sexta-feira, 27 de junho de 2014

Opinião do dia: Aécio Neves

A presidente vai se decepcionar muito. Nem esses que, em troca de emendas, cargos e espaço de poder, posam hoje ao seu lado ela vai encontrar em sua campanha. Eu não tenho nada para oferecer além da minha história, mas estamos construindo palanques muito mais consistentes. O quadro de alianças está muito melhor do que eu esperava.

A presidente Dilma se desdiz. Jogou pela janela o discurso que fez há quatro dias na convenção que referendou sua candidatura. Está deixando explícito que sua nova fórmula para a mudança é essa, a pior de todas, é a mercantilização da política.

Aécio Neves, senador (MG) presidente nacional do PSDB e candidato a presidente do Brasil em O Globo, 26 de junho de 2014

Petrobras: Investigadores apontam mentiras em depoimentos de Gabrielli e Roberto Costa

• Depoimentos concedidos nas CPIs sobre a construção da refinaria Abreu e Lima seriam distorcidos

Vinícius Sassine – O Globo

BRASÍLIA — Os depoimentos prestados às Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs) pelo ex-presidente da Petrobras José Sergio Gabrielli e pelo ex-diretor de Abastecimento da estatal Paulo Roberto Costa incomodaram autoridades que cuidam de investigações oficiais relacionadas aos negócios da estatal. Sob a condição do anonimato, esses investigadores afirmam que, em suas intervenções, Gabrielli e Costa mentiram ou distorceram fatos sobre a construção da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco.

Para negar os apontamentos de superfaturamento nas obras da refinaria, Gabrielli e Costa disseram que o Tribunal de Contas da União (TCU) usa obras rodoviárias como parâmetro de comparação, o que seria um equívoco na versão dos dois. Os investigadores afirmam que esse procedimento é adotado apenas no caso de transporte de material de uma obra, por exemplo. É o próprio projeto da refinaria, elaborado pela Petrobras, a principal referência de preços. O superfaturamento máximo investigado pelo TCU ultrapassa R$ 1,1 bilhão em quatro contratos da refinaria.

Terraplanagem em xeque
Gabrielli e Costa também afirmaram que o TCU nunca terminou ou quase não concluiu relatórios sobre a refinaria. As avaliações, até agora, seriam apenas preliminares, segundo eles. Mas diversos processos foram concluídos, com apontamentos definitivos sobre superfaturamento. É o caso da investigação sobre a terraplanagem do empreendimento, que teve um superfaturamento de R$ 69,5 milhões. As auditorias levaram a uma redução real de R$ 49 milhões do valor do contrato, e o TCU determinou que a Petrobras executasse as garantias oferecidas pelos consórcios responsáveis, como forma de evitar o prejuízo referente ao sobrepreço. Entre os responsáveis no processo estão Gabrielli e Costa.

O ex-presidente prestou depoimento na CPI mista anteontem. Falou por quase cinco horas e, apesar dos diversos questionamentos de parlamentares da oposição, não teve dificuldade para se esquivar das perguntas mais espinhosas sobre Abreu e Lima. Costa foi inquirido na CPI exclusiva do Senado, que tem maioria governista, no último dia 10. O ex-diretor foi questionado apenas pelo relator da CPI, o senador José Pimentel (PT-CE), líder do governo no Congresso, e não foi incomodado em momento algum. Costa está preso no Paraná por conta da Lava-Jato. A suspeita é de desvio e lavagem de recursos públicos empregados nas obras de Abreu e Lima.

Ao falar sobre pagamentos indevidos a empreiteiras por conta de equipamentos parados devido a chuvas, o ex-diretor citou as obras de terraplanagem:

— Na terraplanagem da refinaria, chegamos a ter um pico de 800 equipamentos fazendo terraplanagem. Se chover hoje e depois tivermos quatro, cinco dias de sol, pode ser que não seja suficiente para se começar a trabalhar em serviço de terraplanagem — justificou.

Investigadores afirmam que a descoberta de pagamentos indevidos por conta de verbas de chuva não dizem respeito à terraplanagem. Referem-se, na verdade, a equipamentos de montagem industrial.

Acusados mantêm versão
Costa também citou auditorias sobre as tubovias da refinaria, que teriam apontado equívocos na adoção de estacas para o suporte dos tubos. O que o TCU questionou não foi a adoção do estaqueamento como solução, mas a necessidade de o recurso usado estar previsto desde o início no projeto. Investigadores apontam contradições ainda nos argumentos sobre a análise por amostragem do terreno da refinaria.

O ex-diretor foi convocado para depor na CPI mista, mas não há previsão de quando isso ocorrerá. Apesar da presença da oposição, o comando da CPI é governista. Consultado pelo GLOBO, o advogado do ex-diretor, Nélio Machado, diz que seu cliente “reafirma tudo o que foi dito na CPI”.

— Não tive acesso à íntegra das investigações da Polícia Federal, e a defesa será feita nos autos — afirma ele.

Gabrielli, por sua vez, sustenta que “está distante da empresa desde fevereiro de 2012 e não irá se manifestar sobre estes assuntos”, conforme resposta de sua assessoria de imprensa.

BC reduz a projeção para o PIB e eleva a de inflação

Mônica Izaguirre, Eduardo Campos e Alex Ribeiro – Valor Econômico

BRASÍLIA - As projeções do Banco Central para a inflação brasileira neste e no próximo ano pioraram, apesar de terem incorporado um cenário de crescimento econômico ainda mais fraco em 2014 do que o previsto anteriormente. Ainda assim, a autoridade monetária vê uma "tendência de convergência" da inflação ao centro da meta - o que é diferente de chegar exatamente a 4,5% - em meados de 2016, caso os juros básicos da economia sejam mantidos em 11% ao ano.

Segundo previsão apresentada no Relatório Trimestral de Inflação, divulgado ontem, o Produto Interno Bruto (PIB) avançará este ano apenas 1,6%, e não mais 2%, como apontou em março o relatório anterior. Isso não impedirá, porém, que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) suba 6,4%, e não mais os 6,2% previamente estimados, o que já representava alta sobre 2013 (5,91%).

A probabilidade de que o aumento do IPCA em 2014 seja ainda maior que o projetado e supere 6,5%, teto da meta, beira os 50%, conforme o documento. Apesar disso, o diretor de Política Econômica do BC, Carlos Hamilton Araújo, demonstrou tranquilidade ontem, ao comentar o relatório. Para ele, o crescimento da economia já abaixo do potencial, somado ao efeito defasado dos aumentos já promovidos nos juros básicos, tende a fazer com que as pressões inflacionárias diminuam ou até mesmo se esgotem em dois anos.

Para 2015, o relatório prevê inflação de 5,7%, ante 5,5% esperados na versão anterior. Assim como a de 6,4% para 2014, essa projeção leva em conta o chamado cenário de referência, que pressupõe estabilidade da taxa básica no nível atual e cotação do dólar constante em R$ 2,25, patamar em que se encontrava na data de corte adotada (6 de junho).

No relatório anterior, esse cenário considerava que a taxa Selic e a taxa de câmbio ficariam estáveis em 10,75% ao ano e em R$ 2,35, respectivamente. Houve piora da inflação projetada, portanto, apesar de um novo aperto monetário e de uma cotação do dólar num nível que representa menos pressão cambial sobre os preços da economia.

Pelas projeções apresentadas, o BC não conseguiria reduzir o IPCA ao nível exato do centro da meta até o fim do segundo trimestre de 2016. Nos 24 meses que faltam até lá, a inflação não cairia a 4,5% no cenário de referência nem no cenário de mercado, no qual o BC faz seus cálculos pressupondo que Selic e câmbio seguirão trajetória esperada pelo mercado (Selic subindo de 11% para perto de 12% ao ano e câmbio de R$ 2,39 para R$ 2,48 na comparação das médias dos últimos trimestres de 2014 e 2015).

No cenário de estabilidade de juros e câmbio, o IPCA acumulado em 12 meses fecharia junho de 2016 em 5,1%. No cenário de mercado, a inflação em 12 meses chegaria em junho de 2016 em 5%, após recuar de 6,4% para 6% de 2014 para 2015. Araújo enfatizou que, embora a inflação não chegue a exatos 4,5%, esse recuo ao longo de 24 meses é importante, pois significa que "nos trimestres finais do horizonte relevante para a política monetária, a inflação tende a entrar em trajetória de convergência para a meta".


No relatório, o BC explica que a inflação projetada para 2014 piorou basicamente porque a variação já acumulada pelo IPCA até agora no ano superou a esperada, ou seja, o motivo é passado. Já a inflação esperada para 2015 está maior principalmente por causa dos preços administrados por contrato e monitorados, que deverão subir 6% em 2015, e não mais os 5% antes projetados.

A autoridade monetária prevê um realinhamento de preços administrados em relação aos preços livres. Mas esse não é o único processo de ajuste de preços relativos que contribuirá para a resistência da inflação. O BC também vê um realinhamento de preços domésticos em relação aos internacionais.

O relatório cita ainda outros fatores que tendem a manter a inflação pressionada, como o mercado de trabalho, que mantém baixo nível de ociosidade. O BC conta, por outro lado, com o baixo crescimento para desinflacionar a economia. Para os 12 meses terminados em março de 2015, projeta PIB crescendo a 1,8%, taxa um pouco melhor que a de 2014, mas ainda baixa.

A avaliação é de que, de um modo geral, "em termos de indicadores de ociosidade da economia como um todo", o hiato do produto "tem se deslocado no sentido desinflacionário", diz o relatório, referindo-se a um aumento da diferença entre crescimento potencial e crescimento efetivo do PIB. Na entrevista, o diretor do BC não quis tecer uma relação direta do hiato desinflacionário com o mercado de trabalho, nem sobre o risco de um eventual aumento de desemprego. A previsão do BC é de que as pressões de custos advindas de crescimentos do salário e da renda vão se arrefecer.

