O Globo
No momento em que o país afunda na
recessão, e cresce a insegurança alimentar, começo com um tema secundário,
desses que os analistas políticos acham que mereciam apenas uma nota de pé de
página na história.
O tema são os gastos do cartão corporativo
de Bolsonaro. Ele gasta a média de R$ 1,3 milhão por mês, e suas despesas estão
sendo julgadas, em segredo, pelo Tribunal de Contas.
É muito dinheiro para quem tem casa,
comida, conexão e transporte gratuitos. O relator do processo é o ministro
Raimundo Carreiro, o mesmo que Bolsonaro designou embaixador do Brasil em
Portugal. Um prêmio.
O deputado Elias Vaz (PSB- GO) pediu que o
relator se declarasse impedido. Mas é duvidoso que aceite isso ou que seja
levado a isso.
Carreiro foi um grande amigo de Sarney.
Nasceu num distrito de Nova Iorque, no Maranhão, e aos 16 anos votou pela
primeira vez na UDN. Dizem que se declarou dois anos mais velho para ser
eleitor de Sarney.
Sempre foi protegido do cacique maranhense. No Senado, saiu da área de produção de atas e acabou sendo um assessor vital para os presidentes. Sua fidelidade o levou ao Tribunal de Contas, e agora parece cruzar o oceano com ele.