sexta-feira, 9 de maio de 2014

Opinião do dia: José Serra

A mais reluzente das explicações carece de qualquer lógica: atribui-se à dobradinha entre imprensa e oposição a culpa pelas lambanças na Petrobrás, pela perda de mais da metade do patrimônio da empresa e pelo endividamento que bate o recorde mundial. Tudo isso faria parte de uma diabólica estratégia daquela dobradinha para privatizar a gigante do petróleo. De acordo com esse delírio, quanto mais desmoralizada ela estivesse, mais fácil seria sua privatização! Tenho a certeza de que tal disparate, em lugar de convencer, ofende as pessoas e aquece a chama do derretimento político não só da presidente, mas de um estilo de governo.

*José Serra é ex-governador e ex-prefeito de São Paulo. Ineficiência aprendiz e loquaz: 6ª antilei petista. O Estado de S. Paulo, 8 de maio de 2014

Justiça decreta quebra de sigilo da Petrobras e de ex-diretor da estatal

• Contas bancárias de Paulo Roberto Costa, da mulher e filhas serão alvo de devassa

- O Globo

BRASÍLIA. A Justiça Federal determinou a quebra do sigilo bancário das transações financeiras feitas entre a Petrobras, Camargo Corrêa e Sanko Sider a partir de contratos de construção da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco. A 13ª Vara da Justiça Federal de Curitiba também autorizou uma devassa das contas bancárias do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, da mulher e de duas filhas do casal. As quebras de sigilo foram pedidas pela força-tarefa do Ministério Público Federal criada para reforçar as investigações da Operação Lava-Jato.

A ideia dos investigadores é aprofundar a investigação sobre os repasses da Camargo Correa para a Sanko Sider e, a partir daí, para empresas supostamente laranjas do doleiro Alberto Youssef. Em denuncia já acolhida pela Justiça Federal, o Ministério Público Federal informa que de 2009 a 2012, 17 empresas repassaram R$ 90 milhões a MO Consultoria, controlada por Youssef. Segundo a Polícia Federal, a MO só existe no papel. Ela seria usada pelo doleiro para movimentar dinheiro de origem ilegal.

No período da movimentação, Paulo Roberto era do conselho de administração da Abreu e Lima e, para a polícia, tinha forte influência no andamento das obras. O ex-diretor mantinha estreitos vínculos com Youssef. O Ministério Público fez a denúncia contra Youssef, Paulo Roberto e mencionou as movimentações financeiras da Camargo e da Sanko Sider com base em um laudo da Receita Federal. Só a Sanko Sider repassou R$ 26 milhões para a MO, de Youssef, entre 2009 e 2012.

Agora, os procuradores entendem que podem consolidar a análise sobre os supostos desvios com base nos dados bancários das empresas e pessoas envolvidas nos negócios considerados suspeitos. Na próxima etapa, os investigadores vão tentar identificar outras empresas que prestaram serviços relacionadas a Abreu e Lima e que também fizeram pagamentos a consultorias de Youssef.

Justiça quebra sigilos bancários da Petrobrás e do ex-diretor preso

• Na decisão, juiz limita o pedido aos contratos firmados com empresas relacionadas à construção da refinaria Abreu e Lima; estatal tem 20 dias para discriminar transferências

Antonio Pita - O Estado de S. Paulo

RIO - A Justiça Federal do Paraná quebrou os sigilos bancários da Petrobrás e do ex-diretor de Refino e Abastecimento, Paulo Roberto Costa, para apurar denúncias de desvio de recursos na construção da Refinaria Abreu e Lima. A decisão do juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal foi publicada na tarde desta quarta-feira, 7, e atende a um pedido do Ministério Público Federal (MPF), que apura o caso.

Na decisão, o juiz limita o pedido aos contratos firmados com as empresas ligadas ao Consórcio Nacional Camargo Correa para a construção da refinaria.

"A Petrobrás deverá apresentar em 20 dias o resultado da quebra discriminando as transferências, data, valor, contas envolvidas, por empresa acima referida, discriminando ainda as transferências a essas empresas relacionadas a pagamentos por obras, produtos ou serviços na Refinaria Abreu e Lima. A prova deverá ser apresentada em meio digital", informa o despacho.

O pedido abrange especificamente os contratos com as empresas Consórcio Nacional Camargo Correa, Construções Camargo e Correa S/A, Sanko Sider Ltda. e Sanko Serviços de Pesquisa e Mapeamento, além de pagamentos para as empresas MO Consultoria e Laudos Estatísticos e GFD.

A MO seria uma empresa usada como fachada para lavagem de dinheiro pelo doleiro Alberto Youssef, acusado de integrar o esquema de desvio de verbas públicas que pode ter alcançado R$ 10 bilhões, de acordo com as investigações da Polícia Federal no âmbito da Operação Lava Jato.

Ainda de acordo com o juiz, o pedido visa colher provas para embasar "fundada suspeita do envolvimento das empresas e pessoas acima relacionadas no desvio de recursos públicos" e tem a Petrobrás como vítima do esquema.

Também são citados parentes do ex-diretor da Petrobrás, Paulo Roberto Costa. Segundo o juiz, eles "podem ter sido utilizados para ocultação de produto do crime, suspeita reforçada pelo envolvimento no episódio de obstrução à justiça". Eles já são réus em processo sobre a ocultação de provas. Paulo Roberto está preso na carceragem da Polícia Federal do Paraná desde março.

Após o pedido de quebra do sigilo, o advogado do ex-diretor, Fernando Fernandes, disse "não temer" a quebra de sigilo e questionou a legitimidade do juiz no caso. Segundo ele, o processo deve ir para as mãos de um juiz "isento". "Ele sai pedindo a quebra de sigilo de todo mundo, como se fosse o processo da sua vida. Não temo a quebra de sigilo. Mas quando nosso pedido de habeas corpus sobre a incompetência do juiz para dirigir este caso chegar ao Superior Tribunal de Justiça, o processo sai da mão dele e vai para um juiz isento", afirmou o advogado.

Outro lado. O Grupo Sanko Sider divulgou nota em que repudia o que chama de "ilações" e afirma "total transparência, legalidade e legitimidade de seus negócios". Confira a nota completa:

Informamos que todos os contratos do Grupo Sanko-Sider foram feitos apenas com empresas privadas, construtoras ou consórcios particulares. O Grupo Sanko-Sider não faz vendas diretas à Petrobras, excetuando-se alguns itens para manutenção. Nesses casos, as propostas são escolhidas exclusivamente via leilão eletrônico, no qual vige o critério do menor preço e sem, absolutamente, nenhum intermediário. Essas vendas são responsáveis por parcela mínima de faturamento da nossa empresa, não chegando nem a 2%. Sendo assim, o Grupo Sanko-Sider repudia veementemente as ilações que vêm sendo feitas e reafirma total transparência, legalidade e legitimidade de seus negócios, o que será comprovado por essas anunciadas averiguações.

Todos os contratos das empresas do grupo Sanko são estritamente comerciais. Os serviços foram contratados, pagos contra a emissão de notas fiscais, que foram todas devidamente contabilizadas, tributadas e pagas, via sistema bancário, de acordo com a legislação vigente.

Todas essas informações foram prontamente prestadas às autoridades há tempos, tão logo se iniciaram as investigações.

Henrique Alves diz que Poder Legislativo precisa ter 'maturidade'

• Presidente da Câmara defende a indicação rápida dos integrantes das CPIs

• PSD indica deputados para a CPI mista da Petrobras

Isabel Braga - O Globo

BRASÍLIA - O presidente da Câmara, Henrique Alves (PMDB-RN), defendeu na manhã desta quinta-feira que os partidos cumpram os prazos para indicação de integrantes da CPI e deixem de criar impasse. Para Alves, “essa é hora de muita maturidade do Poder Legislativo”.

- Não há o que reclamar. Agora é cumprir os prazos dados pelo presidente Renan Calheiros e instalar a CPMI e começar os trabalhos. Não adianta criar esse impasse. O estresse só vai tumultuar a CPI. Já foi decidido pelo Congresso Nacional. Independentemente do que venha ter em junho e julho, a Câmara deve cumprir o seu dever de apurar, debater, de forma ordeira, democrática como é dever do parlamentar.

O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), determinou ontem a instalação de duas CPIs mistas: uma para investigar a compra de trens e metrôs de São Paulo e outra sobre a Petrobras. Ele deu prazo de cinco sessões para que os líderes dos partidos indicarem os integrantes, caso contrário, disse que ele mesmo o fará em três sessões.

A liderança do PSD indiciou hoje como membros titulares da CPI mista da Petrobras os deputados José Carlos Araújo (BA) e Hugo Napoleão (PI). O líder do partido na Câmara, deputado Moreira Mendes (RO), e Jaime Martins (MG) foram indicados como suplentes do colegiado.

Luiz Argôlo no Conselho de Ética
Ontem, o PSOL entrou com representação no Conselho de Ética da Câmara contra o deputado Luiz Argôlo (SDD-BA), suspeito de transações escusas com o doleiro Alberto Youssef . O deputado baiano já está sendo investigado pela Corregedoria-Geral da Câmara, por quebra de decoro, mas demorou a assinar a notificação, protelando assim o prazo para apresentação de sua defesa ao órgão. Segundo Alves, após o prazo de cinco dias regimentais para Argôlo apresentar defesa na Corregedoria, quando o parecer foi entregue, ele enviará à Mesa Diretora em um prazo de 24 horas.