"O Copom avalia que pressões inflacionárias ora presentes na economia - a exemplo das decorrentes dos processos de realinhamentos de preços citados anteriormente e de ganhos salariais incompatíveis com ganhos de produtividade - tendem a arrefecer ou, até mesmo, a se esgotarem ao longo do horizonte relevante para a política monetária", diz o relatório.

Araújo reiterou que não há sinais de que a política monetária perdeu potência para baixar a inflação. Pelo contrário, disse, do ponto de vista estrutural, o aumento do volume de crédito na economia e a ampliação da dívida pública pré-fixada contribuem para isso; conjunturalmente, a queda da confiança de firmas e famílias e empresários e a sincronia entre a alta de juros e a elevação de "spreads" bancários.

Prefeitos do Rio reagem à pressão do Palácio do Planalto e ameaçam romper com Dilma

• ‘Já pulei do barco’, declarou prefeito de Queimados, Max Lemos, ao afirmar que irá liderar campanha por Aécio Neves na Baixada

Guilherme Amado e Paula Ferreira – Agência O Globo

BRASÍLIA e RIO- Prefeitos de cidades do estado do Rio reagiram às declarações do ministro Ricardo Berzoini (PT), da Secretaria das Relações Institucionais, e criticaram a pressão do Palácio do Planalto para que eles não apoiem o senador Aécio Neves (PSDB-MG) nas eleições deste ano. No último dia 12, o Palácio do Planalto tentou descobrir quem eram os prefeitos que foram ao evento “Aezão”, em apoio à candidatura de Aécio. Pelo menos um prefeito que pretendia apoiar a presidente Dilma Rousseff (PT), Max Lemos, decidiu apoiar o tucano, alegando estar constrangido. O prefeito de Queimados afirmou que vai tentar liderar a campanha de Aécio na Baixada Fluminense.

— É uma surpresa para a gente esse tipo de comportamento do ministro e da presidente. Já pulei do barco. Vou apoiar o senador Aécio Neves. Vou recebê-lo na Baixada. Não podemos aceitar chantagem. Cumprimos as nossas obrigações, as exigências para entrar nos programas, passamos pela burocracia. E agora você é chantageado? Não. Está definido. Vou apoiar Aécio Neves. Vou puxar essa caminhada para o Aécio Neves na Baixada — afirmou Max.

O prefeito de Nova Iguaçu, Nelson Bornier (PMDB), afirmou que pretende apoiar a presidente Dilma e que se ofendeu com o discurso de Berzoini.

— Não sou cachorrinho do Palácio do Planalto. Se eu votar na presidente Dilma Rousseff, vai ser por convicção, não por chantagem. Fiquei muito decepcionado com o que o ministro Ricardo Berzoini falou. Eu sou independente. Não aceito esse raciocínio, de que é só me pagar um almoço que eu apoio a Dilma. Meu apoio não tem preço. Fiquei muito ofendido — afirmou o prefeito de Nova Iguaçu, Nelson Bornier (PMDB), que, hoje, pretende apoiar a presidente Dilma.

Segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), referentes às eleições de 2012, Nova Iguaçu tem 561.391 eleitores. Já Queimados tem, de acordo com o TSE, 100.513 eleitores.

Prefeito de Três Rios, Vinícius Farah, participante do "Aezão", disse que prefere não acreditar na hipótese de que Dilma estaria recolhendo a lista de presença do evento pela aliança entre PMDB e PSBD para fazer algum tipo de retaliação aos prefeitos:

— Para mim é uma surpresa muito grande que o governo tenha pedido essa lista ao partido para saber quem compareceu e fazer possíveis retaliações. Me nego a acreditar que o governo federal tenha tomado uma postura dessa porque o interesse das cidade deve estar sempre em primeiro lugar.

Farah acrescentou ainda que estranha a iniciativa e criticou o partido da presidente:

— Não podemos esperar que um partido como o PT, que se diz da massa, tenha uma postura de tolher o direito das pessoas de escolherem seus candidatos.

Segundo ele, a presidente foi a responsável pela ruptura da aliança entre PT e PMBD no Rio a partir do momento que colocou uma candidatura própria no Rio, fazendo referência ao senador Lindberg Farias, pré-candidato do PT ao governo do estado.

— Essa aliança já proporcionou ao PT uma votação histórica no Rio. Ela (Dilma) descartou totalmente essa ajuda. Agora estamos unidos no projeto de eleger Aécio Neves como futuro presidente da República.

O Prefeito de Volta Redonda, Antônio Neto, que não participou do movimento, disse que está com Dilma, mas respeita a decisão dos administradores que não apoiam a presidente:

— Vivemos em uma democracia, meu município teve uma parceria muito importante com o governo federal e o governo do estado e os avanços dos projetos sociais são dignos de aplausos. Em nome dessa parceria declarei meu apoio a ela, mas respeito a posição de todos prefeitos.

Perguntado se a presidente Dilma estaria pressionando os administradores que estão apoiando Aécio, Antônio Neto negou:

— Não entendo dessa maneira, houve um convite do partido para almoçar com Aécio, o presidente do PMDB do Rio jamais fez pressão para que comparecêssemos. A posição da Dilma eu enxergo da mesma forma, ela não está pressionando.

PSDB vai recorrer ao TSE contra Dilma e pedirá que Berzoini seja investigado

• Presidente estaria se beneficiando da atuação de servidores públicos para obter informações para disputa eleitoral

Guilherme Amado – Agência O Globo

BRASÍLIA - O PSDB decidiu recorrer nesta sexta-feira ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para solicitar que a presidente Dilma Rousseff (PT) seja investigada por suspeita de crime eleitoral. Segundo o coordenador jurídico do PSDB, deputado Carlos Sampaio (SP), a reportagem publicada nesta quinta-feira pelo O GLOBO e pelo "Extra" mostra que a presidente Dilma Rousseff estaria beneficiando-se da atuação de servidores públicos para obter informações sobre as demais pré-candidaturas ao Palácio do Planalto.

- Esse Núcleo de Gestão da Informação é uma estrutura pública, paga com dinheiro público, que está a serviço da campanha da presidente Dilma Rousseff. Isso é grave e merece ser investigado. Vamos representar contra a presidente no Ministério Público Eleitoral para pedir que a investigue, pois isso é crime eleitoral - afirmou Sampaio.

Segundo o deputado, o partido pedirá também amanhã que o Ministério Público Federal no Distrito Federal investigue a conduta do ministro de Relações Institucionais, Ricardo Berzoini. O partido acredita que ele tenha cometido improbidade administrativa.

- O ministro Berzoini diz ter ciência plena do que o assessor dele estava fazendo. Isso caracteriza ato de improbidade administrativa, porque ele não pode usar um servidor em horário de expediente para uma finalidade que beneficie a campanha eleitoral da Dilma. Isso caracteriza ato de improbidade administrativa - defendeu o deputado.

De acordo com Sampaio, a representação na Justiça eleitoral vai se basear na vedação feita na lei eleitoral ao uso de servidores ou equipamentos públicos em uma campanha.

Na entrevista ao GLOBO e ao "Extra", Cássio Parrode Pires, assessor da Secretaria de Relações Institucionais da Presidência, disse atuar no Núcleo de Gestão da Informação, departamento que deveria incumbir-se de coletar informações sobre os estados e municípios brasileiros para ajudar o ministro e a presidente no processo de tomada de decisão em temas relacionados à Federação. No entanto, o assessor disse que, entre suas atribuições, também está a coleta de informações sobre as pré-candidaturas de outros aspirantes à Presidência da República.

- Isso é vedado pela lei eleitoral. Quando a pessoa age, como o assessor Cássio agiu, policiando prefeitos do PMDB que estão apoiando o Aécio, ele age, obviamente, em benefício da presidente Dilma. É uma conduta vedada. O assessor não pode fazer isso e o ministro - disse Sampaio.

PSDB quer convocar Berzoini para explicar ‘caça às bruxas’

• Governo tentou levantar os nomes dos prefeitos que participaram do almoço de lançamento do Aezão no Rio

Guilherme Amado e Izabel Braga – Agência O Globo

BRASÍLIA - O líder do PSDB na Câmara, Antônio Imbassahy (BA), tentará convocar o ministro da Secretaria de Relações Institucionais, Ricardo Berzoini, para explicar na Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Casa a ação de funcionário seu para tentar identificar prefeitos do PMDB que aderiram ao movimento "Aezão", lançado este mês em apoio às candidaturas do governador Luiz Fernando Pezão (PMDB) e do presidenciável tucano Aécio Neves. A denúncia de que o assessor da Secretaria de Relações Institucionais da Presidência, Cássio Parrode Pires, enviou mensagem à assessoria de imprensa do PMDB no Rio pedindo a lista dos prefeitos que participaram do lançamento, no último dia 5, foi publicada pelo O GLOBO e o “Extra” na edição de hoje.

- É a volta dos aloprados. O ministro Ricardo Berzoini deve explicações sobre isso. Pelas declarações do assessor Cássio Parrode Pires, o ministro reeditou o episódio da campanha de 2006, quando ele era presidente do PT e esteve ligado a uma fábrica de dossiês do PT contra o (José) Serra. O Berzoini diz que é do jogo fazer isso. Só se for do jogo sujo do PT, dele e do Mercadante - afirmou Imbassahy.

O deputado pretende ainda enviar requerimentos de informação ao Palácio do Planalto, para entender a natureza da atuação do Núcleo de Gestão de Informação, departamento em que Cássio Parrode Pires atua. Segundo o assessor, caberia a ele, entre outras funções, fazer "o controle de todos os pré-candidatos ao governo federal".

