domingo, 9 de junho de 2013

OPINIÃO DO DIA – Marcus Pestana:pesquisa

Hoje há um monólogo. A presidente está diariamente na TV de caneta na mão. Não há notícia do Eduardo, do Aécio e da Marina. Só dá Dilma

Marcus Pestana, deputado federal e presidente do PSDB mineiro, sobre a vantagem da presidente nas pesquisas de intenção de voto. In Panorama Político / O Globo, 7/6/2013

Manchetes de alguns dos principais jornais em circulação

O GLOBO
Família S/A: Políticos empregam parentes até em partidos
Herança indesejada de R$ 50 bi
Conflito indígena: Lentidão para julgar ocupações
Madeiras da Amazônia: Exportações sem chancela legal
Datafolha: cai aprovação a Dilma

FOLHA DE S. PAULO
Aprovação de Dilma tem a 1ª queda, de 8 pontos, e vai a 57%
Homem é queimado em SP após afirmar que só tinha R$ 100
Empresas aceitaram vigilância on-line dos EUA, diz 'NYT'

O ESTADO DE S. PAULO
Alckmin politiza a questão da segurança', diz Cardozo
Para Mantega, nota de risco do País vai melhorar
EUA não analisam dados que coletam
Orgulho que virou decepção
Pesquisa aponta queda de 8 pontos na aprovação de Dilma

ESTADO DE MINAS
Guerra das Tribos
Transparência: Nota fiscal vai mostras os impostos
Pressão na Câmara por ingresso grátis para Jogos da Copa

O TEMPO (MG)
Aprovação de Dilma cai 8 pontos e fica em 57%, segundo pesquisa Datafolha
Justica Federal abre processo contra Dirceu por improbidade administrativa
Consumidor percebe inflação bem mais alta do que a do IBGE

CORREIO BRAZILIENSE
Filho de general que chefiou DOI-Codi é diretor da Abin
Juventude invade o setor público
Índios disputam terra em 17 estados

GAZETA DO POVO (PR)
18 anos ou 15 anos
Turcos lutam por valores democráticos
Jetons elevam remuneração de políticos
A um ano da Copa, legado ainda é incerto
Polícia Militar instala primeira UPS em São José dos Pinhais

ZERO HORA (RS)
Raio X das estradas em dois polos
Justiça não tem data para definir futuro de Schirmer

JORNAL DO COMMERCIO (PE)
Dilma perde oito pontos na popularidade
Ação contra o INSS não prescreve mais

O que pensa a mídia - editoriais de alguns dos principais jornais em circulação

http://www2.pps.org.br/2005/index.asp?opcao=editoriais

Popularidade de Dilma tem maior queda desde o início do mandato, aponta Datafolha

De acordo com o Datafolha, 57% da população avaliam o governo Dilma como bom ou ótimo

Rodrigo Taves

SÃO PAULO — Uma pesquisa do instituto Datafolha divulgada neste sábado pelo site do jornal “Folha de S.Paulo” informa que a popularidade da presidente Dilma Rousseff caiu 8 pontos percentuais em relação ao levantamento anterior, realizado em março. É a maior queda desde o início do mandato de Dilma, há dois anos. Antes, pequenas reduções tinham chegado, no máximo, a dois pontos percentuais, dentro da margem de erro da pesquisa.

De acordo com o Datafolha, 57% da população avaliam o governo Dilma como bom ou ótimo, contra 65% em março. A avaliação regular subiu de 27% para 33%, e o ruim ou péssimo de 7% para 9%. Apesar da queda de popularidade, diz o Datafolha, a presidente Dilma Rousseff continua sendo a favorita para vencer a eleição presidencial do ano que vem.

A pesquisa aponta que Dilma perdeu popularidade entre homens e mulheres, em todas as regiões do país, em todas as faixas de renda e em todas as faixas etárias. Os dados mostram que os entrevistados estão mais preocupada com a inflação e o desemprego. Para 51%, a inflação vai subir. Em março, esse índice era de 45%. O aumento do pessimismo também pode ser observado em questões como desemprego, poder de compra do salário, situação econômica do país e do próprio entrevistado.

Em relação às eleições de 2014, o Datafolha fez a pesquisa levando em conta diferentes possíveis cenários da disputa. Se Dilma tivesse como adversários a ex-senadora Marina Silva (Rede), o senador Aécio Neves (PSDB) e o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), a pesquisa indica que ela teria 51% das intenções de voto. São sete pontos percentuais a menos que o verificado no levantamento anterior, de março, mas ainda suficientes para vencer a eleição no primeiro turno.

Marina apareceu em segundo lugar, com 16%, e Aécio em terceiro, com 14%, quatro pontos a mais que na pesquisa de março.

Fonte: O Globo

Governo Dilma tem 57% de aprovação após queda de 8 pontos, diz Datafolha

SÃO PAULO - A popularidade da presidente Dilma Rousseff caiu pela primeira vez desde o início de seu mandato, há dois anos.

Pesquisa feita pelo Datafolha na quinta e na sexta-feira mostra que 57% da população avalia seu governo como bom ou ótimo. São 8 pontos a menos que no levantamento anterior, feito em março.

A presidente perdeu popularidade entre homens e mulheres, em todas as regiões do país, em todas as faixas de renda e em todas as faixas etárias, segundo o Datafolha.

Os números do Datafolha indicam que a deterioração da imagem de Dilma é um reflexo do aumento do pessimismo dos brasileiros com a situação econômica do país e mostram que a população está mais preocupada com a inflação e o desemprego.

Para 51%, a inflação vai subir. Em março, esse índice era de 45%. A mesma tendência pode ser observada em questões sobre desemprego, poder de compra do salário, situação econômica do país e do próprio entrevistado.



Apesar da queda de popularidade, a presidente Dilma Rousseff continua sendo a favorita para vencer a eleição presidencial do ano que vem.

No cenário mais provável da disputa, em que teria como adversários a ex-senadora Marina Silva (Rede), o senador Aécio Neves (PSDB) e o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), Dilma teria 51% das intenções de voto, segundo o Datafolha.

São sete pontos a menos que o verificado no levantamento anterior, de março. Mas ainda assim é o suficiente para liquidar a eleição já no primeiro turno.

Em segundo lugar, com os mesmos 16% da última pesquisa, aparece Marina, atualmente engajada na criação de um novo partido político, a Rede Sustentabilidade.

Aécio foi o único que cresceu em relação ao levantamento de março. Ele tem agora 14% das intenções de voto, quatro pontos a mais que na pesquisa anterior.

Nessas oportunidades, Aécio criticou o governo com muita ênfase na inflação, objeto de crescente preocupação da população, conforme a mesma pesquisa.

Em quarto lugar na pesquisa, com 6% das intenções de voto, aparece o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB). O índice é mesmo obtido por ele no último levantamento.

A pesquisa foi realizada nos dias 6 e 7 de junho. Foram feitas 3.758 entrevistas. A margem de erro é de 2 pontos percentuais para mais ou para menos.

Fonte: Folha de S. Paulo

Com 51%, Dilma continua favorita na corrida eleitoral

Intenções de voto na petista caíram 7 pontos, mas ela ainda venceria no 1º turno

Marina Silva mantém os 16% de março; já Aécio, beneficiado pela propaganda do PSDB, subiu de 10% para 14%

SÃO PAULO - Apesar da queda de popularidade, a presidente Dilma Rousseff continua sendo a favorita para vencer a eleição presidencial do ano que vem.

No cenário mais provável da disputa, Dilma teria 51% das intenções totais de voto, segundo pesquisa Datafolha finalizada sexta-feira com 3.758 entrevistas.

São sete pontos a menos que o verificado no levantamento anterior, de março. Mas ainda assim é o suficiente para liquidar a eleição já no primeiro turno.

Em segundo lugar, com os mesmos 16% da última pesquisa, aparece a ex-senadora Marina Silva, atualmente engajada na criação de um novo partido político, a Rede Sustentabilidade.

O senador Aécio Neves (PSDB-MG) foi o único que subiu em relação ao levantamento de março. Ele tem agora 14% das intenções de voto, quatro pontos a mais que na pesquisa anterior.

Aécio está tecnicamente empatado com Marina, já que a margem de erro do levantamento é de dois pontos.

Recém-eleito presidente do partido, o pré-candidato tucano foi beneficiado pela exposição intensiva de sua imagem na série recente de propagandas do PSDB no rádio e na televisão.

Nessas oportunidades, Aécio criticou o governo com muita ênfase na inflação, objeto de crescente preocupação da população, conforme a mesma pesquisa.
Em quarto lugar na pesquisa, com 6% das intenções de voto, aparece o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB). O índice é mesmo obtido por ele no último levantamento.

Recortes

O melhor desempenho de Dilma ocorre na região Nordeste do país, onde a presidente alcança 59% das intenções de voto.

O Nordeste é também a única região do país em que Campos obtém índice de dois dígitos na pesquisa, 12%.

Entre todos os recortes por renda, idade e escolaridade, o pior desempenho de Dilma está entre os eleitores que declaram ter ensino superior.

