terça-feira, 1 de novembro de 2011

Opinião do dia – Arnaldo Jardim : cidadania ambiental

Principalmente, às vésperas de eleições municipais, em que o compromisso com o meio ambiente deverá nortear os debates, pois mais do que estar na moda, ele é capaz de influenciar comportamentos, nos impõe tendências e introduz novas práticas no cotidiano. Momento em que é fundamental escolhermos candidatos que estejam comprometidos com a Cidadania Ambiental, por meio de propostas claras e efetivas para transformar a realidade que aí está e garantir a sobrevivência das futuras gerações.”.

Arnaldo Jardim e deputado federal pelo PPS-SP e vice-líder da bancada na Câmara. Compromisso com gestão ambiental. Portal do PPS

Manchetes de alguns dos principais jornais do Brasil

O GLOBO
Posse no Esporte vira ato de desagravo ao PC do B
Apoio especial
Juiz anula 13 questões do Enem no país
Bovespa, a que mais sobe em dólar

FOLHA DE S. PAULO
Escolas e creches de Kassab sobem 28% em um ano
Biópsia indica 'agressividade média' em tumor de Lula
Justiça dá liminar que anula 13 questões do Enem no país

O ESTADO DE S. PAULO
Consultoria de integrantes do PC do B recebe verba pública
Dilma diz que Lula está "bem disposto"
BNDES revê para baixo sua previsão de investimentos
MEC cobrará de escola custo do Enem
Amazônia recupera área desmatada

VALOR ECONÔMICO
Restrições param mercado de câmbio na Argentina
Angra vai administrar Bertin Energia
Ano termina sem brilho para emissão de ações
Os riscos da ausência de Lula no PT
Contratos com ONGs na mira

CORREIO BRAZILIENSE
Órgão responsável pelo Enem contratou empresas de fachada
A doença de Lula e o desafio de Dilma
Câncer de mama: Cura ao alcance
Aldo toma posse e deixa ONGs de fora
Câmara dos Deputados quer dar reajuste salarial de 70% para 295 técnicos

ESTADO DE MINAS
A luta começou, companheiro
Queda de imposto pode não evitar alta nas bombas

ZERO HORA (RS)
Milícias do Rio expulsam deputado do país
Justiça anula 13 questões do Enem para todo o país

JORNAL DO COMMERCIO (PE)
Questões do Enem anuladas
Câncer de Lula é o mais comum

O que pensa a mídia - editoriais dos principais jornais do Brasil

http://www.politicademocratica.com.br/editoriais.html

Posse no Esporte vira ato de desagravo ao PC do B

As denúncias de corrupção no Ministério do Esporte e de aparelhamento da pasta pelo PC do B passaram longe das cerimônias de posse do novo ministro, Aldo Rebelo, e de transmissão do cargo. Chamado de vítima por Aldo, o ex-ministro Orlando Silva foi elogiado pela presidente Dilma Rousseff que, em seu discurso no Palácio do Planalto, lhe desejou "muito sucesso em sua cruzada pela verdade". Ao lembrar que Aldo também é do PC do B, ela disse que preserva o apoio de um partido cuja presença em seu governo considera "fundamental". No ministério, onde transmitiu o cargo, Orlando ganhou flores e chocolates. Mas quem roubou a cena foi o presidente do PC do B, Renato Rabelo, com o primeiro e mais longo discurso da tarde, no qual disse que o partido sai "unido e engrandecido" da crise que derrubou Orlando

Na posse de Aldo, elogios sem fim

Novo ministro do Esporte diz que Orlando Silva é "vítima"; Dilma enaltece PCdoB

Chico de Gois, Luiza Damé, Demétrio Weber e Maria Lima

Nem parecia que a crise provocada por um escândalo de corrupção, com desvios de recursos no principal programa do Ministério do Esporte, motivou a troca do comando da pasta. As cerimônias de posse do novo ministro, Aldo Rebelo, no Palácio do Planalto e na sede do ministério, transformaram-se em sessão de desagravo ao PCdoB, partido que está há nove anos no comando do ministério, com responsabilidade direta sobre as centenas de convênios com entidades civis e públicas sob suspeição.

O ex-ministro Orlando Silva também mereceu muitos elogios. No Planalto, a presidente Dilma Rousseff enalteceu o papel do PCdoB no governo de coalizão do PT, disse que Orlando fez um excelente trabalho e afirmou que ele tem seu respeito. Aldo foi na mesma linha e disse que Orlando, mais que inocente, é uma vítima.

As homenagens ao PCdoB e a Orlando continuaram na solenidade de transmissão de cargo, no Ministério do Esporte, que contou com um fato inédito: coube ao presidente do PCdoB, Renato Rabelo, abrir os discursos e comandar a troca.

Dilma - que chamou o novo ministro, erroneamente, em duas citações de Aldo Rabelo, e não Rebelo - qualificou o trabalho de Orlando à frente da pasta como "excepcional" e disse que o ex-colaborador tem todo seu respeito.

- Esta cerimônia não estava nos meus planos, nos planos do governo. Muitas vezes somos conduzidos a situações inesperadas que temos de enfrentar. E enfrentar, muitas vezes, com tristeza, mas sempre com coragem e determinação. Foi o que fizemos neste caso, sem abrir mão de construir o caminho que escolhemos - discursou Dilma. - Orlando Silva não perde meu respeito. Desejo-lhe muito sucesso em sua cruzada pela verdade. Perco um colaborador, mas preservo o apoio de um partido cuja presença no meu governo considero fundamental. O PCdoB tem sido, nos últimos nove anos, um parceiro leal e relevante do nosso projeto nacional de governo e de desenvolvimento.

Orlando Silva diz que é "inocente"

Primeiro a discursar na solenidade do Planalto, Orlando agradeceu a Dilma e ao ex-presidente Lula pela oportunidade e aos parlamentares por aprovarem projetos de interesse da pasta. Ainda agradeceu aos dirigentes esportivos e atletas. E arrancando aplausos ao se defender:

- Presidente, eu queria olhar nos olhos da senhora e dizer: Eu sou inocente.

Aldo, que fez o discurso seguinte, não poupou afagos ao antecessor:

- Talvez mais que inocente, vítima das consequências da luta social e política - afirmou, dirigindo-se a Orlando, emendando. - Meu partido não está acima das críticas, está aberto a aceitar os reparos e a procurar a corrigir deformidades e desvios, mas constitui a continuidade de uma herança histórica, a luta pela igualdade, pelos direitos, pela democracia

Sobre o novo ministro, Dilma destacou que é um homem de Estado, um parlamentar respeitado. Sem citar a Fifa ou o nome do presidente da CBF, Ricardo Teixeira, presente à cerimônia, ordenou ao novo auxiliar que sejam estabelecidas bases claras para a organização da Copa:

- Ele tem plenas condições de dar continuidade às políticas prioritárias do ministério que hoje está assumindo e estabelecer, desde logo, relações claras com todos os entes envolvidos na preparação da Copa do Mundo e dos Jogos Olímpicos. Aldo Rabelo (sic), como nós podemos perceber por esse plenário, é rico em amigos e companheiros que conhecem seu caráter, suas convicções e seu respeito.

Na transmissão de cargo no ministério, a estrela não foi o ministro que entrou, mas o presidente do PCdoB e o ministro que caiu. Foi de Rabelo o primeiro, o mais longo e mais inflamado discurso no auditório repleto de servidores .

Rabelo disse que o "camarada" Orlando enchia de orgulho o partido. Afirmou que o PCdoB saía engrandecido do episódio de sua queda e iria até as últimas consequências para derrubar a tentativa de denegrir sua imagem. Ainda negou que o PCdoB interfira nas atividades de seus militantes no governo:

- Esse não é um elogio fácil. Emocionado, mas baseado na realidade. Orlando sai muito mais engrandecido desse processo. Vai levar até o fim a missão de provar sua inocência e que o PCdoB foi atacado de forma vil, em uma campanha sórdida! Não vamos baixar a cabeça! O partido sai mais unido e engrandecido, e vamos enfrentar até o fim essa tentativa de nos denegrir! - discursou Renato Rabelo, frisando que o PCdoB tem história, ideias e fisionomia e contribuiu para o governo do ex-presidente Lula, quando tinha dois ministérios.