O senador tucano Álvaro Dias (PSDB-PR) também reagiu à denúncia, afirmando que é mais um exemplo do uso, por parte do PT, de uso da máquina pública para fins políticos, e um sinal do ataque pesado que acontecerá nas eleições deste ano, especialmente em relação às candidaturas de oposição.

- Isso não resolverá a eleição, não determinará o vencedor. Mas é, sim, um caso que faz de todos nós perdedores. Porque joga contra a imagem da classe política. O que lamentamos muito, afinal esperamos uma campanha baseada no debate, na discussão dos interesses nacionais - afirmou Álvaro Dias.

O líder do PMDB na Câmara, Eduardo Cunha (RJ), comentou que não participou do evento de lançamento do "Aezão", mas criticou a atitude:

- Eu não participei no movimento do Rio, mas não concordo com esse método de perseguir quem participou.

Líder do PT defende ministro
O líder do PT na Câmara, Vicentinho (SP) saiu em defesa do ministro Berzoini e disse não ver qualquer ato que fira as relações republicanas no pedido de informação sobre os prefeitos que participaram do ato "Aezão", reagindo às críticas da oposição.

- Berzoini é um grande ministro, uma dos mais preparados e tem cumprido seu papel de azeitar as relações entre Planalto e os políticos. Não vejo nenhum problema nisso, não fere o republicanismo, é mais um sopro da oposição. Se alguém tem que ser criticado, é esse lado do PMDB que não cumpre a deliberação da convenção nacional do partido que decidiu pelo apoio à Dilma. Não é uso da máquina, política se faz conversando, a toda hora - disse Vicentinho

O PSDB quer que Parrode explique a natureza de seu trabalho em uma sessão do Congresso Nacional. Para o partido, a lista provavelmente serviria para perseguição ou tentativa de aliciamento, duas práticas condenáveis no regime democrático e que revelam a incapacidade do PT de conviver e respeitar as diferenças naturais numa sociedade democrática.

O assessor Cássio Parrode Pires tentou identificar o nome dos prefeitos do PMDB que participaram de evento de apoio à candidatura de Aécio Neves no Rio de Janeiro. O ministro Ricardo Berzoini confirmou que sabia da operação conduzida por Cássio.

O servidor trabalha no Núcleo de Gestão da Informação, da Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República, que deveria reunir dados sobre os estados e municípios para ajudar o ministro e a presidente no processo de tomada de decisão em temas relacionados à Federação.

PMDB do Rio lança Pezão em ato com discursos pró-Aécio

• PMDB faz convenção para oficializar nome de Pezão e ignora Dilma

• Primeiros a falar no evento disseram que votarão na chapa Aezão

Juliana Castro e Marcelo Remígio – O Globo

RIO - O PMDB fluminense promoveu nesta quinta-feira a convenção que oficializou o nome do governador Luiz Fernando Pezão como candidato à reeleição. O evento aconteceu na quadra da escola de samba São Clemente, no Centro do Rio, lotada de correligionários. Os primeiros a discursar no evento exaltaram Pezão e, ao final, mandaram o recado de que votarão no presidenciável Aécio Neves (PSDB). A presidente Dilma Rousseff, candidata à reeleição pelo PT e aliada nacional do PMDB, não foi lembrada no evento.

Pezão chegou à convenção acompanhado do ex-governador Sérgio Cabral, do prefeito do Rio, Eduardo Paes, e do candidato a vice na chapa, Felipe Peixoto (PDT). Paes começou o discurso pedindo palmas para Cabral. Disse que o PMDB não estaria dividido na campanha:
- Esse time aqui está unidos e não vai se dividir jamais, para eleger Pezão.

Cabral também deu seu recado, depois de exaltar Pezão e sua amizade de 30 anos com o atual governador:

- Não podemos entregar sete anos e meio de governo para nossos adversários que não têm credibilidade nenhuma para governar o Rio de Janeiro.

No fim da convenção, o ex-governador, assim como Paes, exaltou a união do PMDB:

- Vamos chegar fortes e unidos.

Pezão encerrou a convenção e fez promessas, como a de levar UPPs a todas as comunidades e internet de banda larga para todo o estado. Em uma parte do discurso criticou o senador Lindbergh Farias, pré-candidato do PT ao Palácio Guanabara, sem citar o nome dele. Lindbergh percorre os municípios do Rio com a chamada caravana da cidadania.

- Não preciso fazer caravana para conhecer o estado porque eu conheço cada cantinho desse estado. Não vou só na época de eleição - afirmou Pezão.

Quem também esteve no evento foi o Pastor Everaldo (PSC), candidato à Presidência da República. Em discurso, ele lançou o "Evezão", uma tentativa de que os presentes votassem Everaldo e Pezão. Candidato ao Senado pela chapa, Cesar Maia (DEM), não esteve na convenção.

Um dos que fez a defesa mais veemente de Aécio foi o deputado federal Leonardo Picciani:

— Vamos respeitar os companheiros que escolham outros caminhos para presidente. Eu vou escolher o caminho da mudança. Por onde passou, Aécio deixou a marca da eficiência. Então, a nossa chapa é Aécio, é Pezão — disse o filho de Jorge Picciani, que encabeça o movimento “Aezão” no Rio.

O prefeito de Queimados, Max Lemos, declarou que o nome de Pezão é o melhor por dar continuidade aquilo que deu certo. Para finalizar, disse que votaria na chapa “Aezão” — Aécio Neves para presidente e Pezão para governador.

— Eu já fiz minha opção. Vamos respeitar. Vou com Aécio e com Pezão — afirmou Max.

Será em Queimados, no dia 3 de julho, o primeiro evento planejado pelo PMDB para Aécio na Baixada Fluminense. Os peemedebistas se uniram ao PSDB de Aécio depois de ficarem irritados com o lançamento da candidatura do senador Lindbergh Farias (PT) ao Palácio Guanarabara.

O deputado estadual Bernardo Rossi também afirmou que trabalhará pela chapa “Aezão“:

— Eu sou Aécio para presidente e Pezão para governador.

Outros prefeitos, como os de Mesquita, Bom Jesus do Itabapoana e Comendador Levy Gasparian discursaram, mas preferiram não falar em quem votarão para presidente. Já o prefeito de Teresópolis, Arlei Rosa, tentou puxar um coro de “Aezão”, mas não foi seguido pela plateia.

Ao fundo do palco, um banner com a foto de Pezão e do indicado do PDT para a vice, Felipe Peixoto. Há ainda um slogan: “A mudança só começou”.

Apesar dos discursos em favor de Aécio, não há placas em favor dele. Há uma faixa lembrando que o senador na chapa é Cesar Maia (DEM).

PSB decide ter candidato próprio em Minas Gerais

• Tucanos tentavam há meses convencer a sigla a integrar a chapa do PSDB no Estado

Liliane Pelegrini – Folha de S. Paulo

BELO HORIZONTE - Depois de uma tumultuada convenção no sábado (21), que terminou sem decisão, o PSB de Minas Gerais decidiu na noite desta quinta-feira (26) lançar candidatura própria ao governo do Estado, o que dará um palanque próprio à chapa do presidenciável Eduardo Campos e de Marina Silva no Estado.

Desde o início do processo eleitoral, os tucanos vêm tentando convencer o PSB a participar da chapa do PSDB ao governo ""desde 2002 as duas legendas são aliadas no Estado --o que faria com que Campos divididisse o palanque com Aécio Neves, o candidato do PSDB ao Planalto. Em Minas, a chapa do PSDB é encabeçada pelo ex-ministro Pimenta da Veiga.

Marina Silva, no entanto, era contra a aproximação com os tucanos e sempre defendeu candidatura própria.

O escolhido para disputar a eleição pelo PSB em Minas foi o ex-deputado Tarcísio Delgado, que já foi vereador, deputado estadual em Minas e federal por dois mandatos, além de prefeito por três vezes em Juiz de Fora, na Zona da Mata mineira.

Tarcísio Delgado é também pai do deputado federal Júlio Delgado, que é presidente do diretório mineiro do partido e havia sido, inclusive, cogitado como pré-candidato do PSB ao governo estadual. Ele preferiu retirar o próprio nome e lançar o do pai.

A decisão do PSB-MG de ter candidatura própria foi anunciada depois de um dia inteiro de reuniões na sede do partido em Belo Horizonte.

Como ficou determinado na convenção do sábado, a decisão sairia de uma comissão formada por 17 líderes da legenda. A opção pela candidatura própria passou por dez votos a sete.

Em São Paulo, o PSB optou pelo apoio ao PSDB.

PT autoriza chapa no AP com aliado de Campos

• Acordo no Estado enfraquece candidato do PSB; três diretórios do PT sofrem intervenção

Márcio Falcão – Folha de S. Paulo

SÃO PAULO - Na reta final para definir as coligações, o comando do PT autorizou nesta quinta (26) alianças polêmicas e decidiu intervir em três Estados (Paraíba, Amazonas e Rondônia) para reforçar a campanha de Dilma Rousseff.

A Executiva Nacional do PT liberou o diretório do Amapá para integrar a chapa à reeleição do governador Camilo Capiberibe (PSB) após ele enviar carta prometendo neutralidade no 1º turno da eleição. Capiberibe é aliado do presidenciável Eduardo Campos (PSB), que terá sua campanha enfraquecida no Estado.

Na carta, o governador do Amapá diz que ficará neutro e, num eventual 2º turno sem Campos, apoiará o PT.

Capiberibe disse que foi "surpreendido" pela decisão do PT, mas que a aliança foi discutida e estimulada por Campos: "Ele é conhecedor da minha posição e das dificuldades de fazer aliança".

