O Globo
O tema da semana para mim foi o relatório
do IPCC sobre aquecimento global. Desde 2005, quando houve a conferência de
Gleneagles, na Escócia, aprendi que o momento em que chegaríamos a uma situação
irreversível seria quando as grandes correntes marinhas fossem afetadas. Parece
que chegamos lá.
Como discutir isso num país em que
Bolsonaro é presidente? O tamanho do adversário nos entristece porque acaba
rebaixando nossas possibilidades.
No momento em que soava o alarme do IPCC
para a humanidade, e para o Brasil, uma vez que ainda somos parte dela, o país
estava galvanizado por um desfile de artefatos fumegantes na Esplanada dos
Ministérios.
Não há o que dizer numa república bananeira
quando o presidente decide promover um desfile de tanques de guerra para
pressionar o Congresso. Isso é Bolsonaro.
As Forças Armadas, no entanto, me
preocupam. Elas não são obtusas como muitos às vezes as descrevem. Há
tecnologia moderna no ITA, livros sobre guerra moderna são produzidos por
oficiais, e até reflexões sobre direitos humanos e a Convenção de Genebra.
É verdade que o Brasil não tem muita
experiência real de guerra, e isso tende, segundo alguns, a uma acomodação
burocrática. Vá lá, mas ainda assim a burocracia não pode escapar de uma certa
racionalidade.
Como explicar um desfile de tanques para entregar um convite ao presidente? É algo que poderia ser feito por e-mail, telegrama, ofício ou mesmo por uma pequena comissão.