Orlando também discursou na sua despedida do ministério. Disse que sua equipe ficou abalada por ter visto seu trabalho na pasta ser tratado "de forma vil e desonesta".

- Não se deixem abater. A melhor resposta é trabalhar e aperfeiçoar mais o trabalho. A tempestade passa e tem uma hora que volta a bonança - discursou Orlando, lembrando trecho de samba "Juízo final", de Nelson Cavaquinho, que fala que uma hora a luz haverá de chegar em seus corações.

Aldo, último a discursar, só falou depois de uma série de homenagens de servidores a Orlando. Citou a importância dos programas, e encerrou com mais elogios a Orlando:

- Vou procurar seguir o seu exemplo, para quando eu sair, eu ser digno das mesmas homenagens.

FONTE: O GLOBO

Oposição quer ouvir Agnelo sobre denúncias

Joelma Aparecida

Deputado tucano protocola requerimento em comissão da Câmara; governador do DF nega participação em desvios

BRASÍLIA. Assim como o ex-ministro do Esporte Orlando Silva, o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT-DF), poderá ser convidado a prestar esclarecimentos na Câmara sobre as denúncias de desvios no Ministério do Esporte. O deputado Fernando Francischini (PSDB-SP) protocolou ontem requerimento na Comissão de Fiscalização Financeira e Controle (CFFC) da Câmara, solicitando o convite para que o governador preste esclarecimentos sobre as acusações.

A iniciativa do parlamentar tucano foi motivada pelas denúncias de desvios de recursos do Programa Segundo Tempo, por meio de ONGs, quando Agnelo era ministro do Esporte, entre 2003 e março de 2006. O requerimento deve ir à votação na próxima sessão da comissão, provavelmente semana que vem.

Nova denúncia diz que Agnelo recebeu R$150 mil

No último final de semana, a revista "Época" trouxe informações de que Agnelo teria se beneficiado das fraudes e apresentou indícios de que haveria provas contundentes contra o governador. Declarações do auxiliar administrativo Michael Alexandre, uma nova testemunha e que trabalhou nas ONGs comandadas por João Dias, acusam Agnelo de ser o verdadeiro chefe do esquema de desvios no Esporte. Na entrevista, Alexandre afirma ter sacado R$150 mil, que seriam entregues a Agnelo, na época ministro dessa pasta.

Questionada sobre o possível comparecimento do governador à comissão, a assessoria de imprensa do governo do Distrito Federal informou, por meio de nota, que Agnelo pretende esclarecer as acusações, mas não fez referência a sua possível ida ao Congresso Nacional para prestar esclarecimentos.

"Depois de ser alvo de um procedimento policial contaminado por forças políticas adversárias, que dominaram o poder no Distrito Federal e não se conformam com a mudança de gestão, o governador Agnelo Queiroz está disposto e determinado a esclarecer em campo limpo, em fóruns isentos, quaisquer dúvidas criadas de forma artificial sobre sua conduta pública", afirmou o governador, em nota de sua assessoria.

Agnelo nega qualquer tipo de participação nos desvios. As denúncias feitas pelo policial militar João Dias, à frente de ONGs envolvidas nos desvios, provocou a crise política que resultou na demissão do ministro Orlando Silva, sucessor de Agnelo no comando da pasta.

Orlando foi secretário-executivo durante gestão de Agnelo Queiroz no Ministério do Esporte. Eram parceiros do PCdoB. Agnelo deixou o partido e concorreu ao governo do DF. Com o escândalo envolvendo Orlando, ficou evidente um racha entre os dois. Em várias declarações, Orlando afirmou que recebeu João Dias atendendo a um pedido do então ministro Agnelo.

FONTE: O GLOBO

Tereza Cruvinel deixa EBC acusando conselho

Jornalista fala em tentativa de "humilhação"; novo presidente será ex-secretário de Imprensa de Lula

BRASÍLIA. Inconformada com o que chamou de tentativa de "humilhação" fruto da disputa por poder, a jornalista Tereza Cruvinel deixou ontem o comando da Empresa Brasil de Comunicação (EBC). Segundo ela, a maioria do Conselho Curador da TV Brasil tentou desqualificar sua gestão, o que tornaria sua permanência no cargo "uma insanidade". O novo presidente da EBC será o jornalista Nelson Breve, ex-secretário de Imprensa do Palácio do Planalto durante o governo do ex-presidente Lula.

Tereza disse que, em agosto, informou a presidente Dilma Rousseff sobre problemas com o Conselho Curador, formado por 22 integrantes, dos quais 15 representam a sociedade. Segundo ela, a crise culminou com a disputa sobre a retirada da programação religiosa da TV Brasil. Enquanto o conselho defendia o fim dos programas, a direção executiva queria maior pluralidade. A disputa prossegue na Justiça.

--- O Conselho Curador não desejava minha recondução. Isto foi explicitado em mais de um momento. Eu iria querer ficar no cargo sofrendo esse tipo de ameaça? Em defesa da minha reputação, preciso dizer: o conselho está me ameaçando de fazer impeachment. Fui eu quem levei esse problema (à presidente). O governo não tem nada com isso. O problema é entre mim e o conselho --- afirmou ela, que ingressou na EBC em 2007, ano da criação da empresa.

Tereza defendeu que o governo volte a ter mais poder na escolha dos conselheiros da empresa. Ela sustentou que o governo jamais interferiu na independência da programação e que nunca recebeu "recadinhos" do Planalto tentando interferir no noticiário.

A presidente do Conselho Curador, Ima Vieira, do Instituto Emílio Goeldi, do Pará, negou que o conselho tenha agido para derrubar Tereza:

- É lamentável esse tipo de acusação. Discordo da tese de que o governo tem de ter mais poder na escolha dos conselheiros, estamos em constante aperfeiçoamento do processo de escolha (dos conselheiros). Mas não posso deixar de falar que ela foi uma gestora sensata.

FONTE: O GLOBO

Consultoria de integrantes do PC do B recebe verba pública

Esporte dá dinheiro para entidade que contrata consultoria do PC do B

Leandro Colon

Dirigentes do partido receberam R$ 825 mil de confederação contratada quando um deles ainda trabalhava na Esplanada e foi o responsável pela assinatura de 2 convênios com a mesma associação

BRASÍLIA - Dois dirigentes do PC do B receberam recursos públicos por meio de uma empresa de consultoria, a Casa de Taipa Comunicação Integrada. A empresa foi criada para atuar em projetos ligados ao Ministério do Esporte, a pasta que é comandado pelo partido.

Um dos donos da empresa é Júlio César Filgueira, ex-secretário do ministério e filiado ao PC do B. Seu sócio, Oswaldo Napoleão Alves, é também do partido e coordenador do núcleo de ensino e pesquisa da Escola Nacional da legenda comunista.

Em agosto passado, a consultoria dos dois comunistas recebeu R$ 825 mil da Confederação Brasileira de Desporto Universitário (CBDU). Júlio Filgueira deixou o ministério em outubro de 2009. Em dezembro criou a Casa de Taipa com Oswaldo Napoleão. Em agosto deste ano a empresa foi contemplada com o contrato.

A Casa de Taipa pôs a mão nesse dinheiro ao ser contratada sem licitação para cuidar de um projeto do governador do Distrito Federal, o ex-PC do B e agora petista Agnelo Queiroz. O projeto, com total apoio do Ministério do Esporte, cuida da promoção da candidatura de Brasília para sediar a Universíade de 2017, que são os Jogos Mundiais Universitários - a última edição foi em Pequim, em agosto passado.

Em agosto, Agnelo Queiroz e o secretário nacional de Esporte Educacional do Ministério do Esporte, Wadson Ribeiro, estiveram nos Jogos Mundiais Universitários da China para defender a candidatura de Brasília para 2017. O ministério foi quem bancou, com R$ 2 milhões, a participação da delegação da CBDU no evento de Pequim. Desde 2005, pelo menos R$ 13,5 milhões do ministério foram parar na conta da entidade desportiva.

A Casa de Taipa foi contratada dias antes de Agnelo e Wadon irem para Pequim. No dia 1.º de agosto a CBDU recebeu R$ 2 milhões do Ministério do Esporte para custear a delegação brasileira que apresentou na China a candidatura de Brasília. Quatro dias depois, a mesma CBDU também celebrou convênio de R$ 2,8 milhões com o governo do DF. No dia 8 de agosto, com R$ 4,8 milhões no cofre, a CBDU contratou a Casa de Taipa, a empresa do PC do B.