- Esse caso não pode perdurar do jeito que está. [O caso] desgasta, não é a regra, é uma exceção.

Ninguém pode achar que aqui todos tenham atitudes assim ou assada. Aqui, acolá cometem equívocos e a Casa tem que ser exemplar no seu ato de punir e repreender. Vamos apurar, o direito de defesa o parlamentar terá, e a Casa tem que ser rápida, portanto, no poder de apuração e na sua decisão.

Para Eduardo Cunha, Dilma errou de estratégia ao privilegiar senadores

• Líder do PMDB na Câmara diz que relação com presidente tem atritos e partido optou por adotar independência

• Na CPI mista da Petrobras, líder diz que peemedebistas não vão agir ‘nem como beques de defesa governista, nem como ponta de lança oposicionista’

Isabel Braga – O Globo

BRASÍLIA - Em entrevista ao GLOBO nesta quinta-feira, o líder do PMDB na Câmara, Eduardo Cunha (RJ), falou da relação dele e de seus liderados com o governo da presidente Dilma Rousseff e com a bancada do Senado. Afirmou que a relação com Dilma levou a bancada a se rebelar e que os interesses eleitorais de alguns deputados, em ano eleitoral, contaminam ainda mais essa convivência. Cunha frisa que houve erro, por parte da presidente, de privilegiar a relação com os senadores em detrimento da relação com a Câmara. Para ele, as dificuldades e questionamentos quanto à manutenção do PMDB na aliança com o PT este ano começaram com a atitude dos petistas no Rio de Janeiro de confrontar a candidatura do PMDB ao Estado. Cunha diz que, na CPI mista da Petrobras, os peemedebistas indicados não agirão "nem como beques de defesa governista, nem como ponta de lança oposicionista". E que atuarão para investigar os fatos.

Como está a relação da bancada do PMDB com o governo Dilma?
A bancada, desde que não quis indicar substitutos para os ministérios que cabiam à Câmara, ficou em uma posição de independência, mas com compromisso com a responsabilidade fiscal. Isso não significa que será oposicionista, porque não é. A bancada tem percepção múltipla, mais ou menos equilibrada entre os que pensam de um jeito e de outro, mas a bancada está numa posição de independência, que vai exercitar no Poder Legislativo. Com relação ao governo propriamente dito, tenta-se manter uma relação respeitosa.

Mas a relação está atritada...
A palavra não é atritada, é até maior. A bancada esteve bem rebelada. Porque o processo legislativo hoje começa a se confundir com o processo eleitoral. Então, é muito difícil separar o comportamento aqui do comportamento eleitoral. Está se avizinhando a eleição, você tem uma discussão política que será decidida através de uma convenção, vai se discutir se fica ou se não fica a aliança, tem a repercussão nos estados de cada um. Todo mundo aqui vai disputar de novo, todo mundo disputando sua vida, eu e os outros deputados vamos disputar nossa eleição. Então, as pessoas hoje estão muito voltadas para a visão desse processo e claro que isso contamina como um todo. Há estados em que você tem a relação mais conflituosa e essa relação acaba se exacerbando aqui, e há estados em que não tem e a amistosidade acaba se refletindo aqui. É normal que isso esteja acontecendo, era visível, apenas ficou mais acirrado.

Como está a relação do PMDB da Câmara com o PMDB do Senado?
Historicamente o PMDB da Câmara sempre teve uma atuação independente da atuação do Senado. Há muitos anos o PMDB sempre teve esse caminho. É claro que a gente ultimamente vinha sempre convivendo com um pouco mais de harmonia. Há momentos com mais tensão e momentos com mais harmonia. Neste momento está um pouco mais tensionado, mas a gente vai tentar trabalhar para ver se baixa a fervura e evita a tensão. Mas é um problema nosso, interno, não tem nada a ver com outra coisa, nós é que temos que conviver e ver como resolver.

A que o senhor atribui a diferença de relacionamento do governo Dilma com a bancada da Câmara e do Senado?
Eu acho que sempre houve uma visão equivocada, talvez porque a condução política, desde o início do governo tenha sido feita por pessoas oriundas do Senado, de se privilegiar o Senado em detrimento da Câmara. Claramente o governo sempre deu mais importância ao Senado do que à Câmara. E nós estamos em um regime bicameral, por isso as duas Casas são importantes iguais. A verdade é que houve uma opção, houve mesmo uma visão equivocada (por parte do governo Dilma) de que o Senado é mais importante que a Câmara.

O apoio do PMDB à Dilma, em 2014, está garantido?
Não tenho condições de falar por uma convenção. Sou apenas um parlamentar e líder de uma bancada, da qual tenho que ser o porta-voz. Eu acho que o processo vai se afunilar na hora de decidir. É que nem uma eleição: você decide seu voto próximo do período que você tem que votar. Isso será decidido numa convenção, faltam 30 dias. Daqui a 30 dias sua resposta estará respondida pelos fatos e não pela minha impressão.

A bancada da Câmara acredita que é preciso reconstruir, ainda este ano, a relação com a presidente Dilma?
Eu não diria a você se a bancada vai ou não conseguir. Acho que uma relação, para ser boa, tem que ser boa dos dois lados. Tem que ter a condição de que os dois lados queiram ter uma boa relação. Não depende só da bancada da Câmara, depende também do governo. E quando eu falo que depende do governo, não estou falando de cargo, de emenda, de nada. Porque já demos a demonstração de que não queremos cargos. Tanto que abrimos mão de indicar ministérios. O problema é a forma de relação que foi, de uma certa forma, se deteriorando, porque a bancada acabou não sendo respeitada no processo em alguns momentos. Acho que, talvez, o governo mude a forma de ver a Câmara, mas eu volto a dizer: estamos em um momento que o processo eleitoral acabará contaminando. E independente de qualquer coisa, quem tem uma visão favorável à aliança, vai ter uma impressão, quem tem visão contrária, outra. Isso a gente não poderá evitar.

No Rio, o partido vai dividido em relação à eleição presidencial? Vai com o Aécio Neves?
Eu tenho evitado, porque é complicado para mim como líder e expoente do Rio (falar disso). Porque foi basicamente a situação do Rio que iniciou a deterioração do processo de aliança, não há dúvida nenhuma disso. A confusão toda começou por isso, uma candidatura (do PT) contra a candidatura do PMDB. Se o PT queria ter supremacia no país, a manutenção do seu status quo, é natural que o PMDB também quisesse nos estados onde convivia em conjunto. Houve uma ruptura e essa ruptura acabou contaminando outros lugares que também passam por problemas semelhantes e viram que se no Rio, que era uma aliança que funcionava e virou exemplo para tudo, aconteceu o que aconteceu, imagina o que não aconteceria em outros estados. Consequentemente, os companheiros do Rio reagiram e isso está levando os companheiros a buscar um caminho alternativo, que não seja o da aliança (com o PT). O que vai dar? Eles vão fazer convenção estadual para definir. Eu, como líder, tenho que ficar neutro, não tomar partido. Não seria correto eu misturar minha posição de líder nacional com a minha posição do estado problemático.

Mas a bancada aqui está muito incomodada e muitos dizem que não gostariam de apoiar a presidente Dilma. O senhor confirma esse sentimento?
O sentimento vamos colher na convenção, que não representa só a bancada, mas o somatório das forças partidárias, muito maior que a bancada. É importante a bancada? É, mas não significa que pelo sentimento contrário da bancada não se terá a aliança (com Dilma). A conjuntura de voto na convenção é outra. Esse processo é como o eleitor, quando faz a pesquisa eleitoral: às vezes o candidato está com um percentual maior de voto e perde eleitores em determinado momento, que vão para indeciso. Depois o candidato pode recuperar ou esse voto ir para o adversário. O mesmo acontece com a bancada. Uma parte está insatisfeita, fica como indecisa, pode voltar ou não. Vai depender de como vai se dar o processo.

Como vão se comportar os deputados do PMDB na CPI mista da Petrobras? Vai ser uma postura de confronto?
De confronto nunca. Já coloquei isso com clareza: eles vão refletir o sentimento da bancada. A gente quer que os fatos que estejam denunciados sejam apurados e vamos trabalhar em conjunto com os demais membros que queiram isso. Não estamos lá para ter posição nem de beque de defesa governista, nem de ponta de lança oposicionista. Não faremos nem um papel, nem outro. Não queremos a politização do processo, quem quiser politizar vai brigar sozinho. Nós vamos nos ater aos fatos.

Aécio sugere que faltou a Marina humildade ao falar de resultado eleitoral

• Ex-senadora disse que sente ‘cheiro de derrota do PSDB’ num segundo turno em entrevista ao jornal ‘Folha de S.Paulo’

Silvia Amorim – O Globo

SÃO PAULO – Pré-candidato do PSDB à Presidência da República, o senador Aécio Neves disse nesta quinta-feira que é preciso ter “humildade” e deixar para os eleitores a decisão sobre o resultado da próxima eleição. A declaração foi uma resposta à ex-senadora Marina Silva (Rede), vice na chapa do pré-candidato Eduardo Campos (PSB), que disse, em entrevista ao jornal “Folha de S.Paulo”, que sente “cheiro de derrota do PSDB no segundo turno”.

Aécio começou dizendo, num recado a Marina, que as oposições não podem “cair na armadilha do PT” de dividir os adversários. Depois disse que concordou com “grande parte” do que ela disse sobre as diferenças entre as candidaturas presidenciais do PSDB e do PSB. Em seguida, sem citar diretamente Marina, cobrou humildade.

