sábado, 24 de maio de 2014

Opinião do dia: Antonio Gramsci

É no mínimo estranha a atitude do economicismo em relação às expressões de vontade, de ação e de iniciativa política e intelectual, como se estas não fossem uma emanação orgânica de necessidades econômicas, ou melhor, a única expressão eficiente da economia; assim, é incongruente que a formulação concreta da formulação hegemônica seja interpretada como um fato que subordina o grupo hegemônico. O fato da hegemonia pressupõe indubitavelmente que sejam levados em conta os interesses e as tendências dos grupos sobre os quais a hegemonia será exercida, que se forme um certo equilíbrio de compromisso, isto é, que o grupo dirigente faça sacrifícios de ordem econômico-corporativa; mas também é indubitável que tais sacrifícios e tal compromisso não podem envolver o essencial, dado que, se a hegemonia é ético-política, não pode deixar de ser também econômica, não pode deixar de ter seu fundamento na função decisiva que o grupo dirigente exerce no núcleo decisivo da atividade econômica.

Antonio Gramsci. Cadernos do cárcere, v. 3 p.48. “Alguns aspectos teóricos e práticos do “economicismo”. Civilização Brasileira, 2007.

Aliados que complicam

• Planalto considera ‘imprevisível’ posição do PR

• Candidatura de Dilma também enfrenta resistências de PMDB e PP nos estados

Fernanda Krakovics e Flávio Ilha – O Globo

BRASÍLIA E PORTO ALEGRE - A duas semanas do início das convenções partidárias ficam a cada dia mais nítidos quais são os reais problemas na aliança para a reeleição da presidente Dilma Rousseff. Mesmo reunindo um enorme arco de partidos em sua coligação, que lhe garantirá sozinha praticamente o mesmo tempo no horário eleitoral gratuito que todos seus adversários juntos, o cenário é pontuado por várias turbulências. O principal problema hoje está no PR, que está rachado. O Palácio do Planalto considera, neste momento, “imprevisível” o resultado da convenção nacional do partido que definirá a posição da sigla nas eleições.

O ex-presidente do PR Valdemar Costa Neto, que está preso em decorrência do processo do mensalão, trabalha pelo rompimento com o governo e o apoio ao pré-candidato do PSDB à Presidência da República, senador Aécio Neves (MG). Já o atual presidente, senador Alfredo Nascimento (AM), defende o apoio à reeleição de Dilma. No início do ano, o Planalto dava como certo o apoio da legenda, que terá 1min56 em cada bloco do horário eleitoral gratuito.

— A situação do PMDB está mais tranquila. Eles vão aprovar o apoio à reeleição (na convenção nacional) e vão liberar os estados. Aí tudo bem, porque nem o PT a gente controla completamente nos estados. Mas no PR a situação está mais imprevisível — disse um ministro do PT.

O PMDB realiza sua convenção nacional no dia 10 de junho. Mesmo com rebelião nos estados, o grupo do vice-presidente da República, Michel Temer, aposta que terá de 65% a 70% dos votos pela reedição da aliança com o PT. Há problemas nos diretórios do Rio, Rio Grande do Sul, Bahia, Acre, Piauí, Pernambuco e Ceará.

Enquanto a principal insatisfação do PMDB é com a falta de apoio do PT a seus candidatos a governador, no PR o descontentamento é com a indicação de César Borges para o Ministério dos Transportes, um feudo do partido. Borges é filiado ao PR, mas foi uma escolha pessoal da presidente Dilma, e não do partido.

Valdemar articula rumos do PR
O PR perdeu espaço no ministério desde que o então titular da pasta Alfredo Nascimento foi defenestrado em meio a um escândalo de corrupção, assim como o então diretor-geral do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) Luiz Antonio Pagot.

Integrantes do PR afirmam que recebem telefonemas de Valdemar Costa Neto, para tratar de articulação política, durante sua jornada de trabalho em um restaurante industrial, no Distrito Federal. Ele cumpre pena em regime semiaberto e teve o direito a trabalho externo revogado anteontem. Em São Paulo, estado de Valdemar, a executiva estadual do partido se reúne hoje com o governador Geraldo Alckmin (PSDB) e deve anunciar apoio à sua reeleição.

— O partido está muito dividido. Quem vai definir (o apoio nacional) são os deputados federais. São 32 e cada um tem um voto — disse o senador Antônio Carlos Rodrigues (PR-SP), que defende o apoio a Dilma.

No Rio, o pré-candidato do PR ao governo do estado, deputado Anthony Garotinho, diz que ou vai ficar neutro na disputa presidencial ou vai apoiar o candidato do PSB, Eduardo Campos. Ele ficou irritado porque Dilma tem cumprido agenda com o governador Luiz Fernando Pezão (PMDB), candidato à reeleição.

— O Aécio eu não apoio porque está com o PMDB (no Rio) — disse Garotinho.

PP fecha apoio a Aécio no Sul
Em encontro com o presidente do PT, Rui Falcão, em fevereiro, Garotinho pediu reciprocidade, ou seja, apoiaria a reeleição de Dilma desde que ela fosse também a seu palanque e não privilegiasse nenhum candidato. Falcão concordou na época. No Rio, há quatro candidatos da base aliada: além de Garotinho e Pezão, o pré-candidato do PT, senador Lindbergh Farias, e o ex-ministro Marcelo Crivella (PRB).

Outro partido dividido é o PP. A direção da sigla deve anunciar apoio à reeleição de Dilma na próxima semana, mas essa não é a posição dos diretórios do Rio Grande do Sul, Minas e Rio. Pouco mais de um mês depois de costurar o apoio do PP gaúcho à candidatura presidencial do PSDB, Aécio volta hoje a Porto Alegre para sacramentar a chapa que inclui também o Solidariedade.

O encontro na Assembleia Legislativa marcará o lançamento oficial da candidatura da senadora Ana Amélia (PP) ao governo do estado. Pelas última pesquisa Ibope, de 5 de abril, Ana Amélia tem 38% das intenções de voto contra 31% do governador Tarso Genro (PT).

O palanque do PP para Aécio é importante porque o PSDB tem estrutura precária no Rio Grande do Sul: apenas um deputado federal e 21 prefeitos — o estado tem 497 municípios — e 247 vereadores. Já o PP tem 136 prefeituras e 1.179 vereadores.

Peemedebistas lançam movimento ‘Aezão’ no dia 5

• Evento, que terá participação de PP, PPS e PSD, foi chamado de ‘grande largada’ por Aécio

Carolina Benevides – O Globo

RIO E SÃO PAULO - Já tem data o lançamento do movimento “Aezão” — como está sendo chamado o apoio de setores do PMDB do governador Luiz Fernando Pezão à candidatura do senador tucano Aécio Neves à Presidência. No próximo dia 5, Aécio vai participar de um ato no Rio organizado pelo PMDB do estado e com presença de boa parte de partidos da base aliada de Pezão.

O evento foi anunciado ontem pelo próprio senador tucano, que esteve em Niterói para uma reunião com empresários do município.

— No dia 5, teremos no Rio um ato de apoio à nossa candidatura, com presença do PP, do PPS, do Solidariedade e do PSD. O PMBD é o grande organizador. Vamos reunir centenas de lideranças políticas, prefeitos, deputados; esses partidos vão reunir suas bases — disse Aécio, classificando o ato de “grande largada”: — Eu diria que é realmente ostart da nossa campanha no Rio. É a nossa grande largada.

Perguntado se convidaria Pezão — que tem manifestado apoio à candidatura da presidente Dilma Rousseff (PT) —, o tucano respondeu que não tem “essa audácia”:

— Pezão é o anfitrião não desse ato, mas do Rio. Esse conjunto de partidos (que participarão do evento de apoio a Aécio), pelo menos uma parte importante deles, apoia o Pezão. É um movimento de apoio à nossa candidatura e à do Pezão.

Aécio foi ontem a Niterói, de catamarã, encontrar empresários da região. Sobre a declaração do presidenciável do PSB, Eduardo Campos, de que haveria rompimento da aliança com o PSDB em Minas, Aécio lembrou que o PSB participa do governo tucano no estado há 12 anos:

— Se houver mudança de caminho... Não fui comunicado. Será decisão exclusiva deles. O encaminhamento natural é que continuemos juntos. Vou sempre honrar os entendimentos feitos até agora.

Ontem, Campos recebeu o apoio de PRP e PHS, que se juntam a PPS e PPL na adesão ao ex-governador. PRP e PHS estão no grupo das siglas consideradas nanicas e devem acrescentar poucos segundos ao programa na TV. O PRP possui dois deputados e faz parte da base de Dilma no Congresso. Já o PHS não tem representantes.

Campos recebe apoio do PRP e do PHS

• Siglas nanicas devem acrescentar poucos segundos ao tempo de TV do pré-candidato do PSB

- O Globo

SÃO PAULO - O pré-candidato do PSB à Presidência da República, Eduardo campos , recebeu nesta sexta-feira feira o apoio de dois partidos políticos para a eleição: o Partido Republicano Progressista (PRP) e o Partido Humanista da Solidariedade (PHS).

