quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

OPINIÃO DO DIA – Roberto Freire: PIB

É um exemplo da inépcia do governo na gestão da economia.

Roberto Freire, “Recuo do PIB é resultado da inépcia do governo”, Portal do PPS, 3 de dezembro de 2013.

PIB cai 0,5% e tem pior trimestre em 4 anos

Depois de surpreender positivamente no primeiro semestre, a economia brasileira encolheu 0,5% entre julho e setembro ante o trimestre anterior, segundo o IBGE. Foi o primeiro saldo negativo e o pior resultado desde o início de 2009, quando o PIB sofria os efeitos da crise mundial. O investimento caiu 2,2% e foi um dos responsáveis pela perda de ritmo da economia. Também a agropecuária e o setor externo contribuíram para o fraco desempenho. O mercado financeiro já previa resultado negativo, mas a queda superou a média das estimativas, que era de 0,2%. O cálculo agora é de alta de 2,15% a 2,5% do PIB para 2013 e entre 1,1% e 2,6% em 2014. O ministro Guido Mantega (Fazenda) disse que é “perfeitamente possível” chegar a 2,5% de crescimento no ano

PIB tem pior resultado em quatro anos e economistas cortam previsões para 2014

Economia encolhe mais do que o previsto no terceiro trimestre, puxada pelo resultado ruim do investimento e da agricultura, e leva bancos e consultorias a revisarem as projeções para um crescimento entre 2,15% e 2,5% em 2013 e entre 1,1% e 2,6% no ano que vem

Mônica Ciarelli, Vinícius Neder | Rio, Fernando Nakagawa, Correspondente / Londres

Depois de surpreender positivamente no primeiro semestre, a economia brasileira encolheu 0,5% entre julho e setembro deste ano ante o trimestre anterior. Foi o primeiro saldo negativo e o pior resultado da economia desde o início de 2009, quando o produto interno bruto (PIB) brasileiro ainda sofria com mais intensidade os efeitos da crise financeira mundial provocada pela quebra do banco americano Lehman Brothers.

O mercado financeiro já esperava desempenho negativo para os dados anunciados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mas chamou a atenção a magnitude da queda, superando a média das estimativas do mercado financeiro, na casa dos 0,2%. Na comparação internacional feita pelo instituto, a economia brasileira aparece na lanterna de uma lista de 13 países.

A piora de cenário detonou, entre bancos e consultorias, uma onda de revisões para baixo das projeções para o PIB deste ano e de 2014. Uma pesquisa feita depois da divulgação do PIB pelo serviço AE Projeções, da Agência Estado, com 22 instituições financeiras, mostra que o mercado começa a falar numa economia mais fraca no ano que vem do que neste ano.

As estimativas para 2013 variam de alta de 2,15% a 2,5%, e entre 1,1% e 2,6% em 2014. Em 30 de agosto, no levantamento realizado após o anúncio do PIB do segundo trimestre, os analistas previam alta de 1,9% a 2,7% no PIB de 2013 e de 1,7% a 3% para 2014. O movimento de revisões ganhou força também com a safra de ajustes feitos pelo IBGE em resultados trimestrais do PIB já divulgados. O crescimento da economia em 2012 passou de 0,9% para 1%.

O número foi bem diferente do antecipado pela presidente Dilma Rousseff na semana passada. Em entrevista ao jornal El País, Dilma afirmou que o dado revisado subiria para 1,5%.

Logo que os dados das contas nacionais foram divulgados, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, saiu em defesa da presidente. Segundo ele, o número era um "ensaio interno" do governo e a revisão definitiva do PIB de 2012 pelo IBGE ainda demorará dois meses para ser concluída. "O que vale é sempre a última revisão", disse.

Para o quarto trimestre, o ministro se mostrou confiante. Segundo ele, os números do PIB "certamente serão positivos", com o investimento em uma trajetória de crescimento.

No terceiro trimestre, oinves-timento foi um dos responsáveis pela perda de ritmo da economia nacional. Pelos dados do IBGE, diminuiu 2,2% ante os três meses anteriores. No ano, porém, ainda contabiliza alta de 6,5%. Já do lado da oferta o encolhimento do PIB foi puxado pelo segmento agropecuário, com o fim da safra de soja, cujo peso no setor é elevado.

Já a indústria e os serviços tiveram uma contribuição quase nula. O fraco desempenho do setor externo também ajudou a segurar a economia no vermelho entre julho e setembro.

Responsável pela pesquisa, Roberto Olinto, do IBGE, admite que o resultado pode indicar desaceleração. No entanto, pondera, o dado negativo ainda é pontual e o PIB acumula alta de 2,4% no ano até setembro.

Para alguns analistas, o PIB em marcha à ré amplia o risco de rebaixamento da nota do Brasil, uma ameaça real no caso da Standard & Poor7s (S&P), que mudou a perspectiva do rating do País para negativa em junho.

• Repercussão
"Com esse resultado do terceiro trimestre, de -0,5%, isso favorece um crescimento no quarto trimestre."
Guido Mantega
MINISTRO DA FAZENDA
"A retração de 0,5% no PIB é um sinal preocupante... Creio que precisamos trabalhar para ganhar o ano de 2014."
Eduardo Campos
GOVERNADOR DE PERNAMBUCO
"Vários segmentos voltaram a recuar após períodos de expansão. Isso ocorreu com a agropecuária."
Luiz Gonzaga Belluzzo
SÓCIO-DIRETOR DA NOBEL PLANEJAMENTO

Fonte: O Estado de S. Paulo

PIB tem a maior queda em quase cinco anos

A economia brasileira voltou a ter queda: o PIB caiu 0,5% de julho a setembro, o que não ocorria desde o primeiro trimestre de 2009, no auge da crise global. O consumo das famílias cresce por 40 trimestres seguidos, mas os investimentos recuaram 2,2%. As projeções indicam que 2013 deve fechar com alta de até 2,4%

PIB abaixo de zero

Economia recua 0,5% no 3º tri, no pior resultado desde 2009. No ano, deve crescer até 2,4%

Lucianne Carneiro, Clarice Spitz e Sérgio Vieira

Depois de uma surpresa positiva no período entre abril e junho, a economia brasileira sofreu uma retração de 0,5% no terceiro trimestre deste ano, frente ao período anterior, na primeira queda neste tipo de comparação desde o início de 2009, em plena recessão após a eclosão da crise financeira de 2008. O resultado veio no piso das estimativas do mercado fez com que consultorias revisassem suas previsões para a expansão do PIB em 2013, a maioria para baixo.

As projeções, no entanto, são de que a economia volte a crescer no último trimestre, encerrando o ano com expansão entre 2,2% e 2,4% — ou seja, mais do que o dobro do crescimento de 1% registrado no ano passado. Sem a ajuda da soja, que foi o destaque do primeiro semestre, a agropecuária recuou 3,5% no terceiro trimestre, puxando para baixo o desempenho da economia na comparação com o segundo trimestre. Já a indústria cresceu 0,1%, com a ajuda do salto de 2,9% na indústria extrativa mineral.

O setor de serviços avançou apenas 0,1%. Pela ótica da demanda, o consumo ganhou fôlego, enquanto os investimentos caíram, repetindo um modelo de crescimento baseado mais nos gastos das famílias que, na visão dos especialistas, está se esgotando. Os investimentos tiveram queda de 2,2% na comparação com o segundo trimestre, embora tenham avançado 7,3% frente ao terceiro trimestre de 2012.

Já o consumo das famílias voltou a acelerar e avançou 1% frente ao segundo trimestre, na maior alta frente ao trimestre anterior desde o quarto trimestre de 2012 (1,1%). O aumento de 2,3% frente ao terceiro trimestre de 2012 é a 40ª alta seguida na comparação anual. — Tivemos um crescimento bastante expressivo no segundo trimestre e agora houve uma acomodação. O setor externo está com contribuição negativa no PIB. Por outro lado, o consumo das famílias continua crescendo — afirmou a gerente da Coordenação de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis.

Extrativa mineral puxa indústria
Com as importações crescendo mais que as exportações, o setor externo puxou a economia para baixo. De janeiro a outubro, o PIB cresceu 2,4%. Porém, este avanço seria maior, de 3,6%, se fosse considerada apenas o consumo doméstica, ou seja, descontando as importações e exportações.

A avaliação do economista Aurélio Bicalho, do Itaú Unibanco, é que a tímida alta de 0,1% do setor de serviços foi o principal fator a levar o PIB para o piso das expectativas: — Dado o peso desse setor, essa é a principal explicação. O setor está acompanhando o quadro geral da economia e refletindo o ritmo lento da indústria e da agropecuária, dado que muitos serviços estão relacionados a esses segmentos — afirma. Uma das surpresas do resultado do terceiro trimestre foi a indústria, que registrou ligeiro avanço (0,1%), enquanto muitos analistas previam queda.

A indústria extrativa mineral ajudou a segurar o número no terreno positivo. — Houve retorno à operação de algumas plataformas da Petrobras e também a entrada de novas plataformas — afirmou o economista da MCM Consultores Leandro Padulla. Para a sócia da Gibraltar Consulting, Zeina Latif, o resultado do PIB divulgado ontem pelo IBGE sugere que os sinais de aceleração da economia vistos no primeiro semestre do ano não eram sustentáveis. — O fato é que o país cresce pouco.

O primeiro semestre foi um falso sinal de aceleração. Teremos um 2013 com expansão maior que no ano passado, mas com uma fraqueza mais disseminada. Para 2014, espero algo em torno dos 2% — afirma a sócia da Gibraltar Consulting, Zeina Latif. Na avaliação do coordenador de Contas Nacionais do IBGE, Roberto Olinto, começa uma transição de um modelo baseado em consumo para outro baseado em investimentos: — Está sendo feita uma transição, um esforço, mas nada é imediato.

Mudança afeta um quinto do PIB
O setor de serviços, que tem o maior peso na economia brasileira, respondendo por 68,7% do PIB, passou por grande mudança de metodologia no último trimestre. A nova forma de calcular esse setor influenciou um quinto (21%) do PIB, com a incorporação dos resultados da Pesquisa Mensal de Serviços (PMS), do IBGE, lançada em agosto deste ano, com dados compilados desde o início de 2012. Com isso, o IBGE revisou o resultado do PIB no ano passado, que passou de uma alta de 0,9% para 1%.