— Eu apenas acho que em relação a resultado eleitoral, quem ganha ou quem perde, todos nós temos que ter humildade de deixar essa decisão para os eleitores.

O senador tucano afirmou que se considera, hoje, o maior especialista no Brasil em derrotar o PT.
— O que eu posso dizer é que nos últimos quinze anos, se eu me especializei em alguma coisa foi em derrotar o PT sucessivamente. Acho que ninguém tem, hoje, no Brasil o know-how de ter imposto tantas derrotas ao PT como eu tenho.

Aécio chegou a São Paulo nesta tarde para participar de um encontro na Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq). Ainda hoje o senador embarcará para Maceió, onde terá compromissos da pré-campanha nesta sexta-feira.

Aécio também falou sobre a instalação da CPMI do Metrô de São Paulo no Congresso, que coloca o governo do PSDB no estado no foco das apurações, e a classificou como “CPI da vingança”.

— Acho apenas que ela chega com enorme atraso porque são denúncias que vêm sendo colocadas na imprensa há anos. No caso de São Paulo, vejo que há uma iniciativa do governo na busca da apuração. Mas, para que não fique dúvida de que nós também não tememos investigações, coloquei lá minha assinatura. Mas isso me soa muito mais uma CPI da vingança do que uma iniciativa de quem quer apurar.

Aécio evitou comentar a retirada por senadores tucanos de assinaturas do requerimento para criação da CPI ontem.

— Os outros (tucanos que retiraram assinaturas) certamente têm seus motivos e responderão por eles. Eu fiz como símbolo. Quando eu assinei já havia número mais do que suficiente para a instalação.

Marina não quis comentar nesta tarde as declarações do senador.

Aécio diz que Marina cai na 'armadilha do PT, que é dividir a oposição'

Daniela Lima – Folha de S. Paulo

SÃO PAULO - Pré-candidato do PSDB à Presidência, o senador Aécio Neves (MG), respondeu na tarde desta quinta-feira (8) que todos os nomes que concorrem ao Planalto devem ter "a humildade" de deixar a decisão sobre sua vitória ou derrota "para o eleitor".

A fala de Aécio foi uma resposta à entrevista da ex-senadora Marina Silva, candidata a vice na chapa do ex-governador Eduardo Campos (PSB-PE). À Folha, Marina disse que a campanha de Aécio tem "cheiro de derrota".

O tucano evitou atacar diretamente a ex-senadora, mas enviou diversos recados. Insinuou que Marina cai na "armadilha do PT, que é dividir a oposição".

"Não vou cair na armadilha do PT, que é dividir a oposição. Eu concordo em grande parte com o que a Marina disse. Nós temos divergências e não devemos ter receio de discutí-las, como não devemos ter receio de mostrar nossas convergências", disse Aécio durante evento da Abimaq (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos) na capital paulista.

"Apenas acho que, em relação a resultado eleitoral, quem ganha ou quem perde, todos nós temos que ter a humildade de deixar essa decisão para os eleitores", concluiu Aécio. Logo depois, o senador disse que se tornou "especialista em derrotar o PT sucessivamente".

Mais cedo, o senador Aloysio Nunes (PSDB-SP), cotado para a vice na chapa de Aécio Neves (PSDB), acusou a ex-senadora Marina Silva de "jogar água no moinho do PT" ao criticar o pré-candidato tucano ao Planalto.

Para Aloysio Nunes, a vice de Eduardo Campos (PSB) revelou "amargura" e ajudou a campanha da presidente Dilma Rousseff (PT) à reeleição. "Campos tem, mais do que Marina, a percepção de que o que interessa à oposição é a mudança do governo. Quem confunde as coisas joga água no moinho do PT", disse o senador.

"CPI da vingança"
Aécio disse ainda que assinou a CPI que prega a investigação de contratos para a expansão do Metrô de São Paulo "simbolicamente" e que senadores tucanos que retiraram suas rubricas "tiveram seus motivos e responderão por eles".

Aloysio Nunes foi um dos que assinaram o documento e depois desistiram. Ele disse que a CPI era uma farsa, pois não investigaria as suspeitas de formação de cartel e corrupção em metrôs de Estados governados pelo PT e seus aliados.

A CPI do Metrô foi uma iniciativa de partidos da base do governo Dilma Rousseff. A proposta é investigar contratos firmados pelo governos de São Paulo, sob o comando do PSDB, e do DF, quando da gestão do ex-governador José Roberto Arruda, então filiado ao DEM.

A iniciativa nasceu no momento em que a oposição conseguiu emplacar uma CPI para investigar a Petrobras. "Me parece mais a CPI da vingança", provocou Aécio.

Aécio: CPI mista do metrô 'soa como vingança´

• Único parlamentar tucano a assinar requerimento para criação da comissão, o pré candidato do PSDB ao Planalto disse que tomou atitude como 'um símbolo'

Elizabeth Lopes e Pedro Venceslau - O Estado de S. Paulo

SÃO PAULO - Único tucano a assinar o requerimento pela criação da CPMI do Metrô no Congresso Nacional, o senador Aécio Neves, pré-candidato do PSDB à Presidência, disse nesta quinta-feira, 8, que tomou essa iniciativa como "um símbolo". "Os outros (tucanos) têm seus motivos (para não assinar o requerimento). Eu fiz isso como um símbolo. Mas isso soa mais como uma CPI da vingança", afirmou.

Segundo Aécio, a base do governo tem ampla maioria para impor qualquer CPI sobre qualquer assunto. Para o senador, a iniciativa de investigar a formação de cartel no sistema metroferroviário paulista em gestões tucanas é uma resposta à criação da CPMI que investigará a Petrobrás.

Sobre as críticas feitas pela ex-senadora Marina Silva, vice na chapa presidencial de Eduardo Campos, de que o PSDB estava sentindo "o cheiro da derrota" da candidatura tucana no segundo turno, Aécio disse que não iria cair na armadilha do PT de dividir as oposições.

"O que posso dizer é que, ao longo dos últimos quinze anos, se eu me especializei em alguma coisa, foi em derrotar o PT sucessivamente. Acho que ninguém tem hoje no Brasil um know-how de ter imposto tantas derrotas ao PT como eu", afirmou.

"Com relação ao resultado eleitoral, sobre quem ganha e quem perde, devemos ter a humildade de deixar essa decisão para os eleitores", disse. Depois de afirmar que concordava "em parte" com o que Marina disse sobre as diferenças entre as candidaturas de oposição, Aécio afirmou que as candidaturas (dele e do ex-governador Eduardo Campos) têm suas diferenças e que não deveria haver receio de debater e discutir essas divergências. "Como não devemos ter receios de mostrar nossas convergências, e na campanha isso vai ficar claro", disse.

O senador participou nesta quinta de um encontro com empresários do setor de máquinas e equipamentos. Na sexta ele estará em Maceió e em São Luís do Maranhão.

Campos questiona abertura de CPIs no Congresso

• Ex-governador de Pernambuco disse que o mais importante é saber como tirar a Petrobrás da situação em que se meteu

Rene Moreira - O Estado de S. Paulo

UBERABA- Pré-candidato à Presidência da República, Eduardo Campos (PSB) levantou dúvidas sobre a importância da criação de duas CPIs (Comissões Parlamentares de Inquérito) para investigar a Petrobrás, ligada ao governo federal do PT, e os contratos do metrô, que têm relação com os governos estaduais do PSDB. Ele falou sobre o assunto nesta quinta-feira, 8, durante visita ao Triângulo Mineiro.

"As CPIs fazem seu papel de investigar o que está errado, punir quem errou. Mas, sobretudo neste momento, a Polícia Federal já está fazendo essa investigação, o Ministério Público também já está investigando e a Justiça já tem processo aberto sobre isso. E o Congresso vai fazer investigação?! Tenho preocupação nesse instante de que é preciso começar a pensar como a gente vai tirar a Petrobrás dessa situação em que se meteu", afirmou ao Estado em Uberaba (MG).

Segundo Campos, a estatal em três anos perdeu a metade de seu valor. "É uma empresa muito importante e estratégica para a retomada dos investimentos no Brasil. E com o caminho que tomou conseguiu ser ruim para ela mesma e para o etanol". Para ele, a política adotada pela companhia está causando perda de empregos e o fechamento de destilarias de álcool.

Marina. Campos também foi questionado sobre o que acha das declarações de Marina Silva, que deve ser sua candidata a vice e que declarou nesta semana que o PSDB não vai para o segundo turno e tem cheiro de derrota. "Esta é uma visão que muitas pessoas também têm, inclusive, analisando os resultados das últimas eleições por esta lente e esta ótica". Segundo ele, o que Marina fez foi o relato de um fato.

"Nas últimas três eleições a polarização se estabeleceu com êxito para um lado. Entendemos que temos de superar esta polarização e unir o Brasil". Para ele, o que tem sido mostrado é um negando o que o outro fez. "É preciso apresentar o que está de bom e tirar o Brasil das coisas ruins que se somaram nos últimos anos, como o baixo desenvolvimento".

Aécio. Eduardo Campos também foi indagado sobre quais seriam as diferenças entre o governo do PSB e do PSDB, já que ambos estão juntos em estados como Minas Gerais. "Nosso objetivo não é ser diferente de A ou B, mas mostrar que existe um caminho diferente, uma nova opção que deseja melhor qualidade da gestão pública e unir o Brasil em torno de um propósito de crescer, de melhorar o país".