As duas siglas vão se juntar ao PPS e ao PPL, que já haviam anunciado a adesão ao ex-governador de Pernambuco. PRP e PHS estão no grupo dos partidos considerados nanicos e devem acrescentar poucos segundos ao programa eleitoral de Campos na disputa presidencial. O PRP possui dois deputados e faz parte da base de apoio da presidente Dilma Rousseff no Congresso. Já o PHS não tem representantes no Congresso.

Questionado sobre o que a sua candidatura ganhará com os apoios, Campos respondeu:

- Vão trazer brasileiros de diversas realidades, pessoas simples, do povo, que vão ajudar a levar nossas sugestões a lugares que muitas vezes o debate não chega quando fica circunscrito à academia, às grandes cidade.

Dissidente, PP gaúcho referenda hoje apoio a Aécio Neves

• Pré-candidato à Presidência vai ao RS para firmar chapa, que inclui também o Solidariedade

Flávio Ilha – O Globo

PORTO ALEGRE – Pouco mais de um mês depois de costurar o apoio do PP gaúcho à candidatura presidencial do PSDB, o senador Aécio Neves volta neste sábado ao Rio Grande do Sul para sacramentar a chapa que inclui também o Solidariedade (SDD).

O encontro na Assembleia Legislativa marcará o lançamento oficial da candidatura da senadora Ana Amélia Lemos (PP) ao governo do Estado. O cargo de vice deverá ser ocupado pelo deputado estadual Cassiá Carpes (SDD), ficando o PSDB com a vaga ao Senado com a candidatura do deputado federal Nélson Marchezan.

As candidaturas secundárias, entretanto, não serão lançadas no encontro deste sábado. Dissidente do diretório nacional, que deve garantir apoio à reeleição da presidente Dilma Rousseff, o PP optou pela candidatura própria ao governo do Estado porque o partido é um tradicional adversário do PT no Rio Grande do Sul.

Pelos últimos levantamentos eleitorais, a disputa no Estado está polarizada entre Ana Amélia e o governador Tarso Genro – com vantagem para a senadora. Segundo o Ibope, em levantamento divulgado no dia 5 de abril, Ana Amélia tem 38% das intenções de voto contra 31% do atual governador.

O palanque do PP para Aécio é importante porque os tucanos têm uma estrutura precária no Rio Grande do Sul. A sigla tem apenas um deputado federal, além de 21 prefeitos – o Estado tem 497 municípios – e 247 vereadores. Já o PP ostenta 136 prefeituras e 1.179 vereadores.

- A capilaridade do PP no Estado será fundamental para alavancar a candidatura de Aécio –admitiu o presidente do PSDB no Rio Grande do Sul, Adilson Troca.

Apoio ao PSDB já ocorreu em 2010
Nas eleições de 2010 o PP do Rio Grande do Sul já havia apoiado o candidato tucano José Serra à presidência, contrariando orientação do diretório nacional para apoiar a então candidata Dilma Rousseff.

O presidente regional do partido, Celso Bernardi, disse que a coligação reflete a “coerência doutrinária e programática” que caracteriza os dois partidos.

- Vamos fazer uma campanha propositiva, mostrando que é possível o Estado ter um outro caminho que não o do aparelhamento partidário – disse.

Bernardi reconheceu, entretanto, que os “três ou quatro minutos” que serão acrescidos à propaganda eleitoral gratuita do PP gaúcho com a coligação com PSDB e SDD pesaram na decisão. A sigla, sozinha, teria pouco mais de um minuto no horário de propaganda no rádio e na TV.

Servidores federais atrapalham discurso de Dilma em Brasília

• Depois de prometer negociação, presidente diz que ela e Lula ‘sempre somam’

Catarina Alencastro - O Globo

Dilma durante solenidade sobre participação social, em Brasília. Palácio do Planalto / Divulgação
BRASÍLIA - Muito aplaudida e mandando beijos ao entrar no evento de lançamento da Política Nacional de Participação Popular, a presidente Dilma Rousseff teve dificuldades de iniciar seu discurso devido à manifestação de um pequeno grupo do Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica (Sinasefe), que, de dentro do plenário do Centro de Convenções Internacional de Brasília, exigia negociação. O Sinasefe está em greve há um mês em busca de aumento salarial.

- Negocia já! - pediam os protestantes, abafando uma tímida tentativa de parte da plateia de levantar o canto:

- Um, dois, três, Dilma outra vez.

Dilma tentou prosseguir com as palavras iniciais de seu discurso, ainda na fase de cumprimentos aos presentes, mas foi interrompida mais de uma vez pelos insistentes gritos dos sindicalistas. Até que ela desistiu e respondeu aos apelos:

- Aqui nós todos somos democráticos. Vocês têm todo o direito de se manifestar. Vamos negociar da melhor forma.

Em seguida, o grupo foi retirado pela segurança do evento e Dilma pode finalmente dar prosseguimento à fala que tinha programado. Além do política de participação popular, o evento também premiou iniciativas que contribuíram para o cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM).

Presidente fala sob ambiente tumultuado
- Eu vou cumprimentar a todos que ganharam o prêmio porque a gente sabe muito bem que o Brasil não é feito por aquilo que aparece na mídia. O Brasil é feito por milhares e milhões de movimentos, de organizações, de pessoas anônimas que lutam por um processo de participação de defesa de seus interesses - persistiu, ainda sob um ambiente tumultuado.

No evento, a presidente discorreu sobre os objetivos do milênio que conseguiu cumprir. Entre eles o combate à fome e à pobreza; universalização do ensino fundamental; a redução da mortalidade infantil e materna; a redução das mortes por tuberculose e a redução do desmatamento.

Elogios a Lula
No evento, a presidente aproveitou para afagar o ex-presidente Lula, dizendo que ela e ele estão sempre somando. Ela explicava em seu discurso que a parceria entre ONGs e governo é fundamental para que o Executivo possa cumprir seus compromissos. Ela citou o caso do programa de cisternas, que, segundo ela, não teria executado a meta de entregar 1,1 milhão de equipamentos se não fosse feita parceria com a ONG Articulação no Semiárido Brasileiros (ASA). O número é uma soma do que foi feito nos governos de Lula e Dilma.

- Um milhão eu estou contando as do Lula, que dá 1,1 milhão somando ele e eu. E nós sempre somamos eu e o Lula porque estamos somando governo- afirmou

Na solenidade, Dilma assinou três decretos. Um que cria a Política Nacional de Participação Social, outro para aperfeiçoar a prestação de contas das organizações da sociedade civil e outro que regulamenta a lei de certificação de entidades beneficentes de assistência social.

Estiveram presentes na solenidade os ministros Ricardo Berzoini (Relações Institucionais), Gilberto Carvalho (Secretaria Geral), Tereza Campelo (Desenvolvimento Social e Combate à Fome), Luiz Figueiredo (Relações Exteriores), Aloizio Mercadante (Casa Civil), Izabella Teixeira (Meio Ambiente) e Marcelo Neri (Secretaria de Assuntos Estratégicos). O jogador Hulk e o cantor Fagner também estavam presentes.

Dilma oferece jantar no Alvorada a representantes do agronegócio

• Cerca de 40 empresários confirmaram presença; Há 15 dias, a presidente foi vaiada na abertura da Expozebu, em Uberaba

Luiza Damé – O Globo

BRASÍLIA - A presidente Dilma Rousseff ofereceu, nesta sexta-feira, um jantar para representantes do agronegócio, setor que tem restrições à ação do governo federal. Cerca de 40 empresários rurais, liderados pela presidente da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), senadora Kátia Abre (PMDB-TO), confirmaram presença no encontro, que acontece no Palácio da Alvorada.

Os ministros da Agricultura, Neri Geller, do Desenvolvimento Agrário, Miguel Rossetto, e da Casa Civil, Aloizio Mercadante, participam do encontro. O presidente do Banco do Brasil, Aldemir Bendine, e o vice-presidente de Agronegócios do Banco do Brasil, Osmar Dias, também estão no jantar.

Na última segunda-feira, a presidente anunciou R$ 156,1 bilhões para o Plano Agrícola e Pecuário 2014/2015. Há 15 dias, ela foi vaiada na abertura da Expozebu, em Uberaba (MG). A Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ) estava representada por Luiz Cláudio de Souza Paranhos Ferreira.

Teto de votos em Dilma está em queda

• Potencial de apoio à petista nas urnas caiu para 47%, mesmo nível da época dos protestos em 2013; índices de Aécio e Campos estão crescendo

Daniel Bramatti - O Estado de S. Paulo

São Paulo - A última pesquisa Ibope revela que o potencial de votos da petista Dilma Rousseff - a parcela máxima de eleitores que admitem votar nela em um determinado momento - caiu aos níveis de julho do ano passado, época dos protestos de rua que corroeram a popularidade da presidente.

Além de medir a intenção de voto - ao apresentar a lista de pré-candidatos e pedir ao entrevistado que aponte seu preferido -, o Ibope cita o nome de cada concorrente e pergunta se o eleitor votaria nele com certeza, se poderia votar, se não votaria de jeito nenhum ou se não o conhece o suficiente para responder. A soma das duas primeiras respostas - "votaria com certeza" e "poderia votar" - é o potencial de votos de cada presidenciável, isto é, o teto de votação em um determinado momento.