Vínculo direto. O repasse de R$ 825 mil para uma empresa de membros do PC do B, em um projeto apoiado pelo Ministério do Esporte, mostra, pela primeira vez, o vínculo direto de integrantes do partido com o destino final de recursos públicos para a área. Reúne também, num mesmo caso, a legenda comunista, o ministério e Agnelo Queiroz, ex-ministro da pasta, ex-filiado ao PC do B - Agnelo saiu em março de 2006 e entregou a pasta a Orlando Silva, também do PC do B.

A engenharia política, administrativa e financeira para criar a Casa de Taipa, processo liderado por um ex-secretário do Esporte, e contratar meses depois a empresa também mostra que o desvio de dinheiro público não se deu, como já revelou a Controladoria-Geral da União (CGU), só por meio de organizações não governamentais (ONGs).

Em 2009, quando ainda estava no ministério, Júlio Filgueira assinou dois convênios que somam pelo menos R$ 1,1 milhão com a mesma CBDU, que viria a contratá-lo dois anos depois, agora com dinheiro do governo do DF, como "consultor" por valor semelhante.

O site do Ministério do Esporte registra uma foto de Wadson Ribeiro, Agnelo Queiroz e Luciano Cabral (presidente da CBDU) com o chefe do comitê organizador do evento na China em agosto. Na época, o secretário do Ministério do Esporte ressaltou o desejo brasileiro de sediar os jogos de 2017. "O Brasil se empenhará para fazer uma excelente apresentação de Brasília como candidata a cidade-sede dos Jogos de 2017", disse Wadson.

Ele só não contou que a empresa escolhida para preparar a candidatura pertence a um de seus antecessores no cargo.

O policial militar João Dias Ferreira, autor das denúncias que derrubaram Orlando Silva do ministério na semana passada, acusou Filgueira de participar do esquema de desvios de verbas do programa Segundo Tempo. Ferreira disse ter gravações que comprometeriam o agora consultor de comunicação.

Sócios. Segundo dados da Junta Comercial, a Casa de Taipa tem sede em São Paulo e capital social de R$ 10 mil. É formada por duas empresas: FN Gestão Estratégica de Ativos e GEA Gestão Estratégica de Ativos.

O sócio de Filgueira na consultoria, Oswaldo Napoleão Alves, é figura conhecida do PC do B paulista. Foi da comissão nacional de organização e do comitê financeiro nas eleições de 2008.

No diretório em São Paulo, é ligado ao secretário nacional de Organização, Walter Sorrentino, este casado com Nádia Campeão, presidente do PC do B em São Paulo e cotada para trabalhar com o novo ministro do Esporte, Aldo Rebelo.

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

Dilma diz que Lula está "bem disposto"

Com Mantega, Dilma visita Lula no hospital Sírio-Libanês, onde o ex-presidente começou a se submeter a tratamento de câncer na laringe. A presidente disse que Lula está com "imensa energia". O resultado da biópsia indica que o tumor é localizado e com grandes chances de cura

Dilma visita ex-presidente e conversa sobre o G-20

Fernando Gallo

Após a visita de mais de uma hora que fez ontem ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no hospital, a presidente Dilma Rousseff afirmou estar feliz por ter encontrado Lula " disposto" .

"Saio muito contente porque achei ele muito bem, muito disposto, com aquela imensa energia que o presidente tem. Aquela energia que ao mesmo tempo é uma combinação de força do organismo dele e da energia que sai da bondade do presidente, da alegria que ele tem de viver", disse a presidente, que ainda brincou: "Saio certa de que vamos, em janeiro (sic), ver o presidente desfilando na Gaviões da Fiel". Dilma fazia referência à escola de samba paulistana que homenageará Lula na avenida no ano que vem.

Dilma disse ter dado poucas dicas a Lula sobre a quimioterapia porque, segundo ela, cada organismo reage de um jeito ao tratamento. A presidente disse ter sofrido muito com seu próprio tratamento - ela teve um linfoma, descoberto em 2009, e também passou por sessões de quimioterapia -, mas afirmou ter certeza de que Lula terá capacidade para superar o dele.

G-20. Dilma contou que conversou sobre vários assuntos com Lula. A presidente afirmou que Lula quis discutir o G-20 e a crise financeira mundial. Ontem à noite, Dilma embarcou para a França, onde participa da reunião de cúpula do grupo.

"O presidente é uma pessoa que olha pra fora, não fica triste olhando pra dentro. A conversa com ele é sempre uma conversa alegre, muito diversa, e sempre dos temas do País, do mundo."

Dilma disse ainda que Lula está com um humor "maravilhoso" e com "aquela alegria dele". Ela sustentou que o ex-presidente poupou a voz na conversa, pois falou em tom baixo. Dilma encerrou a entrevista dizendo ter certeza de que Lula sairá "inteiro" do tratamento.

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

Internautas usam doença para atacar Lula

Sob anonimato, leitores tratam câncer como mote para criticar petista; atitude gera protestos em redes sociais

Folha.com chegou a suspender comentários no noticiário do caso; assessores tentam poupar ex-presidente

SÃO PAULO - Apesar da solidariedade de eleitores e políticos de todos os partidos a Lula, o anúncio do câncer virou mote para uma onda de ataques ao ex-presidente na internet.

Os críticos usam o anonimato para debochar do estado de saúde do petista em redes sociais e em comentários em sites de notícias.

Em meio à massa de manifestações de apoio, há internautas que tentam culpar Lula pelo câncer -que pode ter sua causa no fumo- e defendem que ele se trate no SUS (Sistema Único de Saúde).

Diante do tom agressivo de alguns leitores, a Folha.com chegou a suspender temporariamente os comentários em reportagens publicadas no fim de semana.

O colunista Gilberto Dimenstein, que escreveu sobre o câncer de Lula no sábado, virou alvo do mesmo tipo de comentários e protestou com novo texto no dia seguinte.

"Foi uma enxurrada de ataques desrespeitosos, desumanos, raivosos, mostrando prazer com a tragédia de um ser humano", afirmou ele.

"Minha suspeita é que a interatividade democrática da internet é, de um lado, um avanço do jornalismo, e, de outro, uma porta direta para o esgoto do ressentimento e da ignorância", disse.

Muitos internautas também protestaram nas redes sociais contra os ataques, e a assessoria de Lula informou que tem tentado poupá-lo, evitando mostrar as mensagens em tom desrespeitoso.

Um dos e-mails mais enviados reproduz discurso do ex-presidente ao inaugurar uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA), em 2010.

"Vou ser muito breve, porque estou com a garganta não muito boa e não quero ser o primeiro paciente desta UPA. (...) Ela está tão bem organizada, ela está tão bem estruturada, que dá até vontade de a gente ficar doente para ser atendido aqui", diz ele.

Na versão que circulava ontem, a primeira parte foi cortada, induzindo o internauta a acreditar que o petista queria ser internado na UPA.

Para o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, tais manifestações podem ser "uma espécie de recalque".

Após debate sobre o Judiciário em seu instituto, FHC afirmou que considera as iniciativas um equívoco, disse que não as endossa e manifestou solidariedade a Lula, desejando que ele se "restabeleça prontamente".

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

FHC condena as críticas na internet

SÃO PAULO – O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso condenou ontem as manifestações de internautas nas redes sociais sugerindo que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva fizesse seu tratamento contra o câncer em hospitais públicos. Após palestra do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Cezar Peluso, Fernando Henrique classificou os comentários na internet de “recalque”. “Acho que isso é uma espécie de recalque, eu não endosso isso”, disse. “É um equívoco. Não tenho visto (as manifestações), mas acho um equívoco. Vida humana, saúde, não, que é isso!", emendou.

O tucano afirmou que ainda não entrou em contato com Lula, respeitando o tratamento iniciado pelo petista ontem, mas que pretende procurá-lo assim que Lula estiver disponível para conversar. Ainda em relação aos comentários na internet, Fernando Henrique afirmou que a questão da saúde no País não deve ser relacionada ao tratamento específico feito por Lula neste momento. “O presidente será tratado (no Hospital Sírio-Libanês) como qualquer pessoa que pode ser atendida lá. Se todos pudessem ter o mesmo tratamento, seria o melhor. Mas não é o momento para isso (para polêmica)”, afirmou.

