terça-feira, 3 de dezembro de 2013

OPINIÃO DO DIA – Aécio Neves: sem adjetivos

É uma manifestação pessoal que nós respeitamos, mas nós temos recebido muitas manifestações de diretórios estaduais do PPS favoráveis ao PSDB. Essas questões não podem ser apressadas e nem impostas. Nós vamos respeitar a decisão do PPS qualquer que seja ela. O positivo é que estará no campo da oposição. Se tiver conosco, acho que o discurso fica mais fácil, porque nós seremos uma oposição sem adjetivos.

Aécio Neves, “PSDB será ‘oposição sem adjetivos’, diz Aécio”, O Globo, 3 de dezembro de 2013.

Mensalão - Procurador quer Genoino em casa por ao menos 90 dias

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, defendeu a manutenção, por ao menos mais 90 dias, da prisão domiciliar do ex-presidente do PT José Genoino. Na Câmara, os colegas do político tentam “congelar” hoje um possível processo de cassação pelo tempo que durar sua licença médica. O presidente do STF, Joaquim Barbosa, rejeitou os recursos do ex-deputado Pedro Correa e decretou fim do processo no mensalão. Janot havia opinado pela prisão de Correa e do ex-vice-presidente do Banco Rural Vinicius Samarane

Procurador-geral quer Genoino em casa por 90 dias; PT tenta ‘congelar’ cassação

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, defendeu ontem a manutenção, por pelo menos mais 90 dias, da prisão domiciliar do ex-presidente do PT e deputado licenciado José Genoino. Depois desse prazo, nova avaliação do quadro de saúde deve ser feita. Na Câmara, os colegas do político tentam "congelar" hoje um possível processo de cassação pelo tempo que durar sua licença médica.

Em parecer encaminhado ao Supremo Tribunal Federal, Janot afirmou que Genoino corre risco de morrer se continuar preso, pois o presídio da Papuda, em Brasília, onde cumpre pena desde o dia 16 de novembro, não disporia das condições necessárias para garantir seu tratamento de saúde. A decisão cabe ao presidente do STF, Joaquim Barbosa.

Na semana passada, laudo feito por cinco médicos concluiu não ser imprescindível manter Genoino em prisão domiciliar ou no hospital para tratamento.

Os médicos afirmaram no documento que Genoino não sofria "cardiopatia grave" - em julho ele passou por uma cirurgia no coração. O laudo ressalta que Genoino precisa tomar remédios de forma controlada e fazer uma dieta específica.

Janot citou o laudo médico, mas concluiu que o presídio não dispõe das condições necessárias para o tratamento. "No presente caso, restou demonstrado que o condenado, devido a seu histórico, idade e diagnóstico atual, precisa de atendimento médico e monitoramento específicos, com o uso rigoroso de medicação e dieta hipossódica e hipograxa", afirmou. O procurador-geral disse que, quando estava no presídio, Genoino teve pressão alta, alteração na coagulação e outros sintomas que o levaram à internação hospitalar. Depois disso, Barbosa autorizou a permanência do petista na casa da filha, em Brasília.

Genoino foi condenado a 6 anos e 11 meses de prisão por corrupção e formação de quadrilha. Com direito a recurso, ele pode se livrar da condenação por formação de quadrilha.

A fim de evitar a cassação de Genoino, o PT quer enfrentar o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) para evitar qualquer decisão do Parlamento enquanto o petista estiver de licença. O vice-presidente da Casa, André Vargas (PT-PR), vai tentar emplacar na reunião da Mesa hoje a proposta. O partido espera apoio dos deputados Simão Sessim (PP-RJ) e Maurício Quintella Lessa (PR-AL), que são correligionários dos também condenados do mensalão Pedro Henry (PP-MT) e Valdemar Costa Neto (PR-SP).

"Eu defendo esta posição aqui à luz do dia. É uma questão de humanidade, direitos humanos e direito de defesa", afirmou ontem Vargas na tribuna.

Genoino pediu aposentadoria por invalidez, mas a junta médica da Casa, utilizando exames realizados a pedido do Supremo, entendeu que ele não sofre de cardiopatia grave e somente prorrogou sua licença médica até o dia 25 de fevereiro.

O presidente da Câmara chegou a anunciar há duas semanas a abertura imediata do processo de cassação, mas um pedido de vista de Vargas adiou a decisão. Alves tem dito que não pode fazer a "luta política do PT" e que a prorrogação causaria desgaste à imagem da Casa. Se a Câmara optar por abrir o processo de cassação de Genoino, o caso só irá a plenário no ano que vem.

Fonte: O Estado de S. Paulo

Mensalão - Governistas manobram para livrar Genoino

Manobra para livrar Genoino

Governistas farão de tudo para que o processo de cassação não seja votado antes de o deputado petista passar por uma nova avaliação dos médicos da Câmara, daqui a 90 dias

Adriana Caitano, Diego Abreu

A Mesa Diretora da Câmara se reúne hoje para decidir se abre processo de cassação do mandato de José Genoino (PT-SP), menos de 24 horas depois de o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, recomendar que o deputado licenciado continue em prisão domiciliar. O comentário de Janot contraria o laudo da junta médica da Universidade de Brasília (UnB), emitido na semana passada indicando que o petista não precisa ficar em casa para se tratar de doença cardíaca. Com a posição favorável do Ministério Público, o PT já adiantou a manobra que utilizará para tentar impedir que o parlamentar seja cassado: adiar a decisão até que médicos da Casa definam se aposentam Genoino por invalidez, sob o argumento de que até lá ele não tem saúde para se defender. Outra arma utilizada pelos petistas é a ameaça. “Aqui se faz, aqui se paga”, disse o líder do partido e irmão do deputado, José Guimarães (CE).

Ontem, o vice-presidente da Câmara, André Vargas (PT-PR), subiu na tribuna para adiantar a tática de adiar mais um pouco a decisão sobre o processo contra Genoino. Há duas semanas, ele pediu vistas do assunto antes mesmo de ser votado, na tentativa de deixar a análise para depois do laudo sobre a aposentadoria. Como os médicos da Câmara não declararam Genoino inválido permanentemente, Vargas lançou mão de outro argumento. “Nós não deveríamos instaurar esse procedimento enquanto ele estiver licenciado, porque está na Constituição o direito à ampla defesa e ele não tem condições físicas de vir se defender, não pode ser submetido a uma situação de estresse, como o próprio laudo diz”, afirmou.

O vice-presidente da Casa diz já ter conversado pessoalmente sobre o assunto com todos os demais integrantes da Mesa — apenas um dos sete é da oposição — e afirma ter “apelado para suas consciências e o senso de humanidade”. Vargas garantiu que “não se trata de manobra” nem de uma posição partidária. Mas, segundos depois, José Guimarães, que evitava falar sobre o assunto, deu declarações à imprensa em tom de ameaça, sem especificar o alvo nem o que pretendia fazer. “Se aparecer algum carrasco querendo cassá-lo de maneira precipitada, a gente responderá à altura”, disparou.