Se a disputa fosse feita só nesse grupo, a eleição seria bem mais apertada. Dilma continuaria vencendo, mas com 34%; Marina ficaria com 29%; Aécio, com 19%.

O Datafolha também fez simulações da disputa com os nomes do ex-presidente Lula e do atual presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa.

Lula, que sempre afirma não ter intenção de disputar em 2014, alcançaria mais votos que Dilma: 55%, em seu melhor cenário.

Já Barbosa, popular por ter presidido o julgamento do mensalão, teria 8%.

A pesquisa espontânea dá pistas sobre o grau de interesse dos eleitores a 1 ano e 4 meses do pleito. Quando o entrevistador pergunta pelo candidato preferido sem apresentar nomes de eventuais concorrentes, 50% dos eleitores dizem que ainda não sabem em quem votar.

Nesse tipo de apuração, Dilma é citada por 27% dos eleitores (eram 35% em março); Lula é mencionado por 6%; Aécio, por 4%. (RM)

Fonte: Folha de S. Paulo

Percepção das mulheres pesa na queda de Dilma

Aumento da inflação assusta o eleitorado feminino de renda mais baixa e traz de volta o medo do desemprego

Mauro Paulino diretor-geral do Datafolha, Alessandro Janoni diretor de pesquisas do Datafolha

Alterações no otimismo da população em relação a vetores da economia justificam a queda de popularidade do governo Dilma.

Como indica o Datafolha na pesquisa divulgada hoje, a crescente expectativa sobre o aumento da inflação entre os brasileiros projeta insegurança sobre as outras variáveis do cenário econômico.

Não só o poder de compra dos salários passa a ser relativizado com mais ênfase como também, e principalmente, a sensação de empregabilidade da população começa a sofrer arranhões consideráveis. O pessimismo sobre o desemprego chega ao maior patamar desde dezembro de 2009, resultado que na ocasião refletia ainda resquícios da crise americana sobre o imaginário brasileiro. É o pior desempenho desse indicador desde a posse da petista.

As mudanças mais expressivas de opinião quanto à atuação da presidente são observadas em segmentos com maior acesso à informação. Proporcionalmente, as quedas mais significativas de popularidade do governo Dilma se dão nos estratos mais escolarizados, de maior renda e moradores das regiões metropolitanas.

Mas caso a queda de avaliação do governo se limitasse a essas fortes mudanças localizadas na classe média tradicional, Dilma apresentaria no total da amostra oscilações de popularidade pouco significativas. São conjuntos de pequena participação quantitativa na composição da população em geral.

O que chama mais a atenção na pesquisa é que, dos oito pontos de popularidade que a presidente perdeu, a maior parte é proveniente de conjuntos menos escolarizados e de menor renda, especialmente do Sudeste e Sul. E o mais importante --as mulheres, muito mais do que os homens, deixaram de apoiar Dilma. E quando se focaliza o subconjunto de mulheres de renda mais baixa, essa tendência se potencializa.

Isso talvez porque, segundo a pesquisa, elas, mais do que eles, costumam ir a supermercados e experimentam diretamente no bolso o aumento de preços de diferentes categorias de produtos.

O resultado dessa equação também se estende sobre as simulações eleitorais para 2014. Nesse momento, Dilma perde pontos em todos os cenários propostos e até mesmo na intenção de voto espontânea, mas mantém franco favoritismo principalmente pelo expressivo apoio no Nordeste.

A ideia da reeleição agora depende, primordialmente, do controle da economia para que a percepção de insegurança não se concretize no temor revelado pela população --o desemprego de fato.

Fonte: Folha de S. Paulo

Aécio inicia ‘caçada’ na coalizão de Dilma

Tucano aproveita desgaste do governo com sua base e negocia para que partidos como PDT, PP e PTB não deem apoio formal à petista

A insatisfação de partidos da base aliada com o governo da presidente Dilma Rousseff levou o PSDB a sair à caça dê legendas aliadas ao Palácio do Planalto com o objetivo de montar palanques para a provável candidatura do senador Aécio Neves (MG) à Presidência da Republica em 2014.

Nas últimas semanas, os tucanos, entre os quais Aécio, intensificaram as conversas com “aliados” de Dilma, cortejando parlamentares, presidentes de partidos e governadores. O alvo são siglas como PMDB, PP, PTB, PSD e PDT? que têm em comum a afinidade com o governo do PT e com administrações tucanas pelo País.

Aideia é aproveitar o momento de desgaste entre base e governo e abrir negociações que, se bem-sucedidas, evitariam o apoio formal de alguma desses partidos a Dilma - e, por tabela, desidratariam os minutos da petista no horário eleitoral na TV.

As conversas ainda estão embrionárias, já que p cenário tende a mudar até junho de 2014 quando há convenções, mas a estratégia já foi definida. Os tucanos farão concessões em Estados de modo a apresentar a aliados de Dilma “argumentos” para que, pelo menos, declarem independência. Um levantamento sobre potenciais alianças cm todo o País foi encomendado ao secretário-geral do PSDB, deputado Mendes Thame (SP), e servirá de base para as negociações

Como forma de demonstrar boa vontade com o PP, por exemplo, o PSDB pode apoiar a candidatura ao governo do Rio Grande do Sul da senadora Ana Amélia (PP); Aécio mantém boa relação a partido, que ocupa a vice-governadoria em Minas e que tem em seus quadros um tio do tucano, Francisco Dornelles (RJ). O mineiro também pediu a aliados que se aproximem do senador Ciro Nogueira (PI) liderança do PP no Nordeste.

Alianças. Na presidência do PSDB desde maio, Aécio passou a costurar pessoalmente alianças, em contatos que abrangem de desafetos do PT, como Roberto Jefferson(PTB-RJ)já aliados, como o governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), com quem esteve domingo e que protagoniza conflito com petistas que querem candidato a sua sucessão o senador Lindbergh Farias (PT). Na semana passada, o PMDB também foi alvo de investidas por meio de Paulo Hartung (PMDB), ex-governador do Espírito Santo, que deve apoiá-lo no Estado. Aécio mantém ainda contato com os irmãos peemedebistas Geddel e Lúcio Vieira Lima que, em disputa com o PT baiano, ameaçam abrir palanque para o tucano.

O PSD, do ex-prefeito Gilberto Kassal também está na mira do PSDB, Em Minas, deputados estaduais ameaçam sair da legenda caso seja formalizado o apoio ao PT. Há conversas encaminhadas com o PDT, de Carlos Lupi (RJ), e com o deputado Paulinho (SP), da Força Sindical os tucanos querem o apoio formal do Solidariedade, partido a serenado pelo parlamentar na eleição de 2014. Os tucanos admitem que a base aliada ameaça o governo com "romaria” a Aécio e a Eduardo Campos. Mas avaliam que as tratativas podem render frutos.

Ciente do ataque, o Planalto se previne. Na semana passada, convidou o PTB para assumir a vice-presidência do Banco do Brasil.

Fonte: O Estado de S. Paulo

Sem emendas e sem cargos, deputados do PSD ameaçam sair

Composta por políticos da oposição que queriam desfrutar das benesses de ser governo, sigla de Kassab poderá encolher

Fruto de insatisfações de parlamentares com seus partidos, o PSD corre o risco de ser vítima do mesmo processo que viabilizou sua criação. Sem emendas liberadas e sem espaço no governo, deputados da legenda questionam promessas feitas há dois anos, na ocasião da fundação, por líderes da legenda presidida pelo ex-prefeito de São Paulo Gilberto Kassab.

Integrantes do próprio PSD estimam que 10 a 20 dos 51 deputados fundadores deixem o partido até o fim de setembro, quando encerra o prazo de filiação para as próximas eleições.

O líder na Câmara, Eduardo Sciarra (PR), admite dissidências, mas acredita que outros deputados irão para o PSD.

Dados do Siafi sobre a liberação de emendas parlamentares confirmam, em parte, o discurso repetido por vários parlamentares de que o PSD vota com o governo, mas recebe tratamento de oposição.

No ano passado, depois de 0 PSD se declarar "independente", parlamentares do partido conseguiram obter promessa de pagamento (empenhos) de 32% de suas emendas, menos que os petistas (44 j%) e os peemedebistas (41,4%). Os valores do partido de Kassab se aproximaram dos obtidos por deputados do DEM (27,5%), de onde muitos saíram rumo ao PSD. Em 2013, o governo ainda inicia o processo de liberação de emendas. Nenhum partido obteve empenho superior a 3%,

As emendas estão por trás das principais demandas no Congresso porque permitem capitalização política dos parlamentares nas bases eleitorais. As reclamações são comuns a todos os partidos, mas no PSD a frustração é maior porque boa parte dos deputados veio da oposição justamente acreditando que teria obras a mostrar em suas bases para consolidar projetos pessoais de reeleição.

"Todo mundo que mudou para o PSD tinha uma expectativa de mudança de tratamento em relação a cargos e emendas que não foi alcançada", resume um dos descontentes.

A posição de independência em relação ao governo é vista por muitos como um dos motivos da. insatisfação que atinge boa parte da bancada,.