A decisão do PT foi tomada dias após o senador José Sarney (PMDB-AP) anunciar que não tentará a reeleição. Com isso, o PT desistiu de apoiar o ex-governador Valdez Góes (PDT), aliado de Sarney.

O presidente do PT, Rui Falcão, admitiu que a aposentadoria de Sarney foi "determinante" na decisão: "Não temos compromisso com outros candidatos. Nós o apoiaríamos se ele [Sarney] fosse candidato".

A cúpula petista também decidiu não vetar a participação do PT na campanha de Helder Barbalho ao governo do Pará, cuja candidatura tem o apoio do DEM.

Para reforçar Dilma, o PT contrariou decisões de três diretórios estaduais. Na Paraíba, apoiará a candidatura do senador Vital do Rêgo (PMDB); em Rondônia, a reeleição do governador Confúcio Moura (PMDB); e no Amazonas, não integrará a chapa de Eduardo Braga (PMDB).

PT age para barrar acordo com PSB na PB

Cristiane Agostine – Valor Econômico

SÃO PAULO - A executiva nacional do PT deve intervir no diretório estadual da Paraíba para garantir apoio à candidatura do senador Vital do Rêgo (PMDB) ao governo do Estado. A cúpula petista quer desfazer a aliança feita por dirigentes locais com o governador e candidato à reeleição Ricardo Coutinho (PSB).

O anúncio de intervenção foi feito no mesmo dia em que Coutinho anunciou em redes sociais a aliança entre PSB e PT no Estado. No Twitter, o governador e candidato à reeleição publicou que a campanha deu "um passo importante" com a aliança entre os dois partidos e afirmou que o PT apresenta o nome de Lucelio Cartaxo ao Senado. No Facebook, Coutinho publicou propaganda com os símbolos do PSB e PT lado a lado.

O presidente nacional do PT, deputado Rui Falcão (SP), no entanto, disse que o partido está agindo para garantir a aliança com o PMDB. "Estamos insistindo nisso", disse Falcão ontem, depois de reunião da executiva, em São Paulo.

O PMDB do Amapá reclamou da falta de apoio do PT e o senador Vital do Rêgo (PMDB-AP), presidente da CPI da Petrobras no Senado, passou a pressionar o governo federal pela aliança no Estado. "Minha boa relação com o governo federal facilitou o acordo, fazendo com que a presidente [e candidata à reeleição, Dilma Rousseff] tenha um palanque muito bem definido na Paraíba", disse Vital do Rêgo. O senador homologou ontem sua candidatura, no lugar de seu irmão, Veneziano Vital do Rêgo.

O presidente nacional do PT disse que poderá intervir também nos diretórios petistas do Amazonas e de Rondônia.

No Amazonas, o PT apoiará a candidatura do senador Eduardo Braga ao governo estadual (PMDB), mas impedirá o diretório de indicar um candidato petista ao Senado. A cúpula petista quer evitar desgaste com o PSD, que lançará o ex-governador Omar Aziz. Em Rondônia, o PT nacional quer apoiar a reeleição do governador Confucio Moura (PMDB), apesar da articulação local para aliar-se ao candidato da família Cassol.

A executiva do PT fez ontem os últimos ajustes nas articulações estaduais. O partido contabiliza 10 alianças com o PMDB no país: o PT apoiará o PMDB em sete Estados (AL, AM, MA, PA, RO, TO, PB) e em três receberá apoio do PMDB (DF, MT, MG). A cúpula partidária liberou a coligação com o DEM no Pará, em torno da candidatura ao governo de Helder Barbalho (PMDB). O PT estará com o PSB de presidenciável Eduardo Campos no Rio de Janeiro, Acre e Amapá.

Com a desistência do senador José Sarney (PMDB-AP) de disputar mais um mandato, o comando petista confirmou ontem a aliança com o PSB no Amapá e o apoio à reeleição do governador Camilo Capiberibe (PSB). Os petistas lançarão a vice-governadora Dora Nascimento (PT) para o Senado.
Em carta enviada à cúpula do PT nesta semana, depois da desistência de Sarney, Capiberibe formalizou a promessa de que se manterá neutro na disputa presidencial e afirmou que apoiará Dilma em um eventual segundo turno entre a petista e o tucano Aécio Neves.

Campos, que já enfrenta dificuldade para formar alianças nos Estados, perderá palanque em um dos Estados governados pelo PSB. O governador Capiberibe, no entanto, minimizou. "Se Campos quiser vir, ele terá o palanque do PSB, mas sem o governador. Já assumi o compromisso de ficar neutro", disse. "Mas não me lembro qual foi a última vez que um candidato à Presidência veio ao Estado".

A desistência de Sarney, nesta semana, mudou as alianças no Estado. Sob pressão do senador, o PT nacional articulava apoio a Waldez Góes (PDT) ao governo, que lançaria Sarney em sua chapa. A direção petista no Amapá, no entanto, queria aliar-se a Capiberibe, reeditando a aliança de 2010. "O anúncio de Sarney foi determinante", disse o presidente do PT. "Nós apoiaríamos Sarney se ele fosse candidato", afirmou Falcão.

Petistas repaginam discurso sobre 'mau humor' das elites

• Puxados por Lula, integrantes do partido admitem que insatisfação se espalhou e fazem mea culpa por não terem agido antes

Ricardo Galhardo - O Estado de S. Paulo

SÃO PAULO - Puxados pelo ministro Gilberto Carvalho e pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, os petistas resolveram mudar o discurso adotado logo após os xingamentos dirigidos Dilma Rousseff no jogo de abertura da Copa do Mundo. Ao invés de atribuírem o mau humor com a presidente apenas “às elites”, passaram a admitir que ele se espalhou e que tanto o partido quanto o governo tiveram sua parcela de responsabilidade para que isso acontecesse.

Segundo pesquisa CNI/Ibope, a avaliação positiva do governo é de apenas 31% e a rejeição à Dilma chegou a 43%.

Logo após os xingamentos dirigidos a Dilma no estádio em São Paulo, Lula culpou a “elite” e os petistas passaram a apostar em um discurso que dividia o eleitorado entre “nós”, o “povo”, o PT, o governo e seus aliados, contra “eles”, a “elite branca” e os adversários políticos. O ex-presidente chegou a falar em “ódio entre classes” fomentado pela “elite” com incentivo da imprensa.

Carvalho, titular da Secretaria-Geral da Presidência, foi o primeiro a apontar a para a direção oposta em conversa com blogueiros, na semana passada, quando disse que a insatisfação já chegou a parcelas importantes da população, e que o PT estava errando no diagnóstico.

Na quarta-feira, em entrevista ao Jornal do SBT, Lula mudou o discurso e admitiu que o PT teve culpa por não “cuidar disso (do clima de insatisfação) com carinho”. Na quinta, dirigentes do partido acompanharam o ajuste no discurso do ex-presidente.

“Não temos conseguido fazer um debate político. Ficamos apanhando muito tempo sem responder adequadamente. Isso inclui o PT, o governo e tudo mais”, disse o líder do PT no Senado, Humberto Costa.

Segundo ele, pesquisas mostram que a insatisfação é difusa, não tem motivos objetivos, partiu da elite mas chegou às camadas mais populares da sociedade. “O diagnóstico está concluído. Agora estamos fazendo o debate que não fizemos”, disse.

Alberto Cantalice, vice-presidente do PT e responsável pela ação do partido nas redes sociais, disse que a ordem é não deixar acusação sem resposta. “Durante um bom período aguentamos calados todos ataques que sofremos. Nossa luta agora é para resgatar a imagem”, disse o dirigente.

‘Óbvio’. O secretário nacional de comunicação do PT, José Américo Dias, classificou como “óbvio” o descontentamento em relação ao governo. Os ajustes no discurso petista ocorreram um dia depois de uma reunião do comando da campanha dilmista em Brasília. Dessa reunião participaram, além de Dilma e Lula, ministros do governo, dirigentes petistas e o marqueteiro João Santana.

Segundo fontes do partido, a avaliação é que o discurso de vitimização de Dilma, usado depois do episódio dos palavrões na abertura da Copa, “rendeu o que tinha que render” e agora é hora de defender o legado do governo, em especial no combate à corrupção. Isso não impede, porém, que a vitimização da presidente volte a ser usada, caso necessário, segundo petistas.

Embora as declarações de Carvalho tenham causado mal estar e críticas entre seus companheiros por supostamente desmontar o discurso de “nós” contra “eles” construído por Lula, a avaliação do ministro foi considerada correta e pesou no ajuste do discurso.

“É a opinião de um companheiro valoroso”, disse o presidente do PT, Rui Falcão.

Campos e Marina anunciam que 'superaram diferença' sobre alianças

• Os dois grupos seguem 'alinhados', mas Rede avisa que nos Estados só fará campanha para nomes que ela aprovou

Isadora Peron, Daiene Cardoso - O Estado de S. Paulo

BRASÍLIA - O pré-candidato do PSB à Presidência, Eduardo Campos, e sua vice, Marina Silva, tiveram um encontro anteontem, em Brasília, para tentar encerrar a crise causada pelas divergências entre os dois grupos na formação de palanques estaduais.

Segundo aliados, os dois tiveram uma conversa "muito boa", na qual reafirmaram o compromisso de seguir juntos no plano nacional. A três dias da convenção nacional do PSB - marcada para amanhã, em Brasília -, o encontro serviu para superar as diferenças surgidas com a formação de alianças estaduais que desagradaram ao grupo de Marina. "Acho que superamos (os desentendimentos) e agora é bola para frente", resume Neca Setubal, próxima à ex-ministra.