Dieta balanceada
Mesmo depois de dois laudos médicos apontarem que Genoino não é portador de cardiopatia grave, Rodrigo Janot manifestou-se contrário à volta do petista para a cadeia. Em parecer encaminhado ontem ao presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, o procurador recomendou a prisão domiciliar do petista por um período de 90 dias para que então o estado de saúde dele seja reavaliado. Barbosa decidirá nos próximos dias o pedido apresentado pela defesa de Genoino, que quer cumprir pena em casa.

Rodrigo Janot justificou que, devido a seu histórico e sua idade, Genoino, de 67 anos, precisa de atendimento médico e monitoramento específicos, com o uso rigoroso de medicação e dieta balanceada. “Diante das provas contidas nos autos, conclui-se que o requerente apresenta graves problemas (delicada condição) de saúde e que corre risco se continuar a cumprir a pena no presídio, onde as condições para atendimento de problemas cardiológicos são extremamente limitadas ou até inexistentes, no caso de ocorrências em período noturno ou nos fins de semana”, frisou o procurador-geral.

O laudo da perícia realizada por uma junta médica de cardiologistas indicados pela UnB atestou que o deputado é “portador de uma cardiopatia que não se caracteriza como grave” e concluiu que a permanência domiciliar não é imprescindível para a saúde de Genoino. Na última quarta, a junta designada pela Câmara anunciou que não há elementos suficientes para que ele seja aposentado por invalidez, como havia pedido em setembro. Os médicos recomendaram a prorrogação da licença do petista por mais 90 dias, quando ele será reavaliado.

Fim do processo de mais três réus
O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, decretou o trânsito em julgado da Ação Penal 470 em relação aos ex-deputados Pedro Corrêa (PP-PE) e Bispo Rodrigues (PL-RJ), e ao ex-dirigente do Banco Rural Vinícius Samarane. Isso significa o fim do processo para esses réus. O próximo passo será a expedição dos mandados de prisão, o que provavelmente acontecerá ao longo do dia de hoje. Pedro Corrêa está em Brasília, na casa da deputada federal Aline Corrêa (PP-SP), filha dele. No fim da semana passada, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, recomendou a prisão imediata de Corrêa e de Samarane, que reside em Minas Gerais. Ontem, Janot se manifestou também pela prisão de Rodrigues. Também nesta segunda-feira, o deputado João Paulo Cunha (PT-SP) recorreu novamente contra sua condenação a 9 anos e 4 meses de cadeia.

Fonte: Correio Braziliense

Mensalão - Jefferson será submetido a perícia médica amanhã

Ex-deputado deve comparecer a unidade do Inca pela manhã; Barbosa quer avaliação para decidir sobre prisão

BRASÍLIA- O ex-deputado e delator do esquema do mensalão Roberto Jefferson (PTB) será submetido à perícia médica amanhã, numa unidade do Instituto Nacional de Câncer (Inca) do Rio de Janeiro. Segundo a carta de intimação, o ex-deputado deve comparecer ao hospital às 8h30m e levar os exames realizados antes e depois da cirurgia de retirada de um tumor no pâncreas.

O presidente do Supremo, Joaquim Barbosa, determinou que uma perícia médica avalie o estado de saúde do ex-deputado, condenado a sete anos e 14 dias de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, antes de decidir se ele cumprirá a pena na cadeia ou em casa. A junta médica será composta por três médicos oncologistas, a serem indicados pelo diretor do Inca.

CIRURGIA E QUIMIOTERAPIA
Os advogados apresentaram um relatório médico indicando que o réu era portador de diabetes, dislipidemia, hipertensão arterial sistêmica, histórico de obesidade mórbida, deficiência nutricional crônica e anemia. No ano passado, foi detectada neoplasia maligna da cabeça do pâncreas, motivo que levou o paciente à mesa de cirurgia. Depois, Jefferson foi submetido à quimioterapia e ainda estava sob supervisão médica. Por isso, a defesa pediu que ele cumpra a pena em prisão domiciliar.

Na decisão divulgada na sexta-feira, Barbosa afirmou que o pedido de prisão domiciliar foi feito antes da conclusão do processo, em um período no qual não era adequada a análise das circunstâncias. Segundo o ministro, o momento de fazer essa avaliação é agora, com o trânsito em julgado — ou seja, na impossibilidade de os condenados entrarem com outros recursos contra as sentenças do STF.

Na semana passada, O GLOBO noticiou que Barbosa já pediu ao juiz da Vara de Execuções Penais do Rio para achar uma vaga em regime semiaberto para Jefferson no estado. Se a junta médica concluir que Jefferson não precisa ficar em casa, é em uma das unidades de regime semiaberto do Rio que o STF deverá determinar que o delator do mensalão cumpra sua pena.

Além de Jefferson, outros seis réus aguardam a expedição das ordens de prisão: os deputados Valdemar Costa Neto (PR-SP) e Pedro Henry (PP-MT); os ex-deputados Pedro Corrêa (PP-PE) e Bispo Rodrigues (PL-RJ); o ex-dirigente do Banco Rural Vinícius Samarane; e o advogado Rogério Tolentino. Com exceção de Samarane, que irá para o regime fechado, todos devem cumprir pena inicialmente no semiaberto.

Fonte: O Globo

PSDB será ‘oposição sem adjetivos’, diz Aécio

No momento em que disputa com o PSB o apoio do PPS, o tucano avalia que será mais fácil para o PPS adotar um discurso contra o governo federal em uma aliança com o PSDB

Gustavo Uribe

SÃO PAULO — No momento em que disputa com o PSB o apoio do PPS na disputa eleitoral do ano que vem, o pré-candidato tucano ao Palácio do Palácio, Aécio Neves, considerou nesta segunda-feira que ficará mais fácil para o PPS adotar um discurso contra o governo federal em uma aliança com o PSDB, uma vez a sigla será "uma oposição sem adjetivos".

O tucano minimizou o fato do presidente nacional do PPS, Roberto Freire, ter declarado na semana passada preferência pelo PSB e lembrou que diretórios estaduais do partido, como o do Rio de Janeiro e o de Minas Gerais, defendem um apoio ao PSDB. Segundo ele, cabe ao PSDB mostrar que pode ser "a mudança com segurança no Brasil".

— É uma manifestação pessoal que nós respeitamos, mas nós temos recebido muitas manifestações de diretórios estaduais do PPS favoráveis ao PSDB. Essas questões não podem ser apressadas e nem impostas. Nós vamos respeitar a decisão do PPS qualquer que seja ela. O positivo é que estará no campo da oposição. Se tiver conosco, acho que o discurso fica mais fácil, porque nós seremos uma oposição sem adjetivos — afirmou.

O tucano participou nesta segunda-feira do Prêmio "Brasileiros do Ano", promovido pela revista Istoé. Segundo ele, a última edição da pesquisa Datafolha, divulgada neste fim de semana, deve "preocupar muito" o governo federal, já que mostra um percentual alto de eleitores que defendem mudanças no país. Ele lembrou que, em 2009, às vésperas das eleições presidenciais, a presidente Dilma Rousseff tinha 17% ou 18% quando os levantamentos mostravam preferência pela continuidade.