"Não adianta fazer discurso. No seu Estado você precisa dizer se é a favor ou contra o governo", diz outro insatisfeito. Esses deputados gostariam de ver o PSD com cargos na Esplanada. A bancada jamais aceitou ver o espaço do quarto maior partido na Câmara ser relegado à enxuta Secretaria da Micro e Pequena Empresa, comandada por Guilheme Aflf Domingos. .

Kassab comanda um processo para declarar oficialmente nos próximos meses um apoio à reeleição de Dilma, de olho na formação de um novo governo pós-2014, A visão de longo prazo, porém, não seduz.

Sem o apoio da máquina governista, parlamentares argumentam que podem perder seus mandatos. Outros questionam que "vender o passe" tão cedo para o PT atrapalha as negociações nos Estados, ainda que Kassab tenha prometido liberar as coligações regionais.

Os deputados próximos da porta de saída evitam antecipar os movimentos. O prazo para filiação partidária se encerra em setembro. Muitos farão a mudança na véspera/Entre os insatisfeitos estão Ademir Camilo (MG), Sérgio Brito (BA) e Liliam Sá (RJ). O primeiro diz que só fica no PSD se for candidato ao Senado. O segundo diz que 6o%da bancada está insatisfeita, mas alega ter boa relação com a direção local, comandada pelo vice-govemador Otto Alencar. Liliam Sá não foi encontrada, Sua volta ao PR é dada como certa por dirigentes.

Fonte: O Estado de S. Paulo

A fada madrinha de Marina Silva

Mariana Timóteo da Costa

SÃO PAULO - Reservada, fala pausada, estatura alta (1,76 metro) e elegante, Maria Alice Setubal também é conhecida por Neca, de "boneca". O apelido foi dado pelo pai, o falecido dono do Banco Itaú, Olavo Setubal, encantado pela única filha mulher, nascida em 1951, a segunda de outros seis, todos homens. Maria Alice não nega suas origens de herdeira - a fortuna da família é avaliada em mais de R$ 5 bilhões -, mas procura ir além disso. Dirige uma fundação, a Tide Setubal, e fundou o Centro de Pesquisa para Educação e Cultura (Cenpec), entidade de referência no setor. Doutora em Psicologia da Educação pela PUC de São Paulo, ela também administra, ao lado do marido, um hotel-fazenda no interior paulista chamado Capoava (diárias a partir de R$ 1 mil). Atualmente, tem se dedicado a ajudar a ex-senadora Marina Silva a construir seu novo partido: a Rede Sustentabilidade.

- A Marina (Silva) fala que nós duas viramos amigas porque fomos contra os nossos destinos. Porque era para a Marina ser uma moça pobre do seringal do Acre e eu, uma moça rica da alta sociedade paulistana. Temos uma amizade muito bonita - diz.

A união improvável gerou frutos políticos: Maria Alice é articuladora essencial - cuida da captação de recursos -, uma espécie de fada madrinha, da Rede Sustentabilidade. O movimento está em processo de recolher as 500 mil assinaturas necessárias para se tornar um partido, o que deve ser concluído na próxima semana. Ela coloca ao dispor da amiga suas condições de intelectual e articuladora de posses e amigos importantes. O objetivo parece claro: lançar a candidatura de Marina à Presidência no ano que vem, investindo nos insatisfeitos com "este atual modelo de país, que bateu num teto", comenta a empresária.

Garantindo ter doado somente como pessoa física, "nada muito significante", para a criação da Rede, Maria Alice promove encontros e eventos para Marina. São desde cafés da manhã com empresários e outros interessados, passando pela venda de camisetas e produção de eventos, como um recente show em São Paulo de Adriana Calcanhotto e Nando Reis.

- Depois que o partido se estabelecer, vamos mobilizar doações via internet. A ideia é expandir e elaborar minucioso plano de capacitação de recursos - adianta Maria Alice, que diz acreditar que a coleta de assinaturas seja concluída na próxima semana.

O prazo para o trâmite no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) é setembro. Segundo Maria Alice, as assinaturas ainda precisarão ser validadas e o material, enviado pelos Correios:

- Existe toda uma burocracia a seguir. A política é uma adrenalina, é muito bom de fazer quando você acredita numa pessoa e num projeto.

Maria Alice e Marina se conheceram em 2007, e a amizade cresceu às vésperas da campanha presidencial de 2010, quando o cineasta Fernando Meirelles convidou a empresária para participar de um vídeo em apoio a Marina. Ela acompanhou a então candidata do Partido Verde (PV) em viagens pelo Brasil, fez doações para a campanha, elaborou um plano de governo na área de Educação e disse ter ficado cada vez mais "impressionada com o carisma e o carinho que Marina desperta". Em abril último, as duas estiveram em Paris. Encontraram-se com intelectuais, empresários e políticos.

Para Maria Alice, a maior parte das lideranças do Brasil e do mundo não enxerga a "horizontalidade da política".

- A mesma coisa acontece com a Educação. Assim como a construção do conhecimento hoje é colaborativa, na política ela também deve ser. O nosso modelo político é um modelo do século XIX e não se adequa às condições do mundo atual. É corajoso tentar fazer alguma coisa, mesmo sem reforma política nenhuma.

A herdeira do Itaú frisa que "uma coisa é ela com a Rede e com Marina; outra coisa é ela com sua fundação e o Cenpec (referência nacional na produção de material didático, formação de professores e avaliação das escolas); e outra é o banco".

O Itaú doou, segundo informações da época, R$ 1 milhão para a campanha de Marina em 2010, e a própria Maria Alice já admitiu que o banco pode voltar a participar em 2014, embora ainda seja cedo para qualquer definição.

Marina diz que amiga virou militante da rede

Planos para o Brasil são o que aparentemente unem esta integrante da alta sociedade paulistana - mãe de três filhos e avó de dois - e a filha de seringueiros que virou senadora, ex-ministra do Meio Ambiente do governo Lula e presidenciável que obteve 20 milhões de votos na última eleição. Marina retribui os elogios à amiga.

- Somos duas pessoas com trajetórias em contextos diferentes, cujo ponto comum para a aproximação foi a Educação. O que nos levou a uma profunda amizade, compartilhando ideias e projetos, inclusive no espaço da política. Maria Alice agora é militante da Rede Sustentabilidade - afirma Marina Silva.

Maria Alice diz que a amiga "também vê como questões" eventuais restrições a uma candidatura sua, que passam por temas como religião. Será que Marina conseguiria separar o fato de ser evangélica de um Estado laico?

- Ela sempre defendeu o Estado laico. Marina nunca misturou sua fé, algo muito pessoal, com política; ao contrário de muitos outros que estão por aí - responde a empresária, para quem a amiga, se for mesmo candidata em 2014, também precisará "ter em torno dela pessoas que traduzam sua visão de estadista em políticas concretas, em implementação, que ela terá que mostrar".

Fonte: O Globo

Campos - Projeto de legado para o futuro

Aline Moura

O governador Eduardo Campos (PSB) vai aproveitar o capital político que construiu nos últimos anos para deixar um legado para os futuros gestores do estado e, ao mesmo tempo, mostrar ao setor produtivo do país que não está preocupado apenas com o “agora”. Até o final do mês, ele quer lançar o Pernambuco 2035, no intuito deixar diretrizes de planejamento para os próximos 20 anos. O programa poderá contar com a parceria do Movimento Brasil Competitivo, do empresário Jorge Gerdau, colaborador de Dilma Rousseff (PT).

A iniciativa reforça o perfil de Eduardo como gestor, bastante elogiado no Brasil, e soma, coincidentemente, com um dos principais eixos do seu discurso nas movimentações para a disputa presidencial. Na próxima semana, por exemplo, o governador também estará em Minas Gerais, reduto do senador Aécio Neves (PSDB), para dar palestra sobre o atual modelo de gestão no seminário Conexão Empresarial.

Segundo o secretário de Planejamento e Gestão, Fred Amâncio, a decisão de elaborar o projeto foi do próprio governador. “Temos uma conversa iniciada com o Movimento Brasil Competitivo, que foi nosso parceiro no modelo de gestão, mas o projeto terá andamento mesmo se não concretizarmos a parceria. Isso é extraordinário. Deixar um plano que dê uma diretriz para o futuro é um grandioso avanço”, declarou o secretário.

Fred Amâncio contou que o Pernambuco 2035 terá eixos importantes para o desenvolvimento do estado, mas ele frisou que a equipe ainda não pensou em mecanismos legais para que o projeto seja seguido pelos próximos governadores. “Estamos discutindo ainda como vamos estruturá-lo”, declarou.

Fonte: Diário de Pernambuco

Contra a impunidade - Merval Pereira

A comissão formada na Câmara dos Deputados para propor uma nova versão da PEC 37, que impede o Ministério Público de realizar investigações criminais, é um exemplo auspicioso de como encaminhar questões polêmicas como essa para soluções de consenso.