No caso de Dilma, esse potencial está hoje em 47%, metade do que ela apresentava há pouco mais de um ano, em março de 2013, quando nenhuma crise parecia estar no horizonte.

Em julho de 2013, porém, o potencial de votos havia desabado para 49%, como consequência da onda de protestos que atingiu as principais cidades do País. A aprovação ao governo Dilma, na época, também sofreu forte queda, de 63% em março para 31% em julho.

Profecia. Foi o fundo do poço. João Santana, marqueteiro da campanha presidencial petista, disse então que Dilma e o governo recuperariam a popularidade em quatro meses - o que não aconteceu.

Mas houve uma leve melhora: entre setembro de 2013 e março deste ano, o potencial de votos de Dilma oscilou em torno de 55%. Em abril, porém, caiu para 51%. E agora voltou a se reduzir, para 47%.

Paralelamente, está em alta o porcentual dos eleitores que rejeita a hipótese de votar em Dilma. Eram 38% em março, 40% em abril e já são 43% em maio.

No campo adversário, nem Aécio Neves (PSDB) nem Eduardo Campos (PSB) têm potencial de voto próximo do de Dilma. Mas ambos têm melhorado: o do primeiro subiu três pontos porcentuais nos últimos três meses (de 33% para 36%), e o do segundo, oito pontos (de 26% para 34%).

Uma parcela elevada de eleitores ainda afirma não conhecer os opositores de Dilma suficientemente para se manifestar (32% no caso de Campos e 27% no caso de Aécio). Eles ainda podem conquistar esse eleitorado e elevar seu teto de votação. No caso de Dilma, esse contingente é bem menor: apenas 10% do eleitorado.

A pesquisa ouviu 2.002 eleitores em 140 municípios. A margem de erro do levantamento é de dois pontos porcentuais, com nível de confiança de 95% - ou seja, há 95% de probabilidade de os números retratarem o atual momento eleitoral, considerando a margem de erro. O levantamento foi custeado pelo próprio Ibope e registrado no Tribunal Superior Eleitoral sob o protocolo BR-00120/2014.

Aécio: PSB terá que ter bom argumento para justificar rompimento em Minas

• Se houver mudança será decisão exclusivamente deles, afirmou o pré candidato tucano ao Planalto

Luciana Nunes Leal - O Estado de S. Paulo

RIO - O pré-candidato do PSDB à Presidência da República, Aécio Neves, afirmou nesta sexta-feira, 23, que o PSB, do presidenciável Eduardo Campos, "terá que ter um argumento muito bom" para justificar um possível rompimento da aliança com os tucanos em Minas Gerais e o lançamento de uma candidatura própria socialista ao governo do Estado mineiro.

Aécio disse ter recebido nesta semana um telefonema do ex-governador Antonio Anastasia (PSDB), candidato ao Senado, dizendo-se surpreso com notícias de que o PSB vai deixar a aliança com o PSDB.

"Não fizemos uma aliança para esta eleição. Temos uma aliança em favor de um projeto que vem sendo desenvolvido há muitos anos em Minas Gerais. Se houver uma mudança, a decisão será exclusivamente deles. Vão ter que encontrar um discurso para justificar o rompimento neste momento pré-eleitoral. Eu vou sempre honrar os compromissos que assumo. O presidente do PSB, Eduardo Campos, ainda não me procurou", afirmou Aécio, que participou de reunião com empresários em Niterói, na Região Metropolitana do Rio.

Aécio disse que, se a aliança PSB-PSDB em Minas terminar, os tucanos de Pernambuco tomarão uma decisão sobre a manutenção ou não do apoio ao PSB naquele Estado. Segundo Aécio, o quadro eleitoral em Minas não terá necessariamente como resposta o lançamento de uma candidatura tucana em Pernambuco.

Aécio disse que o primeiro grande ato político reunindo todos os partidos que o apoiam no Rio acontecerá no dia 5 de junho e vai reunir parte do PMDB, PP, PPS, Solidariedade e PSD.

Questionado sobre como pretende reduzir o favoritismo da presidente Dilma Rousseff no Estado do Rio, Aécio disse que as diferenças entre seu projeto e o do PT ficarão mais claras ao longo da campanha. "Existe uma desconexão das promessas da presidente com a realidade do Brasil. Hoje assistimos a um Brasil virtual, quase uma lavagem cerebral na cabeça do eleitor", afirmou Aécio.

"Nossos palanques são mais sólidos que os do PT. Nós conquistamos 90% dos `planos A'' que tínhamos nos Estados", afirmou o tucano, referindo-se aos acordos firmados com outros partidos para a próxima eleição.

Parcerias federais entram na disputa 'Pós-Campos'

• Ex-governador do PSB lança outro ex-secretário, e senador do PTB aposta em apoio de Dilma e Lula

Isadora Peron - O Estado de S. Paulo

RECIFE - Ao votarem em outubro, os pernambucanos vão escolher um novo governador e, ao mesmo tempo, chancelar ou não a decisão de Eduardo Campos de deixar o Palácio do Campo das Princesas após 7 anos e 3 meses para disputar a Presidência da República pelo PSB. Para tanto, o neto de Miguel Arraes rompeu uma histórica aliança com o PT e tirou seu partido do governo Dilma Rousseff em setembro. Para a legenda do também pernambucano Luiz Inácio Lula da Silva, vencer o antigo aliado na disputa estadual tornou-se uma questão prioritária.

Os petistas de Pernambuco, no entanto, estão enfraquecidos desde o tenso processo de escolha do candidato a prefeito do Recife. O senador Humberto Costa (PT) foi para o sacrifício e acabou derrotado no primeiro turno para Geraldo Julio, um ex-secretário estadual de Campos estreante nas urnas.

A tática deu tão certo que o PSB vai repetir a fórmula, dessa vez com o ex-secretário da Fazenda Paulo Câmara, um quadro técnico também novato em disputas eleitorais. Como em 2012, Campos aposta na sua popularidade - ele deixou o governo com 76% de aprovação - para cacifar o afilhado e manter seu grupo político no poder local.

Interessado na derrota do PSB, o PT abriu mão de lançar um nome próprio e passou a apoiar a candidatura do senador do PTB Armando Monteiro. Na quarta-feira, em Brasília, a legenda defendeu a reeleição de Dilma, que retribuiu ao afirmar que considera "fundamental a eleição do Armando Monteiro em Pernambuco". "Ele pode contar, e ele sabe disso, com todos nós", afirmou a presidente.

"Todos nós" não foi modo de dizer. Lula vai ajudar pessoalmente o pré-candidato do PTB e já marcou uma primeira ida a Pernambuco para meados de junho. Dilma também deve participar do ato político em apoio a Monteiro.

Em estratégia semelhante, o PSB pernambucano vai colar a imagem de Câmara à de Campos, já que hoje ele aparece atrás de Monteiro nas pesquisas de intenção de voto. "Eu ainda sou muito desconhecido. Tem muita gente que não sabe que eu sou o candidato do Eduardo", reconhece o ex-secretário.

Para contornar a ausência física de Campos, que estará viajando o Brasil para divulgar a sua candidatura ao Planalto, o apoio do ex-governador será intensivamente divulgado nos materiais de campanha e no horário eleitoral de rádio e TV. A partir de julho, Campos deve começar participar de agendas ao lado do afilhado no Estado.

Parceria. A campanha de Monteiro vai apostar na continuidade da parceria com o governo federal para conquistar o voto do eleitor. "Os pernambucanos sabem que o crescimento que o Estado experimentou nos últimos anos se deu em grande medida pela parceria com o governo federal. Vários projetos importantes foram viabilizados dessa maneira", observa o pré-candidato do PTB.

A estratégia já foi colocada em prática nas inserções da sigla veiculadas no rádio e na TV este mês. Algumas peças terminavam com o slogan: "PTB, firme na parceria com Lula e Dilma".

Câmara, por sua vez, já sabe como responder a esse raciocínio. Apesar de reconhecer a importância dos investimentos do governo federal, ele afirma que os avanços só aconteceram porque Campos era um gestor eficiente. "Outros Estados também receberam tantos recursos quanto Pernambuco, mas não avançaram tanto."

Monteiro não pretende fazer críticas diretas a Campos - o PTB fez parte do governo até outubro. Integrantes da equipe do senador dizem que a candidatura do petebista não será "anti-Campos", mas "pós-Campos". "Há um sentimento de que nós aceleramos o passo, mas que em algumas áreas ainda temos muitas carências", pondera.

O discurso de Câmara adota tom parecido. "Pernambuco ainda é um Estado pobre. Nos últimos sete anos nós tivemos um desenvolvimento gigantesco em todas as áreas, mas ainda tem muita coisa a ser feita. A educação, a saúde e a segurança precisam melhorar."

Outros candidatos. Como contraponto aos dois principais concorrentes, o pré-candidato do PSOL Zé Gomes Neto tem dito que ele será o único candidato de oposição ao governo Campos. Há ainda a possibilidade de o PSDB sair da aliança com o PSB em retaliação ao fato de a sigla ter decidido lançar candidato próprio em Minas, Estado do presidenciável tucano, Aécio Neves. Caso isso aconteça, o deputado estadual Daniel Coelho será o nome indicado para a disputa pernambucana.