Fernando Henrique ressaltou que é amigo de Lula e lembrou os momentos em que conviveram na luta pelas Diretas Já no ABC paulista. “Eu tenho uma relação antiga com ele, me lembro de São Bernardo do Campo, quando eu ia para lá, estávamos começando aquelas lutas todas”, disse. Embora tenham divergências políticas, FHC afirmou que este é um momento de solidariedade e que deseja que Lula se restabeleça prontamente. “Esse é o desejo de todos os brasileiros. A pessoa que tem a projeção e o grande número de feitos pelo Brasil deve receber a maior solidariedade, sobretudo neste momento de dificuldade”, disse.

FONTE: JORNAL DO COMMERCIO (PE)

O que circula na Internet:

CAMPANHA!

LULA, FAÇA O TRATAMENTO PELO SUS!

Ele vivia dizendo que tínhamos acesso a tratamentos de primeiro mundo, que o POVO brasileiro era abençoado por suas ações. Agora, seja solidário com seu POVO, Lula! Compartilhe com eles das excelentes condições de assistência de saúde que o senhor nos proporcionou!

 LULA, FAÇA O TRATAMENTO PELO SUS!

Marisa Monte - O bonde do dom

Menos é muito mais:: Dora Kramer

Doença é assunto delicado nem sempre abordado com a devida delicadeza quando se trata de pessoas públicas.

A imprensa, no cumprimento da tarefa de informar, de quando em vez resvala pelo perigoso terreno da morbidez, embora esse não seja o aspecto mais desconfortável de situações como a que agora diz respeito ao câncer na laringe diagnosticado no ex-presidente Luiz Inácio da Silva.

Não falemos do que andou no fim de semana pela internet (Twitter, blogs, Facebook etc.), porque aí falaríamos mesmo é da natureza humana e sua sordidez em expansão num ambiente em que tudo é permitido muitas vezes sob a égide do anonimato.

Assim como ocorreu quando a então ministra da Casa Civil e pré-candidata à Presidência Dilma Rousseff descobriu que estava com câncer linfático, agora com Lula o pior são as ilações de caráter político.

Eivadas de precipitação, há inadequações para todos os gostos: por parte daqueles que professam o credo lulista e também dos que não reconhecem em Lula o santo de sua maior devoção.

Entre os primeiros, busca-se santificar. No segundo grupo manifesta-se uma tendência de mal disfarçado regozijo. Ambas as correntes preocupam-se menos com a situação do doente, cujo momento requer respeito e sobriedade, e mais com o proveito que possam tirar da situação.

Com Dilma, o grupo que se preparava para sustentar sua candidatura chegou a ensaiar a construção da sacralização de um misto de vítima e combatente.

Na seara adversária fizeram-se prognósticos terríveis, dando por extinta a candidatura.

A respeito de Lula também se fazem suposições tão açodadas quanto. Segundo alguns autores, a descoberta do câncer vai alterar o cenário eleitoral de 2012, pois o principal agente mobilizador do eleitorado estaria fora de combate.

De outro lado, dos correligionários, há uma evidente tentativa de tirar proveito político da solidariedade. Dificuldades pessoais não se prestam a estratégias, inclusive porque há o imponderável.

Até onde se sabe pelas informações dos médicos, o tumor na laringe é dos mais curáveis, foi descoberto no início e está localizado. O ex-presidente começou ontem um tratamento quimioterápico previsto para durar de três a quatro meses.

Tudo saindo conforme o previsto - e nada há no cenário exposto que faça supor o contrário - no primeiro trimestre de 2012 estará de volta às lides da política. O resto é precipitação.

O episódio é importante. Requer compostura e, na medida do possível, um arquivamento temporário das paixões.

Marcelo Freixo. De caráter diverso - embora também causador de apreensão - é o caso do deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL-RJ), que decidiu levar a família para fora do País por um tempo devido às ameaças de morte que vem recebendo por parte das milícias no Rio.

Milícias são grupos de policiais e ex-policiais que, a pretexto de combater a criminalidade, tomam o lugar dos bandidos tradicionais e passam a dominar uma comunidade controlando todos os serviços na base do terror.

Segundo o secretário de Segurança Pública do Rio, José Mariano Beltrame, "são bandidos duas vezes".

Pois bem, Marcelo Freixo comandou em 2008 uma CPI das Milícias na Assembleia Legislativa, cujas investigações resultaram em mais de 500 prisões. Inspirou, por seu trabalho, personagem do filme Tropa de Elite-2.

E também por seu trabalho chegou ultimamente a receber sete ameaças de morte por mês. Numa cidade em que uma juíza (Patrícia Acioly) foi assassinada a mando de um então integrante da cúpula da polícia, não é um fato irrelevante.

Freixo decidiu então, a convite da Anistia Internacional, sair por um período do Brasil, a fim de aliviar a tensão familiar. Mais que compreensível.

Exceto para aqueles que fazem ilações político-eleitorais buscando dar à decisão do deputado o caráter de um golpe publicitário para impulsionar sua candidatura à Prefeitura do Rio.

Coisa de quem, a pretexto de "entender tudo", mostra que não entende nada de um problema que não é particular. É público.

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

"A fera" :: Eliane Cantanhêde

"Conheço a fera. Na próxima semana ele já vai estar metido na política. Coitada da Marisa. A casa vai virar um fuzuê."

A frase é de um dos médicos do Sírio-Libanês que convivem há anos com Lula e bem sabem que "a fera" não vai se conformar com a ordem para ficar quieto e dar um tempo na política, para priorizar a saúde.

Tudo bem largar de vez a maldita cigarrilha, parar de tomar seus goles, controlar a gula e resistir às comidas pesadas de que tanto gosta. Mas se afastar da política? Aí já é pedir demais para quem pensa, vive, dorme, acorda e se alimenta de política.

Quando Lula desceu a rampa do Planalto e voltou à planície, especulou-se que ele iria assumir cargos internacionais, ou passar um ano descansando não sei onde, e começaria no dia seguinte a articular a volta à Presidência em 2014. Nada disso.

Lula se deleitava com o poder, os holofotes e as mordomias, mas adorou se livrar da administração, da papelada que nunca lia, das solenidades entediantes, da legião de puxa-sacos e até do terno que foi obrigado a aturar em oito anos de mandato.

Embrenhou-se logo na eleição municipal de 2012 e sacou do colete o ministro Fernando Haddad para disputar a principal prefeitura do país, repetir a proeza da também neófita em eleições Dilma Rousseff e se transformar em mais um dos seus tantos troféus. Isso é um jogo para Lula, praticamente um vício.

Quem visita o ex-presidente diz que ele parece pinto no lixo moldando a candidatura Haddad, botando o PT paulista no bolso, divertindo-se com a agonia do PSDB (quem tem quatro candidatos não tem nenhum, só um medo danado de perder para o adversário inventado por Lula).

Quimioterapia é dureza. O cabelo cai, a barba se vai, o estômago embrulha, o cansaço pesa. Mas nem isso vai afastar "a fera" da política. E os médicos vão até gostar. Tanto quanto a químio, a política é tiro e queda para Lula derrotar o câncer.

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

A falta que Lula faz ao PT e ao governo:: Raymundo Costa

A doença do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve reduzir consideravelmente o ritmo de uma agenda que estava adquirindo os contornos de sua antiga rotina em Brasília. Além das viagens internacionais, Lula estava profundamente envolvido na articulação entre os partidos da base aliada do governo e na escalação das candidaturas amigas às prefeituras das principais cidades do país, como São Paulo e Porto Alegre.

Lula trabalha para evitar a dispersão de aliados tradicionais do PT como PSB, PDT e PCdoB, com interesses regionais diferentes, e de recém-chegados, mesmo que sob a cobertura de "independentes", como o PSD do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab. O ex-presidente tratava dia e noite com os presidentes desses partidos, Eduardo Campos, Carlos Lupi e Renato Rabelo, respectivamente, além de Kassab. Ele deve diminuir o ritmo dessas articulações, segundo se espera no PT, mas também o acompanhamento e monitoramento das disputas internas no partido.