Campos falou que a campanha política este ano exige que o candidato apresente ideias. "Aquela velha briga política - nós e eles - não adianta. A sociedade está prestando atenção e quer gente que vá resolver problemas, não que crie problemas". Ele disse ser preciso que "o povo brasileiro olhe para Brasília e se enxergue lá. "Hoje nem Brasília se enxerga, vive por conta própria, sem representar nossos sonhos e aspirações, sem ver um Brasil real".

Campos sai em defesa de Marina e contraria pecuaristas em MG

• Presidente de associação classificou de ‘grande bobagem’ declaração de ex-senadora

• Segundo ela, PSDB tem cheiro de derrota no segundo turno

Ezequiel Fagundes – O Globo

UBERABA (MG) – Pré-candidato à Presidência pelo PSB, o ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos contrariou, na manhã desta quinta-feira, a cúpula da pecuária mineira em sua primeira visita oficial na feira agropecuária Expozebu, em Uberaba, no Triângulo Mineiro, ao defender sua vice, a ex-senadora Marina Silva, vista como crítica ao agronegócio. Antes de encontrar Campos, presidente da Associação Brasileira de Criadores de Zebu (ABCZ), Luiz Claudio Paranhos, classificou de “grande bobagem” a declaração de Marina ao jornal “Folha de S.Paulo”.

Segundo ela, PSDB tem cheiro de derrota no segundo turno. Já Campos afirmou que a aliada fez apenas uma constatação. Nas últimas três eleições presidenciais, o PSDB do senador e presidenciável, Aécio Neves, foi derrotado pelo PT, ex-partido de Marina.

- Na verdade, isso é um fato. O que ela faz é um relato fático que nas últimas três eleições a polarização se estabeleceu com êxito para um lado. Não é uma interpretação. É o relato de um fato e nós entendemos que é preciso superar essa polarização, unir o Brasil, aproveitar as coisas boas que foram produzidas nos últimos anos no Brasil, sem essa posição que a gente assiste constrangido de uns negando as coisas boas que o outro fez. Nós temos que aproveitar o que há de bom e tirar o Brasil do caminho errado dos últimos anos, que é baixo crescimento, inflação em alta, juros em alta - afirmou Campos.

Ligado a Aécio, Paranhos criticou duramente o posicionamento de Marina, em conversa informal com fazendeiros, na porta da sede da ABCZ, enquanto esperava Campos chegar no parque de exposições.

- Viram a bobagem que a Marina falou ontem em São Paulo? Achei uma grande bobagem, fica parecendo discurso de petista - afirmou.

Em entrevista, Campos defendeu a criação das CPIs da Petrobras e do Metrô, mas indicou que a investigação da estatal do petróleo pelo Congresso Nacional não seria uma prioridade.

- Espero que as CPIs cumpram o seu papel, punir quem errou. Sobretudo nesse momento que a Polícia Federal está fazendo a investigação, o Ministério Público já está fazendo a investigação, a Justiça já tem processo sobre isso, o Congresso vai fazer investigação. Tenho uma preocupação nesse instante como tirar a Petrobras da situação que ela se meteu - considerou.

Caminhos diferentes
Diferente de Aécio, que participou de sabatina aberta com os pecuaristas na última sexta-feira, Campos optou por vetar a presença da imprensa e pelo encontro a portas fechadas. Cerca de 80 fazendeiros participam da reunião. Campos voltou a evitar comparações com Aécio, com quem fez um acordo pré- eleitoral em Minas e Pernambuco.

- O nosso objetivo não é parecer ser diferente de A ou de B. O nosso objetivo é mostrar que tem um caminho diferente para ser trilhado no Brasil, que existe uma opção que deseja melhorar a qualidade da gestão pública, unir o Brasil em torno de um firme propósito que o país pode der melhor, ter uma política macroeconômica responsável que respeita os interesses dos mais pobres. A campanha política exige esse ano que os candidatos apresentem ideias, essa velha briga de nós e eles não é mais suficiente -declarou Campos.

Marina não descarta aliança com PSDB no segundo turno

• Ex-ministra, à ‘Folha de S.Paulo’ disse que sente ‘cheiro e derrota do PSDB no segundo turno’

Renato Onofre – O Globo

SÃO PAULO - A ex-ministra Marina Silva não descartou nesta quinta-feira uma possível aliança com o PSDB ou outro partido de oposição em um eventual segundo turno. Em entrevista ao jornal “Folha de S.Paulo”, Marina disse que sente “cheiro de derrota do PSDB no segundo turno”. Pré-candidata a vice-presidência da República na chapa do ex-governador de Pernambuco, Eduardo Campos, Marina afirmou ainda que não há incoerência no partido fazer aliança com os tucanos e o PMDB em outros estados para fazer palanque a Campos.

Ela voltou a criticar a polarização entre PT e PSDB, e afirmou que vai confrontar os governos passados dos dois partidos. Marina disse ainda que "homogeneizar" a oposição favorece o projeto de reeleição da presidente Dilma Rousseff. Questionada se há incoerência em possíveis alianças com o PSDB e outros partidos durante a eleição, Marina negou.

- Não é incoerência porque estamos dizendo que a composição do governo vai ser em cima do programa. Isso que vai ser o novo. As outras forças políticas não estão debatendo programas. As pessoas que estão dialogando com a candidatura do Eduardo sabem quais são nossas propostas. E não estamos excluindo sequer o PT e o PSDB. Que são nossos adversários nesta eleição.

Contudo, a ex-ministra disse ainda que pe cedo para antecipar essa discussão:

- A gente tem que participar do processo político vivendo o processo político em todas as etapas. É uma eleição em dois turnos. E essa tentativa de querer homogeneizar as propostas no primeiro turno, no meu ponto de vista, ela é contrária ao próprio segundo turno. Porque, no primeiro turno já tem que se colocar cada um na sua originalidade, nas suas diferenças – disse Marina, que acrescentou:

- Segundo turno a gente discute no segundo turno. Acho essa ansiedade tóxica de colocar o segundo turno na frente do primeiro turno e prejudica o segundo turno

Ela afirmou que vai dialogar com os legados sociais e econômicos do PT e do PSDB, mas que não há como "recomeçar" a discutir o Brasil sempre do zero.

- As forças acham que vão recomeçar (a discutir a eleição) sempre do zero. E não vão. Se tiveram conquistas, elas não são dos partidos, mas das pessoas. A gente precisa de uma nova agenda.

Aécio sobe, e chance de Dilma ser reeleita no 1º turno diminui

• Tucano ganha quatro pontos em pesquisa do Datafolha, e soma dos adversários supera presidente em um ponto

• Para 58%, Lula deveria ser o candidato do PT; entre os simpáticos à sigla, 75% defendem o ex-presidente na chapa

Fernando Rodrigues – Folha de S. Paulo

BRASÍLIA - Diminuiu a chance de a presidente Dilma Rousseff vencer no primeiro turno a eleição de 5 de outubro. Uma das principais razões foi o crescimento das intenções de voto do pré-candidato do PSDB, o senador Aécio Neves (MG).

Segundo o Datafolha, no cenário mais provável a petista teria hoje 37% das intenções de voto e os outros candidatos estariam com 38%, somados. É uma situação de empate técnico, pois a margem de erro da pesquisa é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.

O levantamento do Datafolha foi feito ontem e anteontem com 2.844 entrevistas, em 174 municípios do país.

Apesar de ter variado na margem de erro, a curva de Dilma não é estável. Ela tem recuado gradualmente nos levantamentos do Datafolha --enquanto seus dois principais rivais estão em ascensão.

No cenário hoje mais provável para a disputa de outubro, liderado por Dilma com 37%, o segundo colocado é Aécio, com 20%. Ele tinha 16% no início de abril. O tucano ganhou quatro pontos e apresentou a maior variação entre todos os candidatos.

O terceiro colocado é Eduardo Campos (PSB), que registrou 11% agora e também apresenta curva ascendente, sempre dentro da margem de erro --tinha 10% em abril e 9% em fevereiro. O pessebista é conhecido muito bem ou um pouco por 25% dos eleitores. Essa taxa é de 86% para Dilma e de 42% para Aécio.

Segundo o Datafolha, 16% dos entrevistados dizem que votariam hoje em branco, nulo ou em nenhum dos candidatos. Outros 8% declaram que ainda estão indecisos.

Dilma e o PT fizeram um esforço nos últimos dias para estancar sua perda de popularidade e frear o movimento pela volta do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como candidato a presidente.

Segundo o Datafolha, 58% dos eleitores acham que Lula deveria ser o candidato do PT. Entre os que declaram preferência pelo partido, 75% dizem preferir Lula como candidato nas eleições deste ano.

Embora a variação de suas intenções de voto tenha sido negativa, Dilma ficou dentro da margem de erro da pesquisa. A aprovação ao governo (soma de quem acha o governo "ótimo" ou "bom") hoje é de 35%. Há um mês, era 36%.

Um aspecto positivo para a presidente é que as expectativas econômicas dos eleitores pararam de deteriorar.

Mas continuou a crescer o anseio do eleitorado por mudanças. Hoje, 74% dos eleitores dizem querer mudanças na forma como o país é governado. Para 38%, Lula é o mais preparado para fazer essas mudanças. Dilma foi citada por 15%. Ela tinha 16% há um mês e 19% em fevereiro.