A melhora foi inferior ao estimado pelo Ministério da Fazenda e por analistas do mercado. O IBGE também mudou as contas do PIB para este ano. Até então, era estimado um crescimento de 0,6% no primeiro trimestre (frente ao trimestre anterior, com ajuste sazonal) e de 1,5% no segundo trimestre.

Com as novas contas, o PIB deste ano ficou estagnado no primeiro trimestre e registrou avanço maior entre março e junho, de 1,8% — o que, em parte, explica por que a queda no terceiro trimestre, de 0,5%, foi maior do que a prevista pelos analistas, já que a base de comparação ficou maior. — Mesmo que os serviços tenham perdido velocidade (neste ano), o efeito dessa nova base de dados foi de elevar o patamar dos serviços no PIB — disse o economista Silvio Sales, da Coordenação de Serviços da Fundação Getulio Vargas.

As mudanças afetaram dois subsetores e parte de um terceiro entre as sete atividades de serviços investigadas no PIB: os serviços de informação, os de Transporte e os serviços prestados a famílias e a empresas. A partir de 2015, serão conhecidos novos números para a expansão do PIB desde 1995. — A série inteira será revisada — disse Rebeca de Palis, da Coordenação de Contas Nacionais do IBGE.

Fonte: O Globo

Manipulação de perna curta - Dilma cobra de Mantega explicação sobre erro

Presidente havia "antecipado" revisão do crescimento do PIB de 2012 para 1,5%

Vera Rosa, Adriana Fernandes

Surpresa com o resultado do PIB do ano passado, a presidente Dílma Rousseff conversou ontem por telefone com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, que estava em São Paulo, e cobrou dele explicações para a previsão errada. A estratégia do governo para conter a frustração generalizada será mostrar agora que a "economia real" começou a reagir no fim deste ano, o que levará a uma expansão na casa de 2,5% em 2013.

A revisão do PIB de 0,9% para 1%, em 2012, pôs Dilma numa saia-justa internacional. Na semana passada, em entrevista ao jornal El País, ela havia "antecipado" que o crescimento do ano passado seria revisado para 1,5% - quase o dobro da taxa anterior. "Resolveram reavaliar o PIB. E o PIB do ano passado, que era 0,9%, passou para 1,5%. Nós sabíamos que não era 0,9%, que estava subestimado", disse Dilma ao jornal espanhol.

Erro» A conta errada foi atribuída no Palácio do Planalto à Secretaria de Política Econômica, comandada por Márcio Rol-land. O mal-estar ultrapassou fronteiras porque a informação da presidente ao El País acabou criando uma expectativa no mercado que não se confirmou.

Diante desse quadro, Dilma e o Ministério da Fazenda montaram uma operação de comunicação para evitar novos danos à imagem do governo.

"Ainda temos um trimestre possível chegar a 2,5% de crescimento em 2013", afirmou Mantega, ontem, numa referência à previsão do mercado.

Apesar da preocupação com o baixo crescimento, Dilma e Mantega tentam vender otimismo neste ano pré-eleitoral, na tentativa de mostrar que a administração começa a colher agora os resultados do que foi plantado. Em conversas reservadas, ministros dizem que a população não sabe o que é PIB, mas avalia com lupa o impacto de qualquer medida no seu bolso.

Foi para fazer propaganda dos programas e ações do governo que Dilma dobrou o número de viagens pelo País desde os protestos de junho, ampliou as entrevistas a rádios e entrou com tudo nas redes sociais.

Aliado a essa estratégia, o discurso da "economia real" também contempla boas notícias para a classe média. Ao falar para esse público, Dilma cita a concessão de aeroportos, o leilão do pré-sal de Libra e os investimentos previstos para as rodovias privatizadas.

Mantega também tentou ontem minimizar a polêmica ao afirmar que o Ministério da Fazenda fizera um "ensaio interno" sobre o assunto.

Fonte: O Estado de S. Paulo

Aécio e Campos: incertezas no futuro

Líderes da oposição criticam modelo econômico adotado pelo governo

Maria Lima, Gabriela Valente, Fernanda Krakovics e Isabel Braga

BRASÍLIA- A oposição criticou duramente o governo pelo recuo da economia no trimestre. Em nota, o presidente do PSDB e presidenciável, Aécio Neves (MG), disse que o resultado “indica a permanência da desaceleração da economia e do ambiente de incerteza sobre o futuro do país” e “não há mais como terceirizar responsabilidades”.

Já o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), outro presidenciável, afirmou em nota que o Brasil atravessa uma crise de expectativas em relação à economia e isso começa a afetar o desempenho da atividade econômica. “Quando os agentes econômicos se mostram inseguros quanto ao futuro, constroem um presente ainda pior, num processo que se realimenta e é difícil de reverter”, disse Campos.

No Senado, líderes da oposição disseram que a presidente Dilma Rousseff e o ministro da Fazenda, Guido Mantega, não têm noção da gravidade das consequências do modelo econômico adotado. — A ideia que passa é que vivemos numa casa de loucos, onde cada um diz uma coisa. Mas quando um país caminha para o descalabro, o principal sintoma é quando os governantes começam a colocar em dúvida seus órgãos e estatísticas oficiais. Isso é clássico.

É a escola Kirchner (Argentina)— afirmou o líder do PSDB, Aloysio Nunes (SP). O presidente e líder do DEM, senador José Agripino (RN), disse que mais preocupante do que o resultado é a insistência num modelo que já se mostrou ineficiente para correção de rumos: — O problema maior é que o governo não está tomando as providências que deveria.

Isso é o resultado de um modelo econômico equivocado que está mostrando os primeiros resultados agora. E o mais preocupante é a falta de soluções, o gasto público de má qualidade que não é atacado. O modelo está exaurido e faltam providências para corrigir.

‘Brasil está no caminho certo’
Já o presidente do PT, Rui Falcão, minimizou o recuo. Ele previu que o último trimestre será melhor e que o acumulado do ano e dos últimos 12 meses é positivo. — O importante é que questões fundamentais como poder aquisitivo e emprego continuam sustentados — afirmou. Também em defesa do modelo do governo, o vice presidente do Senado, Jorge Viana (PT-AC), disse que a oposição não pode torcer contra o país, e que esse é o preço da distribuição de renda e do quase pleno emprego: — No governo do PT aconteceram as duas piores crises mundiais.

Quanto custa manter a distribuição de renda e o quase pleno emprego? É melhor crescer menos do que o sonho ou manter o povo trabalhando? O Brasil está no caminho certo.

Fonte: O Globo

Recuo do PIB é resultado da inépcia do governo, diz Roberto Freire

Freire cobra investimentos em inovação para turbinar a economia

Por: Valéria de Oliveira

“É um exemplo da inépcia do governo na gestão da economia”, disse o presidente nacional do PPS, deputado federal Roberto Freire (SP), ao comentar o resultado do PIB (Produto Interno Bruto) do terceiro trimestre, que recuou 0,5% em relação ao trimestre anterior. A presidente Dilma Rousseff foi incapaz de “enfrentar aquilo que Lula, por irresponsabilidade, lhe colocou nas mãos: o verdadeiro abacaxi que é a falta de políticas econômicas de desenvolvimento e crescimento; por causa disso, crescemos de forma medíocre nos últimos anos e assim será em 2013”, acrescentou.

Freire condenou também a queda de 10,37% das ações ordinárias da Petrobras – a maior desde 2008, na crise financeira mundial. “É um crime de lesa-pátria, resultante da política implementada na empresa pela dupla Lula-Gabrielli (José Sérgio Gabrielli, ex-presidente da companhia)”, classificou. Segundo o parlamentar, “o desastre” é consequência do uso “abusivo” da Petrobras, “uma empresa que sempre teve relação com a identidade nacional, para represar a inflação, que o governo, por incompetência, não conseguiu segurar”.

Freire explicou que, com os preços administrados dos combustíveis e da energia elétrica, o governo controla os índices inflacionários artificialmente. “Mas, a qualquer hora, essa inflação vai explodir, e a política usada por Lula e Dilma já vai ter lesado a Petrobras e os consumidores de energia que estão pagando pelas usinas termoelétricas a diesel para que não tenhamos um apagão, fantasma que é outra consequência da incapacidade do governo”.

PIB medíocre
Roberto Freire tachou de medíocre o PIB do terceiro trimestre e ironizou a promessa do ministro Guido Mantega (Fazenda) de que haverá uma reação nos resultados dos três últimos meses do ano. “Quem acredita em Mantega também acredita em papai noel e em saci-pererê. Suas previsões não têm a menor consistência, são completamente estapafúrdias. Me lembro do ano passado, quando crescemos menos de 1%, que ele havia dito que o índice seria de 5%. Nem internamente, no Brasil, nem no exterior, Mantega conta com confiança nas suas previsões. Ele não tem seriedade”, disse.

Sobre o desempenho pífio da indústria, que cresceu apenas 0,1% em relação ao trimestre anterior e foi uma das causas da redução de 0,5% do PIB, Freire afirmou que o país vem passando por um processo de desindustrialização há muito tempo. “Isso não começou no governo Lula, mas foi nos governos do PT que ele se acentuou”, destacou. Segundo Freire, a desindustrialização é crescente e o governo não cria antídotos nem alternativas a ela, “nem mesmo com a economia do futuro, do conhecimento, do investimento na ciência e na tecnologia”.

O Brasil voltou na história, criticou o presidente do PPS, salientando que o país tem atualmente uma pauta do período colonial: exporta matéria-prima, sem agregar o valor da indústria. Os investimentos concretos em inovações tecnológicas, disse Freire, foram relegados a segundo plano porque o governo, “prioriza o populismo, a exacerbada preocupação com a popularidade e não a criação de estruturas básicas para que o país se desenvolva e a sociedade tenha melhores condições de vida e perspectivas de futuro”. O deputado condena o fato de o governo ter foco apenas “no hoje”. “Não há planejamento, programação”.