Marina disse a Campos que está disposta a relevar as diferenças regionais para poderem começar a campanha nacional em sintonia. Em nota divulgada ontem, a Rede negou "dificuldades no relacionamento" com o PSB. O grupo reafirmou que não vai fazer campanha para aliados do PSB dos quais discorde, como vinha sendo dito por seus integrantes.

Dois a um. É o caso, por exemplo, de São Paulo - o eixo Rio-São Paulo foi o epicentro da crise entre PSB e Rede, que insistia em candidaturas próprias. O diretório paulista decidiu apoiar a reeleição de Geraldo Alckmin (PSDB) e terá a vaga de vice na chapa tucana. No Rio, o PSB vai apoiar o petista Lindberg Farias - a sigla vai ocupar a vaga para o Senado. As alianças confrontam o discurso de Campos e Marina, em que tentam ser uma opção à polarização PT-PSDB na disputa nacional.

Em compensação, no segundo maior colégio eleitoral do País prevaleceu a tese de candidatura própria. A Executiva mineira do PSB decidiu ontem lançar o ex-prefeito de Juiz de Fora Tarcísio Delgado, de 77 anos, pai do deputado Júlio Delgado, presidente do diretório local.

PPS exibe programa partidário sem citar Campos

Vandson Lima – Valor Econômico

BRASÍLIA - Sem qualquer referência à candidatura presidencial de Eduardo Campos (PSB), apoiada pela sigla, a propaganda televisiva do PPS que foi ao ar na noite de ontem - o Valor PRO, serviço de informação em tempo real do Valor teve acesso exclusivo ao programa - investiu essencialmente nas críticas à administração do PT e num genérico pedido de mudança, sem necessariamente apontar em que ou para onde.

A peça é toda adornada por um jingle, em ritmo de samba, e imagens de pessoas girando dedos no ar, como quem pede uma alteração. Parlamentares e lideranças da sigla condenam a atual administração federal, com queixas gravadas com populares nas ruas de cidades Brasil afora. "O governo Dilma é muito incompetente para administrar o país, para conter a corrupção e para evitar que o Brasil entre em profunda recessão econômica, onde o trabalhador, sempre, é o mais sacrificado", prega o presidente da sigla, deputado Roberto Freire (SP).

A economia aparece como alvo preferencial. Crescimento baixo, desaceleração da atividade da indústria e queda no consumo são citados como indícios de fracasso na administração federal. "A desordem na economia é fruto da incompetência do PT", acusa o deputado Rubens Bueno (PR), líder da bancada na Câmara.

Palavras fortes são usadas ao falar de supostos casos de corrupção. "Escândalos estão na ordem do dia, na Petrobras e nos ministérios. É a maior rede de corrupção da história do Brasil. Os mensaleiros estão nos presídios, mas os petistas perseguem até o presidente do STF", segue a peça, em referência ao ministro Joaquim Barbosa.

Nem a Copa do Mundo de futebol escapa. Na fala do vice-prefeito de Manaus (AM), Hissa Abrahão, o país "deixou de investir em saúde e educação para realizar um evento que hoje se mostra desastroso".

Para as ações do próprio PPS, pouco tempo foi reservado. A administração do prefeito de Vitória (ES), Luciano Rezende, colocada como modelo de gestão, recebeu apenas 40 segundos de espaço na peça de dez minutos.

Aécio investe em acordos no Nordeste para tentar reduzir vantagem petista

• Candidato do PSDB ao Planalto se alia a governista no Ceará e inicia viagens pela região onde Lula e Dilma registraram amplas vantagens nas eleições anteriores

Carmem Pompeu, Débora Álvares, Ricardo Della Coletta, Ricardo brito, Lucas de Abreu Maia e Rodrigo Burgarelli - O Estado de S. Paulo

O candidato do PSDB à Presidência, Aécio Neves (MG), acertou ontem uma aliança com o senador Eunício Oliveira, candidato do PMDB ao governo do Ceará. O acordo abriu espaço para o tucano no 3.º maior colégio eleitoral do Nordeste, com 6,2 milhões de eleitores, e ampliou para quatro o número de palanques próprios na região em que as pesquisas apontam baixa intenção de voto do mineiro.

A aliança com o PMDB cearense foi selada ao mesmo tempo em que o ex-governador Tasso Jereissati (PSDB) anunciou que desistia da candidatura ao Senado. Tasso é cotado para a vice de Aécio se a campanha tucana optar por um nome que agregue votos na região.

Conforme a mais recente pesquisa Ibope, apenas 1 em 10 pessoas que dizem votar em Aécio está no Nordeste - região que representa 27% do eleitorado nacional. Seus principais adversários, a presidente Dilma Rousseff (PT) e o ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos (PSB), têm 1 em cada 3 eleitores nessa região. A maior parte do eleitorado do tucano está no Sudeste: 53% de seus votos estão na região, que reúne 44% dos eleitores do País.

Por isso, nesta reta final da definição das candidaturas e coligações, Aécio vem dando atenção especial aos palanques no Nordeste. O PSDB deve lançar candidaturas próprias em apenas dois Estados: Paraíba, com o senador Cássio Cunha Lima, e Alagoas, com Eduardo Tavares, ex-secretário do atual governador Teotônio Vilela Filho (PSDB).

Entretanto, as principais apostas na região estão nos palanques comandados por partidos aliados de Dilma nacionalmente. Além do Ceará, a coordenação da campanha tucana já contabiliza apoios em outros Estados expressivos eleitoralmente, como Bahia, Maranhão e Piauí. No Ceará, Eunício lidera as pesquisas e não deve dar palanque a Dilma, ocupando-se de trabalhar exclusivamente por Aécio. O distanciamento com o Planalto se deu após a insistência do PT em apoiar um nome indicado pelos irmãos Cid e Ciro Gomes (PROS).

Na Bahia, maior colégio eleitoral nordestino (10 milhões de eleitores), uma frente de 18 partidos deve dar um sólido palanque a Aécio. A chapa encabeçada por Paulo Souto (DEM) terá o tucano Joaci Góes na vice e o ex-ministro de Lula Geddel Vieira Lima (PMDB) como candidato ao Senado. Em 2010 a Bahia garantiu a Dilma sua maior liderança no 2.º turno (2,7 milhões de votos a mais do que recebeu o tucano José Serra). Agora, o afastamento peemedebista preocupa a cúpula petista.

Também no Maranhão um aliado do PT no plano nacional segue com Aécio. O ex-presidente da Embratur Flávio Dino (PCdoB) abrirá seu palanque para os dois adversários de Dilma: Aécio e Campos. A vaga de vice deve ficar com o deputado Carlos Brandão, do PSDB.

São João. Hoje, Aécio Neves participa da convenção do PSDB no Piauí, em ato do qual participa também Eduardo Campos. Os dois estão aliados à candidatura de José Filho (PMDB), que terá Silvio Mendes (PSDB) como vice e Wilson Martins (PSB) como candidato ao Senado. O candidato tucano também marcará presença nas tradicionais festas de São João de Campina Grande, na Paraíba, e de Caruaru, no agreste pernambucano.

A estratégia de avançar sobre o Nordeste é considerada central para um eventual 2.º turno. O PSDB também conta com uma boa votação na região do pré- candidato do PSB, Eduardo Campos, para tirar votos de Dilma. Em Pernambuco, o PSDB fechou um acordo informal com os pessebistas e deve apoiar Paulo Câmara, apadrinhado de Campos. "O fato de votar no Eduardo também ajuda Aécio", afirmou o líder do PSDB na Câmara dos Deputados, Antônio Imbassahy (BA).

Futuro de Serra coloca Aécio e Alckmin em lados opostos

• Presidenciável quer que ele concorra ao Senado, vaga oferecida a Kassab pelo governador

Silvia Amorim – O Globo

SÃO PAULO — Embora, em público, o discurso seja que a decisão sobre seu futuro nessas eleições cabe ao PSDB, o ex-governador José Serra fez chegar nesta semana ao governador Geraldo Alckmin (PSDB) a confirmação de que o interesse dele é disputar uma cadeira ao Senado em São Paulo. A mesma vaga foi oferecida por Alckmin ao ex-prefeito e presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab.

Faltando três dias para a convenção do PSDB paulista, o caso mobilizou nos últimos dias as principais lideranças do partido no estado e é esperado um movimento de pressão sobre Alckmin para que o posto seja entregue a Serra. Do lado do PSD, havia ontem uma expectativa de que uma decisão pudesse ser anunciada por Alckmin ainda hoje.

Interesse no tempo de TV do PSD
O impasse envolvendo o ex-governador começou na semana passada, levando inclusive a uma ruptura do clima de cooperação entre Alckmin e o candidato do PSDB à Presidência da República, Aécio Neves, na construção das alianças locais. Em reunião na casa do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso em São Paulo, da qual Aécio e Alckmin participaram, ficou claro que os interesses de ambos eram divergentes sobre o futuro de Serra.

O presidenciável comunicou ali que não havia a possibilidade de Serra ser vice dele na disputa nacional, tese defendida por Alckmin e FH. Restaria ao PSDB acomodá-lo na eleição para o Senado ou à Câmara. A primeira opção foi apontada no encontro como a menos constrangedora.

Diante disso, Aécio se reuniu com Serra na segunda-feira passada e disse que defendia a postulação dele ao Senado. A atitude desagradou ao grupo de Alckmin, que, um dia antes, havia renovado o convite para a vaga a Kassab.

O governador tucano quer atrair o PSD para sua aliança interessado no tempo de TV no horário eleitoral da sigla. Para isso, tem colocado em segundo plano as mágoas e rusgas criadas na eleição de 2008, quando ambos se enfrentaram na disputa pela prefeitura de São Paulo.