Presidenciável afirma que nanicos dão 'capilaridade' à sua campanha

Marina Dias – Folha de S. Paulo

SÃO PAULO - Pré-candidato do PSB à Presidência da República, Eduardo Campos disse na noite desta sexta-feira (23) que os partidos nanicos darão "capilaridade" à sua campanha e levarão sugestões "a lugares onde muitas vezes o debate não chega".

O ex-governador de Pernambuco participou em São Paulo de evento para receber o apoio oficial dos nanicos PRP e PHS na corrida para a disputa de outubro pelo Palácio do Planalto.

"Eles [PHS e PRP] vão trazer brasileiros de diversas realidades, pessoas simples, do povo, e vão ajudar a levar nossas sugestões ao debate em lugares onde muitas vezes ele não chega", afirmou o presidenciável.

"Dessa forma, a gente vai criando uma capilaridade, trazendo as sugestões do Brasil real para apresentar um programa de governo que dialoga com a realidade das pessoas", disse.

Campos destacou a opção de siglas menores por sua candidatura, em vez de apoiar a campanha à reeleição da presidente Dilma Rousseff, e afirmou que essas legendas escolheram "a labuta difícil e dura", em vez "do caminho do poder e da divisão de cargos".

O presidente estadual do PSB em São Paulo, deputado federal Márcio França, também fez deferência aos partidos nanicos e disse que a chapa de Campos e da ex-senadora Marina Silva será capaz de dar voz a eles.

"É mais fácil estar junto da cabeça da manjuba do que do rabo da baleia", afirmou o dirigente pessebista.

2º Turno
Campos afirmou, no mesmo evento, que tem certeza de que estará no segundo turno da corrida presidencial e vai "ganhar as eleições" deste ano.

"A gente vai mostrando, eu e a Marina, ideias para tirar o Brasil do caminho errado. Tenho certeza de que vamos estar no segundo turno e vamos ganhar a eleição", disse o ex-governador.

Em seu discurso, Campos apostou mais uma vez nas críticas ao governo da presidente Dilma Rousseff e afirmou que "o povo está inquieto", porque percebe que "a inflação está de volta".

De acordo com o pessebista, a onda de manifestações de junho do ano passado foram uma forma de o povo "dar uma segunda chance ao governo", que, no entanto, não foi aproveitada.

Além de PHS e PRP, anunciados oficialmente nesta sexta (23), a aliança entre PSB e Rede tem o apoio de PPS e PPL, também nanicos.

Uma crise a jato: Muitas explicações até chegar às urnas

• Políticos alvejados por recentes operações da Polícia Federal terão de adaptar a estratégia eleitoral à tormenta das denúncias

- Correio Braziliense

Na mira das operações da Polícia Federal, políticos citados em casos de corrupção começam a fazer as contas do prejuízo eleitoral, antes mesmo do início da corrida às urnas. Nos últimos meses, pelo menos cinco viram seus nomes estampados nas manchetes em situações suspeitas com doleiros e empresários investigados em esquemas de lavagem de dinheiro. O envolvimento com essas figuras, além de colocar em risco o atual mandato, ameaça criar ainda mais embaraço devido ao ano ser de disputa eleitoral.

A Operação Lava-Jato, por exemplo, colocou uma interrogação no futuro político dos deputados Luiz Argôlo (SDD-BA) e Cândido Vaccarezza (PT-SP), e do senador Fernando Collor (PTB-AL). Situação pior, no entanto, é a do deputado federal André Vargas. O parlamentar, ex-PT e hoje sem partido, deu adeus à tentativa de reeleição, depois de ser flagrado em grampos com o doleiro Alberto Youssef. Já na Operação Ararath, o governador de Mato Grosso, Silval Barbosa (PMDB), deve sentir o peso dos relatórios na hora de fazer o sucessor.

No caso de Vargas, as denúncias de que teria ajudado Youssef, preso na Lava-Jato, a conseguir fechar contrato milionário com o Ministério da Saúde complicaram a vida do deputado. Pior, o parlamentar ainda foi flagrado de carona em um jatinho do doleiro. Ao se enrolar nas explicações, renunciou ao cargo de vice-presidente da Câmara dos Deputados e saiu do PT. Sem partido, enterrou todas as chances que teria de concorrer a um novo mandato na disputa deste ano. A denúncia ainda prejudicou a campanha do ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha. O pré-candidato ao governo de São Paulo participou das negociações do contrato em questão e teve de se explicar, dando munição aos adversários antes mesmo da largada eleitoral.

Para não ser bombardeado, como o ex-petista foi, Argôlo, agora, estuda se disputará um novo mandato. Ele é acusado de manter relações pessoais com o doleiro e suspeito de o ter ajudado a tramar contra a participação de empresas em licitações. Para o presidente do Solidariedade, Paulo Pereira da Silva (SDD-SP), uma candidatura como essa pode ser facilmente minada. "É difícil fazer campanha com denúncias de corrupção. Mesmo que não tenha prova, as pessoas vão mencionar o caso, e o impacto é muito grande", avaliou.

De acordo com Paulo Pereira da Silva, o futuro de Argôlo ainda está indefinido. "Ele está discutindo com a família. É preciso esperar a decisão", afirmou. Sem o temor de rescaldo da operação da PF, o deputado Cândido Vaccarezza confirma que será candidato. Segundo ele, ter sido citado nos relatórios por suposta ligação com o doleiro não o atrapalhará. "O juiz deixou claro que eu não tenho nada a ver com isso. Nunca fiz qualquer contato sobre Labogen (empresa de Youssef que fechou contrato com o Ministério da Saúde) e fui envolvido ou por maledicência ou por má-fé", justifica. Já o senador Fernando Collor, que teria recebido de Youssef R$ 50 mil por meio de depósitos bancários, verá a história ser contada pela oposição na disputa pela reeleição ao Senado. O senador não quis comentar, mas deve ter de se explicar aos parlamentares.

Sucessão em risco
Apesar de não ser candidato nas próximas eleições, o governador de Mato Grosso, Silval Barbosa (PMDB), também vê ameaçado o capital político. Um dos protagonistas da Operação Ararath, deflagrada esta semana, que prendeu o empresário Éder Moraes, acusado de operar um esquema de lavagem de dinheiro que financiou campanhas e pagou propinas, Silval vinha trabalhando para fazer o sucessor no estado. Para o presidente em exercício do partido, Valdir Raupp (PMDB-RO), o trabalho continua. "Não foi achado nada contra o Silval. Entraram na casa dele atrás de algum tipo de irregularidade, mas só encontraram uma arma não registrada. Estamos tranquilos", emendou.

Na análise do cientista político Lúcio Rennó, o impacto político em cada caso vai depender do quanto as histórias continuarem a render. "A chance de ser eleito com uma operação nas costas varia muito. Está ligada à cobertura da imprensa sobre o assunto e à visibilidade que ganha nas proximidades da eleição. Está mais relacionado com a exposição do que com a acusação que o político carrega", explica.

De acordo com ele, mesmo que não tenha um impacto imediato, como no caso do André Vargas, ser mencionado nos relatórios da PF enfraquece imediatamente o capital político. "A propaganda negativa é muito forte e respinga nos aliados. No caso em que o político não é candidato, ele passa a ser um cabo eleitoral duvidoso e as pessoas tendem a evitar esse tipo de aliança. Pelas eleições anteriores, vimos que esse tipo de envolvimento é capaz de minar campanhas", destaca. Ainda assim, Rennó ressalta que a disputa não está definida e que o debate eleitoral ainda será aquecido.

Merval Pereira: No limbo

- O Globo

As pesquisas de opinião que estão sendo divulgadas contêm, todas elas, um paradoxo que até o momento não foi resolvido: como é possível que cerca de 70% dos eleitores queiram mudanças no governo — e a maioria, inclusive, as quer substituindo a presidente Dilma Rousseff —, e ao mesmo tempo ela continue sendo a favorita da eleição, com o dobro de intenção de votos que o candidato mais bem colocado da oposição, o senador Aécio Neves, do PSDB?

Os números internos da pesquisa mostram mais coerência com esse sentimento de mudança do que seu resultado final, e há estudos que indicam que é real a chance de a presidente repetir a atuação do candidato José Serra, derrotado por ela em 2010. Durante muitos meses o candidato tucano ficou à frente das pesquisas, nessa mesma faixa de 40%, mas os indicadores internos das pesquisas já apontavam para sua derrota.

O índice que obtinha era mais produto do recall de suas campanhas anteriores, assim como o da presidente Dilma hoje se deveria à sua permanente presença em atos públicos e ao recall da última eleição. Que indicadores são esses?

A taxa de rejeição da presidente Dilma hoje é estável e bem acima das dos seus adversários mais fortes: ela tem 33% de eleitores que a rejeitam, enquanto Aécio Neves e Eduardo Campos reduzem suas taxas de rejeição à medida que se tornam mais conhecidos — o tucano para 20%, e o socialista para 13%.

A taxa de aprovação de seu governo está “no limbo”, na definição do cientista político Alberto Carlos Almeida, do Instituto Análise. Ele tem um estudo que mostra que, em 46 de 104 eleições para governador realizadas entre 1994 a 2010 em que havia um candidato à reeleição, todos os que chegaram à eleição com o índice de ótimo e bom igual ou maior do que 46% foram reeleitos.