A campanha em que Lula mais se envolveu é a de São Paulo. O ex-presidente apoia a candidatura do ministro da Educação, Fernando Haddad, um nome sem experiência política anterior, que depende da ajuda de Lula para se viabilizar eleitoralmente, mas já consolidado como pré-candidato. Apesar dos boatos em contrário, ainda ontem a senadora Marta Suplicy insistia em que será candidata às previas do partido, no final deste mês. Seus aliados já começaram a recolher as assinaturas necessárias (cerca de 3,3 mil) para a formalização da candidatura, até o dia 7.

Segundo a avaliação de petistas, o problema de Haddad hoje não é a eventual ausência de Lula do processo, mas a disposição de Marta em efetivamente ser candidata a prefeita.

Marta teria todas as condições de bater Haddad na prévia, de acordo com avaliações mais independentes do PT paulista, apesar do apoio de Lula ao ministro. O problema é que ela deixou de transmitir segurança em suas intenções. Marta participa dos debates que antecedem a prévia, mas pouco conversa com outros líderes partidários, inclusive antigos aliados hoje pré-candidatos contra ela nas prévias, como Jilmar Tatto e Zarattini Jr. Os dois, a exemplo de Haddad, antigos colaboradores de Marta quando ela era prefeita de São Paulo (2001-2005).

Marta parece ausente do processo, num momento em que precisaria demonstrar que quer ser candidata, mesmo com a opinião contrária de Lula. Ela já poderia, inclusive, ter procurado conversar com Lula. Há petistas em São Paulo segundo os quais não há como Lula deixar de apoiar a candidatura de Marta Suplicy, caso ela saia vencedora da prévia partidária (algo sobre o que Marta não parece estar convencida).

Marta, por enquanto, mantém-se no páreo, talvez à espera da "contagem das garrafas" do primeiro turno da prévia partidária. Essa seria a hora de procurar candidatos a alianças.

A doença de Lula - um câncer de laringe diagnosticado precocemente - e as limitações que ela deve impor ao ex-presidente, nos próximos meses não tem como ser ignorada nas avaliações de conjuntura. O ex-presidente é figura fundamental nas articulações políticas em curso no país, sejam para as eleições ou a estabilidade do governo Dilma Rousseff. Na campanha municipal, dois exemplos demonstram o poder do ex-presidente de influenciar os rumos do partido do que presidente honorificamente: as campanhas de Porto Alegre (RS) e de Curitiba (PR).

O presidente do PDT e atual ministro do Trabalho, Carlos Lupi, quer o apoio do PT à candidatura à reeleição do prefeito José Fortunati. O PCdoB também cobra dos petistas apoio à candidatura da deputada federal Manuela D"Ávila, bem cotada nas pesquisas de opinião. Alas do PT defendem o lançamento de candidatura própria, para tentar resgatar a história do partido em uma cidade que governou por 16 anos (1989-2005). Lula articula para o PT não ter candidato e apoiar um dos dois aliados.

A coligação mais provável é com Fortunati. O PDT quer amarrar no mesmo pacote a candidatura do ex-deputado Gustavo Fruet à prefeitura de Curitiba. Na CPI do Mensalão, Fruet, que trocou o PSDB pelo PDT, foi um inquiridor implacável. Mas Lula costuma ser pragmático quando estão em jogo seus interesses eleitorais. O duro é convencer o PT de que essas alianças são favoráveis ao partido.

Com o Eduardo Campos, governador de Pernambuco e presidente do PSB, as conversas são basicamente sobre as eleições nas capitais do Nordeste. Campos é potencial candidato a vice-presidente numa chapa do PT em 2014. Lula só está incomodado com o PSB de São Paulo, que aderiu no município a Gilberto Kassab, no Estado ao governador Geraldo Alckmin e, nacionalmente, ao PT. Mas também conversa com Kassab, que não quer briga com o ex-presidente.

No Palácio do Planalto repetia-se, até sexta-feira, que não há risco de a presidente Dilma Rousseff ser multada pela Justiça Eleitoral em 2012. Nem ela nem Lula, ao contrário do que ocorreu na eleição presidencial. Ela porque não gosta do trabalho de tecer composições partidárias para a formação de chapas.

No máximo, Dilma se dispõe a gravar programas para o horário eleitoral dos candidatos do PT e da base aliada. De preferência, no Palácio da Alvorada.

A despreocupação de Lula com o TSE deve-se ao fato de não ter mais as amarras impostas pelo cargo de presidente da República. Como presidente de honra do PT, sua margem de manobra eleitoral se ampliou consideravelmente. Para Dilma é um conforto ter Lula articulando e fazendo campanha. No Palácio do Planalto chegou-se a cunhar um termo para o papel a ser desempenhado por ele em 2012: "Ministro das Eleições".

Avaliações feitas no PT levam em conta que o ex-presidente será a partir de agora notícia obrigatória, mas com exposição pessoal menor, ou seja, menos imagens na mídia. Espera-se um retorno "triunfal" de Lula, entre março e abril, curado e na condição de quem outra vez venceu a adversidade. Mais forte ainda do que em janeiro de 2011, quando deixou a Presidência da República com popularidade recorde na história do país.

FONTE: VALOR ECONÔMICO

BNDES revê para baixo sua previsão de investimentos

A desaceleração da economia levou o BNDES a revisar sua previsão de aumento dos investimentos. Dados do banco estatal apontam para uma taxa de crescimento anual de 7,6% para o período 2012-2015. A previsão anterior, para 2011-2014, era de alta anual de cerca de 10%. O banco deve terminar 2011 com retração em torno de l5% no volume de liberações

BNDES reduz previsão de investimento

Dados apresentados ontem indicam taxa de crescimento anual de 7,6% de 2012 a 2015, ante 10% na previsão anterior, para 2011/2014

Alexandre Rodrigues

RIO - A desaceleração da economia levou o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) a revisar a sua previsão de aumento dos investimentos. Dados preliminares do mapeamento feito pelo banco, apresentados ontem pelo presidente da instituição, Luciano Coutinho, apontam para uma taxa de crescimento anual de 7,6% para o período de 2012 a 2015. O trabalho anterior, para o período 2011-2014, tinha previsão de alta anual de cerca de 10%.

O banco utilizou, para a atualização do estudo, um rol de projetos industriais e de infraestrutura que somam pouco mais de R$ 1 trilhão. "É uma taxa de crescimento um pouco mais moderada, mas ainda mostra a resiliência dos planos de investimento", disse Coutinho, indicando que a desaceleração pretendida pelo governo pode ter ido além do esperado, no que diz respeito aos investimentos, por causa do agravamento do cenário negativo na Europa e Estados Unidos.

"Ultrapassada essa crise internacional, ao longo de 2012, essa expectativa pode se inverter e os investimentos prospectivos podem voltar a ter uma taxa de crescimento mais alta", afirmou.

Três grandes empresas - Vale, Grupo Oi e Fibria - já reconheceram não ter como cumprir os orçamentos previstos para este ano. A TAM também revisou para baixo seu plano de frota para 2012. Em vez de 163 aeronaves, a previsão é fechar o próximo ano com 159. As explicações para a pisada no freio vão desde dificuldades nas licenças ambientais até problemas com fornecedores, passando pelo cenário de incertezas na economia global.

Para o economista Paulo Levy, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), as revisões de investimentos para este ano - apresentadas por algumas empresas na divulgação dos resultados do terceiro trimestre - não terão grande impacto no resultado deste ano, que deve registrar taxa de investimento de 19%, ligeiramente acima do resultado de 18,4% de 2010.

"É um resultado relativamente modesto e insuficiente para manter crescimento da economia a taxas mais elevadas, em torno de 5%, como quer o governo", diz Levy, alegando que a grande preocupação ainda é em relação a 2012. Ele lembra, porém, que a solução divulgada na semana passada para a crise europeia pode fazer com que as empresas retomem seus investimentos.

Em entrevista no BNDES, Coutinho apresentou dados do Boletim Focus, do Banco Central, que apontam queda acentuada do consumo de máquinas e equipamentos. O indicador, que expressa a soma da produção e da importação de bens de capital descontada a exportação, chegou a cair mais de 20% na crise em 2009 e experimentou forte recuperação em 2010.

Apesar da desaceleração, Coutinho ressaltou que os investimentos continuam crescendo acima do PIB e o horizonte de longo prazo mudou pouco.