Aliados de Aécio questionam a parceria, alegando que há risco de Kassab usar esse espaço no palanque eletrônico para fazer campanha para a presidente Dilma Rousseff. O PSD nacional formalizou nesta semana o apoio à candidatura dela.

O deputado Guilherme Campos (PSD-SP) fez a defesa de Kassab e descartou ontem esse tipo de comportamento por parte do ex-prefeito. Ele diz que, entre todas as alternativas eleitorais do PSD, a coligação com o PSDB é a mais provável.

— Uma coisa é a aliança nacional. Outra coisa é a aliança local — disse.

Aliados de Serra e de Kassab não descartaram ontem um desfecho para o impasse ainda hoje.

Um dos encarregados pelas articulações políticas, o presidente do PSDB em São Paulo, Duarte Nogueira, disse acreditar em uma solução de consenso e antes da convenção de domingo.

— Estamos trabalhando exaustivamente para um consenso. Queremos chegar com essas decisões tomadas até o dia da convenção.

Dentro do PSDB, entretanto, se cogitava ontem arrastar a indefinição até a próxima semana, usando o prazo máximo que a Justiça Eleitoral dá para fazer o registro das candidaturas. Conforme o calendário eleitoral, até o dia 30 as convenções partidárias precisam ser realizadas. Já os registros de candidatura podem ser feitos até 5 de julho.

O GLOBO procurou Serra, mas ele não se manifestou. Aliados do ex-governador disseram que há, pelo menos, seis meses o tucano “fala que a disputa para o Senado é a sua primeira opção”. As recentes pesquisas de intenção de voto, que mostraram que ele é um candidato competitivo, teriam o animado ainda mais.

— Se tem alguém que se comportou impecavelmente nessa história foi o Serra — disse um tucano ligado ao ex-governador.

Aécio deve anunciar acordo entre PSDB e PMDB no Ceará

• Apesar de pressionado, Tasso Jereissati não quer sair ao Senado e ainda espera ser vice de Aécio

Maria Lima – O Globo

BRASÍLIA - O candidato à Presidência Aécio Neves (PSDB) deve anunciar nos próximos dias o fechamento de uma aliança tucana com o PMDB do Ceará. O ex-senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) continua muito pressionado a se candidatar ao Senado, mas prefere ser vice de Aécio, o que ainda está em aberto. A coligação do PMDB, que pode dar um palanque forte ao presidenciável tucano no estado, deve ter como candidato ao governo o senador Eunício Oliveira (PMDB-CE), o ex-prefeito Roberto Pessoa (PR) como vice e um candidato tucano para a vaga do Senado, indicado por Tasso.

Eunício se reuniu com Aécio em Brasília na quarta-feira e, nesta quinta-feira à tarde, com Tasso. Interlocutores do peemedebista dizem que ele gostaria de anunciar a chapa já na convenção de domingo, mas depende do PSDB resolver o destino de Tasso.

Apesar de abrir o palanque dos demais integrantes da chapa para Aécio, Eunício, por enquanto, deve se manter neutro: não fará campanha para Dilma, que levou o PT a apoiar o PROS dos Ferreira Gomes, nem para Aécio. Eunício foi ministro de Lula, que é tido como principal cabo eleitoral no Ceará. Mas, além de negociar com o PSDB, está conversando com o PSB de Eduardo Campos.

Aécio ataca "terrorismo do PT"

- Correio Braziliense

O presidenciável e senador Aécio Neves (PSDB) voltou a condenar o "terrorismo do PT" e a defender a manutenção do Programa Bolsa Família em entrevista concedida, por telefone, a uma rádio de Teresina. "O projeto é simples e garante que o Bolsa Família continuará existindo independentemente de quem venha a ser o presidente. É preciso que o Bolsa Família saia da agenda eleitoral .O PT o usa em véspera de eleição como forma de terrorismo. O programa deve ser uma política pública legal e não deve ser usado de forma irresponsável na véspera da eleição", disse. Aécio Neves refere-se ao projeto de sua autoria aprovado pela Comissão de Assuntos Sociais do Senado.

Na matéria, o senador mineiro estabelece que os beneficiários continuem recebendo atendimentos por, no mínimo, seis meses após constatado o aumento de renda que ultrapasse o limite permitido de R$ 154 por pessoa para a concessão da bolsa. O candidato à Presidência participa hoje, em Teresina, da convenção regional do PSDB e PMDB, que vai homologar a candidatura do governador Zé Filho (PMDB) à reeleição tendo o tucano e ex-prefeito da capital Silvio Mendes como vice na chapa. No mês passado, o chefe do executivo estadual chegou a anunciar apoio à candidatura da presidente Dilma Rousseff (PT), mas voltou atrás e fechou aliança com Aécio

Roberto Freire: Por um novo projeto nacional de desenvolvimento

- Brasil Econômico

A insatisfação generalizada e a sensação de esgotamento do modelo petista após 12 anos dos governos de Lula e Dilma Rousseff sinalizam que o país vive um momento crucial. O índice de 74% de brasileiros que desejam mudanças nas ações do próximo presidente, segundo o Datafolha, refletem o descalabro da atual gestão, que trouxe de volta a inflação, estagnou a economia, sucateou a indústria nacional, dilapidou as estatais, transformou a corrupção em método e afrontou as instituições republicanas.

O descontentamento da sociedade brasileira, nítido a cada vaia e até em alguns impropérios condenáveis direcionados à presidente, leva o cidadão a procurar alternativas ao governo que aí está. É neste sentido que o PPS se incorpora ao projeto de desenvolvimento apresentado por Eduardo Campos ( PSB), ex-governador de Pernambuco e um dos postulantes ao Palácio do Planalto no campo oposicionista. Como um dos mais destacados nomes da nova geração da política nacional, Eduardo Campos sempre teve a compreensão de que nenhum país é capaz de melhorar a qualidade de vida de seu povo sem investimento e produção, que geram crescimento econômico.

Com a pífia expansão de 0,2% do PIB no primeiro trimestre, de acordo como IBGE, a média anual de evolução da economia no governo Dilma é de sofríveis 2,1%, uma das piores da história republicana — à frente apenas de Fernando Collor e Floriano Peixoto (1891-1894). Houve retração de 2,1% nos investimentos e de 0,8% na indústria, além de aumento do desemprego, de 6,2% para 7,1%. Um dos governadores mais bem avaliados enquanto esteve no comando de seu estado, Eduardo Campos é quem possui as melhores credenciais para tirar o Brasil do atoleiro e levá-lo à rota do crescimento. Reconhecido pela população pernambucana como excelente gestor, tem trajetória irretocável como homem público e sólida formação política.

O realinhamento das forças de esquerda democrática em torno de um novo projeto nacional de desenvolvimento representa um reencontro histórico entre o PCB, que deu origem ao PPS, e o PSB. Ambos estiveram na raiz da "Frente do Recife",movimento político formado a partir da década de 1950 por comunistas, socialistas e democratas em geral, cuja hegemonia política culminou na eleição de Miguel Arraes para o governo de Pernambuco, em1962. A partir do golpe de 1964, os dois grupos se integraram às trincheiras do MDB, em oposição à ditadura.

A parceria se repetiu em momentos fundamentais como a eleição de Tancredo Neves pelo Colégio Eleitoral, a Constituinte, o impeachment de Collor e, em especial, o governo de Itamar Franco— no qual, sob a liderança de Fernando Henrique Cardoso no ministério da Fazenda, foi criado o Plano Real, fundamental para a nossa soberania. Após sofrer coma chaga inflacionária, o país passou a ter uma nova moeda e conheceu a estabilidade.

O futuro da nação não será construído por aqueles que tomaram a República de assalto para se locupletar, como bem definiu o ministro Celso de Mello, decano do STF. As manifestações de junho de 2013 deixaram claro que a sociedade não tolera mais o malfeito, o ódio e a divisão do país entre "nós" e "eles". O Brasil é de todos os brasileiros, precisa se unir e não pode desperdiçar a chance de mudar seu destino. A hora da mudança chegou.

Deputado federal por São Paulo e presidente nacional do PPS

Merval Pereira: Serra vale uma missa?

- O Globo

O senador Aécio Neves passa por um teste de fogo nestes últimos dias antes do prazo final para a definição das coligações. A pressão da base paulista para que o ex-governador José Serra venha a ser indicado a vice na chapa tucana aumentou, trazendo uma inquietação a todos os envolvidos na decisão: o próprio candidato, Serra, o governador Geraldo Alckmin e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

Uma opinião é consensual: a chapa Aécio Neves- Serra uniria São Paulo e daria condições aos tucanos de saírem do estado com uma vitória maior do que a das últimas eleições, entre 3 milhões e 5 milhões de votos, patamar máximo que Fernando Henrique tirou contra Lula em 1994.

De lá para cá, a diferença a favor dos tucanos tem decaído, e na última vez Serra ganhou com uma diferença de 1,8 milhão de votos. Todos no PSDB estão convencidos de que nesta eleição as condições são melhores, devido ao desgaste do PT no estado.

Quem mexeu no tabuleiro tucano foi Alckmin, que, com objetivo de montar uma chapa forte que o eleja já no 1º turno, está tentando convencer Gilberto Kassab a se candidatar ao Senado, cargo a que Serra concorreria, segundo trato feito anteriormente entre o próprio governador e os principais líderes tucanos, inclusive o candidato Aécio Neves.

A importância da liderança de Serra é tamanha dentro do PSDB paulista que Aécio tem tido o maior cuidado em cercá-lo de homenagens, tendo, inclusive, já o convidado a participar de seu Ministério caso seja eleito.