Ao contrário, os que disputaram a reeleição com a soma de ótimo e bom igual ou menor do que 34% foram derrotados. Como a presidente Dilma tem atualmente 35% de ótimo e bom, segundo a mais recente pesquisa do Ibope, estaria em situação delicada, à beira da reeleição ou da derrota, segundo a forma como os números se comportarem durante a campanha.

Nesse mesmo estudo, o cientista político Alberto Carlos Almeida mostra que 40% a 43% dos candidatos à reeleição nos governos dos estados que chegaram às urnas com índices de ótimo e bom entre 35% e 45% se reelegeram, o que demonstra que a derrota é mais provável nessa faixa de avaliação, embora não uma certeza.

Uma ressalva importante que Alberto Carlos Almeida faz é que é possível melhorar a avaliação no decorrer da campanha. Dilma terá três vezes mais tempo de propaganda eleitoral que o tucano Aécio Neves e sete vezes mais que Eduardo Campos, do PSB.

Há dois exemplos clássicos na nossa curta história da reeleição para presidente da República: Fernando Henrique foi reeleito em 1998 com 43% de ótimo e bom, tendo saído de 38% em julho. E Lula foi reeleito em 2006 com 47% de ótimo e bom, tendo os mesmos 38% nesses quesitos em julho daquele ano.

O que esses indicadores mostram é que a situação da presidente Dilma na atual eleição é mais desfavorável do que a da eleição de 2010, quando tinha no então presidente Lula um fiador a toda prova, com mais de 80% de aprovação popular e uma economia crescendo a 7,5% ao ano, bem ao contrário do que acontece hoje.

Dilma hoje é a candidata da continuidade, quando a maioria quer mudanças, mas caberá aos candidatos da oposição a tarefa de convencer os eleitores de que eles são capazes de realizar as transformações que a sociedade quer, enquanto a campanha governista trabalha com a ameaça que representaria uma mudança de governo na direção errada.

Além de todos os instrumentos de que um presidente da República dispõe em um presidencialismo forte como o brasileiro, a presidente Dilma tem a seu favor uma tendência que marca as disputas eleitorais na América Latina, justamente pelo poder que o Executivo acumula. A revista britânica “The Economist” ressalta que, desde 1985, somente dois presidentes no exercício do cargo perderam a reeleição na região.

Fernando Rodrigues: Ideias regressivas

- Folha de S. Paulo

Os pré-candidatos ao Planalto pelo PSDB, Aécio Neves, e pelo PSB, Eduardo Campos, defendem o fim da reeleição, mandatos de cinco anos e coincidências de todas as disputas eletivas, de vereador a presidente da República.

Para ir direto ao ponto, essas ideias de Aécio Neves e de Eduardo Campos são regressivas, induzem a menos participação popular e desidratam a democracia.

Hoje, brasileiros votamos a cada dois anos. Aécio e Campos querem ouvir os eleitores só a cada cinco anos: votem e fiquem quietos até a próxima eleição. Parecem desconhecer que as pessoas estão indo às ruas reclamar da baixa conexão com os políticos. Querem influir mais. Os candidatos de oposição vão na direção oposta. Sugerem aprofundar a distância entre os cidadãos e o poder.

O argumento a favor de eleições só a cada cinco anos é frágil. Eis a síntese: "O Brasil para a cada dois anos por causa das eleições". Não é verdade. Nada para. Todos continuam a trabalhar. Nem feriado há, pois a disputa é sempre no primeiro domingo de outubro. Democracias consolidadas têm eleições anuais. Funcionam muito bem. Por aqui, aliás, a Copa do Mundo paralisa muito mais os brasileiros do que uma eleição.

E a reeleição? O prefeito, o governador ou o presidente que deseja mais um mandato faz o diabo para ficar no cargo. Verdade? Às vezes sim, às vezes não. Mas não é esse o ponto. Mesmo sem reeleição os governantes já praticavam estripulias. Um exemplo clássico se deu em São Paulo, em 1990: Orestes Quércia estropiou o Banespa (antigo banco estatal paulista) para eleger Luiz Antônio Fleury no seu lugar.

As propostas de Aécio e Campos sinalizam uma reforma política analógica. Eles estão longe de entender o que seria necessário para aperfeiçoar o sistema eleitoral do país.

Por sorte, reforma política é algo muito falado e nunca executado. O Brasil não merece essas ideias.

*Rolf Kuntz: A economia da marmota

- O Estado de S. Paulo

No filme Feitiço do Tempo, de 1993, um repórter especializado em meteorologia vai a uma pequena cidade para cobrir a celebração do Dia da Marmota. Nessa data, 2 de fevereiro, a reação do bicho ao sair da toca para a luz do dia indica se o inverno logo terminará ou vai durar pelo menos mais seis semanas. Essa é a crença tradicional. Terminado o trabalho, o repórter quer partir, mas fica preso na cidade, numa armadilha de cenas repetidas. O noticiário econômico no Brasil é cada vez mais parecido com a história de Groundhog Day, título original do filme. O governo vai mais uma vez maquiar suas contas com receitas excepcionais, segundo confirmou o Ministério do Planejamento na revisão bimestral do Orçamento. A inflação anual continua rodando em torno de 6%. O déficit em conta corrente permanece na vizinhança de 3,6% do produto interno bruto (PIB) em 12 meses. O País mais uma vez apareceu numa das últimas posições - 54.ª em 60 - numa classificação de competitividade. O crescimento econômico projetado pelo governo, 2,5%, na revisão orçamentária, é mais uma vez um pouquinho melhor que o do ano anterior e, de novo, maior que o estimado pelos economistas fora do setor público.

Também como de costume, o Ministério do Planejamento elevou a inflação projetada para o ano, desta vez de 5,3% para 5,6%. A projeção, como sempre, é mais otimista que a do pessoal do mercado financeiro e das consultorias. Como sempre, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, festeja as poucas novidades positivas e anuncia inflação em queda nos meses seguintes. Mas tudo indica uma repetição mais ampla da história bem conhecida.

Os números mais recentes, o IPCA-15, oficial, e o IPC-S, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), apontaram algum recuo nas últimas semanas. O IPCA-15, divulgado no dia 21, caiu de 0,78% em abril para 0,58% em maio. A queda parece um excelente sinal. Mas o índice de difusão ainda mostrou aumentos em 67,4% dos preços cobertos pela pesquisa. Mesmo com menor pressão dos alimentos, a contaminação permanece muito ampla. O IPC-S, anunciado no dia 23, recuou de 0,78% na segunda para 0,69% na terceira quadrissemana de maio. As médias mensais de aumento dos principais índices de preços ao consumidor continuam acima de 0,5% ao mês - acima, portando, de 6% ao ano. O comentário é o mesmo: falta muito para se alcançar um ritmo civilizado de remarcação de preços.

Além disso, os analistas foram unânimes ao negar qualquer surpresa. Essa evolução era esperada e, além disso, muito parecida com a observada em outras ocasiões. As projeções coletadas pelo Banco Central (BC) indicam recuo das taxas mensais até agosto e em seguida uma reaceleração. Na hipótese mais otimista, os aumentos de juros acumulados a partir de abril do ano passado começam a fazer efeito, impondo freio ao consumo privado. Mas isso, por enquanto, é só uma hipótese.

Além do mais, as contas públicas, um dos principais fatores inflacionários, continuam em mau estado. O governo planeja fechar as contas, mais uma vez, com receitas de concessões, dividendos de estatais e mais uma rodada de pagamentos do Refis, o programa de refinanciamento de dívidas tributárias.

Nada de novo nessa frente. Concessões e dividendos devem render juntos, neste ano, pelo menos R$ 37,4 bilhões. Só isso representa 46,3% do superávit primário de R$ 80,8 bilhões programado para o governo central. Somado o dinheiro do Refis, o total vai além de 70%. Austeridade fiscal? Nem pensar. Também nisso a história se repete, como se o tempo estivesse enfeitiçado.

A repetição é a regra também no conjunto das contas externas. Desde agosto do ano passado o déficit em conta corrente acumulado em 12 meses permanece na vizinhança de 3,6% do PIB. A conta corrente é a soma algébrica da balança comercial, da balança de serviços e rendas e das transferências unilaterais. O déficit final de 2013 chegou a US$ 81,07 bilhões, 3,62% do PIB. O acumulado nos 12 meses até abril bateu em US$ 81,61 bilhões, 3,65% . Para o ano o BC projeta um buraco de US$ 80 bilhões, 3,59% do PIB.

O problema principal, como nos últimos seis anos, é a deterioração do comércio de mercadorias. De janeiro a abril o resultado foi um déficit de US$ 5,57 bilhões, com recuo tanto das exportações quanto das importações. Nas três primeiras semanas de maio houve alguma melhora, mas o acumulado no ano ainda foi um déficit de US$ 4,78 bilhões. Como ocorre há muitos anos, só as exportações de minérios e do agronegócio evitaram um rombo maior. De janeiro a abril o agronegócio contabilizou um superávit de US$ 24,14 bilhões, 0,2% menor que o de um ano antes por causa do recuo de alguns preços. Mas o déficit do conjunto dos manufaturados e semimanufaturados foi mais que suficiente para anular esse resultado e ainda produzir um déficit geral na conta de mercadorias.