Fonte: Portal do PPS

Aécio disse sobre o resultado do PIB: 'Não há mais como terceirizar responsabilidades'

O recuo de 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB) no terceiro trimestre de 2013 indica a permanência da desaceleração da economia e do ambiente de incerteza sobre o futuro do país.

A desculpa do governo tem sido que o mundo não está crescendo. Isto é fato na zona do Euro, mas os EUA crescerão 1,6%, Índia em 4,9%; China em 7,7%. Na América do Sul, Chile em 4,4%; Colômbia 4% e Peru 5,3%. Portanto, os maus fundamentos da economia brasileira fazem toda diferença.

Não há mais como terceirizar responsabilidades. O país gasta muito e gasta mal. A má gestão das contas públicas derrubou pela metade o superávit primário realizado até agora. O governo atrasou, inexplicavelmente, a agenda de concessões, só agora iniciada, apesar do crônico problema da ineficiência da infraestrutura. Quando aparentemente superou os conflitos ideológicos existentes, o fez de forma titubeante e improvisada, em relação às regras e ao modelo, gerando mais insegurança, menor concorrência e, assim, redução de potenciais, resultados e de perspectivas.

O país deve lamentar a reunião sigilosa organizada pela presidente da República e ministros de Estado neste fim de semana, segundo registro da imprensa, não para discutir saídas para o desarranjo econômico instalado, mas sim, com o objetivo eleitoral de “construir uma narrativa” aos brasileiros para o PIB medíocre, a ineficiência e a perda de credibilidade do governo, a inflação, o aumento nos gastos e o baixo investimento.

Ao concentrar esforços para construção de um discurso eleitoral, ao invés de priorizar a superação dos problemas, o governo evidencia sua preocupação maior em manter a qualquer custo o poder em lugar de corrigir os erros que levaram ao estado lastimável da economia e a sérias consequências na vida dos brasileiros.

A perspectiva para 2013 e 2014 é que o mundo cresça 4%, o dobro do nosso crescimento. As exportações poderão ser favorecidas devido ao câmbio mais desvalorizado, mas, por outro lado, o câmbio mais desvalorizado é fruto do aumento do risco Brasil.

Esperamos que o governo do PT assuma e corrija seus erros e equívocos a tempo de os brasileiros alcançarem uma realidade melhor.

Senador Aécio Neves (MG)
Presidente nacional do PSDB

“O pibinho da desconfiança”, análise do ITV

Foi pior do que se esperava. O resultado das contas nacionais divulgado há pouco pelo IBGE mostrou queda de 0,5% do PIB brasileiro no terceiro trimestre do ano. O número veio em linha com as piores expectativas de mercado. Num clima de desconfiança profunda e generalizada em relação ao futuro do país, o pibinho está de volta.

Trata-se da primeira retração do PIB em dois anos. A última queda havia ocorrido no terceiro trimestre de 2011, quando a taxa ficou em -0,1%. Desde o primeiro trimestre de 2009, no auge da crise mundial, quando o PIB caiu 1,6%, a economia brasileira não recuava tanto.

A agropecuária, que vinha sendo o esteio da economia, despencou 3,5%. Foi o pior desempenho entre todos os subsetores da produção pesquisados. Indústria (0,1%) e serviços (0,1%) mantiveram-se praticamente estáveis.

Outro dado muito ruim é que os investimentos – identificados nas contas nacionais pelo palavrão “formação bruta de capital fixo” – caíram 2,2% no trimestre. Foi a maior queda entre os componentes da demanda. O consumo das famílias, que também ajudou a sustentar a economia por um bom tempo, só subiu 1%.

Também hoje pela manhã, o IBGE anunciou o PIB revisado de 2012. Outra decepção: a alta foi de mero 1%, insuficiente para alterar muito o retrato geral da ruinosa política econômica de Dilma Rousseff – que havia antecipado erroneamente que o número sairia do 0,9% já conhecido e chegaria a 1,5%. Também é bem menos que o “PIB piada” que Guido Mantega desdenhara – quando, no ano passado, uma consultoria previu, e errou, que o PIB brasileiro cresceria só 1,5% em 2012.

Ainda de acordo com o que o IBGE divulgou há pouco, nos últimos 12 meses a expansão do PIB brasileiro é de 2,3%. Com este resultado, o país exibe crescimento médio de 2% nos três anos da gestão Dilma. É o pior desempenho desde o inesquecível governo Collor e também uma das três médias mais baixas de toda a nossa história republicana – o outro parceiro de ruína da presidente é Deodoro da Fonseca.

Enquanto isso, para não irmos muito longe, a média de crescimento da América Latina nos mesmos três anos terá sido de 3,5%, de acordo com a Cepal. Ou seja, o Brasil avança hoje a um ritmo equivalente a pouco mais da metade do que crescem seus vizinhos. Neste ano, em toda a América Latina só Venezuela e El Salvador terão aumentos de PIB menores que o nosso.

O Brasil figura na rabeira em relação a outras economias que já divulgaram resultados do PIB do terceiro trimestre. Alguns exemplos: a China cresceu 2,2% sobre o segundo trimestre; o Reino Unido, 0,8%; os EUA, 0,7% e até a combalida zona do euro teve crescimento positivo de 0,1%, sempre na mesma base de comparação, segundo o G1.

Sob a condução da gerentona Dilma Rousseff, o país caminha a passos largos para o buraco. O Brasil não cresce quase nada. A despeito de ter os maiores juros do mundo, convivemos com uma inflação que só não explodiu os limites de uma meta que já é muito generosa porque o governo manipula fragorosamente preços como os dos combustíveis e da energia elétrica.

Nestes últimos anos, o país também viu dinamitada a boa reputação arduamente construída a respeito da solidez e da credibilidade de suas contas públicas. O governo anuncia manobras fiscais na mesma medida em que descumpre, mês após mês, os compromissos em bem gerir os recursos públicos recolhidos dos contribuintes que pagam seus impostos.

Não há muita esperança quanto a dias melhores – não enquanto estivermos sob a gestão do PT. A economia não mostra fôlego para crescer muito acima da média atual: talvez a benfazeja leva atual de privatizações ajude a elevar o resultado de 2014 para algo mais próximo de 2,5%. Ou seja, nada excepcional.

Para complicar, o Brasil deve ter sua nota de classificação de risco rebaixada no ano que vem, o que encarecerá o crédito para um país que precisa urgentemente investir para gerar mais empregos e melhores oportunidades para seus cidadãos.

O PT mergulhou o país num mar de desconfiança, de falta de credibilidade, de temor em relação ao futuro. Há anos o governo não consegue construir nada novo, ao mesmo tempo em que implode os alicerces que nos fizeram chegar até aqui. A experiência com Dilma Rousseff é desastrosa. O Brasil não merece isso.

Fonte: ITV

'O jogo não começou', diz Campos sobre pesquisas

Tânia Monteiro

O pré-candidato ao Planalto e governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), justificou o resultado das últimas pesquisas que apontam que a presidente Dilma Rousseff venceria as eleições ao Planalto em 2014, contra qualquer um dos adversários, que estão colocados, alegando que "o jogo (eleitoral) ainda não começou". Eduardo Campos, que deu declarações nesta terça-feira, 03, em Aracaju (SE), onde participou do velório do governador de Sergipe, Marcelo Déda, disse que "o debate ainda não começou" e que "90% das pessoas estão ligadas em outros assuntos diferentes de política e sucessão".

Ele ressalvou, no entanto, que é preciso prestar a atenção em um dado das pesquisas: que 66% das pessoas querem mudanças em relação ao que está aí. Para Campos, exatamente por isso, "é muito natural que as pesquisas com esta antecedência representem muito mais um recall do que um posicionamento político". Segundo o governador pernambucano, à medida que o tempo for passando, lá para julho ou agosto do ano que vem, "as pessoas vão se ligar neste assunto e vão perceber que têm opções e vão se posicionar em relação a estas opções", já que muitas delas ainda não são completamente conhecidas e estão se candidatando pela primeira vez à Presidência, que é uma eleição nacional, como ele.

Sobre a possibilidade de inversão de chapa entre ele e Marina Silva, da Rede Sustentável, já que ela está à frente dele nas pesquisas, Eduardo Campos disse que este assunto só será tratado em 2014. Para ele, "dá facilmente para mudar" o quadro apresentado pelas pesquisas. "Não tenho dúvida disso (mudança do quadro) porque as pessoas vão sair de casa em busca de algo diferente. Vão procurar na prateleira algo diferente porque estão dizendo isso. Há mais de um ano, antes das manifestações, as pesquisas já começavam a dizer isso, que queriam mudanças. Com as manifestações, esse sentimento se aprofundou, e é bem verdade que este sentimento já vem de longe".

Na avaliação de Eduardo Campos, assim como nas três últimas eleições, em 2014, certamente também terá segundo turno, apesar de as pesquisas, neste momento, preferencialmente, não apontarem isso. "Se todas as últimas três campanhas você teve eleição em dois turnos, é natural que esta seja uma eleição em dois turnos. No primeiro momento, leva vantagem quem tem um pouco mais de tempo na televisão (a presidente Dilma Rousseff), mas, em um segundo momento, o jogo é igual, é tempo de televisão igual para todo mundo e começa outro tipo de debate", comentou. Segundo Campos, o momento é de "ter tranquilidade de fazer o debate de forma eficiente e eficaz".

Campos diz que Eliana Calmon se filia ao PSB no dia 19
O governador de Pernambucano e presidente nacional do PSB, Eduardo Campos, disse nesta terça-feira, 3, que no dia 19 será feita a filiação da ex-ministra do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Eliana Calmon ao partido. Eliana será anunciada como candidata a senador pela Bahia na chapa da senadora Lídice da Mata, que disputará o governo do Estado, contra o candidato do governador Jacques Wagner (PT). A ex-ministra do STJ ganhou notoriedade quando era corregedora do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e declarou haver "bandidos de toga" entre os magistrados. Perguntado se essa era uma chapa competitiva na Bahia, Campos assegurou: "É para ganhar a eleição".