— A pesquisa deve preocupar muito o governo, porque 66% da população querem mudanças profundas. Esse é o dado consistente neste momento da campanha eleitoral. Eu faço uma analogia com que aconteceu há quatro anos. No final de 2009, o sentimento era de continuidade. E, naquele momento, a atual presidente tinha em torno de 17% ou 18% das intenções de voto. Ela só começou a vestir o figurino da continuidade no momento em que ela teve visibilidade e pôde falar para as pessoas. E é o que não ocorreu ainda - disse o tucano, que completou: — O sentimento é de mudança e cabe a nós, do PSDB, mostrarmos que podemos ser a mudança com segurança no Brasil — afirmou.

Nas últimas semanas, o presidente nacional do PSB, Eduardo Campos, deu início a uma ofensiva aos diretórios estaduais do PPS para garantir aliança com a legenda para a disputa eleitoral do ano que vem. O partido de oposição ao governo federal está divido atualmente entre o apoio às pré-candidaturas do PSB e PSDB. A intenção do PSB é arrancar um compromisso de aliança com a legenda até o próximo final de semana quando será promovido o Congresso Nacional do PPS.

Fonte: O Globo

Ministra de Dilma ouve críticas em evento na terra de Eduardo Campos

Reynaldo Turollo Jr.

GRAVATÁ (PE) - Enviada pelo governo federal para um encontro nesta segunda-feira (2) com prefeitos em Pernambuco, terra do governador e presidenciável Eduardo Campos (PSB), a ministra Ideli Salvatti (Relações Institucionais) teve que ouvir uma série de críticas dos gestores municipais.

Os prefeitos reclamavam sobretudo da queda nos repasses federais do FPM (Fundo de Participação dos Municípios), verba mensal usada no custeio das administrações.

Correligionário de Campos, o presidente da Amupe (Associação Municipalista de Pernambuco), José Patriota (PSB), afirmou que 73% das prefeituras pernambucanas não podem firmar convênios com o Planalto porque estão endividadas. Disse que há "caos" nas administrações e atribuiu o problema à queda no FPM.

"A desoneração fiscal [do governo federal] bateu de frente na gente. Os municípios de Pernambuco perderam mais de R$ 500 milhões nos últimos três anos", afirmou, sob fortes aplausos da plateia, composta em sua maioria por prefeitos da base do governador.

Segundo a Confederação Nacional dos Municípios, o repasse do FPM em 2013 ficará 11% abaixo do previsto em razão da queda da atividade econômica no país e das desonerações tributárias feitas pelo Planalto para estimular a economia --o FPM é composto por 23,5% da receita do IPI e do Imposto de Renda.

A redução nos repasses já havia levado, em outubro, prefeituras de Pernambuco e de Minas Gerais a ameaçar fechar as portas.

No evento em Gravatá (PE), organizado pela pasta de Ideli para estreitar as relações do governo federal com os prefeitos, a Amupe também distribuiu panfletos criticando, pelo ônus às prefeituras, a instituição do piso nacional do magistério, já vigente, e o dos agentes comunitários de saúde, em tramitação no Congresso.

"Nós somos contra instituir um piso sem dizer de onde tirar o dinheiro", disse Patriota, prefeito de Afogados da Ingazeira (a 376 km de Recife).

Ideli, que já realizou eventos semelhantes com prefeitos de todos os demais Estados brasileiros --Pernambuco foi o último a ter o encontro--, defendeu a política de desonerações da presidente Dilma Rousseff como a "melhor solução" encontrada pelo governo para enfrentar a crise financeira internacional.

"As desonerações reduziram a arrecadação não só de municípios, mas da União também. Mas mantiveram os empregos, evitando problemas sociais com desempregados", rebateu Ideli, que foi aplaudida por um número menor de prefeitos.

A ministra ainda citou os programas federais Mais Médicos e a entrega de máquinas pesadas aos municípios como "ajuda" dada pelo governo Dilma aos prefeitos.

"A gente não vai ao Estado de cada um unicamente para receber aplausos, mas para ver como está, aprimorar as relações", disse a ministra.

Em seguida, enumerou obras no Estado que têm participação do governo federal, como o complexo petroquímico de Suape, o estaleiro Atlântico Sul e obras de mobilidade.

"Não tem um único município em Pernambuco que não tenha obra, investimento ou ação do governo federal", afirmou.

Coube ao deputado federal Pedro Eugênio (PT) e ao senador Armando Monteiro Neto (PTB), pré-candidato ao governo de Pernambuco, fazerem a defesa política da presidente Dilma durante o evento. Na mesma linha adotada por Ideli, Monteiro Neto enumerou obras que "levam a marca" do governo federal em Pernambuco.

Ausência
Eduardo Campos não foi ao evento --designou o secretário da Casa Civil, Tadeu Alencar, para representá-lo.

O governador teve agenda administrativa no Recife no mesmo horário do encontro e participou da inauguração de uma obra.

Alencar, apontado como um dos possíveis candidatos do PSB ao governo do Estado, fez discurso afinado com os prefeitos. Criticou o "federalismo de pires na mão" que, segundo ele, concentra a maior parte da arrecadação na União, e disse que é justamente esse modelo que faz com que haja recursos federais nas obras do governo pernambucano.

Fonte: Folha de S. Paulo

Campos diz que 'há forte desejo de mudança'

Angela Lacerda

O governador de Pernambuco e presidente nacional do PSB, Eduardo Campos, minimizou nesta segunda-feira, 2, o resultado da última pesquisa do Instituto Datafolha, em que caiu na preferência do eleitorado e passou a contar com 11% das intenções de voto. De acordo com Campos, "as pesquisas continuam a dizer exatamente a mesma coisa, que há um forte desejo de mudança nunca visto a um ano da eleição, com 66% da população desejando mudança".

Ele observou que com, os levantamentos simulados com nomes desconhecidos nacionalmente - com taxas que variam de 25% a 50% para quem tem conhecimento -, a leitura mais correta das pesquisas neste momento, a um ano da eleição, é a "dos ventos". "É o sentido da eleição", afirmou, na reinauguração de uma maternidade-escola, no Recife.

"Na última eleição, em 2010, a esta altura, 75% da população queria continuidade, agora se inverteu o sentido da seta, do vento." Campos afirmou ainda que, se forem observadas as outras eleições, quem estava na frente a um ano do pleito não ganhou. Exemplificou com o ex-governador de São Paulo José Serra (PSDB) que tinha 40% da preferência e um ano depois, em 2010, perdeu.