Aí aparece, de novo, o problema da competitividade. O agronegócio tem sido capaz de enfrentar os muitos obstáculos da logística, da tributação e outros obstáculos característicos da economia brasileira, mas a maior parte da indústria continua travada pelas ineficiências do ambiente econômico e pelos próprios problemas de produtividade. Feito o balanço geral, a posição do Brasil na pesquisa anual do International Institute for Management Development (IMD), da Suíça, parece muito natural. Numa lista de 60, o País só fica acima de Eslovênia, Bulgária, Grécia, Argentina, Croácia e Venezuela. Em melhores posições aparecem o Chile (31.ª), o México (41.ª), o Peru (50.ª) e a Colômbia (51.ª). Os demais Brics - China, Rússia, Índia e África do Sul - também superam o Brasil.

Se depender da política econômica, ninguém deve esperar grande mudança da história neste ano. Mas se faltar coragem ou competência para a busca de um novo rumo, a repetição será substituída por uma piora do enredo. A marmota, podem acreditar, será inocente.

*Jornalista

Brasília-DF - Denise Rothenburg

- Correio Braziliense

O recado do PV
Discretamente, o pré-candidato do PV à Presidência da República, Eduardo Jorge, se prepara para colocar à mesa de debates temas polêmicos que a maioria das campanhas menciona com muito cuidado para não perder votos. Em entrevistas recentes, ele tem iniciado a discussão do aborto e da legalização da maconha, sob uma nova abordagem. "Não somos a favor do aborto, mas há uma realidade de mulheres que se submetem a riscos", diz. "O PV não quer estimular o uso da maconha. A gente quer ter uma política mais inteligente de regulação do seu uso como a gente procura e tenta fazer com o cigarro e com o álcool, duas drogas lícitas, com sucesso às vezes maior e menor", diz ele. Para quem achava que, desta vez, o aborto estaria fora das campanhas, aí vem uma rodada bem mais profunda a respeito desses temas.

De volta à ribalta
Depois de dias de glória por causa das audiências que a transformaram em pré-CPI da Petrobras, a Comissão de Fiscalização e Controle da Câmara volta ao centro nervoso da política em outros temas. Vai cutucar, por exemplo, os milionários financiamentos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) ao grupo JBS (Fri-boi) e também ao porto Mariel, em Cuba.

E por falar em Petrobras...
Agora que o ex-diretor de Abastecimento Paulo Roberto Costa está solto, a ideia é chamá-lo a depor na Comissão de Fiscalização e Controle. Isso porque, embora a CPI Mista esteja a um ponto de ser instalada, tem muita gente achando que até a fila de depoimentos andar, a Casa já estará esvaziada em função dos jogos da Copa.

Magela e o Mané
O deputado Geraldo Magela (PT-DF) decidiu usar o estádio Mané Garrincha para apimentar a briga judicial entre o Ministério Publico, que deseja eleição direta para escolha dos integrantes do Conselho de Planejamento (Conplan) e o GDF, que nomeia esses conselheiros. Dia desses ele foi à tribuna dizer que o Mané não poderia funcionar, tampouco o Cine Brasília, porque uma liminar da Justiça invalidou as decisões do Conplan, por causa da forma como os conselheiros são escolhidos. No mesmo discurso, Magela alertou que nenhum dos conselhos do DF é preenchido por eleição direta, exceto o tutelar. O Mané entrou de gaiato no navio, uma vez que pode funcionar com o alvará provisório concedido desde a inauguração.

A força de cada um
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, já tem o apoio fechado de seis partidos, além do seu PSDB: DEM, PPS, PSC, SDD, PRB e PR. Está a um passo de levar o PSB. Paulo Skaf, do PMDB, tem o PROS e o marqueteiro Duda Mendonça. Padilha, do PT, tem o PCdoB e o PP de Paulo Maluf.

O pulo de Kassab
Em São Paulo, outros partidos, como PDT e PV, terão candidatos próprios. É por essas e outras que muitos acreditam na hipótese de Gilberto Kassab ser mesmo candidato a governador. Assim, terá como escolher um caminho seguro no segundo turno, ficando independente e consolidando o PSD.

Dúvida cruel/ Na terça-feira, a presidente Dilma Rousseff janta com os candidatos do PMDB aos governos estaduais. O problema em Goiás tirava ontem o sono dos responsáveis pelos convites. Primeiro, o ex-prefeito e ex-governador Íris Rezende desistiu da candidatura. Depois, foi a vez de Júnior da FriBoi seguir pelo mesmo caminho. O Planalto está zonzo. Não sabe se chama os dois ou espera até a noite de segunda-feira para fazer o convite.

Seca promissora/ Os parlamentares reclamavam esta semana da dificuldade de obter recursos para a campanha. Ninguém diz abertamente, mas até no caixa dois está difícil. As últimas operações da Polícia Federal, como a Lava Jato, deu uma limpada geral na trilha do abastecimento das campanhas. O contribuinte agradece.

Sozinha não!/ O PT se prepara para influir na formatação do programa de governo que Dilma Rousseff apresentará ao país durante a campanha pela reeleição. Segunda-feira, tem reunião em Brasília para cuidar desse assunto.

Vale tudo/ Alguns parlamentares têm se superado em termos de exposição de candidatos nas redes sociais. O deputado Lúcio Vieria Lima, do PMDB da Bahia, por exemplo, não fica um fim de semana sem postagens. Dia desses, apresentou um vídeo correndo sem camisa, num parque. “Sou popular!”, brincava ele dia desses numa roda com colegas de partido.

Painel - Vera Magalhães

- Folha de S. Paulo

Sem backup
A decisão do ministro do STF Teori Zavascki de suspender os inquéritos da Operação Lava Jato paralisou a análise de computadores e discos rígidos apreendidos pela Polícia Federal. Investigadores acreditam que estão ali documentos e e-mails que provam as transações financeiras entre empreiteiras, doleiros, o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa e até políticos. Documentos e relatórios foram enviados ao STF, mas os discos rígidos continuam intocados na sede da PF no Paraná.

De chuteiras A Câmara decidiu que não haverá sessões nos dias de jogos do Brasil na Copa do Mundo e quando ocorrerem partidas de outras seleções em Brasília. Assim, os deputados ganham seis dias de folga em junho.

Marasmo Na semana de 16 a 20 de junho, quando há jogo do Brasil e partida em Brasília, não será marcada nenhuma votação, o que deve esvaziar a Casa durante toda a semana. O recesso parlamentar só começa em 18 de julho, depois da competição.

Realeza Do vereador Andrea Mattarazzo (PSDB-SP) sobre a possível visita do príncipe Harry, do Reino Unido, à cracolândia, programada para acontecer durante a Copa do Mundo: "Servirá para confirmar que o programa Braços Abertos, da prefeitura, é para inglês ver".

Reforço O número de "amarelinhos" que circulam pelos aeroportos da Infraero vai aumentar em 41% para a Copa. Dos 473 que trabalham com coletes amarelos para auxiliar passageiros, serão 704 a partir de 10 de junho. Já o efetivo da área operacional vai aumentar 18%, de 1.424 para 1.675.

Diversão Além disso, os terminais terão áreas de acolhimento para receber turistas internacionais, as "fun zones" com TV para ver os jogos, wi-fi gratuito, totens com informações turísticas de cada cidade, terminais para sacar dinheiro, pebolim, futebol de botão e videogame.

Parcelas A construtora OAS doou R$ 100 mil por mês à direção do PSD em São Paulo em 2013. A Coopersucar, do setor de açúcar e etanol, repassou R$ 50 mil mensais, completando o R$ 1,8 milhão que a sigla de Gilberto Kassab recebeu no ano passado.

Setorial Já o PT paulista arrecadou R$ 5,2 milhões --84% de construtoras e incorporadoras, como a OAS e a JHSF. O PSDB-SP recebeu R$ 3,9 milhões em doações, sendo 93% de empreiteiras.

Churrasco O recado de Júnior Friboi de que vai acompanhar as eleições de Goiás "como cidadão" preocupou peemedebistas. Acreditam que, irritado com a divisão do partido, ele não doará um centavo para a campanha de Iris Rezende (PMDB).

Ombro amigo Destituído da CCJ da Câmara por ter criticado a apresentadora Xuxa, o deputado Pastor Eurico (PSB-PE) foi confortado por líderes de outras siglas. Ele chegou a receber convites para se filiar ao PR e ao Pros na próxima legislatura.

Quebra... Tucanos começam a esquentar a cabeça com a composição da chapa caso avancem os acordos com PSD e PSB, que pleiteiam o posto de vice na chapa de Geraldo Alckmin (PSDB).

... cabeça Há dúvidas se Márcio França toparia concorrer ao Senado. Auxiliares de Alckmin argumentam, entretanto, que o cenário seria favorável à candidatura de Eduardo Campos (PSB).

Visita à Folha Wasmália Bivar, presidente do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), visitou na quinta-feira a Folha, a convite do jornal, onde foi recebida em almoço. Estava acompanhada de Silvia Maia Fonseca, assessora de imprensa.