Fonte: O Estado de S. Paulo

Inflação míngua o consumo

O aumento do custo de vida restringe o poder de compra dos brasileiros. Ainda assim, despesas das famílias evitam resultado pior da atividade

Diego Amorim, Guilherme Araújo

A demanda das famílias por produtos e serviços não garante mais o crescimento econômico do Brasil nem é suficiente para assegurar bons resultados no comércio. Divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os números do Produto Interno Bruto (PIB) do terceiro trimestre deste ano confirmam os danos provocados pela persistente inflação em 2013, que corroeu o poder de compra dos clientes e o faturamento dos comerciantes. Não à toa, o setor espera um Natal menos eufórico e um ano-novo repleto de incertezas.

Embora o consumo das famílias tenha aumentado 1% no trimestre — os gastos delas somaram R$ 764,9 bilhõe no período —, em relação aos três meses imediatamente anteriores, o avanço mais tímido desse indicador reforça que a capacidade de endividamento dos brasileiros chegou ao limite. “Estamos vivendo uma ressaca do consumo, que não para de perder força”, comentou a economista e professora da Fundação Getulio Vargas (FGV) Virene Matesco.

Como consequência do crescimento dos custos dos comerciantes, o varejo estagnou. “Venda boa não é mais garantia de faturamento. O pequeno aumento da receita foi abafado pelas despesas maiores”, disse o economista da Confederação Nacional do Comércio (CNC) Fabio Bentes. Neste ano, 75% da expansão registrada no setor é resultado do encarecimento do custo de vida, e não da alta real das vendas.

Pesquisa do Boston Consulting Group indica as consequências da combinação juros altos, crédito caro e inflação no horizonte: nos próximos 12 meses, 66% dos brasileiros pretendem gastar menos frente ao ano anterior. Na China e na Índia, outros dois importantes países do Brics, esse percentual cai para 33% e 49%, respectivamente. O mesmo levantamento aponta que somente um terço dos entrevistados no Brasil se considera seguro financeiramente.

Todos os anos, o servidor público Pedro Dourado, 48 anos, se esforça para não deixar ninguém da família sem presentes. Às vésperas de mais um Natal, enquanto percorre os corredores dos shoppings, ele se diz assustado com a alta dos preços. “Está fora do patamar do nosso salário. O crescimento da renda não acompanhou a inflação”, observou ele, ao lado da mulher, Josilene Dourado, e da filha Gabriela, 5 anos.

Renda no limite
A professora Diana Lago, 40, estava ontem de sacola nas mãos, mas só comprou o sapato para a filha Jéssica, 21, depois de muita pesquisa de preço. “Neste ano, percebi uma alta maior e estou mais atenta. Uso bastante o cartão de crédito e divido, no máximo, em quatro vezes, para não perder o controle”, contou. Com a inflação, a dona de casa diz que as compras cotidianas pesaram no bolso. “Tive de substituir alguns produtos, principalmente alimentos”, completou.

Mãe de dois filhos, Valdelice Tavares, 42, vende frutas e verduras numa feira em Samambaia. O salário do mês já está todo comprometido com o pagamento de dívidas. Para fazer as compras de fim de ano, ela dependerá do crédito. “Ganho R$ 1 mil por mês. Minha renda está no limite. Mas, mesmo assim, não posso deixar de presentear os meus filhos”, ponderou ela, que planeja parcelar as compras de Natal.

Mesmo em promoção, os preços nas vitrines continuam salgados, na avaliação da enfermeira Regina Célia dos Santos, 30, que procurava, ontem, ao lado do filho João Elias, 5 anos, as melhores oportunidades para mobiliar o apartamento novo da família. “Depois que vi o valor da cama e da mesa de jantar, percebi que foi uma boa ideia ter me planejado. Reservei um dinheiro para pagar à vista”, comemorou. Elias pediu uma bicicleta de presente de Natal. A mãe se esforçará para ajudar o Papai Noel. “Ele é um ótimo filho. Está bem na escola e merece”, justificou.

» Salário mínimo R$ 0,66 maior
A revisão do Produto Interno Bruto (PIB) de 2012, divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), altera — embora muito pouco — o salário mínimo para 2014. O valor vigente a partir de 1º de janeiro deve subir de R$ 722,90 para R$ 723,56, um leve aumento de R$ 0,66. Desde 2007, o reajuste do salário mínimo é definido com base na inflação acumulada do ano anterior e a variação do PIB de dois anos antes. Apresentado em agosto pelo Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, o Projeto de Lei Orçamentária (Ploa) previa acréscimo de 6,62% sobre o valor atual do mínimo, de R$ 678. Como o IBGE reviu o PIB do ano passado de 0,9% para 1%, a correção esperada crescer para 6,72%.

Fonte: Correio Braziliense

'Dá para mudar' preferência do eleitorado, afirma Campos

João Pedro Pitombo

Possível candidato à Presidência em 2014, o governador Eduardo Campos (PSB-PE) minimizou nesta terça-feira (3) o avanço da presidente Dilma Rousseff na última rodada de pesquisas do Datafolha sobre intenção de votos para a eleição presidencial do próximo ano.

Na simulação em que aparece na disputa contra Campos e o senador Aécio Neves (PSDB-MG), Dilma registrou 47% das intenções de voto, ante 19% de Aécio e 11% do governador de PE. O levantamento foi feito nos últimos dias 28 e 29. Em outubro, a presidente marcava 42%, contra 19% do tucano e 15% do pessebista.

Questionado sobre o resultado, Campos disse "não ter dúvida que dá para mudar" esses números. Afirmou que pesquisas internas do PSB mostram que 66% da população quer mudanças, e que esse patamar é próximo ao verificado nas eleições de 2002, quando o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) venceu José Serra sendo oposição ao PSDB, que governava com Fernando Henrique Cardoso.

"As pessoas vão sair de casa [em 2014] em busca de algo diferente", afirmou Campos.

O governador e presidente nacional do PSB voltou a dizer que a sucessão presidencial ainda não está na pauta da população.

"As pessoas estão ligadas em outros assuntos diferentes de política e sucessão. Na medida em que isso ocorrer, que será lá para agosto do próximo ano, as pessoas vão perceber que têm opções e vão se posicionar em relação a essas opções" afirmou.

Déda
Sobre a morte do governador de Sergipe, Campos afirmou que Marcelo Déda enfrentou o câncer "com dignidade". "Encontrei ele há oito dias. Nos momentos finais parecia que ele estava resignado e encontrava uma tranquilidade própria das pessoas que fizeram o bem aqui", afirmou.

Campos disse que irá homenagear Déda dando o nome do governador a uma biblioteca pública que será inaugurada em breve no Recife.

PIB de Dilma é "muito ruim", diz Eduardo Campos

Governador de Pernambuco e possível candidato do PSB à Presidência da República, Eduardo Campos classificou nesta terça-feira (3) como "muito ruim" a perspectiva de crescimento da economia brasileira em 2013.

O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou hoje que o PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro, soma dos bens e serviços produzidos em determinado período, recuou 0,5% no terceiro trimestre na comparação com o trimestre anterior, maior retração desde o primeiro trimestre de 2009.

"Em 2012 já tínhamos tido um crescimento de 0,9% [revisto pelo IBGE para 1%]. Imagine fechar 2013 com crescimento de 2%. É um resultado muito ruim. Uma coisa é você crescer 5% em cima de 4%, outra é crescer 2% em cima de 1%", disse o governador pernambucano, que esteve em Aracaju para o velório do governador de Sergipe, Marcelo Déda (PT).

Campos disse que a projeção de crescimento de 2% do PIB para o ano é "muito ruim". Afirmou ainda, citando a responsabilidade do governo federal, que os últimos números trazem "preocupação", pois podem reforçar o sentimento de desconfiança de investidores em relação à economia brasileira.

"[Os resultados] mostram que é preciso sobretudo uma narrativa de longo prazo. As pessoas precisam saber para onde exatamente estamos indo. Estamos procurando dar sugestões e observações há muito tempo. Mas a gente sabe que papel estratégico fundamental é do governo", disse o governador.

Fonte: Folha de S. Paulo

Manobra contra cassação fracassa, e Genoino renuncia

A tática do PT era obstruir a abertura do processo de cassação de Genoino. Mas quando, dos sete integrantes da Mesa Diretora da Câmara, quatro se pronunciaram a favor, o vice-presidente da Casa, André Vargas (PT-PR), interrompeu a sessão e anunciou a renúncia do colega. Com isso, o petista pode continuar pleiteando a aposentadoria por invalidez.

Sem saída, Genoino renuncia

Fracassada a estratégia do PT de adiar a abertura do processo de cassação, o ex-presidente do partido -- que cumpre prisão domiciliar -- assina carta na qual abre mão do cargo de deputado federal

Leandro Kleber, Adriana Caitano

Após lançar mão de diversas estratégias para evitar ser expulso da Câmara pelos colegas, José Genoino (PT-SP) renunciou ontem ao mandato parlamentar no último minuto antes da abertura do processo de cassação. Quando o placar da reunião da Mesa Diretora — que discutia o futuro político do petista — consolidou-se desfavorável ao agora ex-deputado, o vice-presidente da Casa, André Vargas (PT-PR), sacou da manga a carta de renúncia. O texto foi lido no encontro e, em seguida, no plenário, sacramentando a saída definitiva de Genoino. Ele, no entanto, continuará recebendo a aposentadoria já adquirida por tempo de serviço e, mesmo sem mandato, ainda pode ser aposentado por invalidez no próximo ano. O ex-presidente do PT cumpre pena de prisão domiciliar, após ter sido condenado no julgamento do mensalão. O suplente, Renato Simões (PT-SP), permanecerá no cargo.

Dos sete membros da Mesa Diretora, apenas os petistas André Vargas e Biffi (PT-MS) defenderam que a Câmara suspendesse qualquer iniciativa de cassação por 90 dias. O restante dos parlamentares — Fábio Faria (PSD-RN), Márcio Bittar (PSDB-AC), Simão Sessim (PP-RJ) e Maurício Quintella Lessa (PR-AL), além do presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) — avaliaram que o melhor caminho seria instaurar o procedimento de cassação. Quando Lessa ia manifestar seu voto (o placar já estava consolidado em 4 a 2), André Vargas o interrompeu e anunciou a renúncia do colega.