Aécio e Campos melhoraram seu desempenho de fevereiro para cá. Há cerca de dois meses, o tucano era apontado como o mais preparado para fazer mudanças por 10% dos eleitores. Agora, 19% pensam assim. Campos era apontado por 5% e agora tem a simpatia de 10%.

O bloco dos nanicos é liderado por um ex-apoiador do PT e de Dilma, o candidato Pastor Everaldo (PSC), que tem 3% das intenções de voto e está empatado tecnicamente com os outros nanicos.

Eduardo Jorge (PV), José Maria (PSTU), Denise Abreu (PEN) e Randolfe Rodrigues (PSOL) registraram 1% cada um. Eymael (PSDC), Levy Fidelix (PRTB) e Mauro Iasi (PCB) tiveram menos de 1%.


Ainda é cedo para projetar uma polarização entre PT e PSDB

• O senador Aécio Neves (PSDB-MG) quebrou o marasmo da oposição.

O discurso adotado pelo tucano em programa oficial de TV, na véspera do feriadão da Páscoa, parece ter alcançado especialmente a parcela do eleitorado que vinha inflando as taxas de votos brancos e nulos nas pesquisas dos últimos meses.

O mineiro passou a ser um pouco mais conhecido, dobrou suas menções espontâneas de intenção de voto, turvou, por enquanto, o cenário de reeleição de Dilma no primeiro turno, melhorou seu desempenho numa hipótese de segundo turno e cresceu mais do que o ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos (PSB) no quesito "candidato da mudança".

Mas é cedo para se apostar em uma disputa novamente polarizada entre PT e PSDB.

O eleitor está desinformado e demonstra pouco interesse sobre a eleição --metade não sabe dizer espontaneamente em quem vai votar, e o índice dos que cogitam votar em branco ou anular o voto é o mais elevado já registrado nesse período de campanha.

Dilma
À luz do levantamento anterior, há de se pesar também dados que podem ser considerados um alívio para o governo federal.

A popularidade de Dilma Rousseff apresenta oscilações dentro da margem de erro, e as variáveis de otimismo em relação à economia melhoraram um pouco, especialmente no que diz respeito à expectativa de inflação.

Quanto a Eduardo Campos, seu desafio é converter em adesão concreta o potencial que sua candidatura carrega. A maneira como divide a cena com a ex-senadora Marina Silva, ainda citada espontaneamente pelos eleitores, parece gerar ruídos.

Em um ambiente nebuloso, onde boa parte não consegue identificar alternativas, detalhes desse tipo podem fazer a diferença.

Roberto Freire: A degradação moral de um país e o legado do PT

- Brasil Econômico

A conexão criminosa entre o Ministério da Saúde e o laborató -rio de fachada do doleiro Alberto Youssef, preso pela PF, é apenas um dos tentáculos que ligam o governo petista à complexa rede de ilegalidades que se instalou no poder. São tantas denúncias a estamparem as manchetes, e tão graves, que os brasileiros têm dificuldade em acompanhá-las sem perder o fio da meada. A banalização do ilícito e da corrupção e a sensação de que o desvio de dinheiro público é algo natural fazem parte do legado danoso que o PT deixará ao país.

Controlado por Youssef e registrado em nome de um "laranja", o labo-ratório-fantasma Labogen - que firmou parceria com o Ministério da Saúde então comandado pelo petista Alexandre Padilha - foi usado pelo doleiro para realizar fraudes a partir de importações fictícias de insumos farmacêuticos. A desconhecida empresa não importava remédios, mas caixas de vinhos, coleções de joias italianas, instrumentos musicais de origem holandesa e até rolos de seda chinesa.

Diante de um mundo de oportunidades facilitado por suas relações próximas com o poder, o doleiro diversificou as atividades e atendeu aos mais diversos interesses, atuando sempre à margem da lei. Além de providenciar um jatinho para a viagem de férias do ex-petista André Vargas, Youssef também pagou caminhões lotados de gado para outro deputado cujo nome aparece nas interceptações telefônicas feitas pela polícia.

De contratos suspeitos com empresas de fachada à mais rasteira troca de favores, a sucessão de escândalos faz o cidadão se acostumar com a ilicitude. Como escreveu Arnaldo Jabor em artigo publicado em alguns dos principais jornais do país, "o imaginário nacional está se deformando". O texto aponta que "o desgoverno, os crimes sem solução, a corrupção escancarada deixam de ser desvios da norma e vão criando uma nova cultura: a cultura da marginalidade, a normalização do crime".

Mensalões, dinheiro na cueca, roubalheira na Petrobras e dinheiro lavado no Brasil e no exterior fazem com que o malfeito seja encarado com naturalidade, quase como um dado inevitável darealidade. Torturas, assassinatos brutais, linchamentos eum perigoso sentimento de que é preciso fazer justiça com as próprias mãos diante da absoluta falência do Estado são conseqüência da degradação que começa no governo federal. Os exemplos vêm de cima e, nos últimos 12 anos, têm sido os piores possíveis.

Para agravar o quadro, a população sofre com a incompetência da presidente da República, que não foi capaz de melhorar a qualidade dos serviços públicos, fez a economia andar para trás e deixou as empresas estatais em frangalhos. Além disso, o PT incentiva o desprezo pelo trabalho em seu maior programa social, cujo resultado é um contingente de 62 milhões de brasileiros que simplesmente não procuram emprego - até porque, se encontrarem, perdem o benefício do Bolsa Família. Só entre os jovens de 15 a 29 anos, 9,6 milhões não estudam nem trabalham, segundo o IBGE.

A falta de perspectivas da nação diz muito a respeito do desastre da experiência petista. Lula e Dilma fizeram tão mal ao Brasil que há uma sensação de que o país passou a odiar a si mesmo, comaperda de princípios democráticos e o esgarçamento da solidariedade e do humanismo. Nas próximas eleições, além do comando do governo, também estará em disputa a retomada desses valores.

De contratos suspeitos com empresas de fachada à mais rasteira troca de favores, a sucessão de escândalos faz o cidadão se acostumar com a ilicitude

Roberto Freire, deputado federal por São Paulo e presidente nacional do PPS

Fernando Gabeira*: A volta do retorno

- O Estado de S. Paulo

"Cuidado com a volta do retorno."

Quem me dizia sempre isso era Marinho Celestino, um cabeleireiro capixaba que estudou cinema em Paris e morreu no Brasil. Não sei se queria expressar com isso a circularidade do tempo ou se usava a expressão apenas para advertir os perigos de uma recaída. O movimento "Volta, Lula" sempre me lembra a expressão de Marinho Celestino: a volta do retorno, uma espécie de bumerangue.

Durante um tempo, ele se comportou apenas como um ex-presidente. Achei que merecia o habeas língua que sempre conferimos àqueles que já cumpriram sua tarefa. Clarice Lispector, num belo conto chamado Feliz Aniversário, conta a história de uma festa para a mulher que fazia 89 anos e de quem todos queriam arrancar uma palavra. A velha permaneceu calada, apesar de muitas provocações, até que, no final da festa, resolveu falar só isto: "Não sou surda!".

Para mim, Lula ainda é um jovem. Desenvolvi uma tolerância a suas frases e, em certos momentos, até me diverti com elas. Era só um ex-presidente, com direito a parar de fazer sentido.

Agora, que querem lançá-lo de novo à Presidência, é preciso ter cuidado com a volta do retorno. Não me preocupa tanto que tenha dito que o julgamento do mensalão foi 80% político e 20% técnico. Lula aprendeu, ao longo destes anos, a usar os números para tornar a mentira convincente. Se o apertarmos num debate, ele vai conceder: "Está bem, então 79% político, 21% técnico". Ele sabe que números quebrados convencem ainda mais que os redondos. O que me preocupou mais nessa entrevista aos portugueses foi ele ter encarnado o espírito de salvador, um arquétipo da nossa cultura luso-brasileira, um Dom Sebastião.

Ele disse que, apesar do que noticiavam os jornais, TV e oposição, o povo sempre olharia nos seus olhos e acreditaria na sua verdade. Isso implica uma visão pobre da democracia e, sobretudo, do povo. Como se as pessoas fossem completamente blindadas diante do debate nacional, como se não fossem curiosas, não formassem opinião por meio da troca de ideias, como se não estivessem constantemente reavaliando suas crenças com novos dados.

Nessa frase de Lula, o povo só se acende com o seu olhar hipnótico e é nele que procura a verdade, não nos fatos e nas evidências que se desdobram.

Cuidado com a volta do retorno. A realidade mostra que as pessoas avançaram, que valorizam melhorias materiais, mas pedem também mais do que isso. Seria interessante para o PT e para o próprio Lula darem uma volta pelas ruas do Brasil e tentar a fórmula olho no olho. No mínimo, vão se desapontar.

Lula não conseguiu, com olhar magnético, convencer o povo brasileiro de que a Copa foi uma decisão acertada num país com tantas dificuldades. Tanto ele quanto Gilberto Carvalho ficam perplexos diante das críticas. Como é possível não celebrar a Copa no Brasil?

Neste caso, a fantasia de uma identificação mítica com o povo vai para o espaço. Como restaurá-la? Com olho no olho?

O olhar número cinco falhou. A única saída é partir para outros truques, como, por exemplo, fazer com que os copos se movam sozinhos nas mesas, como naquelas sessões espíritas no princípio do século 20.