O governador de Pernambuco e presidente nacional do PSB reforçou que o partido e a Rede Sustentabilidade estão ocupados na construção programática de uma proposta de governo. "Não é o tempo da construção eleitoral", observou. "É o tempo de discutir os problemas brasileiros, de ver o caminho das soluções, como o Brasil retomar o desenvolvimento, como preservar as conquistas que começam, efetivamente, a ser perdidas, como o ciclo de desconcentração de renda." Campos afirmou que o índice de Gini (medida de distribuição de renda) já aponta para uma reconcentração de renda no Nordeste. "Este é que é o nosso desafio."

Fonte: O Estado de S. Paulo

Governador de PE homenageia Marcelo Déda no Recife

Angela Lacerda

O governador de Pernambuco e presidente nacional do PSB, Eduardo Campos, fez uma homenagem nesta segunda-feira, 2, ao governador de Sergipe, Marcelo Déda (PT), ao pedir à plateia presente à reinauguração de uma maternidade-escola, no Recife, que ficasse de pé e fizesse um minuto de silêncio, seguido de palmas.

"Marcelo Déda foi um grande nordestino que governou até esta madrugada o Estado de Sergipe, um companheiro da minha geração que dignificou a vida pública", disse, antes de discursar. Em nota divulgada pela assessoria, Campos destacou que "Déda fazia política com P maiúsculo, pelas ideias" e "foi o maior nome" da geração dele. "Acompanhei sua luta contra a doença, e tive a oportunidade de presenciar um exemplo de grandeza, de força e de coragem como poucas vezes se viu."

Ao considerar a morte - por causa de um câncer de estômago - uma perda para a política do Brasil, o governador de Pernambuco e presidente nacional do PSB lamentou a partida de Déda "não apenas como o cidadão e homem público exemplar que foi, mas também, e em grande medida, como um dos grandes amigos" que fez na vida. "Em meu nome, de minha família e do Estado de Pernambuco, manifesto o pesar e a solidariedade a todos os familiares e amigos de Marcelo Déda e ao povo do Sergipe."

Fonte: O Estado de S. Paulo

Campos: pesquisas indicam que população quer mudanças

Pré-candidato à Presidência da República pelo PSB, governador de Pernambuco minimiza queda em levantamento do Datafolha

Letícia Lins

RECIFE — Em desvantagem nas pesquisas de intenção de voto e com quatro pontos perdidos em um mês - em outubro marcava 15 % contra 11 % em novembro, segundo o Datafolha -, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), afirmou que a população deseja mudanças. E este fato não seria favorável à reeleição da presidente Dilma Rousseff, sua adversária em 2014. Nesta segunda-feira, Campos disse que a análise de pesquisas neste momento é uma "leitura dos ventos".

- As pesquisas continuam a dizer exatamente a mesma coisa: que há um forte desejo de mudança. Nunca foi visto, a um ano da eleição, 66% da população desejando mudança.

O governador fez os comentários após inaugurar o Centro Integrado de Saúde Amaury de Medeiros (Cisam), no bairro da Encruzilhada, Zona Norte de Recife. Campos minimizou sua oscilação de quatro pontos para baixo:

- Como você simula nomes, e nomes desconhecidos nacionalmente, com taxas que variam de 25% a 50% da população que conhece, naturalmente a leitura mais correta das pesquisas, a essa altura, é uma leitura dos ventos. Em 2010, a essa altura, 75% da população queria continuidade. Agora, o sentido da seta foi invertido.

Campos afirmou não ter preocupação com a velocidade da formação de alianças do PSB.

- A gente está numa construção programática, que é o tempo dela. Não é o tempo da construção eleitoral. É o tempo de discutir os problemas brasileiros, de ver o caminho das soluções.

Fonte: O Globo

Oposição aposta em desejo de mudança

Natuza Nery, Márcio Falcão

BRASÍLIA - Os dois principais presidenciáveis da oposição apostam no desejo de mudança do eleitor em relação às ações do futuro presidente, indicado na pesquisa Datafolha, para decolarem na corrida presidencial de 2014.

O senador Aécio Neves (PSDB-MG) e o governador Eduardo Campos (PSB-PE) minimizaram o aumento da vantagem da presidente Dilma Rousseff e mostraram sintonia em suas avaliações feitas à Folha sobre o futuro do quadro sucessório --que, na visão deles, traz preocupação ao PT.

"O mais relevante é que dois terços da população querem mudança. Somente no momento em que os intérpretes da mudança [oposição] puderem oficialmente falar para o conjunto da sociedade é que esse sentimento se transformará em intenção de voto", disse Aécio.

Campos reforçou a análise: "O jogo ainda não começou, porque a maioria da população ainda está distante do debate sucessório. Agora, quando é chamada a pensar sobre a sucessão, mostra que já tomou a decisão de mudar".

Segundo o Datafolha, 66% dos entrevistados querem que o próximo presidente adote ações na maior parte diferentes das de Dilma. Só 28% querem ações iguais.

Mas em todas as simulações, o cenário que parece mais provável é também aquele em que Dilma se sai melhor. Ela tem 47% das intenções de voto contra 19% de Aécio e 11% de Campos. Em outubro, Dilma tinha 42%, o tucano, 21%, e o socialista, 15%.

Os dois apostam que crescerão quando a campanha começar de fato.

Para Campos, o "sentimento de mudança nessa proporção e com essa antecedência não se via nos pleitos anteriores. Nesta hora, o que se vê é o desconhecimento de candidatos que nunca participaram de uma eleição majoritária nacional".

Campos e Aécio nunca disputaram eleições nacionais.

"Em 2009, Dilma vinha atrás nas pesquisas, mas o sentimento de continuidade era forte, e ela foi eleita em 2010. Agora, é mudança", disse o senador mineiro.

Em conversas com peemedebistas anteontem, o ex-presidente Lula disse que o cenário seguirá favorável a Dilma e que Campos tem um complicador pela frente: a ex-senadora Marina Silva, tida por ele como difícil e sectária.

No encontro, Lula afirmou que Marina puxará Campos para baixo na eleição. Segundo o Datafolha, Dilma só não venceria a eleição no primeiro turno nos cenários em que a ex-senadora é candidata.

Colaborou Marina Dias

Fonte: Folha de S. Paulo

Impopular, Cabral deixa governo do Rio em março

Cabral vai deixar cargo para disputar o Senado

Marcelo Gomes

RIO - O governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), anunciou ontem que pretende deixar o cargo em 31 de março do ano que vem para concorrer ao Senado. "Os companheiros têm me estimulado muito para o Senado Federal", disse Cabral durante solenidade de inauguração de uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) na zona norte da capital fluminense.

O governador afirmou que considera o dia 31 de março também como data ideal para o PT entregar os cargos em seu governo. O senador petista Lindbergh Farias, que pretende disputar a sucessão de Cabral, defende o rompimento imediato.

"Estivemos (PMDB e PT) juntos esse tempo inteiro. A população não vai compreender uma saída repentina do PT depois de sete anos de governo. Essa é minha opinião. Mas respeito profundamente o PT local, o senador Lindbergh, respeito sua ambição de desejar disputar o governo do Estado. Só acho que isso tem que ser discutido com tranquilidade, serenidade, no momento apropriado", disse Cabral.