Tiroteio
"Barbosa assume o risco de submeter Genoino a condições impróprias nos cuidados com a sua saúde. Postura cruel e arriscada!"
DO ADVOGADO MARCO AURÉLIO CARVALHO, do setorial jurídico do PT, sobre a saúde de José Genoino, que está preso na Papuda e pleiteia prisão domiciliar.

Contraponto
A união faz a força

Aproveitando a ausência do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), durante a tradicional visita das candidatas ao título de Miss Brasil ao Congresso, Paulo Paim (PT-RS), que exercia a função, fez graça:

-- Podem subir. Já que o Renan não está aqui, vou para o sacrifício, para tirar a foto aqui com elas. Sejam todas bem-vindas! Não fiquem com ciúmes aí embaixo. Ok?

Do plenário, Aécio Neves (PSDB-MG) emendou:

--Senador Paulo Paim, tenho de reconhecer que foi a melhor performance de V. Exa. na presidência do Senado até hoje. Parabéns!

Diário do Poder – Cláudio Humberto

- Jornal do Commercio (PE)

• Mais autoridades são alvos da Operação Ararath
A decisão do ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal, de determinar sigilo da Operação Ararath, da Polícia Federal, foi para não prejudicar as investigações. Segundo fontes da PF, este é um dos mais importantes casos de corrupção dos últimos tempos, que tem como alvos várias autoridades dos três poderes. Foram presos o deputado José Riva (PSD) e o secretário da Fazenda do Mato Grosso, Éder Moraes, e o governador Silval Barbosa (PMDB) teve a casa revistada.

• Central da corrupção
Há anos José Riva se reveza na presidência da Assembleia Legislativa, autêntica central da corrupção, em parceria com Silval Barbosa.

• Bilionário na roda
Outro figurão citado nas investigações é o senador Blairo Maggi (PR-MT), bilionário que já foi considerado maior produtor de soja do mundo.

• Tutti buona gente
O esquema de corrupção no MT seria ligado ao “comendador Arcanjo”, bandido hoje na prisão de segurança máxima de Porto Velho (RO).

• Arca de Noé 2
Ararath é sequência da Operação Arca de Noé, de 2002, contra o crime organizado, com 13 presos, que resultou na condenação de Arcanjo.

• EBC faz ‘festança’ com dinheiro público
O dinheiro está fácil para o governo: a Empresa Brasil de Comunicação (EBC) “errou para cima” o salário de 248 funcionários em novembro e dezembro de 2013. Alguns trabalhadores chegaram a receber quase R$ 20 mil a mais em dois meses. Segundo a própria EBC, o total do valor repassado de forma errada aos funcionários ultrapassou os R$ 137 mil. O pagamento extra, segundo a EBC, é um erro comum.

• Empréstimo sem juros
O sortudo funcionário da EBC que recebeu R$ 20 mil a mais aproveitou para pedir “parcelamento” na hora de devolver a grana e foi autorizado.

• Normal
A EBC diz que o procedimento de devolução parcelada de pagamentos feitos por erros é “normal na administração pública”.

• Na CGU também
Jorge Hage, Controlador-Geral da União, determinou “apuração”, após descobrir que um de seus funcionários foi beneficiado na EBC.

• Piada de churrasco
Junior Friboi esperou por quase 2 anos ganhar do PMDB a candidatura ao governo de Goiás. Curiosamente, sem gastar dinheiro. Pretendia que os políticos do partido não o vissem como um bilionário, mas sim como “redentor”, verdadeiro “líder de massas”. Virou motivo de piada.

• Quase parando
O ministro César Borges (Transportes) já se conformou com a lentidão do governo. Disse ter “esperança” de lançar 1º leilão de ferrovias antes que o Programa de Investimento em Logística complete dois anos.

• Cadê?
No ranking de assuntos mais falados do Twitter/Brasil de ontem estava a hashtag #DilmaCadeODinheiroDoPovo? Internautas não perdoaram, citaram do porto cubano à cueca de Lula como o paradeiro da grana.

• Verdadeiro legado
As previsões do governo para a arrecadação de 2014 foram elevadas para mais de R$ 1 trilhão. Esse número será registrado no Impostômetro logo após o final da Copa do Mundo do Brasil.

• Só mais tarde
Mendonça Filho (DEM-PE) retirou pedido de convocação do chanceler Luiz Figueiredo para explicar a decisão de não exigir consulta ao Brasil para conceder vistos a nacionais de países como Afeganistão, Iraque e Irã. Seria votado esta semana, mas deve ficar para semana que vem.

• Claro abuso
A operadora de celular Claro tenta entrar no mercado da TV paga à força: usuários de outras operadoras recebem mensagens insistentes todos os dias, com suas ofertas. E o Ministério Público?

• Nunca vão voltar
Duas turistas de Cingapura publicaram no Yahoo! Sports relato de como “sobreviveram” visita a Salvador no dia da greve da polícia, em abril: a pedido do hotel se trancaram lá, só saíram acompanhadas por funcionários “nativos” e ainda assim foram assaltadas no último dia.

• Farpas
O canal de notícias Russia Today reagiu à comparação feitas pelo príncipe Charles entre Putin e Hitler. O canal disse que, “é preciso ser um para reconhecer outro” e divulgou foto do rei Edward VIII com Hitler. “Se alguém conhece nazistas de verdade é a família real”, ironizaram.

• Pensando bem
…quem deveria levar uma boa palmada são os deputados que se acham no direito de interferir na educação dos filhos dos outros.

Panorama político – Ilimar Franco

- O Globo

O voto evangélico
O candidato Eduardo Campos já começou a receber os primeiros informes sobre o peso da presença de Marina Silva como sua vice. Em alguns estados, as intenções de voto no socialista chegam a triplicar nas pesquisas. Eduardo dá a volta por cima nas regiões metropolitanas, onde é forte a penetração das igrejas evangélicas. Mantida a tendência, será vigoroso o embate na oposição.

Quem encarna a oposição?
A pesquisa Ibope foi bem recebida no PSB. Na disputa pela bandeira da oposição, destacam que Eduardo Campos, com 11%, está acima de Marina Silva (9%) na mesma época em 2010. Enquanto isso, Aécio Neves, com 20%, figura muito abaixo do desempenho de José Serra (37%) em 2010. Ele está do tamanho de Geraldo Alckmin (19%) em 2006. A presidente Dilma aparece no patamar dos que avaliam que seu governo é ótimo ou bom. Seu crescimento depende da melhoria dessa avaliação. Mas consideram impressionante Dilma estar no mesmo nível de seu desempenho de 2010. Pois, naquela época, o país crescia a 7%, e o governo Lula tinha cerca de 80% de aprovação.

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“Para aqueles que querem calar a Polícia Federal, é bom saber que existem 600 operações em andamento. A maioria com previsão de ser deflagrada ainda neste ano”
Marcos Leôncio Ribeiro
Presidente da Associação dos Delegados da PF
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O jeitinho
Na Copa, os motéis de várias capitais serão usados como hotel. O governo convenceu seus proprietários a cobrar diária, e não por hora. Mas a Justiça e o Ministério Público não flexibilizaram a proibição de crianças nesses estabelecimentos.

Yes, I want it
Os Estados Unidos terão um torcedor inesperado na Copa. O ministro Vinicius Lages (Turismo) quer os americanos na final, de preferência contra o Brasil. Ele acredita que se isso acontecer, além do vice, Joe Biden, que já confirmou presença nos jogos, o presidente Barack Obama poderá também vir assistir àquela partida no Maracanã.

Onda de lançamentos
A presidente Dilma reforçará três programas-chave de seu governo na campanha da reeleição: o Minha Casa Minha Vida, o Pronatec e o Mais Médicos. Nos dias que antecedem a Copa, serão anunciadas ampliações dessas iniciativas.

Levanta, sacode a poeira
A Operação Caixa de Pandora, da Polícia Federal, o fez renunciar ao governo em 2010. Mesmo assim, o ex-governador José Roberto Arruda (PR) lidera pesquisa para o governo de Brasília. No Instituto O&P, ele tem 23,9%, contra 16,2% do governador Agnelo Queiroz (PT) e 9,9% do senador Rodrigo Rollemberg (PSB).

Pela porta aberta
O PP anuncia seu apoio à presidente Dilma na semana que vem. Mas os diretórios regionais foram liberados. Hoje, em Porto Alegre, o tucano Aécio Neves vai ao lançamento de sua candidata ao governo estadual, senadora Ana Amélia (PP).

O corpo fora
Sobre a posição da direção do PMDB do Rio a favor de Aécio Neves, o líder na Câmara, Eduardo Cunha, registra que não tem autorização para falar pelo PMDB fluminense. E que não vai ao ato do movimento suprapartidário pelo tucano

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O AMBIENTE MUDOU. Mas a esta altura, em 2010, Dilma tinha 36%, e os candidatos da oposição, 48%. A presidente só cresceu em agosto, com a TV.