Como já escrevi aqui, só a sua criação já é uma derrota para aqueles que viam na PEC um instrumento de retaliação à atuação do procurador-geral da República, Roberto Gurgel, no julgamento do mensalão. E uma ducha de água fria nos que, aproveitando-se da sede de vingança, queriam mesmo era um ambiente mais propício à maracutaia, sem o Ministério Público para investigar. Não é à toa que a proposta é conhecida como "PEC da impunidade".

Em um seminário organizado pelo Ministério Público do Rio que contou com a participação de representantes de todo o país, participei de um debate sobre a atuação do Ministério Público, onde expressei minha preocupação com "ações voluntaristas e partidárias". Ressaltei que nos últimos anos os acertos foram maiores que os erros, mas houve vários momentos em que o agente do MP foi acusado de abusar de suas prerrogativas.

"É ruim para a instituição uma identificação com petistas ou tucanos, por exemplo, pois coloca em risco as atribuições do MP", disse na ocasião, referindo-me a dois casos exemplares: a atuação do procurador Luiz Francisco de Souza nos governos do PSDB, acusado de trabalhar a favor do PT, e também a do subprocurador José Roberto Santoro, acusado pelo PT de ser ligado aos tucanos, notadamente a José Serra.

Já naquele momento discutia-se a participação do MP em investigações, e eu disse na ocasião que era "equivocada" uma substituição de poderes. "O ideal é que o exemplo de atuação do MP contaminasse a polícia. O trabalho conjunto seria ideal, não a substituição", disse. Defendi uma divulgação do trabalho do Ministério Público nas áreas de Proteção ao Meio Ambiente e do Consumidor, pois são assuntos que dão respaldo à imagem de que o Ministério Público defende a cidadania.

Com o julgamento do mensalão, o papel do MP ganhou maior visibilidade no combate à corrupção, e isso trouxe também problemas políticos adicionais para ele. A firmeza com que o relator do caso, hoje presidente do Supremo, ministro Joaquim Barbosa, levou o processo foi atribuída à sua origem no Ministério Público; e, da mesma maneira, o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, caiu em desgraça junto ao PT por suas acusações, que levaram à condenação de líderes petistas como o ex-ministro José Dirceu e os deputados José Genoino e João Paulo Cunha.

Tudo indica que a comissão formada na Câmara, que conta com a participação de representantes das polícias e do Ministério Público, encontrará uma maneira de reforçar, e não tolher, o combate à corrupção, regulamentando a atuação do Ministério Público nas investigações sem tolhê-las.

Esta semana o procurador-geral do Banco Central, Isaac Sidney Menezes Ferreira, divulgou uma nota revelando a importância fundamental do trabalho do Ministério Público no combate aos crimes financeiros. Diz ele que a obrigação legal de comunicar ao MP os indícios de crimes fez com que mais de 16 mil comunicações tenham sido feitas pelo Banco Central.

Além disso, a lei permite que o Banco Central atue nas ações penais iniciadas pelo Ministério Público, existindo atualmente 55 processos em andamento. O procurador-geral do Banco Central diz na nota que a "atuação investigativa do Ministério Público tem resultado em relevantes contributos para a persecução penal", e pede que o " modelo de atuação compartilhada" seja mantido.

Fonte: O Globo

Senhora da razão - Dora Kramer

Se os políticos estão desconfortáveis com os meios e, principalmente, com os modos da presidente Dilma Rousseff, bom saberem que a recíproca é verdadeira: ela tampouco está à vontade com eles.

Acha que é preciso resgatar alguns espaços institucionais, restringir. a área de atuação dos partidos na máquina pública e proteger o Estado da ocupação referida nos interesses desse ou daquele aliado.

O custo da insatisfação, segundo ministros de sua convivência diária, está devidamente contabilizado. E o antídoto também: a popularidade da presidente, a expectativa de renovação do poder gerada pelo favoritismo eleitoral, o manejo das emendas parlamentares, a distribuição de espaços ainda disponíveis e ò investimento no diálogo.

Em resumo, na avaliação do governo o diabo não é tão feito quanto faz supor a turbulência posta de forma; explícita da votação da MP dos Portos. Primeiro, porque o episódio é visto como uma excepcionalidade.

Devido ao conteúdo da medida, abriram-se janelas de oportunidade para todo tipo de negócio”, taí a gama de interesses em conflito e o afã de atender às demandas de financiadores e potenciais doadòres de campanhas. Em segundo lugar, na visão do Planalto o clima de tensão não é novidade, faz parte. Mesmo sob a batuta de Lula, argumenta-se, houve momentos de conflito e derrotas importantes, sendo a mais contundente a perda da CPMF.

Governo acha que atrito na base é reação ao fechamento de ‘torneiras’

Em terceiro, e no mais eloqüente argumento apresentado pelo governo, é que há diferenças entre as concepções de Dilma Rousseffe as de seu antecessor no tocante ao conceito de governo de coalizão.

Lula compunha e cedia como se não houvesse amanhã. Dilma resolveu restringir propositadamente os espaços ocupados por aliados, inclusive os reservados ao PT. “Daí a insatisfação, constata integrante da equipe palaciana sem dar sinais de que exista a menor intenção de alteiai procedimentos.

Um exemplo citado é o da Petrobrás, “Houve mudanças na diretoria a partir da necessidade de se retomar a gestão mais profissionalizada, menos politizada. O Gabrieli não deixou a presidência por acaso?"

No que poderia ser interpretado como crítica aos meios e modos de o ex-presidente Lula tratar seus aliados embora isso não seja dito dessa maneira explícita dá margem ao seguinte raciocínio: uma transição entre um governo e outro houve mudança de conceito sobre o funcionamento da coalizão. A presidente Dilma decidiu fechar algumas torneiras e, com isso, as pessoas ficaram nervosas”

Depreende-se, até que as circunstâncias imponham alguma revisão de rumo, que continuarão assim. Pelo simples fato de que Dilma Rousseff acha que deve ser assim.

Bolsa de valor. Quanto mais episódios de desordem e insegurança públicas ocorrem em São Paulo, reforço ganha a ideia de fazer do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, candidato ao governo do Estado pelo PT.

Nas pesquisas quantitativas, Cardozo nem chega perto dos índices de nomes como Marta Suplicy. Nas qualitativas, em compensação, o ministro aparece bem posicionado no eleitorado do PSDB que se mostra cansado do partido.

Crocodilo. Sinceridade? Alguns tucanos defendem a dupla função de Guilherme Afif Domingos, a maioria estrategicamente cala,-mas não vão chorar lágrimas de esguicho se o ministro em governo do PT e vice-governador em administração do PSDB vier a perder o mandato, conforme recomenda o Ministério Público de São Paulo.

Afif, em verdade entra aí como Pilatos no credo. O Judas mesmo é Gilberto Kassab, cuja migração da oposição para o campo governista a bordo do PSD continua sendo vista como crime sem perdão.

Fonte: O Estado de S. Paulo

Os sem saída - Denise Rothenburg

Se Eduardo Campos ou Aécio Neves recuarem das respectivas candidaturas presidenciais hoje, deixarão no ar a ideia de rendição. Eduardo, ao PT; e Aécio, ao PSDB de São Paulo

Não raro, os políticos armam suas jogadas de forma a terem vários caminhos a seguir. São poucos aqueles que entram em um corredor com apenas uma porta à frente. Na conjuntura atual, entretanto, vários personagens estão nesse ponto. A começar pelos adversários da presidente Dilma Rousseff na corrida de 2014. O presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG), e o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), são vistos pela classe política como dois líderes que passaram do ponto de recuo.

Entre os tucanos, Aécio começa agora a percorrer o país com a missão de mostrar aos correligionários que sua candidatura é viável. Nesse sentido, o senador precisa urgentemente conquistar os corações paulistas. Ele certamente não ouvirá, desta vez, do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, que o candidato a presidente está escolhido e que será o próprio Aécio. Afinal, com José Serra no ninho tucano — e hoje os paulistas consideram que o ex-governador não deixará o PSDB —, Alckmin não pode descartar desde já a candidatura de Serra, embora saiba das dificuldades que seu antecessor enfrenta.

Só para situar aqueles que não têm acompanhado os movimentos de Serra, ele vem reunindo-se com partidários, em São Paulo, e a essas pessoas dá a entender que ficará. Afinal, uma filiação ao MD de Roberto Freire, sem levar um grande contingente de aliados, soaria como o bloco do "eu sozinho", com um tempo de tevê limitado, o que não é uma boa política. Assim, com Serra dentro do PSDB e as dificuldades eleitorais do próprio Alckmin, o atual governador não tem como simplesmente abraçar, desde já, uma candidatura presidencial fora de São Paulo. Portanto, compete a Aécio agora sair pelo país, mostrar-se capaz de seduzir e empolgar todo o partido para que Alckmin não tenha opção, senão apoiá-lo. Pelo menos, essa é a leitura dos bastidores dos alckministas.

Enquanto isso, no Palácio dos Bandeirantes...