O PT havia estipulado o dia 30 de novembro, no sábado passado, como data oficial para a entrega dos cargos no governo do Rio. Mas o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva interveio e o diretório petista adiou novamente o desembarque.

Ao se desincompatibilizar em março, Cabral abre espaço para que o atual vice, Luiz Fernando Pezão (PMDB), dispute sua sucessão no cargo de governador.

O peemedebista está em seu segundo mandato consecutivo como chefe do Executivo estadual e, portanto, não pode se candidatar ao governo novamente.

Pesquisa. Sobre o resultado da pesquisa Datafolha divulgada ontem, que registrou seu recorde de impopularidade desde que assumiu o governo em 2007, Cabral disse que a oscilação negativa faz parte do processo democrático. Apenas 20% dos entrevistados consideram seu governo ótimo ou bom, enquanto 39% acham regular e 38%, ruim ou péssimo. "Temos que respeitar a pesquisa e continuar trabalhando."

O governador minimizou o resultado do levantamento de intenção de voto para sua sucessão., que mostra Pezão em quinto lugar, com 5%. Cabral lembrou que o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB), e o ex-deputado federal Fernando Gabeira (PV) também tinham menos de 10% de intenção devotos a poucos meses da eleição municipal de 2008 e mesmo assim, os dois foram para o segundo turno. "Está muito longe das eleições. Quem quer trazer o assunto eleitoral para essa época é quem não está no governo. Nós temos que governar", disse.

Cabral afirmou ainda não ter dúvidas de que Pezão vai subir nas pesquisas. Pezão foi na mesma linha. "Sou o menos conhecido de todos os candidatos. Acredito que ainda vou crescer muito", disse o vice-governador, que descartou qualquer possibilidade de dar palanque ao senador Aécio Neves (PSDB-MG), caso o PT fluminense rompa mesmo a aliança com o PMDB.

Fonte: O Estado de S. Paulo

Cabral e a elite - Bernardo Mello Franco

Em time que está ganhando, não se mexe. O chavão foi repetido no domingo pelo governador do Rio, Sérgio Cabral. Ele elogiava a própria gestão ao inaugurar uma maternidade na Baixada Fluminense, região pobre do Estado. A plateia, recrutada por um prefeito amigo, manteve silêncio respeitoso. Ontem o Datafolha mostrou que o peemedebista bateu novo recorde de impopularidade. De cada cinco eleitores, só um aprova seu governo. É o pior índice desde que ele chegou ao poder, há sete anos.

Cabral conseguiu um feito inédito: é mais reprovado hoje do que em junho, quando manifestantes cercavam sua casa, no Leblon, para pedir que ele renunciasse. A rejeição é ainda maior na elite carioca. A cada dois eleitores com ensino superior, um considera o governo ruim ou péssimo. Um desempenho surpreendente para quem se vangloriava, até outro dia, de ser aplaudido em restaurantes caros da zona sul.

Acuado, o governador agora tenta reciclar uma receita do padrinho Lula para sair do buraco. No palanque da Baixada, apresentou-se como um defensor do povo que atua contra supostos interesses da elite. Às vésperas de deixar o poder, prometeu asfalto, hospital e trem com ar-condicionado --foi em seu governo, há quatro anos, que passageiros apanharam de chicote numa estação do subúrbio. Também disse ter peitado moradores de Ipanema para ampliar o metrô, permitindo que os pobres chegassem à praia.

Acostumado a comprar sapatos na Louis Vuitton da 5ª Avenida, em Nova York, Cabral precisará de mais empenho para convencer no novo figurino. Lula sempre poderá dizer que andou em pau de arara e trabalhou em fábrica. No Rio, alguém poderá lembrar que o governador não usa metrô, mas recorre ao helicóptero oficial para passar os fins de semana em sua casa de veraneio, em Mangaratiba.

Fonte: Folha de S. Paulo

Economia brasileira recuou 0,5% no terceiro trimestre, diz IBGE

Resultado foi registrado frente ao segundo trimestre. Frente ao mesmo trimestre de 2012, PIB cresceu 2,2%

Pela primeira vez, instituto incorporou ao cálculo a pesquisa mensal de serviços

Sérgio Vieira, Lucianne Carneiro e Clarice Spitz



RIO - A economia brasileira recuou 0,5% entre julho e setembro deste ano, frente ao segundo trimestre, informou o IBGE nesta terça-feira, para R$ 1,213 trilhão. Pela primeira vez, o instituto incorporou ao cálculo a pesquisa mensal de serviços - que começou a ser divulgada este ano - e que, por enquanto, mede apenas a receita do setor. É a primeira queda desde o primeiro trimestre de 2009, quando o resultado foi negativo em 1,6%, segundo os dados revisados.

Com a nova metodologia, o avanço do Produto Interno Bruto (PIB, soma de bens e serviços produzidos no país) foi de 2,2% frente ao terceiro trimestre do ano passado. O instituto revisou o número do acumulado do ano em 2012 de 0,9% para 1%. No acumulado dos últimos 12 meses, a alta foi de 2,3% e no acumulado deste ano, de 2,4%.

O resultado veio em linha com a previsão mais pessimista dos analistas do mercado. Segundo pesquisa da Bloomberg com 24 economistas, a média das projeções era de queda de 0,3%, e a máxima, de 0,5%. Já em relação ao terceiro trimestre de 2012, a estimativa era de alta de 2,4%.

Os investimentos, medidos pela Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), recuaram 2,2% no terceiro trimestre, frente ao segundo trimestre do ano.

Na comparação com o terceiro trimestre de 2012, o indicador avançou 7,3%, puxado pela produção de bens de capital. É a terceira alta trimestral seguida.

A taxa de investimento frente ao PIB, de 19,1%, é maior do que a do terceiro trimestre de 2012, de 18,7%.

A taxa de poupança ficou em 15% no terceiro trimestre, o pior desempenho desde o terceiro trimestre de 2000, quando havia sido de 14,4%.

Agropecuária cai, indústria sobe
Na comparação com o segundo trimestre, o setor agropecuário recuou 3,5%. Por outro lado, a indústria e os serviços registraram leve alta de 0,1%.

Dentre os subsetores que formam a indústria, o destaque foi a atividade extrativa mineral, que avançou 2,9% e eletricidade e gás, água, esgoto e limpeza urbana (alta de 0,9%). Na outra ponta, os destaques negativos ficam com a indústria de transformação (-0,4%) e na construção civil (-0,3%).

Na comparação com o mesmo período do ano passado, o setor agropecuário caiu 1%. Segundo o IBGE, a queda foi influenciada pela performance ruim das lavouras de laranja (-14,2%), mandioca (-11,3%) e café (-6,9%).

Já a indústria cresceu 1,9%, com resultados positivos em todas as atividades do setor. Entre elas, destaque para o desempenho da indústria extrativa (0,7%) e indústria de transformação (1,9%), resultado foi influenciado pelo aumento da produção de máquinas e equipamentos - máquinas e aparelhos elétricos; material eletrônico; equipamentos médico-hospitalares e indústria automotiva.