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

Governo terá de cortar gastos em R$ 60 bi para manter corte no juro

Valor pode chegar a R$ 67,1 bilhões segundo o cálculo de consultorias, que já preveem superávit primário abaixo da meta

Lu Aiko Otta

BRASÍLIA - O governo terá de apertar ainda mais o cinto, de agora até 2013, para dar suporte ao plano de redução de juros já iniciado pelo Banco Central. Pelas contas da consultoria Tendências, será necessário cortar o Orçamento de 2012 em R$ 67,1 bilhões. A LCA Consultoria estima que a tesourada terá de ser de R$ 60 bilhões e avalia que a contenção de gastos terá de ser aprofundada desde já.

Tudo isso para que o governo faça o que prometeu: chegar ao fim de 2011 e de 2012 cumprindo a meta de superávit primário (economia de recursos para pagamento da dívida pública) sem recorrer a artifícios que facilitem a obtenção do resultado. Ou seja, cumprir a meta "cheia", como dizem os economistas.

O Banco Central conta com esse resultado nos cálculos que levaram ao corte dos juros. Mas as consultorias consideram que atingir a meta "cheia" será difícil este ano e mais difícil ainda no ano que vem.

"É cedo para dizer se o Banco Central comprou gato por lebre, mas as contas de 2012 são um foco de incerteza", disse o economista Bráulio Borges, da LCA.

Ele estima que o governo chegará ao fim deste ano com um resultado primário equivalente a 2,8% do Produto Interno Bruto (PIB). "Chegar à meta de 3,1% do PIB não é impossível, mas será preciso segurar mais as despesas", comentou.

PAC. Para o ano que vem, o problema é ainda maior. Isso porque a proposta do Orçamento de 2012 já não contempla a meta "cheia". Ela prevê que o resultado primário chegará aos 3,1% do PIB, ou R$ 139,8 bilhões, se forem descontados desse valor R$ 26,5 bilhões referentes ao Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

O governo garante que perseguirá a meta "cheia", ou seja, que não descontará os investimentos do PAC. Mas não é isso o que está escrito no projeto de lei.

Para agravar o problema, o Congresso inflou a projeção das receitas em R$ 26,1 bilhões, valor que será usado para acomodar emendas de parlamentares. Assim, a previsão de gastos está pelo menos R$ 51,7 bilhões acima do que comportam as receitas.

Salário mínimo. Porém, há outras fontes de desequilíbrio na proposta orçamentária, segundo aponta a LCA. Uma é o salário mínimo, estimado em R$ 619. Dado o desempenho da inflação, a tendência é que ele fique em R$ 625. Só nisso, as despesas federais terão um acréscimo de R$ 1,7 bilhão.

Outro problema é que o governo estimou sua arrecadação em 2012 contando com um crescimento de 5% do PIB. No entanto, as perspectivas de mercado apontam para um desempenho mais modesto, de 3,5%.

O economista Felipe Salto, da Tendências, explica que o corte de R$ 67,1 bilhões é o necessário para equilibrar o Orçamento, mas dificilmente é o que o governo fará. Ele acredita que, após aprovada a proposta orçamentária, o governo cortará os R$ 26,1 bilhões das emendas de parlamentares.

Em seguida, administrando gastos na boca do caixa, segurará mais R$ 16,1 bilhões em gastos, equivalente à frustração de receitas que ocorrerá por causa do desempenho do PIB abaixo do estimado e à concessão de novos benefícios fiscais no programa Brasil Maior.

Com isso, acredita ele, a meta cheia de 2012 não será atingida, o que levará o governo a ter de elevar os juros no fim do ano que vem.

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

Retração com empregos:: Vinicius Torres Freire

Ritmo do PIB cai à metade do que era em 2010, mas emprego formal e taxa de desemprego ainda vão bem

Quando se fantasiava o fim rápido da crise americana, falava-se em "jobless recovery", recuperação sem empregos. A economia sairia do pântano, mas muito trabalhador permaneceria no lodo do desemprego. Ficou evidente mais tarde que nem de recuperação se tratava.

Será possível que ocorra no Brasil o fenômeno também algo fantástico da retração sem desemprego?
De costume, o nível de emprego costuma reagir de modo retardado a altas e a baixas da economia.

Quando o crescimento arrancava sob Lula, em meados de 2007, o desemprego andava ainda em 10%; hoje, está em 6%. Mas o que interessa não é bem essa comparação.

Considere-se o saldo de empregos com carteira assinada. Sobe mais devagar neste final de ano em que o PIB (Produto Interno Bruto) terá avançado a 3,5%, no máximo, menos da metade de 2010.

Mas o emprego formal nos últimos 12 meses cresceu 5,71%, ante o decerto rápido ritmo de 7,88% em 2010, mas quase no mesmo andamento dos 5,65% de 2008. O número é ainda melhor quando se lembra que a base de comparação é alta: que foi bom o passo de criação de empregos formais sob Lula.

Quando se trata da construção civil, um canteiro histórico de precariedade do trabalho, o avanço foi ainda mais rápido, mais de 13% ao ano de 2005 a 2010, ante 6% da média brasileira nesse período; ou de quase 16% no acelerado 2010.

Nos últimos 12 meses, porém, o ritmo caiu: para ainda 9%. E daí?

Um relatório divulgado ontem pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), a Sondagem de Indústria da Construção, registra queixas e algum pessimismo do empresariado do setor.

Houve queda na atividade e recuo no número de empregados, em particular em infraestrutura. Passou o ano eleitoral; o governo federal está gastando menos.

No entanto, qual é ainda o principal problema enfrentado pelos empresários? "Falta de trabalhador qualificado."

Para 48,8% das grandes empresas, esse é o principal problema (queixa ainda maior para as pequenas e médias). A preocupação era maior (68,1% no trimestre anterior), mas ainda é líder.

"Falta de demanda" é a quinta queixa das empresas grandes, com citações em 19,5% dos casos.

Segundo levantamento da CNI, os pagamentos do governo federal na área de infraestrutura correspondem a 40% do previsto até agora (incluídos restos a pagar).

Relatório de ontem de economistas do Itaú diz que as despesas do governo federal cresceram 3,1% em termos reais, neste ano, um terço do ritmo de 2010, mais ou menos. Onde se fez mais força para dar conta do "ajuste"? Nas despesas de capital, de investimento, que caíram até agora 27% ante 2010.

Não é provável que em 2012 o governo federal segure investimentos como agora; prefeitos e governadores também devem voltar a gastar. É razoável esperar mais desaceleração no emprego da construção?

Por ora, o setor que pisa mais rápido no freio do emprego formal é o comércio, que pode ter o pior ano em uma década, no entanto com alta ainda de uns 3% no estoque de emprego formal.

Mas, tanto no que interessa à política eleitoral como à inflação, essa desaceleração é relevante?

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

Jogo de empurra:: Celso Ming

É indisfarçável o jogo de empurra no Grupo dos 20 (G-20) países economicamente mais importantes, cujos chefes de Estado têm encontro marcado nesta quinta-feira em Cannes, na França.

Sob o argumento de que a crise é global e que exige ação solidária, os mesmos europeus que não se arriscam a colocar mais dinheiro no seu Fundo querem que emergentes, detentores da maior pilha de reservas internacionais (US$ 6,8 trilhões no fim do segundo trimestre, segundo o FMI, ou 68% do total) ajudem a sustentar o passivo do bloco do euro.

Enquanto isso, dirigentes dos Estados Unidos advertem que a Europa não fez tudo o que deveria para resgatar o euro e sua economia e que, assim, não há como ajudá-la. Enfim, há coisas que o rei tem de fazer sozinho, sem ajuda dos seus pajens.

Uma das questões que a presidência do G-20, hoje nas mãos da França, quer equacionar é a reforma do Sistema Financeiro Internacional. Desde 1971, quando o então presidente americano, Richard Nixon, suspendeu a conversibilidade do dólar em ouro, distorções se acumulam.

As taxas de câmbio estão submetidas a solavancos (excessiva volatilidade), fato que prejudica o planejamento e o cumprimento dos contratos tanto das empresas como dos governos. A insegurança tem provocado enormes emissões de moeda pelos grandes bancos centrais. Isso tende a acirrar guerras cambiais em alguns países, ou seja, levam os bancos centrais a ações defensivas para impedir valorização demasiada das próprias moedas. As distorções produzem, também, grandiosas transferências de capitais para emergentes, cujo efeito é a acumulação de reservas (veja gráfico). Apenas no G-20, a soma de déficits e superávits saltou de US$ 580 bilhões (2,3% do PIB dos 20) para US$ 2,5 trilhões (5,6% do mesmo total).