Geraldo Alckmin é também um personagem que hoje não tem alternativa. Com o vice-governador Guilherme Afif Domingos fazendo o jogo do adversário Gilberto Kassab, o governador não tem alternativa que dispense concorrer a mais um mandato. Será, na visão dos próprios tucanos, a missão mais difícil desse afável político de Pindamonhangaba. Alckmin hoje tem mais prestígio no interior do que na capital, o que torna a perspectiva de vitória mais incerta do que das outra vezes que ele concorreu.

O PT, ao contrário do PSDB paulista, está com o frescor da novidade na prefeitura da capital, com Fernando Haddad na preparação de um projeto de 25 anos para a maior cidade do país, sem o estresse eleitoral. Haddad ainda está na fase de arrumar a casa. Afinal, pegou a prefeitura abarrotada de problemas e ainda enfrenta desgastes com as manifestações por conta do reajuste das tarifas de ônibus.

Alckmin também tem sua parcela de desgaste nessas manifestações por causa do metrô, que é estadual. E, diante dos problemas conjuntos, os dois têm convivido muito bem — ambos viajam hoje para Paris, a fim de defender a candidatura de São Paulo à Expo 2020, o terceiro evento quadrienal mais importante do mundo depois dos jogos olímpicos e da Copa da Fifa. As outras concorrentes são Esmirna, na Turquia, um país que passa por fortes convulsões sociais nesse momento. Ekaterimburgo, na Rússia; e Dubai, nos Emirados Árabes. Apesar de Afif, Geraldo Alckimin concluiu que não dá para largar os eventos importantes para o estado como um todo por causa da crise que envolve o ministro/vice-governador.

Desde que perdeu o apoio de Afif para o PSD de Gilberto Kassab, Geraldo Alckmin tem tratado de mudar seu jogo. Nesse sentido, reatou os laços com o PSB de Eduardo Campos e não descarta, hoje, a hipótese de oferecer a vaga de candidato a vice-governador ao deputado Márcio França, do PSB, seu ex-secretário de Turismo. A operação, embora arriscada por causa do DEM, que integra a base governista, pode ser a melhor alternativa para Alckmin, dando ainda a Eduardo Campos um palanque em um estado onde seu partido tem pouco combustível.

Por falar em PSB...

Antes de separar as cartas com que pode jogar nos estados, Eduardo Campos tem tratado de arrumar seu jogo internamente. Nos últimos dias, além de Ciro Gomes, conversou com os governadores e líderes de seu próprio partido. Hoje, se Eduardo recuar da candidatura a presidente da República, depois das andanças que faz pelo Brasil e da propaganda que apresentou na tevê, ficará menor do que é, porque deixará no ar uma certa conformidade com a posição de acessório ao PT. E, até aqui, ele não deu um sinal de construção do discurso de desembarque.

Fonte: Correio Braziliense

O Brasil e o império - Eliane Cantanhêde

Na ditadura militar, dizia-se que "o que é bom para os EUA é bom para o Brasil". Adaptando-se aos novos tempos, temos hoje que "o que é bom para os EUA pode ser muito ruim para o Brasil".

Enquanto os EUA saem da crise devagar e sempre, o Brasil vive uma montanha-russa que foi particularmente estonteante do início ao fim da semana passada. Na sexta, a Bovespa caiu para 51 mil pontos e o dólar subiu para R$ 2,13.

Em boa parte, dizem os experts, isso é resultado da recuperação norte-americana. O dólar resgata seu velho vigor e os EUA voltam a ser atrativos para investidores de diferentes gostos e regiões do planeta.

No Brasil, que se preparou para uma longa crise norte-americana, a reversão de expectativas corresponde a: 1) o dólar subindo ameaça ainda mais a inflação, já no teto de 6,5%; 2) o Banco Central não tem alternativa senão manter a alta dos juros, para tristeza e irritação tanto da presidente quanto da candidata Dilma, franca favorita em 2014.

Como pano de fundo, há a nítida aproximação política entre Brasília e Washington, com troca de amabilidades, visitas para cá e para lá, promessas de lado a lado, programas de cooperação e boas perspectivas comerciais bilaterais.

É nesse contexto que a nova embaixadora Liliana Ayalde chega a Brasília e o craque Paulo Vannuchi é eleito para a Comissão Interamericana de Direitos Humanos, preparando terreno para a normalização da relação do Brasil com a OEA, que une os países latino-americanos aos EUA.

Quem determinou a retirada do embaixador na OEA foi Dilma, mas o processo de esvaziamento do organismo e de substituição pela Unasul começou com Lula. Pode estar sendo interrompido.

Afinal, o Brasil não parece ser mais o queridinho de potências e emergentes, e os EUA dão mostras, na economia e com a ofensiva "Big Brother" em plena era Obama, de que o império não vai ruir tão cedo.

Fonte: Folha de S. Paulo

Retrato do momento - Tereza Cruvinel

Para seguir como favorita, Dilma precisa manter acesa a chama de satisfação da maioria do eleitorado. E isso, agora, passa a depender também das condições da economia

A testa apoiada na mão direita, os olhos cerrados em sinal de cansaço, os lábios formando um ríctus da irritação. O teor do bilhete pendente na mão direita deve ter sido apenas gota d"água, na torrente de problemas dos últimas dias, que levou a sempre contida e litúrgica presidente Dilma Rousseff a permitir o registro da imagem, durante cerimônia sobre mudanças climáticas na quarta-feira passada. Nenhuma outra fotografia, depois de sua posse, revelou tanto estresse. Nosso sistema límbico não falha, denuncia os sentimentos pelas expressões faciais. Mas a foto e as agruras decorrem de um momento ainda distante da prova de fogo de 2014. Analistas e protagonistas não devem subestimar a conjuntura nem fazer apostas fatalistas em seu agravamento e consequências políticas.

O primeiro semestre está terminando com problemas agudos nas frentes econômica, social e política. Ao longo da semana passada, o dólar disparou, as bolsas caíram e a inflação, embora exibindo recuo em maio (0,37% contra 0,55% em abril), encostou no teto da meta em 12 meses (6,5%). A ata do Copom, da reunião que elevou os juros para 8%, fez várias advertências sobre a renitência da inflação. Maio terminou com o IBGE divulgando um crescimento de apenas 0,6% no primeiro trimestre, menor que o esperado, embora tenha havido crescimento de 1,9% em relação ao mesmo período de 2011. Na balança comercial, deficit de US$ 5,392 bilhões desde janeiro. E para completar, pela primeira vez desde 2002, uma agência de risco, a mesma que em 2008 conferiu ao Brasil o festejado "grau de investimento" (S&P), fez apreciação negativa sobre a economia brasileira. O governo não nega o inegável, mas aposta que o vento ruim na economia vai começar a virar.

Na área social, houve a anárquica onda de saques dos benefícios do Bolsa Família, provocados pela mal explicada antecipação dos depósitos pela Caixa e pela ainda não esclarecida onda de boatos sobre o fim do programa. A questão indígena ressurgiu forte, com ocupação de obras e conflitos na desocupação de fazendas. A violenta ação policial terminou com um índio morto e um ferido. Muito feio, na hora em que o brasileiro Paulo Vannucchi é eleito para a Comissão Interamericana de Direitos Humanos. O aumento de tarifas de ônibus deflagrou ações de vandalismo em São Paulo e outras cidades. Ao Nordeste que sofre com a seca, Dilma anunciará um plano para a agricultura do semiárido. Apesar de tudo isso, dizem auxiliares dela, não há desemprego nem encolhimento da renda. O sentimento de melhora de vida continua alto. O governo tem lá suas pesquisas.

Na política, as dificuldades econômicas dão discurso para o principal candidato de oposição, o tucano Aécio Neves. Dilma enfrenta problemas com a base aliada no Congresso, que ameaça derrubar seus vetos à Lei dos Portos e aprovar o orçamento impositivo. A antecipação da campanha atiçou as disputas estaduais na coalizão. Mas, enquanto a aprovação ao governo e a popularidade da presidente se mantiverem altos, ninguém vai saltar do barco. Dos nove partidos que a apoiaram em 2010, todos já se comprometeram com ela para 2014, exceto o PSB do provável concorrente Eduardo Campos.

Há muito jogo pela frente, mas, para seguir como favorita, Dilma precisa manter acesa a chama de satisfação da maioria do eleitorado. E isso, agora, passa a depender também das condições da economia, uma variável de controle relativo.

Vida real

Garantidos os direitos plenos das domésticas, a maior demanda das mulheres que trabalham e criam filhos é por creches públicas. A partir de 2016, a creche e a pré-escola, a partir dos quatro anos, serão obrigação do Estado, estabelece a lei geral da Educação (LDBE). Dilma prometeu criar 6 mil creches até o ano que vem. Segundo o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, foram planejadas 5.665, das quais 1.031 já foram entregues, l.872 estão com mais de 80% das obras concluídas e serão entregues em 2014. Outras 630 estão mais atrasadas. Dilma, que acompanha o cronograma por um tablet do MEC, providenciou recursos para mais 3 mil, que já foram licitadas por pregão eletrônico. Um projeto técnico comum permitirá que sejam construídas em até sete meses. Essa é uma corrida que tem a ver com o voto. O mais claro adversário em 2014, Aécio Neves, já começou a cobrar a promessa.