No setor de serviços, houve crescimento em transporte, armazenagem e correio (0,8%), administração, saúde e educação pública (0,8%) e serviços de informação (0,7%). O comércio (0,0%) ficou estável. As demais atividades apresentaram recuo do volume em relação ao trimestre anterior: outros serviços (-0,4%), intermediação financeira e seguros (-0,2%) e atividades imobiliárias e aluguel (-0,2%).

Revisados, os dados de 2012 mostram queda de 2,1% para o setor agropecuário - antes, o recuo era de 2,3%. O peso do setor no PIB é de 5%. Na indústria, foi mantido o dado que aponta queda de 0,8%

Segundo Rebeca de La Rocque Palis, Gerente da Coordenação de Contas Nacionais, com a inclusão do setor de serviços, houve grande influência nas atividades ligadas ao Comércio (de 1% para 0,9%), Serviços de Informação (2,9% para 4,2%) e Transporte, armazenagem e correio (de 0,5% para 1,9%).

Por sua vez, os ramos Atividades Imobiliárias e Aluguéis (de 1,3% para 2,2%) e Administração pública (de 2,8% para 2,3%) foram diretamente influenciados pela incorporação dos dados da PNAD. De acordo com Rebeca, o peso das duas atividades equivale a cerca de 45% do setor de Serviços.

Pior desempenho
Com a queda de 0,5%, o Brasil teve o pior desempenho entre os países que já apresentaram suas contas nacionais. França e Itália também apresentaram resultados negativos, com retração de 0,1%. Na outra ponta, a Coreia do Sul teve a maior alta trimestral, com avanço de 1,1%. México e Reino Unido aparecem em seguida, com altas de 0,8%. EUA tiveram avanço de 0,7% e Japão, de 0,5%.

Entre os Brics, o país aparece em terceiro, quando se leva em conta o PIB em comparação ao mesmo trimestre do ano passado. A China encabeça a lista, com alta de 7,8%. Índia teve alta de 4,8%.

A desaceleração da economia brasileira é esperada desde outubro, quando o PIB no segundo trimestre surpreendeu, com alta de 1,5%.

Fonte: O Globo

Caixa será usada em nova manobra fiscal

Em nova manobra, governo usará Caixa para garantir superávit fiscal

Banco colocará recursos na conta usada para subsidiar desoneração da tarifa de luz

Martha Beck e Danilo Fariello

A equipe econômica prepara mais uma manobra para melhorar o desempenho das contas públicas. Dessa vez, o alvo é a Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), que subsidia a desoneração das contas de luz e o uso de energia térmica no país. Para reduzir os repasses do Tesouro à CDE, que têm impacto sobre o superávit primário (economia para o pagamento de juros da dívida pública), o governo vai usar a Caixa Econômica Federal.

Segundo técnicos, o banco deve comprar os créditos que a Reserva Global de Reversão (RGR) — fundo do setor elétrico que põe recursos na CDE — tem com as distribuidoras de energia. A RGR receberá recursos da Caixa para ter mais fôlego para colocar dinheiro na CDE e, assim, reduzir a necessidade de aportes do Tesouro nesta conta. Os técnicos dizem que o impacto da operação é nulo para as distribuidoras.

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse que uma das dificuldades para o fechamento das contas de 2013 vem dos gastos atípicos que a União teve com a CDE. O custo para está estimado em R$ 10 bilhões para este ano e em R$ 9 bilhões para 2014. Essa conta fica mais pesada uma vez que o governo já admite que o superávit primário ficará abaixo do compromisso que havia sido assumido pela equipe econômica, de 2,3% do Produto Interno Bruto (PIB). Em 12 meses até outubro, o esforço fiscal está em 1,44% do PIB.

Alerta sobre risco de piora no Rating
Segundo o Ministério da Fazenda, a operação entre Caixa e RGR só será feita no ano que vem e não tem conexão com a área fiscal. Mas os técnicos admitem que a demanda da CDE por mais recursos é elevada e difícil de calcular. Ela depende, por exemplo, da necessidade de uso das usinas térmicas. Por isso, a entrada da Caixa no cenário pode ajudar o resultado primário em 2014.

Desde o Início do ano, quando houve a desoneração das contas de luz no país, o governo enfrenta problemas com as despesas da CDE. Para bancar esse incentivo, a primeira alternativa foi vender recebíveis da usina de Itaipu que seriam pagos ao Tesouro. Mas o mercado apontou a medida como mais uma manobra fiscal. Ao vender os recebíveis de Itaipu, o Tesouro estaria vendendo uma receita futura para conseguir fechar as contas de 2013, o que poderia gerar um passivo perigoso. Por isso, em maio, o governo anunciou que não venderia mais os recebíveis de Itaipu.

Uma possível redução do rating do Brasil pela agência de risco Standard & Poor"s (S&P) teria um custo elevado, sobretudo num momento em que o país precisa investir em infraestrutura, alertou ontem o diretor executivo do grupo AGN, Roger Agnelli, que é ex-presidente da Vale:

— Quando há a possibilidade, mesmo remota, de rebaixamento da nota de crédito no Brasil, é preciso acender o sinal amarelo, roxo, vermelho, preto. Vamos agir antecipadamente para que não se tome realidade — disse Agnelli, ao participar do seminário "Reavaliação do Risco Brasil"," na sede da Firjan.

Colaboraram Bruno Villas Bôas e Lucianne Carneiro

Fonte: O Globo

No mesmo tom dos prefeitos

Tucanos e aliados pré-candidatos ao governo de Minas reúnem mais de 100 chefes de Executivo em Montes Claros para cobrar do Palácio do Planalto melhor distribuição de recursos públicos

Luiz Ribeiro

Falar a mesma a língua dos prefeitos, que estão em pé de guerra com a União por causa das quedas do Fundo de Participação dos Municípios (FPM). Esse foi o esforço feito pelos pré-candidatos a governador tucanos e da base aliada durante encontro com os gestores municipais do Norte de Minas e dos vales do Jequitinhonha e Mucuri ontem, em Montes Claros. O evento fez parte da estratégia para impulsionar a pré-candidatura do senador Aécio Neves (PSDB) a presidente da República. Mesmo ausente – ele não pôde comparecer por motivos particulares –, o nome do senador esteve em destaque, sendo exibido em um telão e citado pelos oradores.

Participaram do encontro o governador Antonio Anastasia e o vice-governador Alberto Pinto Coelho (PP), com o presidente da Assembleia Legislativa, deputado Dinis Pinheiro (PP); o presidente estadual do PSDB, deputado federal Marcus Pestana; e o ex-ministro Pimenta da Veiga (PSDB), que estava na cidade desde domingo, quando participou de reunião com lideranças e manteve contatos com eleitores. De acordo com os organizadores, o evento, realizado no Automóvel Clube de Montes Claros, reuniu mais de 100 prefeitos.

