha, cumprindo a estratégia do PT! O partido não anuncia programas para S. Paulo. Mas, para vencer, precisam de um bonde. Um bonde chamado Maluf. A antiga foto dele com Lula já foi absorvida, mas essa foto com Padilha não chocou tanto; já nos habituamos.

Nas fotos, Padilha faz um grande esforço para não sorrir, como se dissesse: "Estou cumprindo ordens!". Enquanto isso, Maluf se diverte ao afagá-lo com carinho, tentando amolecê-lo, fazendo-lhe cócegas e com tapinhas amigos, orlados de vingança, como se dissesse: "Calma, Padilhão, a vida é assim mesmo...".

O que fascina em Maluf é ver como ele goza, como se orgulha de estar solto, livre, acima de todas as provas que surgiram, um prazer perverso de se sentir um intocável útil. Maluf não tem um resquício de culpa; ele adora sua fama de mau. Virou um aliado indispensável ao descalabro que está se gestando: reeleição de Dilma, Lula em 18 e depois o infinito.

O rosto feliz de Maluf: “Eles me desprezam, mas vêm a mim. Eles não têm a liberdade que conquistei em anos de negações absolutas, que me trouxeram a impunidade e a irresponsabilidade - privilégios raros. Eu sou livre!".

Nas fotos, vemos que Maluf está simpático, Padilha é antipático; fica falso quando tenta a simpatia. Mas não é a antipatia do rancor ou inveja; é a seriedade de quem tem uma missão política a cumprir (qual?). O petista de carteirinha sente um certo orgulho por sua “realpolitik” mesmo desonesta. Moralismo é coisa de pequeno-burguês da UDN.

O gênio Rui Falcão cunhou a frase fatal: “Isto é uma aliança de princípios!”. Pronto, Maluf pode dizer, como já disse: "Perto do Lula eu é que sou comunista!”. E perto de Maluf, os petistas são o quê? Quais são os princípios comuns aos dois? Ambos usam quaisquer maracutaias para vencer? Ambos sabem negar tudo até o fim? Ambos têm desprezo pela moral de classe média que condena roubalheiras?

Criticando os tucanos, Padilha disse que o PCC manda em S.Paulo. Como explicar então os petistas envolvidos com doleiros e a facção criminosa, via Vargas e Luiz Moura? Será mais uma aliança "necessária"?

Maluf não tem missão nenhuma - só curte sua liberdade. Maluf declarou gostosamente: "Lula é o maior estadista do País!", lembrando sua ausência na foto. Lula não está na foto, mas sua presença está ali: é um pai carismático que todos obedecem, é uma versão simplificada de todas as ideologias daqueles que se dizem de “esquerda”.

Seus seguidores dizem que a política nos obriga a sujar as mãos. Tudo bem; mas, no caso, um pôs a mão no outro. Quem é o sujo? Os dois?

Maluf já foi julgado em vão e é procurado pela Interpol; se pisar em Paris, cana. Os petistas têm negócios internacionais sujos (Pasadena, etc...), mas nunca serão julgados, principalmente agora que o Barbosão saiu, aquele que eles chamam de "monstro" e de "negro pernóstico". Aliás, perto do escândalo da refinaria Abreu e Lima, Pasadena é um troco - de dois bilhões orçados, vai custar mais de 20 bilhões.

Maluf acha que Dilma vai ganhar e a apoia porque ela (sacaneou ele) "terá mais propaganda do que as Casas Bahia, a Petrobrás e a Caixa", como se ela fosse um produto de varejo. Talvez ela seja.
Maluf disse que o PT era uma nuvem de gafanhotos e Lula disse que Maluf era uma ave de rapina. Pois a ave e os gafanhotos se perdoaram mutuamente. Maluf parece dizer a Padilha: "Eu sou você amanhã". Padilha tenta escapar com seu 'não sorriso': "Eu não sou você hoje". Mas, é.

É uma aliança entre corrupção privada e pública. Maluf só pensou em si, privado. O PT criou a "corrupção revolucionária pública" - tascar a grana do povo para o ‘bem’ do povo.

Essas fotografias são os indícios do que vem por aí, com a vitória de Dilma, já que seus eleitores mais pobres (grande maioria) não têm ideia do que está acontecendo no Brasil.

Os sinais estão no ar. Será o fim do constrangimento autoritário, será o fim das luvas de pelica, o fim das meias-palavras, o fim das envergonhadas ‘defesas’ da democracia 'burguesa', será a crescente bolivarianização da nossa vida. Será o ataque imediato da liberdade de expressão e da mídia a ser ‘regulada’ do jeito de Kirchner ou Maduro. O Lula tem repetido diuturnamente que “a imprensa é a pior forma de oposição" e disse que vai se vingar das denúncias e verdades que publicamos. Lula é um Maluf sindicalista que subiu na vida.

E mais: o caráter brizolista de Dilma virá à tona. Ela pensa igual a seu antigo chefe, que ela largou para se filiar ao PT, mas continuou fiel às suas ideias - as mais atrapalhadas bobagens que ele teceu com cartilhas socialistas.

Escreveu Rodrigo Constantino outro dia:

"Se Brizola já se foi, o brizolismo continua vivo. Infelizmente. Seus filhotes políticos governaram o Rio por muitos anos. Um dos principais ícones mais recentes deste brizolismo é Anthony Garotinho. Sua marca é a demagogia elevada, a retórica de luta de classes, o nacionalismo xenófobo, e a idolatria do Estado como único meio para os fins nobres. A simbiose entre governo e máfias sindicais tem sido outra marca do brizolismo também.

Brizola sempre foi uma das mais virulentas vozes contrárias ao processo de desestatização. Em abril de 1997, chegou a escrever no Jornal do Commercio: "A privatização da Vale é um ato insano e injustificável; eu desconfio da inteireza mental do presidente Fernando Henrique”. O discurso de Brizola contra o suposto “entreguismo" sempre foi carregado de xenofobia, como se o comércio mundial fosse apenas uma batalha de estrangeiros contra brasileiros.

Em suma, como mostram as fotografias, estávamos prontos para levantar voo, quando o mais burro regressismo tomou conta do governo. A frase que mais ouço hoje em dia, travada de impotência, é:

"Nunca vi o País assim...".