Na Bahia, quem diria

Na política, o impossível não existe mesmo. O governador da Bahia, Jaques Wagner, viabilizou o compromisso de apoio do PTB a Dilma-2014, indicando o presidente em exercício do partido de Roberto Jefferson, Benito Gama, para uma vice-presidência do Banco do Brasil. E, lá no calor baiano, já se discute a hipótese de uma aliança entre o PT e o prefeito de Salvador, ACM Neto. No programa de TV do DEM que foi ao ar na quinta-feira, ele não atacou Dilma. Resumo de Wagner: "O que ACM Neto disse é que não fecha a porta. E eu, do outro lado, disse: ótimo. Se ele quiser vir, eu vou dizer o quê? Que acho ruim?"

Fonte: Correio Braziliense

Freire: Queda da avaliação de Dilma é resultado do "desmantelamento" do governo

Por: Assessoria do PPS

O presidente da MD (Mobilização Democrática), deputado Roberto Freire (SP), disse neste sábado que a queda da avaliação do governo da presidente Dilma Rousseff, registrada pelo Datafolha, é resultado dos equívocos cometidos na condução da política econômica e da percepção da sociedade de que o governo está se “desmantelando”.

“A inflação, o baixo crescimento do PIB [no primeiro trimestre], os equívocos no Bolsa-Família mostram a incapacidade de gerenciar a crise e que o governo está se desmantelando pelos seus próprios erros. É um sinal de que o ciclo do lulo-petistmo esta se esgotando”, analisou Freire.

Segundo o Datafolha, a avaliação do governo Dilma caiu 8% em relação ao levantamento anterior, de 65% para 57% nos quesitos bom e ótimo. Na corrida presidencial, a pesquisa aponta uma queda de sete pontos (51%) nas intenções de voto de Dilma, na comparação com a última sondagem).

Para Freire, o resultado da pesquisa também é uma resposta a “estultice” de segmento da mídia que já dá como certa a reeleição da presidente Dilma. “A oposição saberá avaliar os resultados da pesquisa porque reconhece que a eleição [de 2014] ainda não está definida”, disse Roberto Freire.

Fonte: Portal do PPS

Com inflação em alta, Dilma ensaia retorno à receita de FHC

Com a inflação em alta e a popularidade em queda, governo opta por elevar juros e defende a flutuação do dólar

Sem maior controle dos gastos públicos, economistas ainda duvidam se a mudança é mesmo para valer

Raquel Landim, Mariana Carneiro

Com a inflação ameaçando sair do controle e a popularidade em queda, a presidente Dilma Rousseff vem promovendo uma mudança na sua política econômica ao elevar os juros e soltar as amarras da taxa de câmbio.

Economistas renomados avaliam que o governo vem sendo obrigado a adotar, parcialmente, a receita que garantiu a estabilidade de preços nos governos FHC e Lula.

Com exceção do controle de gastos públicos, pouco a pouco o governo retoma as outras duas bases do tripé econômico: metas de inflação e câmbio flutuante.

"O Banco Central resolveu se mexer e isso representa um reforço ao tripé", disse à Folha o ex-presidente do BC, Armínio Fraga, que instalou o sistema de metas de inflação no Brasil em 1999.

Nas duas últimas semanas, o BC apertou o ritmo de elevação da taxa básica de juros e o governo baixou impostos para atrair investidores estrangeiros em renda fixa. Dilma frisou publicamente que "o câmbio é flutuante".

O discurso marca uma diferença em relação ao que vinha sendo praticado até então. O governo havia flexibilizado o tripé em direção ao que chamou de "nova matriz econômica": juros baixos, câmbio forçadamente desvalorizado e desonerações.

Necessidade

Para economistas, as mudanças promovidas pelo governo não estão sendo feitas por convicção, mas por necessidade, por conta do aumento dos preços e do movimento global de apreciação do dólar.

"Está começando a pegar fogo na sala, então jogam um balde de água", diz Affonso Celso Pastore, ex-presidente do BC. A inflação acumulada em 12 meses até abril está em 6,5% --teto da meta do BC.

Pastore avalia que a política econômica de Dilma não gerou crescimento e, sim, inflação. "O governo ficou preso num dilema: crescimento baixo e inflação alta."

Apesar dos sinais de mudança, o mercado financeiro ainda não está convencido de que é para valer, por conta da resistência do governo em controlar seus gastos.

Sem reduzir as despesas públicas é mais difícil conter a inflação e o BC tem que elevar ainda mais os juros. Há uma descrença no mercado de que o governo está disposto a subir a taxa o suficiente para trazer a inflação de volta para a meta (4,5%).

Na quinta-feira à noite, a S&P ameaçou rebaixar a classificação do Brasil, citando a "perda de credibilidade" da política econômica.

Segundo a Folha apurou, a avaliação no Ministério da Fazenda é que a política fiscal "já é austera, anticíclica e vai continuar sendo".

Para Armínio Fraga, o tripé econômico não tinha sido abandonado, mas "flexibilizado". "A inflação foi saindo de controle e o governo respondeu com medidas pontuais, que mascaram o problema. Agora o BC agiu."

Para ele, o mercado teve a impressão que o dólar estava "tabelado" em torno de R$ 2, mas isso foi "desmentido pelos fatos". "O que me preocupa é que a política fiscal segue expansionista e isso prejudica o trabalho do BC".

Luiz Gonzaga Belluzzo, professor da Unicamp e conselheiro da presidente Dilma, concorda que o governo está economizando menos.

Mas, para ele, isso é resultado da queda da arrecadação, provocada pela fraqueza da economia, e das reduções de impostos para recuperar o crescimento.

"O BC está elevando os juros porque o ajuste fiscal é mais difícil. E isso é o preço que pagamos pelo desarranjo do passado", afirma, referindo-se aos efeitos da valorização do dólar por anos sobre a indústria brasileira.

Críticas

Para o ex-ministro Luiz Carlos Bresser-Pereira, o governo está aproveitando o momento de alta global do dólar, provocado pela recuperação da economia americana, e permitindo minidesvalorizações do real.

"Há uma pressão de depreciação no mercado, devido ao deficit comercial e à redução de entrada de capital, e o governo deixou o dólar chegar a R$ 2,15", disse Bresser.

O ex-ministro tem críticas ao tripé macroeconômico. Segundo ele, nesse regime, o dólar barato foi o principal instrumento contra a inflação. Tampouco prevê como exitosa a estratégia de Dilma:

"Com essa política, não vamos retomar o crescimento, porque a taxa de câmbio continua apreciada."

Fonte: Folha de S. Paulo

Difícil travessia - Pedro S., Malan*

Em artigo publicado neste espaço (14/3/2010) citei textos escritos por Antonio Palocci e Paulo Bernardo, que registraram seu reconhecimento da herança positiva que o governo Lula havia recebido do governo anterior. Segue o parágrafo que, à época, escrevi sobre os dois depoimentos: "O respeito aos fatos, claramente expresso por Bernardo e Palocci, se contasse com o respaldo das vozes mais sensatas de seu partido e do movimento lulista, representaria um avanço considerável em direção a um debate público mais sério e de melhor qualidade sobre o País e seu futuro. Um debate voltado para 'o que fazer' com vistas a assegurar a gradual consolidação do muito que já alcançamos como País e, principalmente, como - e com que tipo de lideranças - avançar mais, e melhor, no processo de mudança e de continuidade que nos trouxe até aqui".

A presidente Dilma, em seu discurso de posse, também teve um momento de generosidade para com governos anteriores, algo que Lula nunca se permitiu. E escreveu bela carta pública ao presidente FHC por ocasião de seus 80 anos, exatos dois anos atrás.

Não pretendia mais voltar a este tema após estes gestos. Mas o prematuro lançamento da campanha pela reeleição da presidente, com quase dois anos de antecedência, e, ao que tudo indica, o que vem por aí, a julgar pelas comemorações pelos "últimos dez anos", sugerem que voltarão à tona variantes retóricas do "nunca antes na história deste país". E, de novo, a tentativa de reescrever a história e estabelecer a data da primeira posse de Lula, em 2003, como o marco zero de uma suposta Nova Era.

A ideia de que, no mundo da política, o que importa é a versão, e não o fato, tem ampla disseminação entre nós. A aceitação dessa "máxima" tem implicações nada triviais para o debate público, em particular durante períodos eleitorais nos quais, como nas guerras, a verdade figura entre as primeiras vítimas.

Pois veja o eventual leitor: se o que realmente importa não são tanto os fatos, mas as versões sobre os mesmos, por vezes muito distintas e conflitantes, segue-se que as versões que tendem a predominar - pelo menos no prazo relevante para o calendário eleitoral - são aquelas mais constantemente repetidas, aquelas mais bem financiadas por esquemas profissionais dos departamentos de agitação, propaganda e marquetagem política.

Há quem diga que tudo isso é apenas efeito do calor da hora, expressão das vastas emoções que fazem parte natural de processos eleitorais em sociedades de massa. Para estes, passadas as eleições, e qualquer que seja o seu resultado, o País continuaria - à nossa pragmática maneira - a avançar em seus complexos processos de continuidade e mudança.