Na entrevista em Portugal, Lula procurou explicar também por que o povo olhava no seu olho e o apoiava. Mencionou, mais uma vez, a história da mãe que o aconselhou a andar sempre de cabeça erguida. Um conselho de mãe e o olho no olho são os talismãs que o protegem de todas as acusações, que lhe dão força, inclusive, para proteger em seu governo grandes e pequenos bandidos da política nacional. Não e à toa que alguns ratos começam a abandonar o navio da candidatura Dilma. Eles anseiam também por migalhas desse poder de Lula, querem se esconder embaixo do manto protetor.

E Dilma, ou o fantasma dela, apareceu na televisão. Gostei da maquilagem, do tom da pele, embora para muitos ela estivesse um pouco pálida. Os profissionais trabalharam bem no rosto, no penteado e mesmo nas ideias do texto. Você querem mudança? Nós somos a mudança.

Está chegando um tempo em que o abuso das palavras perde sua elasticidade. Um tempo em que a onipotência de um suposto magnetismo tem de descer ao mundo dos debates, do choque de ideias, da avaliação permanente dos rumos do País. É o ocaso da magia. Da cartola, saem apenas os velhos e combalidos coelhos: aumento da cesta básica, modesta redução no Imposto de Renda.

O naufrágio se define com a perda do horizonte. Mesmo o famoso mercado parece esperar a derrota de Dilma. Quando cai nas pesquisas, a Bolsa sobe. Mas nem sempre o mercado tem razão diante da política. Senão, substituiríamos o debate parlamentar pelo grito dos corretores na Bolsa. Realizar uma política social generosa, muitas vezes, bate de frente com o mercado. Só é possível levá-la adiante, de fato, num quadro econômico de crescimento sustentável. E parece existir no mercado a compreensão de que a atual política econômica está fracassando, de que Dilma foi má administradora em campos vitais, como a energia, e incompetente para deter a degradação da Petrobrás.

Não sei como Dilma e Lula vão se apresentar na campanha. Ele vai precisar de uma lente de contatos para mudar a cor dos olhos, em caso de necessidade. Dilma não poderá repetir apenas o que escrevem os marqueteiros. Ela apenas registrou que os ratos abandonavam o barco, mas não se perguntou em nenhum momento por que o barco começa a afundar.

No debate, os dois, cada um com seu estilo, vão ter de explicar o que fizeram do Brasil, que se vê agora sugado pela corrupção, gastando fortunas com as obras de uma Copa trazida pela visão megalomaníaca de Lula. Na África do Sul, ele até convidou atletas estrangeiros para se mudarem para o Brasil porque haveria tanta competição esportiva que nossas equipes não seriam capazes de disputar todas.

Nada como esperar a campanha presidencial de 2014. Por enquanto, o discurso do governo é 80% mentira e 20% malandragem.

*Fernando Gabeira é jornalista

Rogério Furquim Werneck: Discurso fácil para eleição difícil

• Pronunciamento de 1º de maio foi marcado por populismo, mistificação e negação

- O Globo

O pronunciamento da presidente Dilma Rousseff à nação, em cadeia nacional de rádio e televisão, na véspera do 1º de maio, acabou recebendo menos atenção do que merece. Há boas razões para se crer que o que se ouviu no horário nobre do dia 30 seja a essência do discurso que a presidente pretende explorar ao longo dos próximos meses, na campanha da reeleição. E que o pronunciamento já possa ser visto como protótipo bastante avançado do melhor que o marqueteiro do Planalto conseguiu produzir, no esforço de concepção de um discurso eficaz que permita que a presidente enfrente o desafio da reeleição com razoável chance de sucesso. Se é esse o caso, é bem provável que a fragilidade do discurso tenha deixado o PT e o resto da base aliada ainda mais apreensivos com as reais possibilidades da candidatura Dilma Rousseff.

O pronunciamento combinou cenas de populismo explícito, mistificação do desempenho do governo em áreas especialmente problemáticas e negação de dificuldades óbvias que estão a exigir correções de rumo em 2015.

Logo de entrada, para não deixar dúvidas sobre suas reais intenções, a presidente permitiu-se abrir farto pacote de bondades, com anúncio de reajustes nos benefícios do Bolsa Família e na tabela de recolhimento de Imposto de Renda, seguido de reiteração do seu inarredável compromisso com a “valorização do salário mínimo”. Terminado o arroubo populista, a presidente sentiu-se à vontade para classificar seu governo como “o governo do crescimento com estabilidade, do controle rigoroso da inflação e da administração correta das contas públicas”. Uma tríplice inverdade, para dizer o mínimo.

Essa foi a única vez que a palavra crescimento apareceu no discurso. Tampouco houve qualquer nova menção à situação fiscal. Quanto à inflação, a presidente tentou vender a fantasia de que os aumentos de preços têm sido “localizados”, “temporários” e, “na maioria das vezes, motivados por fatores climáticos”. E aproveitou para protestar contra “o uso político da inflação por aqueles que defendem o quanto pior melhor”.

Com o país agora à beira do racionamento de energia, a breve menção feita à desastrosa atuação do governo no setor elétrico parecia extraída de uma antologia de discurso político desonesto.

Quem não ouviu o pronunciamento pode não acreditar, mas a historieta infantilizada da crise energética que a presidente se permitiu contar ao eleitorado, em cadeia nacional de rádio e televisão, foi a seguinte: “A tarifa de luz, por exemplo, teve a maior redução da história. A seca baixou o nível dos reservatórios e tivemos de acionar as termelétricas, o que aumentou muito as despesas. Imaginem se nós não tivéssemos baixado as tarifas em 2013.”

O pronunciamento denota aposta arriscada num discurso fadado a ser percebido pela parcela mais esclarecida do eleitorado como enganoso e pouco respeitável, na esperança de que a grande maioria dos eleitores restantes possa ser iludida. Tal aposta parece baseada numa aritmética eleitoral primitiva, que soma eleitores beneficiários do Bolsa Família, trabalhadores ativos e inativos que recebem salário mínimo e a parte do eleitorado que, supostamente, se deixaria conquistar por promessas de que “nosso governo nunca será o governo do arrocho salarial nem o da mão dura contra o trabalhador”.

No próprio PT, há grande ceticismo sobre o acerto da escolha de um discurso tão pouco respeitável e tão arriscado, para respaldar uma candidatura que já enfrenta sérias dificuldades. Não obstante o indisfarçável incômodo que vem causando ao Planalto, o movimento “Volta Lula” continua insepulto.

Há poucos dias, no 14º Encontro Nacional do PT, houve nova tentativa de enterrá-lo. Vários próceres do partido foram convocados para assegurar de público que, desta vez, a ideia estava definitivamente afastada. Mas não vai ser tão fácil. O movimento, por mais bem enterrado que seja, parece sempre pronto a saltar da cova a cada nova dificuldade enfrentada pelo projeto de reeleição.

Rogério Furquim Werneck, economista e professor da PUC-RIo

Eliane Cantanhêde: Hora da chantagem

- Folha de S. Paulo

Os governos, tanto o federal quanto os estaduais, tiveram um bom exemplo ontem do que pode ocorrer até a Copa --não necessariamente durante a própria Copa.

Os sem-teto pintaram, bordaram e acabaram recebidos por Dilma em São Paulo. Motoristas e cobradores em greve no Rio, com ataques a mais de 450 ônibus. Sem-terra e servidores municipais sacudiram Salvador. Uma manifestação por melhorias disso e daquilo parou parte de Belo Horizonte. Uma outra, por melhores moradias, tumultuou Curitiba.

Tudo isso num clima contaminado por atrasos nas obras em aeroportos e estádios e de mobilidade urbana. E com mais uma morte de operário, ontem, num acidente.

E ainda falta mais de um mês para o início da Copa do Mundo, quando milhares de turistas virão e milhões de telespectadores/ouvintes/leitores estarão atentos aos campos e ao que ocorrerá em torno deles.

Várias categorias já estão se organizando ou ameaçam se mobilizar para, digamos, dar um susto nos governantes. Já imaginaram os profissionais do setor elétrico parando durante a Copa? E os motoristas de ônibus e táxis? E aeronautas e aeroviários? E médicos e enfermeiros?

Sem falar que, assim como surpreenderam o país em junho de 2013, manifestantes de todas ou de nenhuma causa podem estar esquentando as chuteiras para gritar "fora Fifa" ou "abaixo a Copa", ou "cadê a saúde e a educação?", enquanto os craques estiverem suando nos gramados.

A presidente, porém, desfila em solenidades, jantares, reuniões e twitter com um ar confiante. Ou a disciplinada Dilma vestiu a fantasia alegre que Lula e os marqueteiros impuseram, ou ela tem informações seguras dos serviços de inteligência e de seus arapongas de que tudo não passa de ameaças. Ou ambos.

A turma estaria só usando a Copa para pedir aumentos e vantagens e, no fim, todo mundo vai curtir a festa, torcer pela seleção, ver os gols do Neymar e se orgulhar do Brasil. Será?

Dora Kramer A arte de armar

• No teatro da das eleições, governo prepara arena onde vai encenar a luta do bem contra o mal

- O Estado de S. Paulo

Com toda a deterioração das condições objetivas para que o governo dê como favas contadas a reeleição da presidente Dilma Rousseff, convém que os candidatos de oposição não se animem em excesso nem desconsiderem a hipótese de que a Presidência seja do PT mais uma vez, a partir de 2015.

