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Dia inesquecível
O Supremo Tribunal Federal comprou o silêncio do presidente Jair Bolsonaro quando o ministro Dias Toffoli, em decisão solitária, suspendeu a investigação dos negócios suspeitos da dupla Flávio Bolsonaro e Fabrício Queiroz.
Por isso Bolsonaro nada se arrisca a dizer sobre o julgamento das ações que pedem o fim da prisão em segunda instância. Está em dívida com o tribunal. E à espera de que ele confirme por maioria de votos a decisão de Toffoli, seu novo amigo de infância.
Mas como Bolsonaro é Bolsonaro e, a exemplo do escorpião, não renega sua natureza nem mesmo quando se vê em perigo, deixou que seu filho Carlos postasse em seu nome uma mensagem no Twitter favorável à prisão em segunda instância.
Foi por coerência que o fez, mas também por esperteza. Não foi um ato acidental. Tanto a postagem como o que aconteceu depois foi uma ação combinada por pai e filho. Carlos assumiu a autoria da mensagem para livrar o pai de culpa, apagou-a e pediu desculpas.
No futuro, se for conveniente para Bolsonaro, ele lembrará que se manifestou contra a decisão tomada pelo tribunal. Dirá que à época não fez maior barulho sobre ela em respeito à independência dos Poderes da República. Ficará bem com Deus e o Diabo.
A manobra do pai e do filho acabou como um episódio menor no dia em que o PSL, partido dos dois, ao que tudo indica implodiu de vez. Foi um dia inesquecível, mas que logo poderá deixar de ser dada à vocação de Bolsonaro para promover grossas trapalhadas.
Por culpa dele, por culpa exclusivamente dele, Bolsonaro colheu mais uma penca de derrotas. A primeira quando tentou, sem sucesso, emplacar Eduardo, o outro filho, no cargo de líder do PSL na Câmara dos Deputados. Um vexame.
A segunda derrota quando soube que fora traído por um deputado da sua confiança que o gravou conspirando para afastar o atual líder do PSL na Câmara, o Delegado Waldir (GO). A terceira quando foi obrigado a ouvir calado o líder chamá-lo de vagabundo.
Bolsonaro retaliou despejando a deputada Joice Hasselmann (PSL-SP) do cargo de líder do governo no Congresso. A retaliação, porém, pode ter sido a quarta derrota dele em um único dia. Hasselmann comportou-se bem como líder. Fará falta ao governo.
O deputado Luciano Bivar (PE), presidente do PSL, guarda farta munição para disparar contra Bolsonaro. Ameaça destituir Flávio e Eduardo do comando do partido no Rio e em São Paulo. Poderá levar o PSL a fundir-se com o DEM e outros partidos.
A Bolsonaro, as saídas que restam são humilhantes: recompor-se com Bivar na condição de derrotado. Ou transferir-se para um partido menor e com menos dinheiro que o PSL.
Lula faz as malas