Resultado foi registrado frente ao segundo trimestre. Frente ao mesmo trimestre de 2012, PIB cresceu 2,2%
Pela primeira vez, instituto incorporou ao cálculo a pesquisa mensal de serviços
Sérgio Vieira, Lucianne Carneiro e Clarice Spitz
RIO - A economia brasileira recuou 0,5% entre julho e setembro deste ano, frente ao segundo trimestre, informou o IBGE nesta terça-feira, para R$ 1,213 trilhão. Pela primeira vez, o instituto incorporou ao cálculo a pesquisa mensal de serviços - que começou a ser divulgada este ano - e que, por enquanto, mede apenas a receita do setor. É a primeira queda desde o primeiro trimestre de 2009, quando o resultado foi negativo em 1,6%, segundo os dados revisados.
Com a nova metodologia, o avanço do Produto Interno Bruto (PIB, soma de bens e serviços produzidos no país) foi de 2,2% frente ao terceiro trimestre do ano passado. O instituto revisou o número do acumulado do ano em 2012 de 0,9% para 1%. No acumulado dos últimos 12 meses, a alta foi de 2,3% e no acumulado deste ano, de 2,4%.
O resultado veio em linha com a previsão mais pessimista dos analistas do mercado. Segundo pesquisa da Bloomberg com 24 economistas, a média das projeções era de queda de 0,3%, e a máxima, de 0,5%. Já em relação ao terceiro trimestre de 2012, a estimativa era de alta de 2,4%.
Os investimentos, medidos pela Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), recuaram 2,2% no terceiro trimestre, frente ao segundo trimestre do ano.
Na comparação com o terceiro trimestre de 2012, o indicador avançou 7,3%, puxado pela produção de bens de capital. É a terceira alta trimestral seguida.
A taxa de investimento frente ao PIB, de 19,1%, é maior do que a do terceiro trimestre de 2012, de 18,7%.
A taxa de poupança ficou em 15% no terceiro trimestre, o pior desempenho desde o terceiro trimestre de 2000, quando havia sido de 14,4%.
Agropecuária cai, indústria sobe
Na comparação com o segundo trimestre, o setor agropecuário recuou 3,5%. Por outro lado, a indústria e os serviços registraram leve alta de 0,1%.
Dentre os subsetores que formam a indústria, o destaque foi a atividade extrativa mineral, que avançou 2,9% e eletricidade e gás, água, esgoto e limpeza urbana (alta de 0,9%). Na outra ponta, os destaques negativos ficam com a indústria de transformação (-0,4%) e na construção civil (-0,3%).
Na comparação com o mesmo período do ano passado, o setor agropecuário caiu 1%. Segundo o IBGE, a queda foi influenciada pela performance ruim das lavouras de laranja (-14,2%), mandioca (-11,3%) e café (-6,9%).
Já a indústria cresceu 1,9%, com resultados positivos em todas as atividades do setor. Entre elas, destaque para o desempenho da indústria extrativa (0,7%) e indústria de transformação (1,9%), resultado foi influenciado pelo aumento da produção de máquinas e equipamentos - máquinas e aparelhos elétricos; material eletrônico; equipamentos médico-hospitalares e indústria automotiva.
No setor de serviços, houve crescimento em transporte, armazenagem e correio (0,8%), administração, saúde e educação pública (0,8%) e serviços de informação (0,7%). O comércio (0,0%) ficou estável. As demais atividades apresentaram recuo do volume em relação ao trimestre anterior: outros serviços (-0,4%), intermediação financeira e seguros (-0,2%) e atividades imobiliárias e aluguel (-0,2%).
Revisados, os dados de 2012 mostram queda de 2,1% para o setor agropecuário - antes, o recuo era de 2,3%. O peso do setor no PIB é de 5%. Na indústria, foi mantido o dado que aponta queda de 0,8%
Segundo Rebeca de La Rocque Palis, Gerente da Coordenação de Contas Nacionais, com a inclusão do setor de serviços, houve grande influência nas atividades ligadas ao Comércio (de 1% para 0,9%), Serviços de Informação (2,9% para 4,2%) e Transporte, armazenagem e correio (de 0,5% para 1,9%).
Por sua vez, os ramos Atividades Imobiliárias e Aluguéis (de 1,3% para 2,2%) e Administração pública (de 2,8% para 2,3%) foram diretamente influenciados pela incorporação dos dados da PNAD. De acordo com Rebeca, o peso das duas atividades equivale a cerca de 45% do setor de Serviços.
Pior desempenho
Com a queda de 0,5%, o Brasil teve o pior desempenho entre os países que já apresentaram suas contas nacionais. França e Itália também apresentaram resultados negativos, com retração de 0,1%. Na outra ponta, a Coreia do Sul teve a maior alta trimestral, com avanço de 1,1%. México e Reino Unido aparecem em seguida, com altas de 0,8%. EUA tiveram avanço de 0,7% e Japão, de 0,5%.
Entre os Brics, o país aparece em terceiro, quando se leva em conta o PIB em comparação ao mesmo trimestre do ano passado. A China encabeça a lista, com alta de 7,8%. Índia teve alta de 4,8%.
A desaceleração da economia brasileira é esperada desde outubro, quando o PIB no segundo trimestre surpreendeu, com alta de 1,5%.
Fonte: O Globo