Conforme o Correio apurou, a iniciativa de deixar a carta engatilhada partiu do próprio Genoino. Ele já vinha pensando em abrir mão do mandato, mas preferiu apostar até o limite no apoio dos colegas da Mesa. O PT chegou a fazer apelos aos integrantes do colegiado, mas, na avaliação dos próprios petistas, o presidente da Casa travava uma campanha contra ele. Apesar de a bancada tentar dissuadi-lo, o ex-deputado disse, na noite de segunda-feira, que queria se “precaver”, e preparou o plano B para o caso de não ter apoio suficiente para impedir o processo de cassação. Na manhã de ontem, um motorista enviado pelo líder do partido — e irmão de Genoino —, José Guimarães (CE), buscou o documento assinado na casa da filha do ex-dirigente petista.

De acordo com Vargas, após mais de três décadas de vida pública, Genoino não gostaria de ser constrangido no plenário, mesmo já condenado por corrupção ativa e por formação de quadrilha. “Ele não queria ter ‘deputado cassado’ no currículo”, disse Vargas. Na carta de renúncia, José Genoino criticou o que chamou de “transformação midiática (de seu processo) em espetáculo” e afirmou nunca ter praticado qualquer crime nem acumulado riqueza. “Considerando que sou inocente; considerando, também, que a razão de ser da minha vida é a luta por sonhos e causas ao longo dos últimos 45 anos, reitero que, entre a humilhação e a ilegalidade, prefiro o risco da luta”, destacou.

A estratégia do PT era tentar um efeito suspensivo para que nada fosse decidido sobre seu mandato enquanto Genoino estivesse de licença. A avaliação dos petistas é que a Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) proíbe qualquer tipo de punição enquanto o funcionário estiver afastado por motivos de saúde. Diante do fracasso da tentativa, André Vargas se disse “magoado” com o presidente da Casa. “Lamentamos a decisão do Henrique. Era uma situação peculiar. Genoino está inválido provisoriamente e não pode se defender”, argumentou.

O líder peemedebista na Casa, Eduardo Cunha (RJ), porém, criticou a reclamação de Vargas. “Não dá para querer culpar o Henrique por cumprir o dever dele, eu acho até que ele cumpriu mais do que deveria, não adotou a interpretação de perda automática de mandato, não cumpriu o que o Supremo decidiu”, comentou. “Se tivesse que fazer alguma coisa contra o Genoino, era muito mais fácil cumprir o que o STF decidiu”.

Bate-boca
Quando o irmão do ex-deputado subiu na tribuna para defendê-lo, afirmando que o Congresso deveria respeitar a história de Genoino, o clima esquentou no plenário. Como todos os parlamentares silenciaram para ouvir o discurso de Guimarães, a deputada Liliam Sá (Pros-RJ) reclamou: “É uma vergonha se parar um dia de trabalho para defender mensaleiros”. A parlamentar foi repreendida pelo presidente da Casa, que ainda se defendeu das críticas de que foi alvo. “Tenho consciência de que cumpri meu dever. Em momento algum nenhum sentimento mesquinho tomou conta da Mesa”, comentou.

Logo em seguida, petistas pediram que a sessão fosse encerrada porque não havia clima para votações. Alguns reagiram. “Chega de teatro”, gritou o deputado Arolde de Oliveira (PSD-RJ). “Nosso sentimento fica no limite do sentimento, aqui temos que cumprir nosso dever cívico de votar”, reclamou o líder da minoria, Nilson Leitão (PSDB-MT). “Não se pode transformá-lo em mártir”.

Fonte: Correio Braziliense

PT reclama da atuação do presidente da Câmara

Alves decidiu com base na opinião pública e não nos fatos, dizem petistas

Renúncia do petista José Genoino ontem também provocou um início de tumulto no plenário da Casa

BRASÍLIA - A renúncia de José Genoino gerou um princípio de crise entre o PT e o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), e provocou tumulto no plenário da Casa.

Os petistas responsabilizaram Alves. Avaliam que ele pressionou os colegas de Mesa a seguirem seu entendimento de que era preciso abrir o processo de cassação. Também o acusaram de tomar decisões mais com base na opinião pública do que nos fatos.

Seguindo orientação da cúpula da sigla, os petistas baixaram o tom público de uma possível retaliação ao comando da Casa. Mas disseram que o episódio deixou sequelas.

"Me sinto decepcionado com Henrique Alves", afirmou o vice-presidente da Câmara, André Vargas (PT-PR).

O discurso foi reforçado pelo presidente da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), Décio Lima (PT-SC). Para ele, Alves errou na condução do caso, pois Genoino está de licença médica e não poderia ter amplo direito de defesa.

A renúncia começou a ser costurada na noite de anteontem, após o PT ter a indicação de que o processo seria apoiado pela maioria da Mesa, conforme mostrou a Folha ontem.

A avaliação sobre a medida passou pelo crivo de um pequeno grupo, que incluía Vargas, o líder da bancada, José Guimarães (CE), irmão de Genoino, e o ex-presidente Lula.

Guimarães ligou para Genoino e avisou que o cenário não era favorável. Ele, então, deu sinais que já pensava em entregar o cargo. "Não vou aceitar o processo", teria dito.

O líder pediu mais tempo para as negociações. Pouco antes da reunião, Genoino enviou a carta ao irmão e disse: "Não vou me diminuir. Quero tomar uma atitude digna".

Segundo Vargas, "o único pleito" do deputado "era não ter no currículo a expressão deputado cassado".

Com a renúncia, a bancada do PT começou a discutir a reação pública. Ficou acertado que, num primeiro momento, a prioridade era destacar a injustiça contra Genoino e ressaltar sua atuação política.

Falando na tribuna por quase meia hora, Guimarães disse que o Congresso saiu diminuído e que o pecado de Genoino foi ter sido presidente do PT. Ele reclamou também da atuação da imprensa.

O discurso gerou mal-estar. Liliam Sá (Pros-PR) questionou Guimarães: "O Brasil não quer ouvir isso", disse. "Me sinto envergonhada. Até hoje os mensaleiros não conseguiram se defender. O Brasil não merece isso".

Ela foi interrompida por Alves, sob o argumento de que foi "inconveniente nesse momento difícil". Tentando mostrar normalidade na relação com o PT, ele afirmou que a decisão foi dura para a Casa.

Fonte: Folha de S. Paulo

Valdemar e Pedro Henry também vão renunciar

Deputados condenados só esperam ordem de prisão do STF

Júnia Gama

Em estado de alerta desde as primeiras prisões de mensaleiros, os deputados Valdemar Costa Neto (PR-SP) e Pedro Henry (PP-MT), também condenados no julgamento, devem renunciar aos mandatos na Câmara tão logo sejam expedidas suas ordens de prisão pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Diferentemente do deputado José Genoino (PT-SP), que chegou à beira de um processo de cassação na Câmara, os demais parlamentares condenados deverão poupar mais desgastes. Com a renúncia e a falta de um processo de cassação, os três deputados não se livram, no entanto, da perda dos direitos políticos.

Pela Lei da Ficha Limpa, com a condenação no Supremo — que é um órgão colegiado — eles ficarão com os direitos políticos suspensos por oito anos após o cumprimento da pena. Nenhum deles deve disputar novas eleições. No caso de Genoino, condenado a seis anos e 11 meses de prisão, ele só recuperará seus direitos políticos a partir de 2029, quando terá 83 anos.

Valdemar, condenado a sete anos e dez meses, só poderá disputar nova eleição com 81 anos, em 2030. Já Pedro Henry estará com 72 anos depois de cumprir os sete anos de pena e mais oito anos sem os direitos políticos. Ontem, um aliado de Valdemar afirmou que a carta de renúncia do deputado já está pronta.

Se Valdemar estava inclinado a apresentar sua renúncia quando fosse preso, conta esse interlocutor, sua decisão foi reforçada com a votação da PEC do Voto Aberto, que acaba com o sigilo nas votações em processos de cassação de mandato.

A mudança diminui exponencialmente a chance de repetição de episódios como o que preservou o mandato do deputado-presidário Natan Donadon (sem partido-RO), salvo pelo voto secreto na Câmara, mesmo depois de enviado para a penitenciária da Papuda, após condenação de 13 anos por peculato e formação de quadrilha.

O deputado João Paulo Cunha (PT-SP), condenado a nove anos e quatro meses, ainda não decidiu o que fará com o mandato.

Fonte: O Globo

Empresa dona de hotel que empregou Dirceu é presidida por laranja do Panamá

Hotel que deu emprego a Dirceu é presidido por laranja do Panamá

A Truston International, empresa panamenha dona do Hotel Saint Peter — que ofereceu um emprego com salário de R$ 20 mil para o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu — é presidida por um laranja. Segundo reportagem do “Jornal Nacional”, da TV Globo, José Eugenio Silva Ritter mora num bairro pobre da Cidade do Panamá, trabalha há 30 anos como auxiliar de escritório em uma empresa de advocacia e, no papel, é dono de mais mil empresas. Dirceu, condenado no processo do mensalão, está preso no Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília.

Com o trabalho no hotel, ele poderá sair durante o dia da cadeia. No contrato social encaminhado ao Supremo Tribunal Federal (STF) para autorizar o trabalho de Dirceu, foi informado que, das 500 mil cotas do hotel, 499.999 pertencem à Truston International. O administrador de fato do empreendimento, Paulo Masci de Abreu, é dono de uma única cota.

O mesmo documento diz que a sede da Truston fica na Cidade do Panamá. Por telefone, Paulo Masci de Abreu disse ao “Jornal Nacional” que Ritter é um empresário estrangeiro apresentado a ele por um advogado. Informou ainda que conheceu Ritter numa reunião de negócios em Miami, quando formalizou a parceria para administrar o hotel.