Alckmin, que tem a liderança natural desse processo de formação da chapa, já havia passado por cima dos interesses do partido ao oferecer a vice ao PSB do também candidato à Presidência Eduardo Campos, o que dará aos socialistas a oportunidade de governar São Paulo e de tentar a reeleição no cargo em 2018.

Isso porque, ao terminar seu mandato, Alckmin terá que se desincompatibilizar para continuar na política, ou se candidatando novamente à Presidência se Aécio Neves não se eleger este ano, ou disputando o Senado.

Essa exagerada regalia do PSB já estava causando mal-estar entre os tucanos paulistas, e agora Alckmin usa a vaga do Senado para montar seu próprio esquema, passando por cima de acordos partidários.

Mas Aécio, que vem demonstrando habilidade para superar crises políticas e montar palanques estaduais, sabe que manter unido o partido em SP é imprescindível para sua tentativa de chegar à Presidência. No momento, ele está mais inclinado a indicar o senador Aloysio Nunes Ferreira para vice, o que seria ao mesmo tempo uma homenagem a Serra e também o reconhecimento do peso de SP no quadro eleitoral.

A questão da vice pode ser resolvida de duas maneiras, sem criar embaraços para ninguém: caso Kassab decida apoiar outro candidato que não Alckmin — ele está negociando também com Paulo Skaf, do PMDB —, ou se Serra decidir disputar uma cadeira na Câmara, que é a preferência das bases partidárias. Neste caso, ele seria um puxador de votos e ajudaria a fortalecer o PSDB na Câmara.

Ninguém pode atribuir a Serra, nos meses fundamentais de organização da chapa tucana, comportamento que não tenha sido em favor do partido. Ele mesmo declarou recentemente que sua disposição era “não atrapalhar o PSDB”. Mesmo que não sejam os melhores amigos,

Serra e Aécio encontraram maneiras de trabalhar em conjunto por um projeto partidário. Mas não há dúvidas de que Serra, como vice, criaria nova área de decisões na candidatura tucana que poderia levar a desencontros como os que atrapalham a chapa Eduardo Campos e Marina.

Serra tem luz própria e opiniões que podem criar embaraços aos membros da equipe econômica que Aécio reuniu em torno do ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga.

No governo, sua palavra teria o dom de influir nas discussões com muito mais força política, por exemplo, do que tinha o ex-vice-presidente José Alencar.

Quando criticava os juros altos, por exemplo, Alencar não mexia com os mercados, era apenas uma opinião pessoal. Uma fala do vice-presidente José Serra sobre juros ou outro tema econômico terá sempre repercussão.

São essas variáveis que Aécio Neves está levando em conta para sua decisão. Reconhecer o peso de Serra já é uma maneira de homenageá-lo. Pode ser que chegue à conclusão de que, como lembra Fernando Henrique, “Paris bem vale uma missa”, frase atribuída a Henrique IV, que se converteu ao catolicismo para tornar-se rei da França.

Dora Kramer: Imagina na campanha

• Espetáculo mesmo é o do crescimento da audácia no trato da coisa pública

- O Estado de S. Paulo

Quando a popularidade lhe era risonha e franca, a presidente Dilma Rousseff posava de leoa. A cada escândalo denunciado pela imprensa demitia um ministro e contabilizava o ato como lucro do governo no altar da austeridade.

Tratava o Congresso com indiferença e, a julgar pelas versões da assessoria palaciana sempre pronta a divulgar o quanto ela estava "irritada" com isso ou aquilo, lidava com a equipe na base da aspereza e da impaciência.

Agora, à medida que o sorriso da opinião pública amarela a cabeça da presidente Dilma Rousseff vai baixando e seus joelhos vão dobrando. Faz algum tempo que não se ouve mais falar que tenha ficado irritada com algo ou com alguém.

A mansidão chegou ao auge da submissão agora na fase final de fechamento das coligações concorrentes à Presidência. O PR, que havia sido envolvido em denúncias de corrupção no Ministério dos Transportes, passou a mandar na presidente.

O partido não gostou da substituição de Alfredo Nascimento por César Borges porque o escolhido por Dilma não atendia a contento os interesses dos parlamentares do PR. Dava preferência às questões do ministério.

A presidente achava que estava certo. Mas parou de achar assim que o PR endureceu e disse que não lhe daria os seus 62 segundos de tempo de televisão se ela não providenciasse a troca. Com isso, tirou-se César Borges do caminho do PR.

Acertada a aprovação do apoio a Dilma na convenção de segunda-feira, é de se supor que o partido esteja satisfeito com a parte do latifúndio da máquina pública que lhe foi reservado. Para fazer o quê? Se antes reclamava atendimento a questões particulares, para atender ao interesse público é que não deve ser.

Dúvida semelhante paira sobre o empenho (para dizer o mínimo) da cúpula do PP em arrancar à força a aprovação da aliança, sem submeter a questão aos votos dos convencionais para não correr o risco da derrota. O presidente, senador Ciro Nogueira, simplesmente avocou a decisão à Executiva e deixou o recinto sob as vaias e os gritos de "vendido" de seus correligionários.

Ora, quando um acordo com o governo se sobrepõe ao compromisso da direção com o próprio partido que por isso é obrigado a recorrer à Justiça Eleitoral em defesa do direito colegiado de escolher, algo de obscuro há para que se recorra ao "manu militari" como solução de emergência. E esse "algo" tem a digital do Estado.

A semana fechou com a revelação de que a Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República pediu ao PMDB a lista dos nomes dos prefeitos do Rio de Janeiro que estiveram no lançamento do movimento "Aezão", duas semanas atrás.

Esses prefeitos apoiam a candidatura do governador Luiz Fernando Pezão, do PMDB, para o governo do Estado e do senador Aécio Neves (PSDB) para a Presidência. Segundo o ministro das Relações Institucionais, a ideia é convidar esses prefeitos para almoçar. "É do jogo", disse ele.

Sim, do jogo eleitoral, no qual pela regra não se inclui o Palácio do Planalto. Uma coisa é o assédio partidário sobre prefeitos que tendem a migrar para o adversário. Normal. Disputa de apoio político.

Outra coisa bem diferente é um "convite para almoçar" partindo da Presidência da República, com todo o peso dos instrumentos de poder que isso lhe confere. Sem contar que o mero envio de e-mail ao PMDB com o pedido da lista para esse fim já caracteriza um ato de auxílio ao comitê de campanha da candidata à reeleição.

Se isso não se configura abuso e uso indevido do bem público, francamente, fica difícil definir o que seja. E se as coisas já estão assim nessa altura dos acontecimentos, quando a presidente, com todos os reveses, ainda está em primeiro lugar nas pesquisas, é de se imaginar do que será capaz o partido no poder para não correr o risco de perder o poder, quando de fato começar a campanha.

Eliane Cantanhêde: Soma de problemas

- Folha de S. Paulo

O PSB faz convenção neste sábado em Brasília para lançar Eduardo Campos-Marina Silva em meio a uma série de problemas. A campanha não está nada fácil.

Marina, que produziu o ato mais espetacular da eleição ao se unir a Campos, virou uma faca de dois gumes. A expectativa era que os dois somassem suas vantagens, mas eles parecem somar justamente suas desvantagens. Marina tirou apoios políticos de Campos, e Campos afugentou eleitores "sonháticos" de Marina.

Muito popular, depois de cerca de 20% dos votos em 2010, Marina não trouxe intenções de votos para a chapa nas pesquisas, criou caso na montagem de chapas do PSB e assustou setores que teriam tudo para apoiar Campos, a começar do agronegócio.

Assim, em vez da união dos votos de Marina com a capacidade política de Campos, a chapa do PSB, resultado da aliança PSB-Rede, até aqui tem sido a união da ranzinzice de Marina com a falta de votos de Campos. Para completar, o tempo dele na TV durante a propaganda eleitoral será muitíssimo menor que o de Dilma e bem mais curto que o de Aécio.

Campos e Marina poderiam compensar as deficiências com fortes palanques locais, mas não é o caso. A grande simpatia de setores do empresariado nacional não reverteu para apoios partidários sólidos nos Estados. A inquestionável força política do candidato em Pernambuco não migrou ainda para os vizinhos do Nordeste. E o governo bem avaliado que fez não converteu para um programa inovador, mobilizador.

Outro golpe foi o anúncio das alianças do PSB com o PSDB em São Paulo e com o PT no Rio, quando se coloca como terceira via contra os dois partidos. Ou seja, Campos ganhou meio palanque em dois dos três maiores colégios eleitorais, mas perdeu parte do discurso.

Campos e Marina, no entanto, têm uma grande vantagem: devem passar ilesos pela pancadaria entre petistas e tucanos --porque serão de grande valia no segundo turno.

Cláudio Gonçalves Couto: Sugadores para todos

• Os partidos fazem política exatamente da mesma forma

- Valor Econômico

Nos idos de março, o presidente do PMDB gaúcho, Edson Brum, proferiu a seguinte pérola da sinceridade política, crivada de ironia: "A única certeza que tenho é que o PMDB estará com o próximo presidente, ganhe Dilma, Aécio ou Campos. Por que me preocupar com isso agora?". Foi complementado nesta semana pelo presidenciável tucano, Aécio Neves, numa referência à adesão de PSD e PR à postulação da presidenta Dilma Rousseff, ao mesmo tempo que o PTB se mandava para as bandas de sua candidatura: "Muito mais gente já desembarcou e o governo ainda não percebeu. Vão sugar um pouco mais. E eu digo para eles: façam isso mesmo, suguem mais um pouquinho e depois venham para o nosso lado".