O que se tem como impossibilidade é apenas a vitória no primeiro turno, coisa que o bom senso, o histórico e os dados de realidade jamais autorizaram como cenário real. Se nas últimas três semanas o quadro mudou em desfavor do governo, nos próximos quatro meses nada impede que se inverta da trajetória.

Competência e instrumentos para construir a viravolta os ocupantes do poder já demonstraram que têm. E ultimamente vêm dando sinais de que encontraram um caminho em busca da salvação.

Desde que começou a ganhar eleições, o PT faz o mesmo: escolhe uma ideia-força que seja simples de entender, soe prazerosa aos ouvidos da população e martela aquilo de modo a que represente a salvação e o adversário seja o retrato da danação.

Em 2002, "a esperança venceu o medo". Esperança de quê? "De que um mundo diferente é possível". Em 2006, a oposição venderia a preço de banana todo o patrimônio do País, Petrobrás à frente. Em 2010, "a primeira mulher a governar o Brasil" levaria o País ao prometido futuro devido aos atributos de gestora excepcional.

Vencidas as validades desses slogans, hoje se prepara um novo roteiro, já posto em execução, com base na ideia-força da luta do bem contra o mal. Não se pode desprezar a eficácia dessa dicotomia.

Por ela, a presidente Dilma seria a representação de um horizonte confortável, com a continuidade das benesses dos últimos anos, sem crises nem remédios amargos. A oposição, por sua vez, que só fala em crise, na necessidade de se tomar medidas impopulares, representaria uma ameaça ao conforto proporcionado pelos governos do PT.

Aos ouvidos de plateias que dispõem de informações sobre o que vem por aí, o discurso até soa artificial. Mas, para a maioria não é assim. Para esse eleitorado, vale mais uma doce promessa na mão que a perspectiva de amargura voando.

É nessa arena que a oposição será desafiada. E por ora não parece preparada para responder.

Sem retoque. Ao dizer em entrevista à Folha de S. Paulo que a candidatura do senador Aécio Neves "tem cheiro de derrota no segundo turno", a candidata a vice-presidente da chapa do PSB, Marina Silva, foi apenas Marina Silva cumprindo o papel que lhe cabe na parceria estabelecida em moldes muito claros em termos de personalidade política e representatividade social.

Adversária dos tucanos, com a vida pública construída no PT até a saída do governo Lula e ocupando um espaço que vai muito além do papel de mera coadjuvante, natural que Marina marque seu território junto ao eleitorado.

Foi com a ideia de agregar essas forças que em 2010 já não quiseram se aliar ao PT nem ao PSDB que o ex-governador Eduardo Campos recebeu com entusiasmo a filiação de Marina, quando a Rede de Sustentabilidade não obteve registro na Justiça Eleitoral.

No momento em que o candidato do PSDB sobe nas pesquisas, o movimento do terceiro colocado é se diferenciar para disputar. Se não o fizer, transforma-se numa sombra daquele que pode até não ser o inimigo principal (não é quem se tenta afastar do poder), mas não deixa de ser um oponente.

A reclamação tucana de que Marina está "levando água para o moinho do PT" só faz sentido pelo desejo de que os colegas de oposição participem da campanha na condição de linha auxiliar. Na disputa para valer, ao dizer que Campos é o único em condições de derrotar o governo, Marina leva água para onde deve levar: ao moinho do PSB. Para onde mais?

Cláudio Gonçalves Couto: Direita e esquerda

• Polarização entre esquerda e direita está muito viva

- Valor Econômico

Um dos mais surrados lugares comuns do debate político é o de que a distinção entre esquerda e direita já não tem mais cabimento no mundo contemporâneo. Será mesmo? Observando-se o atual cenário político brasileiro é possível aferir tal questão, vislumbrando até que ponto este lugar comum - como tantos outros - não passa de preconceito ou, quem sabe, descreva bem a realidade.

Para que tal observação seja possível e faça sentido, faz-se necessário, primeiro, fixar um critério do que se entende como direita e esquerda. Afinal, no debate de senso comum sobre a política não há um entendimento consensual sobre isto. Uma definição minimalista, mas que me parece útil para dar conta de situações muito variadas, é de que enquanto a esquerda propugna pela igualdade, a direita propugna pela desigualdade - e daí é possível extrair uma série de derivações.

Voltando às origens da distinção, na Assembleia Nacional Francesa durante o período revolucionário, os que se sentavam à direita de seu presidente eram os apoiadores do antigo regime e das desigualdades que lhe caracterizavam, alicerçadas nas distinções estamentais que conferiam privilégios aos ocupantes dos estratos sociais superiores. À sua esquerda sentavam-se os que defendiam o fim do antigo regime e, com ele, das distinções estamentais que engendravam desigualdades. Desse modo, não só foi estabelecida ali a terminologia, como também a associação entre os dois termos e as preferências em relação à dicotomia igualdade/desigualdade. A direita se compunha dos conservadores, defensores da manutenção da velha ordem; a esquerda era integrada pelos liberais, que advogavam pela mudança simbolizada pelo lema "liberdade, igualdade, fraternidade".

Com o advento da industrialização, do movimento operário e do socialismo, o espaço da esquerda passou a ser ocupado por este último, deslocando para a direita (talvez para o centro) o liberalismo. O socialismo postou-se à esquerda do liberalismo por defender mais igualdade do que ele, agregando à equivalência de honra social (possibilitada pela superação da sociedade estamental) a demanda por igualdade econômica.

Ao longo do século XX, nos países em que se estabeleceu a política competitiva inaugurada pelo liberalismo, agregando-se a ela o sufrágio universal sem distinções censitárias (primeiramente de renda e propriedade, depois de gênero), emergiram as democracias representativas. Nelas, a disputa entre esquerda e direita tornou-se o principal balizador das contendas políticas, tanto nos órgãos representativos, quanto nas eleições. E como as organizações cruciais de tais disputas eram os partidos políticos, os sistemas partidários passaram a se organizar ao longo da dimensão esquerda-direita. Tal estruturação dos sistemas partidários facilitava muito a vida dos eleitores, já que lhes fornecia atalhos cognitivos para que fizessem escolhas baseadas em suas preferências de valores com respeito à questão da maior ou menor igualdade e das políticas adequadas para lidar com ela.

Todavia, a política democrática pregou uma peça naqueles que tomavam a dimensão esquerda-direita de forma estática e simplista. A preocupação dos eleitores com soluções práticas para seus problemas cotidianos, para além de considerações abstratas em relação a valores últimos, fez com que a maioria dos cidadãos não se posicionassem de forma categórica num dos dois polos da dicotomia. Assim, embora muitos desejassem mais igualdade econômica, não entendiam que a forma de alcançá-la fosse pela socialização dos meios de produção; embora muitos se mantivessem apegados à hierarquia social estabelecida, não acreditavam que essa devesse ser completamente imutável. Noutros termos, a maior parte dos cidadãos não era puramente de direita, nem de esquerda. E como para vencer as eleições é preciso agradar ao maior número de eleitores possível, os partidos com anseios mais amplos passaram a moderar suas posições, de modo a arrebanhar um número cada vez maior de votos junto àqueles que não compartilhavam inteiramente de suas posições à esquerda ou à direita.

Tal movimento dos partidos mais dispostos a se tornarem majoritários fez com que tanto a direita como a esquerda se moderassem, assumindo mundo afora uma feição cada vez mais mediana - de centro-direita, ou centro-esquerda. O caminho rumo à moderação não implica uma abdicação completa do posicionamento à direita, ou à esquerda, mas uma relativização dele. Nos sistemas bipartidários (como os EUA, ou a Inglaterra) é a própria dinâmica eleitoral que leva os partidos a posições de maior moderação em relação àquilo que é a sua forma de polarização, de modo que o comportamento parlamentar e governativo irá apenas refletir um processo que já ganhou corpo na disputa eleitoral.

Nos sistemas multipartidários (como o nosso) a dinâmica eleitoral ainda possibilita um posicionamento ideológico mais claro, ao menos nas eleições proporcionais - como aquelas para o Legislativo. Contudo, tanto as eleições majoritárias (como as para a Presidência) quanto a formação de coalizões (de governo ou eleitorais) levam os partidos a uma moderação de suas posições originais. Afinal, é bem provável que eles tenham de se aliar a agremiações de orientação ideológica diferente da sua e a convivência será impossível se uns e outros não fizerem concessões aos parceiros - inclusive as de caráter ideológico.

No Brasil, tal dinâmica é responsável por assemelhar de maneira significativa os principais contendores partidários - principalmente no âmbito nacional. Isso não significa que não haja diferenças relevantes (de política econômica, política externa, políticas sociais etc.), mas tal relevância está longe de corresponder a uma polarização radical - razão pela qual os principais contendores habitualmente têm rotativamente os mesmos aliados em suas coalizões. No Brasil, a radicalização ideológica não está no sistema partidário, mas na opinião pública - com os blogs sujos de um lado e os liberais intolerantes do outro.

Cláudio Gonçalves Couto é cientista político, professor da FGV-SP

Claudia Safatle: Ambiguidades e a campanha eleitoral

• Dilma não colheu "benefícios" das bondades que fez

- Valor Econômico

Dilma Rousseff, pré-candidata do PT à reeleição, não pretende cometer "sincericídio" durante a campanha, mas já estaria ciente de que 2015 será um ano de ajuste. "A presidente não rasga dinheiro", argumentam colaboradores qualificados e próximos a ela. Traduzindo: ela não é de trato fácil, precisa ser exaustivamente convencida, mas quando colocada diante da dura realidade reage com a razão.