E também afirmou que ele presta contas a Ritter regularmente. Mas a reportagem localizou Ritter na Cidade do Panamá. Ele reconheceu que é dono no papel de várias empresas, mas disse não se lembrar da Truston International. Aconselhou o repórter a procurar o Morgan y Morgan, o escritório de advocacia onde trabalha, e disse que não falaria mais nada, uma vez que poderia até mesmo perder seu emprego.

Segundo o “Jornal Nacional”, o Morgan y Morgan tem sua sede no centro financeiro da Cidade do Panamá, e ajuda na fundação e administração de empresas internacionais com sede naquele país. De acordo com o “Jornal Nacional”, a legislação panamenha permite que as ações de uma companhia sejam transferidas de um empresário a outro, sem informar às autoridades, dificultando a identificação dos verdadeiros donos.

A Morgan y Morgan foi procurada pela TV Globo, mas não quis falar sobre o assunto. A advogada de Paulo Masci de Abreu, Rosane Ribeiro, disse ontem ao “Jornal Nacional” que a sócia majoritária da Truston International é, na verdade, a nora de Paulo, a empresária Lara Severino Vargas. Disse também que, na segunda-feira, Lara vendeu a Paulo de Abreu o controle acionário do hotel.

Afirmou ainda que ele é dono de 60% do prédio onde está o Saint Peter. Os outros 40% são de Paulo Naya, filho do ex-deputado Sérgio Naya, que construiu o hotel.

Fonte: O Globo

Aécio age para evitar apoio de PPS a Campos

Presidente do partido, Roberto Freire trabalha para que congresso da sigla decida por aliança com governador pernambucano já no final desta semana

Pedro Venceslau

O senador Aécio Neves (PSDB-MG), provável candidato tucano à Presidência em 2014, tenta evitar que o PPS formalize já no próximo fim de semana o apoio ao governador pernambucano Eduardo Campos na disputa pelo Palácio do Planalto. Entre sexta e domingo, a sigla realizará, em São Paulo, seu 18º congresso nacional. Presidente do partido, o deputado Roberto Freire articula para que o anúncio de apoio ao PSB seja feito no encerramento do evento.

Se isso acontecer, o PSDB entrará em 2014 com um leque ainda mais reduzido de opções de alianças para o palanque de Aécio, que só tem garantido até o momento o apoio do DEM.

Segundo o senador mineiro, a aproximação do PPS com Campos "é uma manifestação pessoal do Roberto Freire" e o martelo ainda não foi batido. "Temos recebidos manifestações de diretórios estaduais do PPS em favor do PSDB. Se eles tiverem conosco, o discurso fica mais fácil. Seremos uma oposição sem adjetivos", afirmou Aécio na noite de anteontem, em São Paulo.

Aliados do senador mineiro trabalham nos bastidores para que os diretórios do PPS nos oito Estados governados pelo PSDB -São Paulo, Pará, Roraima, Alagoas, Minas Gerais, Tocantins, Paraná e Goiás - atuem no congresso do PPS para barrar o apoio a Campos e pelo menos adiar a decisão para o ano que vem.

Governista. Nesses Estados, o PPS orbita na área de influência dos governos e possui cargos na administração. "Se a decisão for adiada, nós poderemos revertê-la depois a favor do Aécio", diz um deputado tucano próximo a Aécio, presidente do PSDB.

O cálculo de Roberto Freire, porém, é que apenas os diretórios do PPS em Minas Gerais e Rio de Janeiro defenderão abertamente a aliança com Aécio no congresso do partido no fim de semana. A investida dos tucanos passa por incentivar a tese de candidatura própria do PPS ao Palácio do Planalto. A proposta foi apresentada por aliados de Aécio para tentar adiar a decisão. Diretórios do Ceará e do Paraná apresentam como alternativa presidenciável o nome da ex-vereadora paulistana Soninha Francine.

Já a tese pró-Campos é defendida pelo PPS no Rio Grande do Sul, São Paulo, Rio Grande do Norte, Pernambuco e Espírito Santo. "Há um movimento de adiar essa decisão, mas a maioria do partido é favorável a definir o apoio a Campos", diz Freire.

Fonte: O Estado de S. Paulo

Nada de presos políticos, eles são é políticos presos - José Neumanne

O Partido dos Trabalhadores (PT) tem dado, ao longo destes seus 34 anos de existência, lições de militância e democracia interna que seriam capazes de matar de inveja seus adversários, normalmente agremiações disformes com cabeças imensas e praticamente sem pernas. Sendo assim, como manter os pés no chão, não é mesmo? É possível contestar a afirmação feita acima argumentando que os petistas traíram seus ideais pelo poder e agora fazem o diabo, no dizer da presidente Dilma Rousseff, para se manterem nele. Isso, contudo, não desmente a afirmação feita de início, comprovada na recente reeleição direta de seu presidente nacional, Rui Falcão, que reafirmou a aposta pragmática na aliança multipartidária. Esta não é apenas da cúpula, mas também da base, conforme confirmou a votação por ele recebida.

A condenação dos ex-presidentes nacionais do PT José Dirceu e José Genoino por corrupção e formação de quadrilha, todavia, está desafiando a comunhão de convicções e ideais entre a cúpula e as bases petistas, que tem sido a regra na história do partido desde sua fundação. Desde que a maioria dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) resistiu às constrangedoras pressões do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para adiar o julgamento do escândalo de corrupção na compra de apoio parlamentar para seu primeiro governo, o famigerado mensalão, a cúpula petista tem tentado evitar que esses senhores respondam perante a Justiça pelos crimes comuns que cometeram. O argumento de que o processo, transmitido pela televisão, influiria negativamente nas eleições desmoronou ante a sólida sensatez da maioria - do colegiado. E, depois, sob o peso dos fatos, pois não houve influência alguma da exposição das vísceras do partido no poder nas disputas eleitorais municipais do ano passado. Ao longo do julgamento, a direção do PT vendeu a fantasia do "caixa 2" e, com as condenações e depois das ordens de prisão, passou a desqualificar o STF.

Os 11 ministros reunidos passaram a representar o espírito revanchista da direita desalojada do poder pelos bravos companheiros de jornada e o Poder Judiciário teria assumido o papel de destruidor das conquistas populares obtidas nos oito anos de mandato de Lula e quase três de Dilma. Tal argumento não resiste, porém, nem aos fatos nem à lógica. Oito desses ministros foram nomeados pelos presidentes petistas. E tanto o presidente da Corte à época do julgamento, Ayres Britto, quanto o relator que foi alçado à presidência, Joaquim Barbosa, votaram no PT. O primeiro, que teve um comportamento exemplar no processo, chegou a fazer parte das bases, da aguerrida militância petista.

O coro de desmanche moral dos ministros do STF, puxado por Rui Falcão, tem encontrado eco nos diretórios regionais escolhidos no mesmo processo eleitoral. Exemplo notório disso foi o tom dos discursos de todos os oradores que prestigiaram a posse do prefeito de Maricá, Washington Quaquá, no comando do PT no Estado do Rio. Do próprio Quaquá à representante da bancada federal fluminense do PT, Benedita da Silva, eles manifestaram irrestrita solidariedade aos companheiros apenados e presos e execraram a "injustiça" do Supremo. Dirceu, Genoino e Delúbio Soares - ex-tesoureiro do partido que lidera a aliança governista federal - foram chamados de "heróis" e "guerreiros", vítimas da direita e da grande imprensa.

Os três se dizem"presos políticos", mas, de fato, como dizia o saudoso comentarista Joelmir Beting, não passam de "políticos presos". A diferença, que os discursos de Quaquá e Benedita não conseguem encobrir, é que a primeira denominação defie condenados que ousam desafiar o poder estabelecido e a segunda, homens públicos que cumprem pena por crimes comuns, como furto e formação de bando (daí o substantivo bandido).

A lição do gênio do marketing do nazismo, Josef Goebbels, segundo a qual a insistência da propaganda pode transformar uma mentira em verdade, contudo, não parece estar surtindo efeito nessa chantagem subversiva da direção do PT contra a cúpula do Judiciário. O Datafolha divulgou - no mesmo fim de semana em que os dirigentes petistas fluminenses tentavam transformar meliantes comuns, condenados por formação de bando para desviar dinheiro público, em mártires - pesquisa que revela com clareza a discrepância entre o discurso da direção e a convicção dos militantes.

O Datafolha ouviu 4.557 pessoas em 194 municípios brasileiros. Entre elas, 86% acharam que o relator do mensalão e presidente do Supremo, Joaquim Barbosa, agiu bem ao mandar prender os mensaleiros condenados no feriado de 15 de novembro, dia da Proclamação da República. Somente esse número já poderia bastar para a cúpula petista pensar duas vezes antes de prosseguir em sua teimosa e mendaz campanha para satanizar o Poder Judiciário, sobre cujas costas pesa a responsabilidade da manutenção de regras sem as quais a democracia, que é o império da lei, sucumbiria. O interessante nessa pesquisa e que 87% dos entrevistados que se disseram "adeptos do PT" manifestaram opinião idêntica.

Juristas de nomeada têm socorrido os dirigentes petistas na defesa da hipótese de que o presidente do STF teria mandado prender os réus cujo processo foi dado como "passado em julgado" para "se promover pessoalmente", não tendo agido "com justiça" nem feito "o que deveria ser feito". Entre os entrevistados, 78% discordam dessa teoria. Dos que se dizem petistas, 80% concordaram com a maioria e discordaram dos maiorais. É previsível que estes tentem desqualificar a pesquisa por ser o instituto ligado a um jornal da "grande imprensa". Mas fariam melhor pelo PT se respeitassem a lógica, o amor à verdade e o ódio à corrupção que a população e os petistas da base dizem ter.

Base petista não entra nesse papo-furado de prisão "injusta" dos apenados do mensalão.

Jornalista, poeta e escritor

Fonte: O Estado de S. Paulo

Abraço de afogados - Merval Pereira

O resultado das pesquisas eleitorais não está facilitando as negociações na base governista, mas impede que os principais candidatos da oposição avancem nas suas tratativas regionais. O senador Aécio Neves gasta seu tempo basicamente na tentativa de garantir o apoio da base paulista do partido, certo de que será competitivo, com grandes chances de sair vencedor num segundo turno, se for forte eleitoralmente em São Paulo.