Entre os oradores, a crítica mais contundente ao governo federal pela forma como vem tratando as prefeituras municipais veio do deputado Dinis Pinheiro. "Lamentavelmente, os prefeitos estão sendo tratados pela União como se fossem escravos", disparou. Ele afirmou ainda que o governo federal "está impondo uma situação de agiotagem aos estados, que, juntos, pagam cerca de R$ 6 bilhões de juros de dívidas por ano". Dinis defendeu o nome de Aécio como aquele que está preparado para "fazer do Brasil um país mais decente e mais ético".

A fala do presidente da Assembleia foi precedida pelas do prefeito de Rubelita, Inael Murta (PSDB), e de Angelo Roncalli (PSDB), ex-prefeito de São Gonçalo do Pará e ex-presidente da Associação Mineira de Municípios (AMM). Alem de reclamar da queda de receitas, Murta cobrou mais atenção do Planalto para a convivência com a seca e para duplicação da perigosa BR-251, onde um acidente com um micro-ônibus de sua cidade, que transportava pacientes em busca de atendimento médico, resultou em 14 mortes, no último dia 25. Já Roncalli convocou os prefeitos para o movimento Dia do Basta, marcado para 13 de dezembro, quando pretendem realizar um grande protesto contra a redução dos recursos das prefeituras.

Versos O ex-ministro Pimenta da Veiga também direcionou as críticas para a União. "O governo federal fica com 70% das verbas públicas em Brasília e está deixando os municípios à míngua". Defendendo mudanças no pacto federativo, ele disse também que o governo da presidente Dilma Rousseff (PT) "está transformando o Brasil em um canteiro de obras inacabadas". O presidente estadual do PSDB, Marcus Pestana, falou da importância da união das lideranças mineiras em torno da candidatura de Aécio à Presidência da Republica. "Temos que nos unir para levar o sentimento de Minas e o nome de Aécio para o coração do Brasil", disse. O vice-governador Alberto Pinto Coelho recorreu aos versos de Luís de Camões para iniciar o seu discurso. "Cessa tudo que a antiga musa canta /Que outro valor mais alto se alevanta", citou o vice-governador para, em seguida, destacar importância da união do grupo suprapartidário em torno do nome de Aécio para presidente da República.

O governador Antonio Anastasia defendeu mudanças no pacto federativo para contemplar os municípios e falou da importância do protesto dos prefeitos marcado para 13 de dezembro. "A AMM lança o Dia do Basta para falarmos ao Brasil o que é a federação na prática. Temos que dizer às pessoas que lá, nas menores cidades – não só do grande Norte (de Minas), não só de Minas, mas em todo Brasil –, se faltam recursos para melhorar a educação, o transporte e a saúde, é porque mais de 70% de tudo que se arrecada vai para a esfera federal. E não há descentralização. Nós temos que fazer a descentralização", afirmou Anastasia.

Fonte: Estado de Minas

Moacir Longo: 'Nunca procurei bancar a vítima de nada'

Moacir Longo, 83, vereador cassado

Único vereador cassado logo após o golpe de 1964 presidirá sessão de homenagem a parlamentares que perderam mandato

Elvis Pereira

"Franzino, baixinho e com cara de moleque", o comunista Moacir Longo, então com 33 anos, fugiu da Câmara Municipal, que ficava na rua Líbero Badaró, num Chevrolet antigo. Era 2 de abril de 1964. Seu mandato de vereador foi cassado pela ditadura. Preso em 1972, perdeu os direitos políticos.

Seu processo "passou pelo crivo de um tal de Comando da Revolução". O relatório dele, que era do Partido Comunista Brasileiro, tinha 66 páginas.

Passados 49 anos, Moacir volta ao Legislativo. No dia 9, presidirá a sessão que restituirá simbolicamente o mandato de quem o perdeu, assim como ele, ou foi impedido de assumi-lo entre 1937 e 1969.

Ao todo, são 42 vereadores, procurados pela equipe dos vereadores Gilberto Natalini (PV) e Orlando Silva (PC do B). Dois estão vivos: Longo e Armando Pastrelli. Localizaram-se parentes de outros 28. Não há notícias do paradeiro dos demais.

Quando foi pela última vez à Câmara?

Na noite [de 30/3/1964], um colega meu, vereador da UDN, braço político dos golpistas, me chamou de lado: começou o negócio. Decidimos fazer vigília na Câmara. No dia 1º, assistimos da sacada do Palacete Prates [sede da Casa até 1969], que dava para o vale do Anhangabaú, tanques, caminhões com tropas. No dia 2, saí de lá. A Câmara tinha só dois carros. O presidente e o secretário articularam uma série de viagens. O carro saía lotado e voltava.

O que dizia o relatório contra você?

Que fiz curso na União Soviética...

E fez mesmo?

[Risos] Realmente, fui [de 1955 a 1957]. Não tinha nada dessas bobagens de KGB. Estudava filosofia, economia, história do movimento operário. O Marighella foi quem me convocou para ir lá.

E depois de fugir?

Fiquei dois dias com um médico no Sumaré, e depois com uma irmã, no Caxingui. Mas não era seguro. A minha casa foi invadida. Levaram documentos, meu pai e um irmão [acabaram liberados]. Decidimos [ele e três estudantes] ir para o Campo Belo. E eu militando na capital e no interior para reorganizar o PCB.

O senhor foi preso em 1972 e ficou 44 dias no DOI-Codi.

O negócio foi bravo. Muito. Tive de ficar lá até sarar a minha costela, quebrada. Moíam os presos. Lá era um terror.

Como a cassação afetou sua vida?

Não fiquei traumatizado. Nunca mais procurei a Câmara. Nunca procurei bancar a vítima de nada, tirar proveito disso.

O que achou da homenagem?

Fiquei tenso. Tem um significado de denúncia das arbitrariedades do regime.

Fonte: Folha de S. Paulo

Contra o tempo - Merval Pereira

A queda de mais de 10% nas ações ordinárias da Petrobras reflete não apenas as dificuldades de gestão por que passam a estatal, mas, sobretudo, o descrédito da política econômica do governo. Os investidores estrangeiros foram os maiores vendedores dos papéis brasileiros, um recado direto sobre a maneira com que o governo vem lidando com o controle da inflação, a principal razão para que os reajustes dos preços de gasolina e diesel não tenham o aumento compatível com o mercado internacional.

O reajuste anunciado na última sexta-feira foi abaixo do que o mercado esperava, e, sobretudo, não houve uma explicação convincente sobre os critérios adotados pelo Conselho de Administração da empresa. O Ministério da Fazenda agiu corretamente quando vetou a fórmula do gatilho para os reajustes, pois esse mecanismo de indexação só faria alimentar a inflação e poderia contaminar outros preços, mesmo que o sistema fosse adotado informalmente.

Mas segurar o preço dos combustíveis para controlar a inflação é uma manobra que revela a mediocridade da política econômica do governo, além de trazer insegurança aos investidores. A reação do mercado serve para o conjunto da obra de um governo intervencionista e explica o seu distanciamento do setor privado, que só consegue ter regras razoáveis para seus investimentos quando o governo constata a inviabilidade de seus vetos e de suas idiossincrasias.