Durante a campanha, portanto, Dilma não tratará de temas espinhosos. Longe do palanque o discurso é mais pé no chão, asseguram fontes oficiais. Ela saberia, por exemplo, que a atual política de valorização do salário mínimo já cumpriu a função e sua continuidade é insustentável. A lei deve ser revista. O mesmo ocorreria com o abono salarial, o seguro desemprego, as pensões por morte e, provavelmente, com a amplitude e o custo das desonerações da folha.

A experiência de três anos de governo mostrou que quando a presidente descentraliza a gestão e deixa os profissionais das respectivas áreas trabalharem, as coisas funcionam bem melhor. Exemplo: a readequação geral que teve que ser feita nas regras das concessões para atrair o setor privado. Teria compreendido, também, que taxa de juros baixa não gera crescimento econômico, mas ainda continuaria descrente da eficácia da política monetária no combate à inflação.

É preciso, primeiro, ganhar a eleição. Só após assegurado o segundo mandato é que o governo deve começar a dizer a que veio. É com esse argumento que economistas oficiais justificam algumas das ambiguidades no discurso da presidente.

Quando anunciou reajuste de 10% no Bolsa Família e a correção de 4,5% da tabela do Imposto de Renda para 2015, em um gesto de agrado às vésperas do dia 1° de maio, Dilma estava mirando os eleitores do PT que as pesquisas indicam que ela está perdendo. Ao contrário do que pareceu, não foi um ato de desmedida generosidade eleitoral. O Bolsa Família estava sem aumento há dois anos e a tabela do IR é corrigida, desde 2007, pela meta de inflação raramente cumprida, subtraindo salário nominal dos trabalhadores.

Quando diz que não vai combater a inflação com desemprego, porém, Dilma não está cometendo um despiste eleitoral. É desejo legítimo da esquerda desde o início dos tempos encontrar uma arma de combate à inflação que não produza recessão. Mais importante do que ter resposta a essa pergunta seria substituí-la por outra, que se refira à maneira mais eficiente de se controlar a inflação com o menor custo possível para as parcelas mais vulneráveis da população, ponderou uma fonte.

Esse dilema deixou de ser tema das nações desenvolvidas desde os anos 70, quando Paul Volcker, como presidente do Fed, elevou os juros às alturas para derrubar uma inflação renitente que vinha sendo tratada à base de política de rendas. E deu início a um dos mais longos ciclos de prosperidade americana.

Quando assumiu, em janeiro de 2011, a presidente Dilma fez uma reunião ministerial onde o titular da Fazenda, Guido Mantega, apresentou os objetivos do novo governo para os quatro anos de mandato.

Nos gráficos e tabelas da apresentação, o ministro indicou que a taxa média de crescimento até 2014 seria de 5,9% ao ano, deixando para trás um crescimento médio de 2,6% da era FHC e de 4% no período Lula.

O investimento passaria de 19% do PIB em 2010 para 24% do PIB em 2014. A meta de 4,5% para a inflação em 2011 e 2012 já estava aprovada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) e, nos prognósticos do ministro, o IPCA teria variação de 5% no primeiro ano do governo Dilma e cairia para 4,5% já no ano seguinte. A esses objetivos agregava-se, ainda, a redução da taxa de juros real para a casa dos 2% ao ano que Dilma defendia.

Confrontando a realidade com aquele leque de intenções, vê-se que a execução da política econômica ficou muito distante dos objetivos traçados. É fato que uma crise pesada abalou as economias da Zona do Euro em 2011, com consequências danosas para todo o mundo.

No caso do Brasil, aos efeitos da crise mundial e aos desdobramentos da mudança da política monetária americana, com suas idas e vindas, somou-se um mal humor crescente dos investidores internacionais e domésticos, gerado por uma forte desconfiança nos rumos do governo a partir das estripulias contábeis do Tesouro Nacional, das intervenções no setor elétrico e nos preços da Petrobras, da suspeita de que o Banco Central estava proibido de elevar os juros e da impressão de que o governo queria determinar a taxa de câmbio, dentre outras.

Dilma tentou reagir à crescente desconfiança. Chamou empresários e banqueiros para conversar, compareceu perante a elite econômica mundial em Davos, comprometeu-se com a redução da expansão do crédito dos bancos públicos, se conformou com a flutuação da taxa de câmbio e com o aumento dos juros para dois dígitos (de 7,25% para 11% ao ano).

Depois de uma série de gestos de aproximação com o mercado, no entanto, a percepção que ficou para a presidente foi de que ela não colheu qualquer "benefício", nem mesmo dos empresários que tiveram montanhas de dinheiro barato do BNDES. Estão praticamente todos contra sua reeleição.

A área econômica se prepara, agora, para um cenário em que pode haver um ataque especulativo nos juros e no câmbio durante a campanha eleitoral. Não se espera, porém, um movimento parecido com 2002 quando a taxa de câmbio foi a R$ 4,00, os juros subiram para 25% e a inflação disparou. O objetivo, agora, é levar o barco de forma segura até o fim do ano, garantiu uma fonte qualificada.

Em agosto do ano passado, quando os recursos externos começaram a minguar e o câmbio se desvalorizava, o Banco Central deu início a um vigoroso programa de leilões de swaps cambiais que lhe rendeu, até ontem, um lucro de R$ 17 bilhões. Essa é a expressão do que o mercado está perdendo ao apostar contra, aponta a fonte.

Um outro grande drama se apresenta: o risco de racionamento de energia para depois das eleições. É crescente o temor de um tombo na economia em 2015 pela falta de energia.

Na visão do governo, contudo, a realidade continua sendo melhor do que a percepção que os agentes econômicos têm dela.

Brasília-DF: Denise Rothenburg

- Correio Braziliense

Vai sobrar para Dilma...
Fechou o tempo entre o presidente do Pros, Eurípedes Júnior, e o governador do Ceará, Cid Gomes. O motivo foi o Ministério da Integração Nacional, comandado por Francisco Teixeira, aliado de Cid, ainda com o título de interino. A direção do partido indicou outros nomes, e o governo quis saber se Cid concordava com a substituição. O governador disse que não, e se instalou a confusão.
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No meio da briga interna, coube ao ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, ponderar e tentar cobrar bom senso, já que faltam sete meses para terminar o ano, e trocar ministro agora seria inócuo, uma vez que, até um novo se inteirar do serviço, o ano haverá terminado. O Pros, entretanto, não quer saber. Daqui a pouco, vai procurar Dilma e dar um ultimato: ou fica com Cid/Ciro Gomes ou com o partido. Decisão nos próximos capítulos.
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Em tempo: no meio dessa briga, ainda tem o PMDB. Está chegando a hora de Dilma escolher entre Cid Gomes, o governador que deseja fazer o sucessor sozinho, ou o líder do PMDB, Eunício Oliveira, pré-candidato ao governo estadual que controla hoje a maior bancada do Senado.

Skaf leva o Pros
Eurípedes Júnior, presidente do Pros, selou ontem uma aliança com Paulo Skaf (PMDB), pré-candidato a governador de São Paulo. Isso significa mais tempo na tevê para o peemedebista.

Momento empresariado
O encontro da presidente Dilma Rousseff com líderes do comércio varejista em São Paulo está diretamente relacionado à vontade do governo em recuperar fôlego com o empresariado como um todo. Os petistas têm sentido que essa turma hoje está mais para a oposição do que para a reeleição da presidente.

Jogo de empurra
O governo agora usa o mesmo discurso da oposição em relação à CPI da Petrobras. "Eles é que querem atrasar. Se tivessem aceitado uma única CPI, com relatores diferentes para cada caso, já estaríamos com tudo funcionando", diz a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR).

CURTIDAS
Falta só jogar "bafo"/ Nas horas que passa dentro do avião, a presidente Dilma Rousseff tem aproveitado para trocar figurinhas com o brigadeiro Francisco Joseli, secretário de acompanhamento de assuntos militares. Tudo para ver se completa o álbum da Copa do neto, Gabriel, 3 anos, antes do início dos jogos. Dia desses, perguntou para o brigadeiro: "Por que o seu álbum tem capa dura e o meu não?"

Enquanto isso, em Porto Alegre.../ Dilma telefona para a filha Paula e conta a novidade: "Estou fazendo um álbum para o menino pequeno". Eis que Paula responde: "Eu também". Dilma não resiste: "Ah! Que sem graça...". Agora, o "menino pequeno" terá um álbum em Brasília e outro em Porto Alegre.

Jogo triplo/ Conforme anunciado aqui há alguns meses, o PMDB confirma a divisão em três grupos. A cúpula segue com Dilma, a Bahia está com Aécio Neves e o Rio Grande do Sul vai de Eduardo Campos, com direito a jantar na próxima quarta-feira com o pré-candidato na casa do senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE). É a maior prova de que a classe política está no escuro quanto à eleição de outubro.

Quase férias coletivas/ Mesmo depois das semanas de feriadão, os políticos não se mostram muito interessados em se agarrarem no serviço em Brasília. Ontem, no fim da tarde, o senador Paulo Paim, do PT-RS, discursava e presidia a sessão ao mesmo tempo. Sinal de que a pré-campanha está bombando nos estados.