A propósito, meu último artigo neste espaço (Marcados descompassos) termina expressando a esperança de que o País possa melhorar a qualidade do debate público informado sobre crescimento, emprego e renda, com foco na imperiosa necessidade de aumentar, em muito, a produtividade e a competitividade internacional de suas empresas e a eficiência operacional do governo na gestão da coisa pública - aí incluídos os investimentos em infraestrutura...

Pois bem, a respeito desta última área, vale reler a longa entrevista concedida a este jornal seis meses atrás (2/1/2013) pelo presidente da Empresa de Planejamento e Logística (EPL), há muitos e muitos anos o homem-chave e de confiança de nossa presidente neste campo. Disse ele: "Se a gente pegar os planos nacionais de logística de transporte e de logística portuária e outros estudos do governo, teremos de investir perto de R$ 400 bilhões em cinco anos. Vamos dizer que tenho de investir outros R$ 20 bilhões para não gerar novo passivo e ser preventivo. Então a necessidade de investimento seria de R$ 100 bilhões por ano. Resolvendo isso, posso dizer que em cinco anos não teríamos mais problemas de infraestrutura". Deixo ao leitor avaliar, com base em sua experiência, quão crível é essa última assertiva.

Perguntado como seriam os próximos passos, disse o presidente da EPL: "Vamos avaliar todos os estudos preparados até agora e quantificar qual o investimento prioritário. A ideia é levar isso para o Conselho Nacional de Integração de Políticas de Transporte (Conit), que será formado pelo governo e pela iniciativa privada. Ele vai validar quais as ações prioritárias que faltam ser adotadas. A partir da validação do Conit, a EPL vai começar a preparar os projetos para execução. Aí, mais uma vez, voltamos ao Conit, que aprova ou não. Em 2013, também vamos fazer uma ampla pesquisa em todas as rodovias, ferrovias e portos para saber tudo o que é movimentado no País. Vamos simular como a rede se comporta. E aí identificar com mais precisão as prioridades". Deixo ao leitor avaliar quão eficaz é esse processo.

O presidente da EPL diz ainda: "A gente está fazendo 10 mil km de ferrovias, duplicando 5 mil km de rodovias, são R$ 50 bilhões para portos. O PAC tem R$ 20 bilhões para mobilidade urbana". E defende o trem de alta velocidade: "Precisamos resolver todos os problemas e um deles é como as pessoas se deslocam no eixo Rio-São Paulo". Deixo ao leitor avaliar o conjunto dos três últimos parágrafos à luz de sua vivência.

A entrevista foi concedida a este jornal quase seis meses atrás. Mas não se passaram somente estes meses. Passaram-se 10 anos, 5 meses e 10 dias desde que um mesmo governo está no poder, como quer a propaganda eleitoral oficial.

Desde junho de 2003 tenho o exorbitante privilégio de escrever nesta página, deste excelente jornal, que teve, tem e terá papel histórico no diálogo do País consigo mesmo. A generosidade de seus editores permitiu a publicação de cerca de 100 artigos ao longo destes 10 anos. O encorajamento de leitores me faz persistir.

*Economista, foi ministro, da Fazenda no governo, Fernando Henrique Cardoso

Fonte: O Estado de S. Paulo

O governo perdeu o rumo - José Roberto Mendonça de Barros

Uma sucessão de más notícias fez o governo perder o rumo. O PIB do primeiro trimestre foi péssimo, mais do que confirmando nossa análise neste espaço ("2013 não começou bem I e II", publicados respectivamente, em 20/01 e 17/02). Ao mesmo tempo, as pesquisas mostraram claramente que a inflação e especialmente o custo da alimentação entraram firme na vida e na preocupação das famílias, algo grave para um governo, antes de tudo, empenhado na reeleição.

Por outro lado, aceleraram-se os sinais de piora do setor externo, tanto na balança comercial como na conta corrente, o que colocou pressão sobre o real, gerando uma forte tendência de desvalorização.

A menor arrecadação, por seu turno, torna o expansionismo fiscal, mais claro e complicado. Finalmente, o Congresso, pelo menos por um momento, recusou-se a aprovar tu-j do o que o Executivo queria.

Esses eventos aconteceram em /meio a uma cada vez mais clara recupe-/ ração da economia global. Os últimos dados dos EUA (incluindo a divulgação de um volume de emprego bastante decente, gerado no mês de maio), do Japão e de vários emergentes reporiam essa visão. A valorização do dólar (que reforça a pressão para o enfraquecimento do real) e a extrema sensibilidade dos mercados a qualquer sinal, vindo do Fed, de mudanças na política: ; monetária são indicativos da aceitação pela maior parte do mercado que a economia americana está da vez mais próxima de uma fase de crescimento, algo que já tratamos por várias vezes.

Resta ainda, é verdade, o receio de que a economia chinesa possa fraquejar, não conseguindo segurar os 7,5% de crescimento do PIB em 2013. Embora esta seja uma possibilidade, não é; ; nosso cenário base. Nele, o rebalanceamento da economia chinesa na direção de ganhos de salário real, do consumo e de mais investimentos em qualidade da água, do ar e da energia alternativa deverão continuar. A proposta de compra da Smithfield (empresa americana líder na produção de suínos) feita pela Shuanghui é um grande indicador da importância de melhorias substanciais na qualidade da alimentação demandada pela população e tão relevante nesta fase do crescimento chinês,

Em resumo, os problemas e o enfraquecimento do crescimento brasileiro não podem ser debitados ao exterior. São produtos de uma estratégia que fracassou, agravando questões que vêm se acumulando.

De fato, após o vale-tudo que foi a campanha de 2010, os excessos econômicos produziram uma piora na situação macroeconômica que se tornou clara, Com pressões inflacionárias e outros desequilíbrios, que levaram a um crescimento modesto em 2011. A estratégia do governo, então, foi de relançar a economia a partir dos estímulos 110 consumo e da tentativa de avançar investimentos a partir da liderança do Estado, incluindo empresas estatais.

Dezesseis pacotes depois e um crescimento pífio em 2012 (0,9%), pode-se dizer que a estratégia fracassou. A demanda de consumo, ao invés de crescer, desacelerou; as exportações enfraqueceram e as importações seguem ocupando espaços cada vez maiores 110 mercado; o investimento piiblico pouco avançou, os custos subiram muito e os atrasos são recorrentes (a transposição do São Francisco e a ferrovia Transnordestina são os exemplos mais acabados desses atrasos). A Petrobrás tem vivido um momento difícil com a estagnação da produção; a Eletrobrás está com o seu fluxo de caixa totalmente comprometido e não terá como funcionar direito se o Tesouro não a socorrer. Os ditos campeões nacionais não adicionaram nada de relevante para o crescimento. O PIB de 2011-2013 será um pouco maior que 2% e, por melhor, que seja 2014, a média do governo Dilma será da mesma magnitude.

Hoje, certas coisas estão absolutamente claras. Três anos de crescimento próximo de 2% não representam um evento fortuito, mas uma tendência mais estrutural, passado o efeito dos grandes ganhos de preços de commodities.

Em segundo lugar, nosso problema não está na demanda, mas sim, na falta | de competitividade da produção nacional. Alterar essa situação vai exigir um programa estruturai de longo folego e duração. Tal programa ainda não existe. Discursos salvacionistas serão solenemente ignorados pelos fatos.

Em terceiro lugar, a situação macroeconômica está desarranjada, a começar pela inflação que se mantém firme no topo da meta. OIPGA de maio mostrou que 230 dos 365 componentes do índice subiram mais que 10% nos últimos doze meses!

Isto levou o Banco Central a elevar os juros e sinalizar que vem mais por aí. Entretanto, ao mesmo tempo, as autoridades permitiram uma nova desvalorização do real, para a faixa de R$ 2,15 por dólar, o que vai pressionar a inflação, pelo menos, via alimentos. De fato, na semana terminada na última quinta-feira, o milho tinha subido 1,9% e a soja 3,8%. Para completar o quadro, o Tesouro resolveu injetar R$ 15 bilhões na infausta Valec (!!!)

A alta de juros e da inflação, a desvalorização do real e a política fiscal expansionista não se casam, j Corremos o risco de acabar por piorar um pouco mais o crescimento, a inflação, o setor externo e a dívida do governo.

Mais uma vez, o ativismo e o movimento estão tentando substituir a reflexão, com baixa taxa de sucesso.

Economista e sócio da MB associados

Fonte: O Estado de S. Paulo

Tomates, ônibus e jeitinho - Vinicius Torres Freire

Há sinais discretos de azedume com preço de comida e ônibus, com a economia, mas nada grave

Primeiro, foi o preço do tomate. A seguir, houve o ligeiro tumulto por causa do aumento da passagem de ônibus. Depois, o que será? Quase nada, provavelmente.

A inflação fez algum estrago, as tardes do governo Dilma Rousseff não são mais fagueiras, mas o azedume não bastou para derrubar a popularidade da presidente, que desandou um tico, de uns 70% de aprovação para uns 60%, segundo pesquisas do governo.

