O Globo
Embora o governo tenha conseguido formar uma
maioria eventual para temas específicos da política econômica, continua
minoritário no Congresso
As recentes pesquisas de opinião demonstram
que a lua de mel tradicional no primeiro ano entre a sociedade e o novo governo
eleito está sendo superada pela polarização partidária que se mantém ativa no
país. Embora o governo petista tenha conseguido, às custas de excessivas
concessões ao Centrão, formar uma maioria eventual para temas específicos da
política econômica, continua minoritário no Congresso.
A incongruência ideológica entre os três
Poderes, analisada aqui na coluna de quinta-feira, com um Executivo de
esquerda, um Legislativo predominantemente conservador e um Supremo Tribunal
Federal (STF) majoritariamente progressista, gera conflitos entre eles que o
novo presidente do Supremo nega, mas se dispõe a mediar, e pode ser também uma
virtude, na visão do cientista político das Fundação Getulio Vargas do Rio,
Carlos Pereira.
Ele vê entre nós um sistema político extremamente competitivo e de perfil “consensualista”, o qual não permite que nenhuma força política consiga sozinha ser majoritária. As saídas dos conflitos, quase que inexoráveis, portanto, precisam ser negociadas e pactuadas a todo momento. Por um lado, adverte, perdemos eficiência governativa, “temos a sensação de que nada acontece ou, quando acontece, é fruto de negociações escusas, o que gera mal-estar, muitas vezes generalizado”.