Presidente do Cidadania, o ex-deputado Roberto Freire disse que a vitória de Arthur Lira (Progressistas-AL) na Câmara – em uma derrota do ex-presidente da Casa Rodrigo Maia (DEM-RJ), que não conseguiu eleger sucessor –, causou um “desarranjo” na construção de uma frente de centro e afetou a articulação do apresentador Luciano Huck, cotado como presidenciável em 2022.
“Esse processo que estava existindo do ponto de vista de 2022, discussões sobre alternativas, que tipo de articulação e de aliança que estava surgindo, isso mudou, sofreu um retrocesso, claro. O que ocorreu com o DEM e com o PSDB gerou problemas para o PSDB, para o DEM, para a articulação do Huck e para setores da esquerda”, afirmou Freire em entrevista ao Estadão.
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Como o sr. avalia o resultado das eleições no Congresso?
O
episódio dessa eleição foi superdimensionado, com uma certa razão, porque se
assumiu uma disputa da oposição com o (presidente Jair) Bolsonaro. Muda uma
correlação de forças do Congresso. Dá uma sinalização de que o Executivo e o
presidente rearticularam forças políticas. Mas não tem o dom de mudar a
realidade e o processo que estamos vivenciando. Continuamos tendo um presidente
negacionista na pandemia. Temos um presidente e um ministro da Fazenda ineptos
no enfrentamento da crise econômica. E não muda a expectativa que começa a
surgir na sociedade de que talvez seja melhor um impeachment.
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Como o sr. vê as manifestações pró-impeachment?
O
problema é que aqueles que são a favor (do impeachment) ficam achando que tem
que fazer aqui e agora. Tem que ter calma. Ninguém sabe como vai acontecer esse
processo, mas que ele está sendo discutido, não tenha dúvida. Grande parte
dessa articulação que Bolsonaro fez, com esse toma lá, da cá absurdo de R$ 3
bilhões prometidos para ganhar a presidência da Câmara e do Senado, foi um
ensaio para quando ele for impedir que um impeachment ocorra, mesmo com a
sociedade se manifestando. Ele está na luta.
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O Cidadania aguarda a filiação de Luciano Huck?
Esse processo que estava existindo do ponto de vista de 2022, discussões sobre alternativas, que tipo de articulação e de aliança que estava surgindo, isso mudou, sofreu um retrocesso, claro. O que ocorreu com o DEM e com o PSDB gerou problemas para o PSDB, para o DEM, para a articulação do Huck, para setores da esquerda. Alguns partidos com dissidências internas (na eleição da Câmara), tudo isso. Foi desconstruído um pouco do que você já tinha acumulado, vai ter que ser retomado. Precisa ver o rescaldo desse episódio para começar a saber como você vai retomar. Há algumas questões complicadas, inclusive no DEM, com o processo que você teve de um certo constrangimento em relação a Rodrigo Maia, que era um dos líderes dessa articulação.