Dilma Rousseff está com o filme queimado entre a elite econômica, o empresariado e a alta classe média, que no Brasil não passam de uns 2% da população, com boa vontade. No mais, o prestígio da presidente vai bem, mesmo com uma inflação da comida que ainda anda na casa dos 15% ao ano, muito acima da inflação média, em 6,5%, e dos reajustes de salário nas regiões metropolitanas, que têm andado entre 8% e 9% neste ano (em relação ao mesmo mês de 2012).

O próximo ano e meio não será muito animado, decerto.

O reajuste do salário mínimo será relativamente pequeno, pois vinculado à variação do pibinho, ao crescimento pífio da economia. O governo federal não terá como ampliar programas sociais de maneira significativa.

É provável, embora incerto, que o governo desista da política de "estímulos" ao crescimento, uma bobagem fracassada e agora ainda mais contraproducente, pois o Banco Central vai aumentando os juros.

Não haverá mais despejo de dinheiro para expansão do crédito nos bancos públicos; a banca privada anda na retranca desde 2011, mais ou menos.

Os salários anuais não vão mais crescer de 4% a 6% acima da inflação, como ocorria até o ano passado, mas em torno de 2%, se tanto, ainda assim além do aumento da produtividade média.

O dólar mais caro vai desestimular as compras de felicidade da classe média (as classes média e média alta reais, não essa das estatísticas de "classe C", na verdade pobres remediados). A classe média alta permanecerá o bastião de azedume nos anos petistas, em que viram sua renda real (pelo menos a do trabalho), crescer pouco.

Sim, o clima decerto mudou. Não estava tão ruim, mas nem tanto assim, desde 2005-06, quando a vida de quase todo mundo começou a melhorar. Até a indústria voltava então a crescer. Havia mais benefícios sociais (Bolsa Família e similares), aumentos fortes do salário mínimo, dólar barato para baratear insumos de produtos populares e para a classe média comprar seus "gadgets" e viajar. Tudo isso adoçou a vida nos anos Lula.

O empresariado ficava feliz com empréstimos subsidiados em massa, dinheiro quase grátis para financiar fusões, aquisições e oligopólios. O governo amolava pouco mais do que o habitual e mal se metia nos negócios privados (não mais do que o habitual), a não ser para fornecer mundos e fundos baratos, além de proteções tarifárias exorbitantes e outros favores.

Se o governo fosse arrumar a casa para valer, haveria choro e ranger de dentes. Na melhor das hipóteses, porém, vai dar apenas uma varrida nas bobagens piores que fez. Talvez o ajuste venha em 2015, sob Dilma Rousseff ou outro encarregado. E assim vamos levando a nossa vida medíocre, com jeitinho.

Fonte: Folha de S. Paulo

Pessimismo em alta - Suely Caldas

A possibilidade de rebaixamento da nota de risco do Brasil é a pá de cal no cadente otimismo dos investidores em relação à economia brasileira, que nos últimos dois anos murcha em ritmo acelerado diante da confusa condução da política econômica e da crescente piora dos indicadores macroeconômicos. Quando a mesma agência Standard& Poor"s - que hoje ameaça rebaixar - elevou o Brasil à posição de "grau de investimento" em 30 de abril de 2008, agentes econômicos vibraram, a Bovespa disparou, chegando a 66 mil pontos (hoje oscila em 52 mil), e o ex-presidente Lula comemorou: "É o aval de que passamos a ser donos do nosso nariz".

Hoje a agência cita um conjunto de fatores que contribuíram para a decisão de mudar de "estável" para "negativa" a expectativa com a saúde da economia brasileira, mas deu ênfase a alguns: resultados medíocres do Produto Interno Bruto (PIB); inflação em alta; expansão dos gastos do governo; exportações em queda; investimentos privados em declínio; e crescimento da dívida pública. Em resumo, investidores estrangeiros que aplicam suas poupanças no Brasil têm a confiança abalada e o movimento seguinte é desviar seu investimento para países que oferecem mais segurança. A falta de confiança na forma como o governo do PT conduz a política econômica extrapola as fronteiras estrangeiras e tem se instalado aqui mesmo em nosso território, com o capital privado reticente, recuado, intimidado diante da instabilidade de regras que mudam com sucessivas intervenções do governo e golpeiam decisões de investir na produção.

O ativismo desenfreado e, muitas vezes, desarvorado do governo Dilma acaba por produzir um cenário confuso, de percepção de riscos difusos e impressionante aceleração no ritmo de piora dos fundamentos da economia e dos indicadores macroeconômicos. A começar pelo PIB, crescentemente decepcionante, a resistente e espaçosa inflação, o setor externo em galopante déficit, investimentos que não decolam, gastos públicos inexplicavelmente frouxos e a dívida pública em expansão. Com enorme frequência, as más notícias surgem e dominam o cenário, o pessimismo avança e, por serem mais fortes e abundantes, ofuscam as boas notícias.

E há boas notícias: o Brasil vai produzir este ano 184,3 milhões de toneladas de grãos, a maior safra da história; em abril, a produção industrial interrompeu a longa curva de queda e cresceu 1,8% em relação a março; a nova regulação dos portos tem tudo para gerar investimentos; o governo retira o IOF de 6% para estrangeiros aplicarem em renda fixa; foi um sucesso o leilão de novas áreas para exploração de petróleo.

Mas as boas notícias desaparecem, são diluídas pela abundância das más: a inflação resiste em junho e pode ultrapassar o teto da meta de 6,5%; o déficit público é o segundo maior da história; o PIB cresce só 0,6% e expectativas pioram com a estagnação do consumo das famílias; o governo expande em R$ 30 bilhões a dívida pública com capitalizações do BNDES e da Valec; déficit externo é recorde e chega a 3% do PIB; o governo muda as regras para evitar fracasso na privatização de rodovias; o Brasil perde a liderança para a África em atração de investimento externo. Há outras, mas paramos com a mais recente: nota de risco do Brasil ameaçada de rebaixamento.

O ativismo desenfreado e, muitas vezes, desarvorado do governo Dilma acaba por produzir um cenário confuso

"Não se mexe em time que está ganhando" é a máxima infalível que, desde sempre, funciona bem em futebol. Foi o que aconteceu com a última rodada de licitação de novas áreas de exploração de petróleo, realizada em 14 de maio último. O sucesso do leilão, o retorno ao país de grandes empresas estrangeiras, foi resultado da simples e sábia decisão de manter as mesmas regras que prevalecem desde as primeiras licitações do governo FHC. Já o oposto aconteceu com as licitações de rodovias - as regras mudaram mais de uma vez porque o governo insiste em fixar e engessar a taxa de retorno do investimento em vez de deixar que a disputa entre os concorrentes se encarregue de derrubar a taxa. Diante da falta de interesse do investidor, a solução é mudar as regras para tentar atraí-lo, tarefa até agora sem sucesso. No caso dos aeroportos, novamente, a inistência em manter a Infraero como majoritária no negócio adiou o leilão dos terminais do Galeão e de Confins, ameaçados de não concluir as obras a tempo da Copa do Mundo.

A imagem sumiu. Quando Lula escolheu Dilma Rousseff para suceder-lhe, vendeu ao País a imagem da "mãe do PAC", a mulher que sabe planejar, cobrar resultados, gerenciar o País, fazer acontecer o investimento - público e privado. Mais mal do que bem, e até onde a emperrada máquina pública permite, ela cumpriu esse papel quando ministra da Casa Civil. Trazia a experiência de ter articulado um plano para evitar o racionamento de energia no Rio Grande do Sul na crise do apagão em 2001. E na gestão Lula criou outro plano para acelerar investimentos públicos e privados - o PAC.

Mas, ao chegar ao topo do poder, Dilma não conseguiu dar corpo a essa imagem. No início ela priorizou estimular o consumo e a geração de emprego, acreditando que o crescimento econômico e o investimento viriam a reboque. Não vieram. Desonerações fiscais, farto crédito subsidiado do BNDES, do Banco do Brasil e da Caixa Econômica não evitaram o fiasco: em 2011 o PIB cresceu 2,7%, recuou para0,9% em 2012 e as previsões para 2013 não passam de 2,5%, em contraste com países emergentes, inclusive os da América Latina, que têm crescido a taxas bem mais elevadas nos últimos anos. Apesar disso, o desemprego continua baixo e o consumo só agora declina, mas as famílias se endividaram e a inadimplência cresceu.

E o talento para planejar projetos, estimular o capital privado e fazer acontecer o investimento? A força ideológica das privatizações envergonhadas do PT atrapalhou, emperrou e adiou investimentos, mas não só. Quando a ficha caiu e o governo, finalmente, reconheceu ser necessário atrair capitais privados, faltaram planejamento e projetos viáveis, competentes, atraentes. Muitas licitações estão previstas para acontecer até o final do ano. Serão bem-sucedidas? Tomara. Mas esse rebaixamento de risco do Brasil vai prejudicar.

Jornalista e professora da PUC-Rio

Fonte: O Estado de S. Paulo