*Marco Aurélio Nogueira: Sinal de alerta

- O Estado de S. Paulo

Num ato que gerou descontentamento e frustração, mas estava escrito nas estrelas, o Conselho de Reitores das Universidades Estaduais Paulistas (Cruesp) decidiu congelar os salários de professores e servidores da USP, da Unesp e da Unicamp, adiando para setembro ou outubro a discussão do dissídio coletivo. Somado ao clima de insatisfação crônica que hoje devasta os ambientes universitários de São Paulo, o fato abre uma clareira de oportunidade para que se reflita sobre a situação. Pouco adianta chorar pelo leite derramado, mas é crucial que se busquem saídas para a crise, que ameaça crescer. A qualidade e a posição estratégica das universidades paulistas exigem isso.

A reflexão é delicada. Antes de tudo, porque faltam consensos a respeito de praticamente tudo, da sala de aula aos laboratórios, do modelo de universidade à proporção de professores em relação ao número de servidores e de estudantes, do tamanho do atendimento à quantidade dos serviços oferecidos. As universidades respondem mal às mudanças rápidas e profundas da época atual.

Para complicar, o País não dispõe de uma clara política de ensino superior, a não ser topicamente. Agora, por exemplo, a dinâmica nacional aponta mais para a quantidade que para a qualidade, mais para o assistencialismo que para os cuidados com o ensino e a infraestrutura. Há muita oferta de vagas e cursos em algumas regiões, pouquíssima em outras. Seguem-se critérios de produtividade que privilegiam a pesquisa avançada e a pós-graduação em detrimento da graduação. Em São Paulo, as universidades estaduais gastam energia em torno de uma meta de "internacionalização" mal compreendida, que desvia o foco das funções primordiais. Todas são muito influenciadas pelos rankings que definem as "melhores" universidades a partir de parâmetros genéricos.

Não se sabe direito como reestruturar um sistema que cresceu sem que fossem sendo estabelecidos critérios para que se equacionassem as relações entre instituições públicas e instituições particulares, entre ensino gratuito e ensino pago. As distorções que decorrem disso são conhecidas: os mais ricos vão para as melhores escolas, que são públicas e gratuitas, e os mais pobres precisam se inscrever nas universidades particulares, que nem sempre são de boa qualidade, em especial quando as mensalidades são mais baixas.

Com a decisão do Cruesp acende-se uma luz amarela de alerta. Sejam quais forem os próximos passos, as estaduais de São Paulo terão de aprender a trabalhar com outros parâmetros e critérios.
A justificativa dos reitores é grave e choca saber que se desconhecia o que estava a ocorrer. O comprometimento de orçamento com folha de pagamento atingiu proporções extremas: em torno de 105% na USP, 95% na Unesp e 97% na Unicamp. Com isso tudo ficou mais difícil.

Se a situação é essa, as universidades são autônomas e têm seus orçamentos vinculados constitucionalmente à arrecadação do ICMS, o que fazer? As reitorias estão a cortar o que podem, preservando somente os restaurantes universitários, os serviços de utilidade pública e o apoio estudantil. A busca de financiamento externo por meio da pesquisa já tem sido usada à exaustão e não parece poder ser incrementada. A venda de serviços específicos (cursos de extensão e de especialização, por exemplo) pesa pouco e não é aceita de modo generalizado.

Essa é a ponta do iceberg. Há problemas financeiros porque tem havido falhas de planejamento e gestão, a expansão não foi bem programada e porque é difícil modular um sistema que tem vida própria e foi desenhado para outra época. Os problemas também passam pela ausência de solidariedade interna nas universidades e pela resistência a que se abra mão de certas "folgas" obtidas em termos de estruturas de suporte, pessoal e espaços físicos. Os gastos são crescentes e as receitas, nem tanto.

Como, porém, a falência não está no horizonte, nem existe intransigência ou má vontade no Cruesp, chegou a hora de agir de forma mais coesa e com melhor mira. As universidades estaduais paulistas, assim como todas as outras instituições de ensino superior do País, são importantes demais para serem simplesmente abandonadas à própria sorte.

Por isso deveria ser retomada com urgência a discussão sobre reforma universitária, até para que se visualize e se hierarquize o que deve ser reformado. Um novo modelo precisa nascer.

Em São Paulo, por exemplo, jamais se deu qualquer passo concreto para melhorar de fato a integração entre USP, Unesp e Unicamp, algo que maximize suas vantagens comparativas, reveja sua distribuição pelo território, defina melhor suas áreas de concentração, suas vocações e potencialidades. Cada uma delas tem seu próprio projeto e tenta executá-lo de costas para as demais.

Deveria haver mais esforço para inventar novos formatos institucionais, abrir mão de certos tabus (como o que reza que nada pode ser cobrado). Não é necessário que todas as escolas, de todas as regiões e áreas de conhecimento, mergulhem em programas de pós-graduação. Dá para rever a distribuição dos cursos pelo território. Pode-se rever o número de departamentos e usar mais videoconferências para a realização de bancas e concursos.

A universidade brasileira não é somente ensino e pesquisa. Inclui também a extensão, que dá destaque à permanência estudantil. É uma função nobre, pois protege e impulsiona os estudantes mais carentes, com bolsas, subsídios e auxílios (moradia, alimentação). Algo a ser defendido e preservado. Mas sempre se pode fazer mais e melhor com menos, e a imaginação deve estar a serviço disso.

Há muito que discutir, fazer e mudar. Ficar sem reação e iniciativa é tão ruim quanto se movimentar só para não ficar parado. Os momentos de inflexão não costumam durar muito no tempo, não deveriam ser desperdiçados. Muitas vezes é nas piores situações que se tomam as melhores decisões.

*Professor titular de Teoria Política e Diretor do Instituto de Políticas Públicas e Relações Internacionais da Unesp

João Bosco Rabello: Mesmo chapa-branca, CPI exibe contradições da Petrobrás

- O Estado de S. Paulo

O desmentido da Petrobrás ao seu ex-presidente, Sérgio Gabrielli, mostra que mesmo uma CPI chapa branca acaba produzindo conteúdos ruins para governos e projetando o que poderia levantar se isenta e efetivamente funcionando com o propósito de investigar.

Gabrielli afirmou que os contratos da Petrobrás com a refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, eram geridos sem conhecimento da diretoria da empresa, uma autonomia exercida pelo ex-diretor de Abastecimento, Paulo Roberto Costa, investigado pela Polícia Federal e solto há dois dias pelo ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF).

A Petrobrás desmentiu publicamente Gabrielli , afirmando rigorosamente o contrário: que todos os contratos e aditivos foram submetidos à diretoria. Gabrielli mantém sua versão, sustentando que a refinaria operava como uma subsidiária da Petrobrás, usando como exemplo análogo a BR Distribuidora.

O jornal Valor já havia levantado que 150 aditivos no valor total de R$ 4,5 bilhões e novos contratos, de R$ 2,5 bilhões foram assinados pela Abreu e Lima, entre 2008 e 2013, sem conhecimento da diretoria. Gabrielli minimiza a quantidade de aditivos contrapondo com o número de 260 contratos da refinaria. “Não é tanto aditivo”, diz simploriamente.

As declarações de Gabrielli foram prestadas á CPI em clima de bate papo entre amigos, dada a ausência da oposição que luta por uma CPI Mista, onde o governo não tem a maioria de que dispõe no Senado. Foram três horas e meia de afagos, risos e salamaleques. Faltou o vinho.

Ontem a imprensa capturou ofício da Polícia Federal à Justiça Federal no Paraná, em que o delegado Cairo Costa Duarte manifesta a convicção de que uma organização criminosa opera dentro da Petrobrás, fazendo do superfaturamento de operações comerciais, como a compra da refinaria de Pasadena, objeto da CPI, um duto de recursos públicos destinados a contas bancárias no exterior.

É justamente nesse contexto que a declaração de Gabrielli se reveste de enorme gravidade, por confirmar que a diretoria da empresa passava ao largo de mais de uma centena de aditivos a contratos decididos exclusivamente por Paulo Roberto Costa. Tal autonomia reforça a suspeita de operações criminosas na empresa.

Com seu depoimento, o ex-presidente da empresa também dá veracidade à declaração da presidente Dilma Rousseff de que aprovara a operação de Pasadena sem conhecer termos contratuais de extrema relevância que, se não sonegados ao Conselho, mudariam seu voto.

O delegado afirma que a refinaria foi comprada por “valores vultosos, em dissonância com o mercado internacional, o que reforça a possibilidade de desvio de recursos e abastecimento financeiro de grupos criminosos”.

Somadas as declarações de Gabrielli, de Dilma e do delegado, tem-se um quadro de negligência administrativa favorável a que prosperem ações criminosas. De aditivos assinados com autonomia por um diretor até a sonegação de informações ao Conselho, permitiu-se um caminho livre aos agentes criminosos, cujo dano aos cofres da empresa não podem ingenuamente ser restrito a Pasadena.

A disposição para uma CPI séria , se houvesse, já teria produzido a convocação de Paulo Roberto Costa tão logo anunciada a sua liberdade pelo Supremo. Ele precisa dizer quem tem razão – Petrobrás ou Gabrielli – já que sua autonomia na empresa lhe fez réu e prisioneiro.

Fica a moral da história: se uma CPI amiga consegue produzir uma contradição desse porte, imaginaà vera. Já se teria, pelo menos, uma acareação a fazer entre os presidentes da Petrobrás – Sérgio Gabrielli e a sua sucessora, Graça Foster.