A França propõe reforçar a coordenação política, instituir mecanismos que reduzam a acumulação de reservas pelos emergentes e esquemas para regulação de atividades bancárias.

Tudo isso fica muito vago e inconsequente. Não haveria tantas disparidades e tamanha acumulação de reservas pelos países em desenvolvimento se os já desenvolvidos não tivessem se endividado tanto. As reservas dos emergentes são preponderantemente constituídas de títulos de dívida emitidos pelos ricos. O mesmo se pode dizer da superexposição dos bancos às dívidas soberanas. Só aconteceu porque os países avançados se endividaram demais, situação relacionada com excessivo aumento do consumo.

Ou seja, emergentes e maiores instituições financeiras se transformaram em grandes credores dos países ricos por que eles se sentiram à vontade para emitir quantos títulos de dívida quisessem. E a China só se tornou recordista entre empilhadores de reservas porque sucessivos governos dos Estados Unidos acharam muito cômodo os chineses se dispusessem a financiar seu consumo.

Isso significa que de nada adiantará um ajuste por meio de controles voluntaristas de fluxos de capital e de reforço de capitalização dos bancos, caso os países ricos não tratem de conseguir seu próprio equilíbrio fiscal – que dispense novos endividamentos.

CONFIRA

O gráfico mostra a evolução da dívida líquida do setor público até setembro deste ano.

Reservas dobradas. O presidente da Petrobrás, José Sérgio Gabrielli, declarou nesta segunda-feira em Cingapura que a Petrobrás tem reservas de 35 bilhões de barris de petróleo. A informação é da agência Dow Jones. O último "fato relevante sobre o assunto" revelado pela Petrobrás, em 14 de janeiro, reconhece a existência de apenas 15,3 bilhões de barris em reservas comprovadas. E a atual produção da empresa é de 2,2 milhões de barris diários.

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

Crise europeia sequestra G20:: Clóvis Rossi

Todos os debates ficam pendentes da análise sobre o novo pacote da Europa; ainda há muito a ser feito

"L"Histoire s"écrit à Cannes", proclamam os incontáveis "banners" distribuídos por todo este balneário chique do Mediterrâneo francês.

Pode até ser que se escreva uma história em Cannes, com agá maiúsculo ou minúsculo, mas o ambiente parece muito pouco propício a um final feliz.

Afinal, a graça do G20 foi a capacidade de dar uma resposta global coordenada e poderosa à crise de 2008/09, prematuramente dada como superada em 2010. Quando chegaram a Londres, para a cúpula de abril de 2009, os líderes empilharam fabuloso US$ 1 trilhão, quase metade de toda a economia brasileira da época, em diferentes estímulos às economias, todas elas embicadas para baixo (recessão, nos países ricos, ou desaceleração nos emergentes).

Agora, ao contrário, a crise é da Europa ou da zona do euro, que acaba de atingir o recorde de desemprego desde a criação da moeda única no fim do século. E nem Europa nem EUA podem sacar do coldre (ou dos cofres públicos, mais precisamente) dinheiro suficiente para vitaminar a anêmica economia.

Não adianta a diplomacia francesa, como anfitriã, ficar dizendo que a palavra de ordem é "unité". Não que não seja. O problema é definir unidade em torno do quê exatamente.

Ao contrário de 2008/09, quando o G20 olhava o conjunto de seus membros, agora a Europa é o foco: o comunicado de apenas 15 dias atrás dos ministros da Fazenda e presidentes dos bancos centrais do grupo saudava os resultados da cúpula europeia de 21 de julho, mas dizia que esperava "trabalho adicional para maximizar o impacto do Fundo Europeu de Estabilidade Financeira de maneira a evitar o contágio e o resultado do Conselho Europeu do dia 23 de outubro para enfrentar decididamente os presentes desafios por meio de um plano abrangente".

Pois é, a cúpula de julho pertence à pré-história, a do dia 23 de outubro só se realizou no dia 26 e seus resultados não parecem, aos olhos dos parceiros do G20, suficientemente "abrangentes".

É verdade que só ontem os negociadores começaram a examinar as mais recentes medidas europeias, mas todas as declarações públicas indicam que elas foram, sim, importantes, porque uma cúpula fracassada abriria caminho para o caos. Mas ainda há muito trabalho a ser feito para evitar o contágio da crise grega aos países centrais da Europa, especialmente Itália e Espanha.

Só se se chegar à conclusão de que a Europa fez a lição de casa direitinho é que os demais membros do G20 se disporão a ajudar. Como? É outra dúvida. O Brasil só topa se for por meio do Fundo Monetário Internacional, enquanto os europeus passam o pires onde podem, a começar pela China, o que provoca pruridos nacionalistas em não poucos setores políticos da Europa.

Nesse ambiente, a cúpula do G20 pode acabar soterrando o debate de fundo sobre o crescimento, a variável que falta em todos os planos europeus. O Brasil acha que austeridade é bom, mas não basta. A Alemanha, indiscutida líder europeia, diz o contrário: só a austeridade devolverá a confiança aos mercados, condição sine qua non para crescer.

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

OWS, capitalismo e democracia :: Luiz Gonzaga Belluzzo

Os moradores de Flitch, no estado do Michigan, (EUA) perderam o emprego na fábrica de autopeças fechada sob a pressão da concorrência chinesa. Indagado sobre o destino dos desempregados, o economista Gregory Mankiw respondeu candidamente: "As pessoas têm que se mover". Afirmou isso depois de ter proclamado a necessidade de um curso de economia no ensino médio para que o público em geral possa ter uma visão mais acurada da globalização.

O economista de Harvard, Richard Freeman, diz, em artigo recente, que a velha conversa sobre os benefícios do comércio - na situação em que os países avançados produzem bens de alta tecnologia com trabalho qualificado enquanto os menos desenvolvidos se dedicam aos setores de mão de obra não qualificada - "tornou-se obsoleta com a presença da China e da Índia". Nos anos 90, Paul Krugman, o economista laureado com o Nobel, patrocinou uma cruzada ideológica contra os movimentos antiglobalização que profligavam a perda dos bons empregos americanos para os trabalhadores produtivistas da Ásia. Já em meados da primeira década do terceiro milênio, Krugman foi obrigado a reconsiderar seus pontos de vista. Indagado sobre as razões da mudança, Krugman respondeu: o avanço da China.

Os fenômenos centrais da economia de nosso tempo são o acirramento da concorrência entre as grandes empresas internacionais, a escalada da financeirização e as rápidas mudanças na geoeconomia mundial. As posições relativas de países, continentes e classes sociais sofreram alterações tão radicais quanto perturbadoras. Alguém designou esses deslocamentos tectônicos como "desenvolvimento desigual e combinado".

Nas regiões ditas desenvolvidas, já no crepúsculo dos anos 90, era possível ouvir os clamores das manifestações antiglobalização. A toarda subiu muitos decibéis na posteridade da crise iniciada em 2008. Ontem, as gentes do movimento Ocupe Wall Street (OWS) eram dez gatos pingados. Hoje, os céticos de ontem observam o descontentamento dos "perdedores" se alastrar mundo afora. Agora já são muitos e a mídia global cuida de discernir se os manifestantes carregam o "anti-capitalismo" (sic) nos ossos ou apenas nas mochilas que levam às costas.

Nos círculos bem pensantes há desconforto com o mau humor dos cidadãos que não só rejeitam as consequências da crise, mas, sobretudo, contestam o modelo social e econômico que conduziu o planeta à beira de uma (outra) Grande Depressão. Os 99% sofrem as agruras da estagnação dos rendimentos familiares nos últimos trinta anos, das ocupações precárias, do desemprego de longo prazo, do aumento da pobreza e do desamparo na doença.

No torvelinho do desencontro das palavras de ordem, da diversidade de pontos-de-vista, os participantes dos protestos revelam uma percepção comum: a liberdade e a autonomia dos indivíduos de carne e osso não decorre naturalmente do movimento desembaraçado de mercadorias e de capitais. Os arautos do livre mercado asseguravam que a liberdade humana decorre do impulso natural do homem à troca, ao intercâmbio, à aproximação por meio do comércio etc.