Ambas as declarações explicitam o modus operandi de nosso sistema partidário, tanto no âmbito eleitoral quanto na dimensão governativa. O PMDB é o exemplar maior de um tipo de agremiação - o partido de adesão - que aderirá a qualquer governo ou candidatura, sem maiores preocupações programáticas, desde que bem recompensado. São lábeis os limites para essa adesão pragmática tão flexível: de forma pontual, quando estiverem em jogo interesses específicos de setores sociais vinculados a determinados membros do partido (como seus financiadores de campanha e bases eleitorais), ou quando as mutantes circunstâncias da conjuntura política tornarem oportuno um rompimento justificado por questões de fundo puramente retóricas.

Afora tais circunstâncias, enquanto bem recompensados com cargos, verbas e apoios eleitorais localizados, os partidos de adesão se manterão jungidos a quem lhes favoreça. Porém, da mesma forma, saltarão do barco tão logo o custo do apoio se eleve ou haja recompensa maior por perto. Como não se prendem a nenhuma plataforma de envergadura, não lhes custa nada migrar de um governo para outro, mesmo que sejam liderados por agremiações - essas sim - dotadas de alguma consistência programática e de objetivos mais claros para as políticas públicas. Tais agremiações, por sua vez, não têm como simplesmente prescindir do apoio dos partidos de adesão, na ilusão de assim implementar suas agendas sem a necessidade de concessões e menores riscos de corrupção.

Afinal, os partidos de adesão compõem hoje mais de 50% das duas Casas do Congresso, tendo também bancadas consideráveis nas Assembleias Legislativas e Câmaras Municipais. Não compõem um bloco monolítico, mas operam de forma similar. Por esta razão, exceção feita ao tamanho de cada um (e, logo, ao seu poder) não faz muita diferença obter o respaldo do PMDB, do PP, do PR, do PTB, do PSD ou de qualquer outra agremiação equivalente. Eles exigirão as mesmas coisas, oferecerão a mesma lealdade e vetarão - de forma eventual - os mesmos tipos de proposta. É por isto que o presidente do PMDB gaúcho pode dizer o que disse de forma tão singela - assim como o poderiam os presidentes das demais agremiações. Todos esses partidos (à exceção do PSD, que ainda não existia) ofereceram apoio, ministros e funcionários aos governos Sarney, Collor, Itamar, Fernando Henrique, Lula e Dilma. Eles apoiam PT, PSDB e PSB indiscriminadamente nos governos estaduais e municipais, sendo o elemento constante às variações de partidos na chefia de governo. Apenas Collor optou deliberadamente por deixar o PMDB de fora; deu no que deu - e ele se arrependeu da estratégia, tardiamente.

As exceções se devem ou a problemas circunstanciais, verificáveis numa ou noutra localidade, ou a rivalidades entre lideranças específicas. Rompimentos verificados nesta eleição darão lugar a reaproximações logo mais à frente, tão logo se fechem as urnas e se iniciem as negociações para a composição das coalizões de governo nos âmbitos federal e estadual. É por isto que faz sentido a despreocupação de Aécio com os apoios de Dilma, bem como seu incentivo a que os partidos suguem. O tucano mineiro é sabedor de que hoje sugam de Dilma e, amanhã, caso se sagre vitorioso, sugarão dele. Decerto, não tem a menor ilusão de que, ao irem para o seu lado, abandonarão a prática sugadora. Assim como sabe que, findo seu eventual governo, sugarão de seu sucessor - seja ele aliado ou adversário.

Eis aí o maior obstáculo para que se implemente no país uma "nova política" de que tanto falam o PSB e sua hóspede, a Rede. País afora, o próprio PSB não opera de forma muito distinta dos partidos de adesão. Em São Paulo, tem sido uma rêmora fiel do PSDB, ao mesmo tempo que no âmbito nacional - onde apresentava maior consistência - mantinha-se alinhado ao PT, inclusive na oposição aos tucanos durante o governo FHC. Porém, mesmo onde o PSB controla os governos, como em Pernambuco, o recurso aos partidos de adesão estava presente. Se nova política se fazia, era por intermédio da mesma velha política que seus adversários (ou aliados) punham em prática noutras plagas.

Afinal, trata-se de um aspecto estrutural do sistema político brasileiro. O presidencialismo de coalizão visa à formação de maiorias e não se constroem maiorias sem o recurso aos partidos de adesão. E os incentivos para a aproximação também estão presentes no processo eleitoral - num jogo que não pode ser desvinculado da dinâmica governativa. Governos oferecem prebendas, presentes e futuras, para manter ou atrair aliados de campanha. Mas há também o valioso tempo de propaganda eleitoral gratuita no rádio e na TV. Quem não o aufere, sabe que o aliado o arrebanhará, num jogo de soma zero - o que um perde é exatamente o que o outro ganha.

Daí as alianças aparentemente esdrúxulas, mas completamente racionais, feitas neste período. Elas são mais visíveis na campanha, quando surgem as fotografias de aliados lado a lado (por vezes constrangidos). Dentre os atores relevantes, quem não saiu na foto é normalmente o perdedor da contenda que, como fazem os maus perdedores, sai do jogo criticando a conquista do adversário (só porque não foi sua) e é nisto acompanhado de seus torcedores, numa aliança de hipocrisia e autocomiseração. Normal que seja assim, afinal, no público sempre há quem se deixe iludir.

Cláudio Gonçalves Couto é cientista político, professor da FGV-SP

Painel - Bernardo Mello Franco (interino)

- Folha de S. Paulo

Espírito de 32
O governador Geraldo Alckmin vai apelar ao orgulho paulista no lançamento de sua campanha à reeleição, neste domingo. Com o mote "Aqui é São Paulo", ele investirá na ideia de que o Estado é mais bem sucedido que o resto do país. Os tucanos ocupam o Palácio dos Bandeirantes desde 1995 e precisam convencer o eleitor a mantê-los no poder por mais quatro anos. José Serra foi convidado a discursar, mesmo que não seja candidato ao Senado. A presença de FHC não está confirmada.

Pé na cozinha Para combater a pecha de elitista, o partido escalou líderes de grupos que representam minorias, como o Tucanafro e o PSDB Mulher, para fazer os primeiros discursos da festa.

Mudança de plano O jingle repetirá: "São Paulo avança sempre, avança sem parar". A versão original dizia "inova", mas foi trocada para evitar ações na Justiça Eleitoral. O termo já apareceu em propagandas do governo.

De casa Ex-secretário de Planejamento de Alckmin, o deputado Emanuel Fernandes (PSDB-SP) coordenará o plano de governo do tucano.

Seguro-vaia Aécio Neves usará a convenção do PSDB de Goiás para justificar sua ausência do Mineirão amanhã, no jogo Brasil x Chile. Dilma Rousseff foi hostilizada na abertura da Copa.

Engole o choro Eduardo Campos e Marina Silva fizeram pacto para não agravar a crise entre PSB e Rede pela retirada de candidatos a governos estaduais. A vice indicou que conterá a birra de seu grupo contra a elástica política de alianças do partido.

Muito romântico Do deputado Anthony Garotinho (PR-RJ), candidato a governador do Rio: "O PR e o Pros não fizeram nenhuma suruba ou bacanal. Nossa aliança é republicana e feita no amor".

Só pensa naquilo Aliados de Gilberto Kassab dizem que sua prioridade na eleição paulista é manter a bancada de deputados federais do PSD. Ela é quem determinará a divisão do tempo de TV e da verba do fundo partidário.

Dupla caipira Os sertanejos Sérgio Reis e Sula Miranda, a rainha dos caminhoneiros, serão candidatos à Câmara pelo PRB de São Paulo.

Clube do bolinha O PT, que se orgulha de chamar Dilma de "presidenta", está com dificuldade para lançar mulheres nesta eleição. Em cinco Estados, o partido não terá nenhuma candidata a deputada federal.

Mulher não pode O caso que mais chama atenção é o de Pernambuco, onde a sigla prevê lançar 13 candidatos à Câmara. Todos homens.

Inclua-me fora Em Alagoas, só um petista se animou disputar cadeira de deputado. Por decisão de Lula, o partido apoiará Renan Filho (PMDB) ao governo e Fernando Collor ao Senado (PTB).

Feira livre O Supremo Tribunal Federal prevê gastar até R$ 87 mil na compra de frutas para o lanchinho de seus 11 ministros. A licitação, marcada para o dia 2, abastecerá a corte durante um ano.

A freguesa escolhe O edital prevê a aquisição de 33 variedades de frutas. Só de caqui, serão três tipos: chocolate, fuyu e rama forte, somando 420 kg. Também serão comprados 3.600 cocos verdes e 840 kg de melancia. O banquete tropical é servido nos intervalos das sessões.

Errei, sim O deputado estadual paulista Edmir Chedid (DEM) vai substituir o projeto que copia lei de política cultural da Bahia. Ele diz que mandou o texto ao "Diário Oficial" por engano e ainda arrisca piada: "Sabe como é, na cultura a Bahia tem dado um banho em São Paulo".

Tiroteio
"Ao fixar os pobres longe do centro, o Plano Diretor faz o jogo que interessa a tubarões da indústria imobiliária em São Paulo."
DO VEREADOR GILBERTO NATALINI (PV), sobre projeto do prefeito paulistano, Fernando Haddad (PT), que regulariza favelas a 50 km de carro da praça da Sé.

Contraponto
Tempo de Dondon

O secretário estadual de Saúde de São Paulo, David Uip, decidiu ir de trem à partida entre Uruguai e Inglaterra no Itaquerão, na semana passada. Sentado no "Expresso da Copa", o infectologista --que é médico de celebridades e políticos-- reparou em um sujeito que não desgrudava os olhos dele. Pouco antes da chegada à estação, o rapaz abordou Uip:

--Eu conheço o senhor...

--É mesmo? De onde?--quis saber o secretário.

--O senhor não costumava jogar futebol de várzea aqui em São Paulo?