Sua posição interna, porém, depende de um acordo formal com o ex-governador José Serra, que parece estar mais próximo agora, havendo possibilidade de que ainda neste mês as coisas se esclareçam de forma definitiva. Serra parece disposto a dar uma demonstração de solidariedade partidária, anunciando que será candidato a deputado federal em 2014, o que daria a certeza de que a representação paulista na Câmara será grande e forte, sob sua liderança.

Com o governador Geraldo Alckmin com boa dianteira na corrida para a reeleição, a chapa tucana no maior colégio eleitoral do país seria bastante competitiva, dando a Aécio boas condições de sair vitorioso tanto em São Paulo quanto em Minas. No momento, o PSDB tem certos de seu apoio o DEM e o Solidariedade, podendo ter também o PPS.

Caso, próximo das convenções em junho, a candidatura de Aécio der sinais de que tem chances de crescer, ele espera que a “expectativa de poder” traga para a aliança oposicionista alguns partidos hoje formalmente na base governista como o PP e o PTB. Hoje, no entanto, a “expectativa de poder” continua do lado governista.

Já o governador Eduardo Campos tenta organizar seus palanques regionais em acordos que têm encontrado mais apoios no sistema financeiro do que no político, no qual ele tem menos estrutura partidária que o governo ou mesmo que Aécio, e mais do que nunca precisa subir nas pesquisas para atrair aliados.

Há relatos de que sua relação com a ex-senadora Marina, depois de, nos primeiros dias, ter dado bons resultados de mídia que se refletiram na sua subida nas pesquisas eleitorais, hoje estaria trazendo mais dificuldades regionais do que avanços. Os interesses da Rede Sustentabilidade, o partido que se abrigou na legenda do PSB, são frequentemente divergentes, mas Campos lidera as negociações e trata de refazer acordos atingidos aqui e ali pela retórica sonhática de Marina.

Houve momentos em que a posição dogmática do grupo de Marina, como quando ela dispensou a aproximação com Ronaldo Caiado, representante dos ruralistas, chegou a tirar do sério Campos. Ele foi visto fazendo comentários irônicos sobre a maneira de Marina se expressar, dizendo que às vezes precisa consultar um dicionário para entender o que ela fala.

Em outros momentos chegou a dizer que ela parecia ser “de outro planeta referindo- se à falta de pragmatismo das posições de seu grupo. Nos últimos dias no entanto, parece que a relação turbulenta foi substituída por uma decisão dos dois de se empenharem em superar obstáculos. Na definição de um político próximo aos dois, eles já entenderam que uma briga interna seria como “um abraço de afogados”, em que ambos morreriam.

Não existe a possibilidade de Campos deixar de ser o candidato a presidente da República do PSB, mesmo que Marina permaneça aparecendo nas pesquisas com mais apoio popular que ele. Caberá a ela e seu grupo se empenharem para transferir votos para a chapa socialista a fim de chegar ao segundo turno.

Tanto Campos quanto Aécio continuam convencidos de que o candidato que for para o segundo turno ganhará a eleição com o apoio da oposição unida. Nesse panorama, o apoio da Rede Sustentabilidade no segundo turno seria fundamental para dar à oposição condições de superar a presidente Dilma Rousseff.

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Por um erro de revisão, saiu ontem um erro de concordância na coluna, pelo que peço desculpas aos leitores. A frase correta é: “A queda de mais de 10% nas ações ordinárias da Petrobras reflete não apenas as dificuldades de gestão por que passa a estatal, mas, sobretudo, o descrédito da política econômica do governo” .

Fonte: O Globo

O terceiro oposicionista - Fernando Rodrigues

Quando criou o PT, em 1980, Luiz Inácio Lula da Silva ouviu muitas críticas. Uma delas era a de que durante as greves de metalúrgicos em anos anteriores sempre havia pensado "naquilo". Teria usado o sindicalismo como escada porque só queria mesmo fazer política.

A crítica não colou. Lula acumulou adeptos ao longo dos anos. Perdeu várias eleições até ganhar o Palácio do Planalto por duas vezes e se tornar o mais popular líder político da história recente do Brasil.

Num país ainda em formação, é natural (e desejável) ativistas de todos os setores tentarem a sorte em disputas eleitorais. Esse debate voltou agora por causa da possibilidade de o presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, despir-se da toga e se lançar candidato na corrida pelo Planalto no ano que vem --ele tem hoje 15% de intenções de voto, segundo o Datafolha.

A crítica a essa eventual decisão de Barbosa guarda parentesco com a desfechada contra Lula há mais de 30 anos. O comentário geral pode ser resumido assim: "Se ele fizer isso vai ficar claro que só foi duro no julgamento do mensalão porque desejava ir para a política e disputar a Presidência da República".

Esse tipo de desqualificação é pedestre. Não subtrai voto de ninguém. Os problemas de Joaquim Barbosa numa disputa são outros. Primeiro, ele não tem vida partidária. Segundo, são exíguas as opções decentes na lista de 32 legendas brasileiras.

É uma tarefa quase inexequível fazer campanha eleitoral no Brasil sem tempo de rádio e de TV. Os principais partidos já comissionaram seus ativos para Dilma Rousseff (PT), Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB). O que sobraria para Joaquim Barbosa? Fazer uma campanha como "outsider" e torcer para ter mais votos do que Marina Silva em 2010.

Impossível não é. Mas trata-se de um risco enorme. Não está claro até o momento se o presidente do STF deseja enfrentar tal desafio.

Fonte: Folha de S. Paulo

Agora é tarde – Dora Kramer

A renúncia de José Genoino ao mandato de deputado foi o último, mas poderia ter sido o seu - e de outros parlamentares agora condenados - primeiro recurso para, se não evitar, ao menos postergar uma sentença de prisão.

No intervalo do recebimento da denúncia e o início do julgamento do mensalão houve a eleição de 2010. Naquela altura o Supremo Tribunal Federal já havia deixado muito claro que seria rigoroso com os réus. Isso tanto na manifestação do relator Joaquim Barbosa quanto em declarações de vários ministros naquela decisão vista e descrita como "demolidora".

Ainda assim, José Genoino, Pedro Corrêa, Pedro Henry, Valdemar Gosta Neto e João Paulo Cunha insistiram em continuar como deputado. Foram reeleitos e, com isso, submeti dos ao foro especial de prerrogativa dito privilegiado.

Se é que há privilégio algum em ser julgado por instância única sem direito a recurso em outro foro. Não fossem parlamentares todos os cinco estariam agora ainda livres da prisão. Poderiam não conseguir evitar que a sentença final fosse a mesma, mas certamente a postergariam talvez por anos a poder de recursos e mais recursos.

O próprio Genoino serve de exemplo. Ele foi condenado em outubro de 2012 pela justiça federal de Minas Gerais junto com Delúbio Soares e o "núcleo" de Marcos Valério por causa de empréstimos fraudulentos com o BMG.

Em 2010, a ação havia sido remetida à primeira instância porque Genoino foi eleito suplente. No entanto, "subiu" para o Supremo quando ele assumiu vaga do titular na Câmara e lá está nas mãos do ministro Marco Aurélio Mello.

Agora essa renúncia não faz mais sentido no âmbito do STF. Não se pode mais falar em retorno do processo ao foro original. Primeiro porque o julgamento foi concluído e, depois, o deputado condenado Natan Donadon tentou anteriormente a manobra e o tribunal recusou.

De repente pode até ser que não conseguissem convencer o STF de que não sendo parlamentares não poderiam ser julgados na Corte Suprema. Esta talvez preferisse levar em conta o fato de que o eram quando a denúncia foi aceita. Mas os acusados teriam uma chance.

Eles preferiram assumir o risco, apostar na absolvição das urnas e no pressuposto de que o Supremo havia sido duro na avaliação da denúncia, mas que não conseguiria encontrar e apontar provas para condenação.

Talvez contassem também que o julgamento teria influência política, dada a composição majoritariamente de indicação dos governos do partido para cuja formação de maioria parlamentar foram cometidos os crimes.

Em palavras mais simples, confiaram na impunidade.

Da mesma forma como confiaram na boa vontade dos colegas até que o Congresso não teve outro jeito a não ser extinguir o voto secreto para cassações.

Ao gesto de Genoino provavelmente vão se seguir outros. Inclusive porque os mandatos não servem de nada aos condenados. O que ganhou na prisão Donadon sendo deputado com sua vaga já ocupada na Câmara pelo suplente? Coisa alguma.

Aos respectivos partidos dos condenados, PT principalmente, significa um alívio. Ao menos não precisarão carregar o desgaste da defesa de mandatos inúteis.

Fica faltando o grande teste do voto aberto. Mas para este já existe a vítima perfeita: Donadon, cujo processo foi reaberto e será julgado duas vezes pelo mesmo delito.

Mão invertida. A possibilidade de o governador Sérgio Cabral Filho vir a apoiar Aécio Neves ou Eduardo Campos, no lugar de Dilma Rousseff, já foi posta como ameaça ao PT. Uma arma de pressão do PMDB contia a candidatura do senador Lindbergh Farias.

Hoje, expostos os índices de rejeição a Cabral, o mais provável é que tal hipótese de apoio soe como ameaça a Aécio e Campos.

Fonte: O Estado de S. Paulo

Desejo de mudança e status quo - Luiz Carlos Azedo

A marca registrada dos acordos que estão sendo tecidos, porém, é o continuísmo. Nada de mudança. Nem assim os conflitos entre o PT e o PMDB são superados

A maior contradição do projeto de reeleição da presidente Dilma Rousseff beira a esquizofrenia: faz um governo de continuidade em relação ao mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mas as pesquisas de opinião apontam que a maioria dos eleitores deseja mudanças. Indicadores negativos em relação aos serviços oferecidos à população — na educação, na saúde, na segurança, nos transportes, no combate à inflação etc. — corroboram essa necessidade, porém, o sistema de alianças que garante a sustentação do governo funciona como um muro de contenção. Esse status quo político é que deixa insatisfeita a população. Eis o dilema de Dilma Rousseff.