É de lei reconhecer que Adam Smith corretamente chamou a atenção para o caráter libertador da economia mercantil capitalista e para as suas potencialidades. Marx, herdeiro e defensor das postulações do Iluminismo, da Revolução Francesa e admirador do caráter transformador do capitalismo, indagou se as relações de produção e as forças produtivas do novo modo de produção permitiriam, de fato, a realização da Liberdade e da Igualdade.

Entre tantas definições, o capitalismo pode também ser entendido como a coexistência de "duas naturezas": 1) a enorme capacidade de criar, transformar, dominar a natureza, suscitando desejos, ambições e esperanças; 2) as limitações à sua capacidade de distribuir a renda e a riqueza, de entregar o bem estar e a autonomia individual a todos os encantados com suas promessas. Não se trata de perversidade, mas do seu modo de funcionamento.

Constrangidos pela concorrência e liberados das travas da regulação pública, os detentores de riqueza, não escapam dos estados de euforia e de apetite pelo risco que, culminam na decepção, na crise e na desvalorização da riqueza. Quando sobrevém o colapso da confiança, os indivíduos racionais e calculadores são açoitados pela "busca desesperada da riqueza líquida".

A volúpia coletiva pela busca do dinheiro, a forma geral da riqueza, termina por destruir, em seu movimento maníaco, não só as suas formas particulares como também as condições de vida dos indivíduos atropelados pelo estouro da manada. Os mercados e seus agentes, diga-se, não estão certos nem errados. Estão simplesmente obrigados a tomar decisões que, em seu imaginário peculiar, são as apropriadas para proteger ou acrescentar o valor de sua riqueza. Na verdade, eles são "pensados" por uma lógica que não controlam.

Nesse ambiente darwinista, são cada vez mais frequentes as arengas dos economistas, sacerdotes da religião dos mercados, contra as tentativas dos simples cidadãos e cidadãs de barrar a marcha do Moloch insaciável e ávido por expandir o seu poder. A gritaria dos sábios das finanças é desferida contra os "desvios" da política, contra os surtos de "populismo".

Os que protestam nas ruas do mundo sabem que as novas formas financeiras contribuíram para aumentar o poder das grandes corporações. As fusões e aquisições suscitaram um maior controle dos mercados e promoveram campanhas contra os direitos sociais e econômicos, considerados um obstáculo à operação das leis da concorrência.

A lógica da economia destravada restringe o espaço democrático e impede que os cidadãos, no exercício da política tenham capacidade de decidir sobre a própria vida.

Luiz Gonzaga de Mello Belluzzo, ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda é professor titular do Instituto de Economia da Unicamp.

FONTE: VALOR ECONÔMICO

Milícia - RJ: secretaria diz ter tomado medidas

Em ofício à Alerj, Beltrame informa que todas as denúncias de ameaças contra Marcelo Freixo foram verificadas

Sérgio Ramalho

A Secretaria de Segurança informou ontem que tomou todas as medidas necessárias ao receber as denúncias sobre supostos planos para executar o deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL). Num ofício enviado ontem ao deputado estadual Paulo Melo (PMDB), presidente da Assembleia Legislativa do Rio e governador em exercício, o secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, informou que todas as denúncias "foram verificadas e processadas". Alvo de 27 ameaças de morte - sete apenas este mês -, o deputado, que presidiu a CPI das Milícias em 2008, vai deixar o país hoje a convite da Anistia Internacional.

Acompanhado pela família, Marcelo Freixo disse que vai participar de reuniões com representantes da organização na Europa. Por medida de segurança, o político não revelou o local onde ficará hospedado. Na tarde de ontem, Freixo escreveu em seu Twitter que ficará menos de um mês no exterior:

- Minha saída é curta. Será apenas o período necessário para ajustes na minha segurança.

Pré-candidato pelo PSOL à prefeitura do Rio, Freixo recebeu reforço de segurança, incluindo carro blindado, segundo o presidente da Alerj. O deputado Paulo Melo (PMDB) ressaltou que atualmente Freixo é o deputado que conta com o maior aparato de proteção entre os políticos da Casa.

Freixo confirma ter recebido reforço na segurança, mas ressalta que, a partir do assassinato da juíza Patrícia Acioli, em agosto passado, as denúncias sobre planos para matá-lo ganharam maior proporção:

- Desde que presidi a CPI das Milícias, venho recebendo ameaças. São 27 até o momento, sendo que sete vieram à tona neste mês. Todas foram reunidas em um dossiê enviado ontem à Secretaria de Segurança Pública, ao Ministério Público, à Polícia Federal e ao Ministério da Justiça - disse o deputado.

Na semana passada, Freixo esteve com o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, para falar sobre sua segurança. Na ocasião, o ministro disponibilizou ajuda ao governo do Rio, a quem caberia garantir a proteção do parlamentar. Segundo a assessoria do ministério, a pasta só poderia agir diante de um pedido do governo estadual. Em nota, o Ministério Público estadual informou ontem ter solicitado a Beltrame, no último dia 18, o aumento da segurança do parlamentar.

Freixo espera que sua saída possa mobilizar o estado a combater as milícias:

- Não adianta apenas prender. É preciso tirar o braço econômico e territorial desses grupos. É verdade que os principais chefes das milícias foram presos. Mas elas continuam ganhando espaço nas zonas Oeste e Norte, onde faturam alto com a venda de proteção, exploração de "gatonet" (TV a cabo clandestina), cobrança de ágio na venda de gás e de pedágio ao transporte alternativo.

A saída de Freixo do Brasil foi noticiada ontem no site do jornal britânico "The Telegraph". O título dizia que o deputado estava sendo forçado ao exílio por causa de ameaças da máfia. O caso também foi assunto do francês "Le Monde".

Freixo diz que muitos milicianos presos continuam dando ordens aos seus subordinados e até mesmo fugindo da prisão, como aconteceu na Polinter do Grajaú. Na noite da última sexta-feira, sete presos escaparam da carceragem da unidade da Polícia Civil, entre eles Marcos Faria Pereira, apontado como um dos chefes da milícia que atua em favelas de Piedade, Quintino e Campinho, na Zona Norte.

Miliciano tinha detalhes da rotina do parlamentar

Em 9 de outubro, O GLOBO revelou a descoberta de um plano em que um ex-cabo da PM que fugiu do Batalhão Especial Prisional (BEP) em setembro passado estaria articulando a execução do deputado. Ligado a um grupo paramilitar de Campo Grande, Carlos Ary Ribeiro, o Carlão, receberia R$400 mil para matar Freixo. De acordo com documento reservado da Coordenadoria de Inteligência da Secretaria de Segurança, o ex-PM já teria feito um levantamento da rotina do político, inclusive dos horários em que ele dispensa a segurança da Alerj.

Carlão é ligado à milícia chefiada pelo ex-PM Tony Ângelo de Aguiar. Segundo investigações da coordenadoria, Tony seria o financiador do suposto plano de atentado ao parlamentar.

Carlão fugiu do BEP menos de 24 horas após a Polícia Civil e a Secretaria de Segurança desencadearem uma operação contra a milícia na Zona Oeste. Na ocasião, 19 pessoas foram presas. O nome de Carlão figurava entre os que tiveram mandados de prisão expedidos pela Justiça e que ele deveria ser transferido do BEP para Bangu 8.

Ontem, a polícia prendeu em Saquarema um homem acusado de integrar uma milícia de Jacarepaguá. Ele é investigado por envolvimento em homicídios, além de casos de roubo, extorsão e usurpação de função.

FONTE: O GLOBO

Mãos Dadas :: Carlos Drummond de Andrade

Não serei o poeta de um mundo caduco.
Também não cantarei o mundo futuro.
Estou preso à vida e olho meus companheiros
Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças.
Entre eles, considere a enorme realidade.
O presente é tão grande, não nos afastemos.
Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas.
Não serei o cantor de uma mulher, de uma história.
não direi suspiros ao anoitecer, a paisagem vista na janela.
não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida.
não fugirei para ilhas nem serei raptado por serafins.
O tempo é a minha matéria, o tempo presente, os homens presentes,
a vida presente.

Marisa Monte & Cesária Évora - É Doce Morrer no Mar