Como toda aliança muito ampla, que o Palácio do Planalto se esforça para preservar — haja vista a rodada de negociações realizadas no fim de semana pela presidente Dilma com a participação do ex-presidente Lula —, esse sistema de forças tem um programa raso, se é que existe. Sustenta-se principalmente no toma-lá-da-cá entre o Palácio do Planalto e suas lideranças no Congresso, com refregas que se acentuam na medida em que as eleições se aproximam. Toda vez que Dilma endurece o jogo com os aliados, sofre uma retaliação no Congresso. E la nave vá.

O eixo desse sistema de aliança é o pacto firmado entre o PT e o PMDB no segundo mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que garantiu a eleição de Dilma Rousseff em 2010 e o revezamento no comando da Câmara entre PT e PMDB. Esse pacto estremece sempre que o Palácio do Planalto contraria os interesses dos caciques do PMDB e demais aliados. Até recentemente, Dilma acreditava que poderia fazê-lo sem consequências negativas para o governo, muito pelo contrário, faturava junto à opinião pública uma certa aversão em relação aos aliados, que não escondia.

O ponto de inflexão nessa relação áspera com os aliados ocorreu logo após as manifestações de junho passado, quando Dilma tentou capitalizá-las. Propôs um plebiscito para a convocação de uma Assembleia Constituinte exclusiva, já nas próximas eleições, com propósito de realizar a reforma política. A manobra foi interpretada como uma tentativa de jogar o descontentamento da população exclusivamente contra o Congresso e foi prontamente rechaçada. A avaliação do governo e da própria presidente despencou junto a dos demais políticos. O PT acabou isolado pelo PMDB no Congresso. Coincidentemente, entre os petistas e seus aliados, recrudesceu a campanha do “Volta, Lula!”.

De lá pra cá, a postura de Dilma mudou. Ao mesmo tempo que busca melhorar sua avaliação nas pesquisas de opinião, paparica os aliados e realiza negociações políticas com objetivo de articular os palanques regionais para sua reeleição. A marca registrada dos acordos que estão sendo tecidos, porém, é o continuísmo. Nada de mudança. Nem assim os conflitos entre o PT e o PMDB são superados. No fim de semana, durante o encontro de cúpula dos dois partidos, isso ficou muito claro. O PT precisa escolher entre a reeleição de Dilma ou a eleição de seus candidatos aos governos estaduais. Rio de Janeiro, Minas Gerais, Ceará, Paraná, Bahia, Rio Grande do Sul e Pará são os estados onde é maior a fricção.

Miscelânea
Jovens— A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios divulgada na semana passada lança luzes sobre a grande insatisfação dos jovens, que deve recrudescer nas próximas eleições. O número de jovens de 15 a 29 anos que não estudava nem trabalhava chegou a 9,6 milhões no país no ano passado, isto é, uma em cada cinco pessoas da respectiva faixa etária. O Nordeste é a região na qual estava concentrada a maior parte da geração “nem-nem”: 23,9%. O Norte, por sua vez, tinha 21,9%. As regiões Sudeste (18,1%), Centro-Oeste (17,4%) e Sul (15%) estavam abaixo dos 20%. Faltam jovens qualificados para ocupar vagas nos setores mais modernos da economia e sobra mão-de-obra nas áreas que exigem menor qualificação. Conclusão: nossa política educacional e de formação de mão-de-obra fracassaram.

Renúncias — O deputado José Genoino (PT-SP), que se encontra em prisão domiciliar, surpreendeu os aliados ontem ao anunciar sua renúncia ao mandato com o propósito de evitar o constrangimento de um processo de cassação. Fez o que Valdemar da Costa Neto (PR-SP) e Pedro Henry (PP-GO), também condenados na Ação Penal 470, anunciaram, mas não concretizaram ainda. Resta saber se o ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha (PT-SP) repetirá o gesto ou enfrentará o plenário.

Fonte: Correio Braziliense

Mais estratégia, menos emoção - Rosângela Bittar

O presidente do Supremo não admite candidatura, ainda

O instituto de pesquisa Datafolha, pela segunda vez em um ano, apresentou o nome do presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, ao escrutínio do eleitorado. A resposta foi uma avalanche de intenções de voto: 15% no Brasil, 20% em São Paulo, empate real no segundo turno no maior colégio eleitoral, 41 a 40, e empate técnico 44 a 38, no segundo turno, no Rio. Na pesquisa de dezembro do ano passada ele recebeu 10% das intenções de voto. Um crescimento e tanto, um sucesso para um magistrado que não é político, não faz campanha, não é candidato - ainda - e está tecnicamente mergulhado em um assunto que lhe rende a má vontade dos políticos e, principalmente, da legenda que comanda o país e de seus dirigentes com capacidade de amplificação da voz. Por último, mas não menos estridentes, tem contra si os filiados a duas notórias organizações de classe que o elegeram como inimigo e não perdem oportunidades para o demonstrar.

À medida que vão surgindo esses cenários eleitorais favoráveis, sem contar que 66% do eleitorado pede mudanças das ações do próximo governo com relação ao atual, é possível encontrar sentido na desconsideração a Joaquim Barbosa, presidente de um poder, magistrado que reúne em si uma simbologia importante para a história brasileira. Está claro que os líderes das campanhas contra o presidente do Supremo temem sobretudo a transformação das intenções de voto em voto, o êxito eleitoral. E fica evidente a descrença dos concorrentes na informação de que Joaquim Barbosa não é candidato a qualquer cargo, em qualquer tempo, em qualquer lugar - ainda.

Impressionante como se dá, à luz do dia, a transformação do juiz da Suprema Corte em alvo político, triturado pelos profissionais da propaganda negativa, enquanto faz seu trabalho, hercúleo, que durou oito anos, no julgamento da Ação Penal 470, o mensalão.

Mas Joaquim Barbosa, ultimamente, vem apresentando nuances de temperamento e mais ainda de comportamento. O ponto de inflexão, anote-se, foi a discussão em que atribuiu a manobras do colega Ricardo Lewandowski o caráter de chicanas protelatórias do fim do julgamento e aplicação das penas do mensalão. Percebido o exagero e a ofensa, decidiu, na ocasião, se desculpar. Foi o que fez e, em seguida, concentrou-se.

Mesmo nessa fase silenciosa não deixou de ser assediado Brasil afora por taxistas, camareiras de hotel, policiais que lhe fazem a segurança, estudantes, senhoras e senhores brasileiros, imprensa estrangeira, e por aí afora. A discrição e o silêncio, porém, passaram a distingui-lo, afastando-o até dos embates mais acalorados em plenário do STF e no Conselho Nacional de Justiça, mesmo em outros assuntos que não a famosa ação penal.

O atual momento da ação, de aplicação das sentenças, uma atribuição pessoal sua, com as prisões dos políticos e empresários, já encontrou-o em outro estado de espírito, embora seus detratores tenham insistido em um ou outro desentendimento entre juízes brasilienses executores dos mandados de prisão, e a insuficiência de informação e competência de advogados de defesa, como equívocos propositais para aparecer de caçador de corruptos no feriadão da República.

Ao seu redor apenas contabilizam-se os fatos que desmentem as versões, nada mais é autorizado. Joaquim vetou espetacularização nas prisões, pedindo urbanidade e respeito aos direitos dos presos, comentam. Joaquim mandou que se apresentassem em Brasília porque o processo foi julgado em Brasília para, a partir daí, verificar onde lhes convinha cumprir a pena, informam. Os mandados de prisão são expedidos à medida que o procurador-geral determina, há uma cadeia de ações na execução das sentenças, alegam.

Mas ele mesmo não reage a nada. Melhor de saúde, definiu um foco e seguiu adiante, o de encerrar o seu trabalho da melhor forma possível. A futura fase do mensalão, de julgamento dos embargos infringentes, já não será mais com ele.

Assim o encontrou a atual pesquisa Datafolha. Quando apareceu bem situado na primeira enquete que o incluiu entre os possíveis candidatos a presidente - e só tinha 10% à época -, e pressionado a comentar o bom resultado, o ministro saiu dizendo que não era candidato naquele momento, mas não saberia dizer nada sobre o futuro. Desta vez nem isso falou. O juiz sabe que não pode ceder às provocações de qualquer espécie, principalmente às que misturam a crítica às suas ações na execução das sentenças do mensalão com os temores sobre o que fará com tão generosos índices de intenção de voto.

Joaquim Barbosa não falará sobre eleições, não confirmará candidatura, não responderá aos que lhe informam que nenhum partido o quer. Realmente, os partidos, por aqui, estão em plenas condições de desprezar um potencial candidato com 15% dos votos no Brasil e 20% em São Paulo.

Assim, calado estava o presidente do Supremo antes da pesquisa, calado permanecerá. Porém não se vai aqui cair na tentação de dizer o óbvio, que tudo realmente aponta para a oportunidade única de uma candidatura do ministro Joaquim Barbosa, seja a presidente, seja a cargos em São Paulo, no Rio ou em Brasília. Isso é fato. Mas o presidente do Supremo, hoje menos emoção e mais estratégia, não se sente impelido a confirmar ou negar nada. Tirou a questão do seu radar e seus eleitores só vão saber o que fará quando colocar um ponto final no mensalão. A data está próxima.

Os publicitários de campanha acham que Joaquim Barbosa é puro marketing, faz tudo de caso pensado tendo em vista seu interesse em candidatar-se em qualquer tempo. Ele não se interessa em desfazer a má impressão. O PT e seus aliados também veem em todas as suas decisões a marca do oportunismo eleitoral. Ele também não aceita dar entrevistas para responder a nenhum ataque deste tipo. Uma rede de TV estrangeira viajou a Brasília para conversar com ele sobre o assunto e não foi recebida. Cancelou um pedido de entrevista do "El País" e de outros notáveis. No Brasil, não está falando com ninguém. Primeiro a obrigação. Depois é depois.

Fonte: Valor Econômico