Como em quase tudo nesse governo, a falta de transparência nas decisões gera uma insegurança que limita os investimentos, como é o caso da Petrobras. Sem regras claras para os reajustes, que deveriam corresponder ao mercado internacional mesmo que não houvessem gatilhos a serem acionados, os investidores temem que a estatal brasileira continuará sendo controlada ao sabor da inflação, sem que suas necessidades de investimento sejam levadas em consideração.

Isso em um govemo que obrigou a Petrobras a ter no mínimo 30% dos campos de petróleo do pré-sal. Como se fosse possível sem investimentos altíssimos, que a estatal hoje não possui capacidade para fazer. A diferença entre preços livres e os administrados nunca foi tão grande quanto agora, e a prova disso é que a infla -ção só não está acima do teto da meta devido aos preços administrados, que tiveram altas pouco acima de 1% nos últimos 12 meses, contra os preços de mercado que foram reajustados em 7,3% no mesmo período.

Em qualquer conta que se faça, a inflação real é maior que a oficial, e essa diferença acobertada pela manipulação dos preços oficiais se reflete na economia. A crise de gestão da Petrobras repercute no preço de mercado das ações e na falta de capacidade para tocar o projeto de pré-sal, pois tem que bancar o subsídio da gasolina e do diesel. O déficit da conta-petróleo foi de US$ 12,7 bilhões até outubro, o maior já registrado.

O governo tem que dar subsídios para o setor elétrico para que o uso das termelétricas não pese nos preços, o que aumenta o endividamento. Esses fatos indicam uma inflação represada que gera outras distorções na economia, que em algum momento vai estourar. O governo se esforça para levar a situação até a reeleição da presidente Dilma, mas a tendência é que o próximo ano seja mais difícil no campo internacional, o que colocará mais obstáculos à frente.

Há comparações a se fazer com duas eleições recentes, as de 1998 e a de 2002. Na reeleição de Fernando Henrique, os sinais de que a economia estava se depauperando eram a cada dia mais evidentes e o PSDB jogou tudo para ganhar no 1º turno, pois temia a disputa no 2e turno em situação econômica caótica.


Deu certo do ponto de vista político, mas logo no início de 1999 o governo teve que desvalorizar o Real, o que teve repercussão negativa junto ao eleitorado. Já em 2002, o mesmo sentimento de mudança que existia, viabilizando a vitória de Lula, fazia com que o mercado financeiro reagisse negativamente a perspectiva.

Há um sentimento de mudança no ar, mas até agora o continuísmo prevalece como favorito nas pesquisas. Pode acontecer o inverso de 2002, isto é, o mercado reagir negativamente à possibilidade de continuidade do modelo, que pode ser aprofundado num 2º mandato.

O raciocínio dos dois lados é o mesmo, por isso a luta do governo para que a eleição seja resolvida no 1º turno. E os dois principais candidatos

Fonte: O Globo

Um pé atrás - Dora Kramer

Para o seu molde, o PT tem reagido discretamente às pesquisas de opinião que vêm confirmando a dianteira da presidente Dilma Rousseff nas intenções de votos e mostrando a estagnação - quando não queda - dos pretensos adversários.

O partido é estridente, na alegria e na tristeza. Seria de se esperar que a recuperação da presidente em relação às perdas do primeiro semestre fosse motivo de foguetório.

Não tem sido assim e por um motivo: avaliações internas não consideram que a situação seja tão confortável como podem fazer crer interpretações numéricas que falam em vitória no primeiro turno "se a eleição fosse hoje".

Em primeiro lugar, se as eleições fossem "hoje", as circunstâncias seriam outras, a começar pelo grau de exposição dos outros candidatos. A presidente reina praticamente só na cena, enquanto os oponentes não lançaram suas candidaturas e o eleitorado não está mobilizado para o tema.

Aécio Neves ainda tem um alto grau de desconhecimento País afora e Eduardo Campos nem se fala; para o grande público no momento é o famoso "quem". Na penúltima pesquisa Da-tafolha 45% disseram que nunca ouviram falar nele e apenas 8% afirmavam conhecê-lo bem.

Quando a campanha realmente começar é evidente que vão reduzir a desvantagem. Podem até nem chegar perto de Dilma e o resultado em 2d4pode ser mesmo a reeleição da presidente. Mas parados não vão ficar.

De onde o patamar de 37% a47% (dependendo do cenário) mostrado pela última consulta do Datafolha inspira cuidado. Dilma é a favorita, mas a eleição não está ganha nem será fácil, segundo atestam petistas que levam em conta outro dado: o movimento ascendente de dois candidatos,mais a definição dos que hoje integram o grupo dos votos nulos e em branco, tira pontos de quem tem mais.

Junto a isso, será uma disputa com dois profissionais experientes, boa estampa e malemolência política. Nas palavras de um correligionário de Dilma: "Malandros o suficiente para infernizar a vida dela durante a campanha".

O Planalto trabalha para encurtar o espaço dos dois, seja no noticiário, produzindo atos de governo de cobertura jornalística obrigatória, seja no horário eleitoral, atraindo o máximo de partidos para integrar a coalizão do PT e assegurar para Dilma o maior e deixar para eles o menor tempo possível no rádio e na televisão.

Será o perfil da reforma ministerial. À imagem e semelhança da aliança eleitoral.

No limite. O senador Lindbergh Farias foi ontem à reunião com Lula em São Paulo para discutir a situação da eleição no Rio de Janeiro disposto a convencê-lo da importância de o PT deixar o governo estadual antes do fim do ano.

Mas foi também preparado para ouvir mais um apelo do ex-presidente em prol do adiamento do desembarque, afim de não abalar a aliança nacional com o PMDB.

Lindbergh não teria como negar o pedido, mas quer uma contrapartida: que o PMDB pare de condicionar o apoio a Dilma à retirada do nome dele da disputa e reconheça o direito do PT de ter candidato.

Em retirada. Com a avaliação de governo ancorada na baixa, Sérgio Cabral Filho deixou de ser um ativo para o PMDB.

O partido passa a apostar na figura do vice, Luiz Fernando Pezão, que assume o governo em abril e terá seis meses de alta exposição para tentar recuperar o prejuízo em ênfase no perfil de "pé de boi".

Como poucos. Lucidez, caráter irrepreensível e espírito de conciliação são alguns dos atributos que fizeram de Marcelo Déda um político muito acima da média. Em seu partido, o PT, e fora dele. Bom foi ter tido a oportunidade de lhe dizer isso em vida.

Fonte: O Estado de S. Paulo

Déda, humanismo e política - Tereza Cruvinel

Mais adiante, o Brasil terá que enfrentar o debate sobre a revisão da Lei da Anistia

Logo que ele chegou à Câmara, em 1995, destacou-se pelo sorriso franco e a leveza na atuação. Na aguerrida bancada do PT de então, aparecia alguém que praticava o ensinamento de Che, ser duro na luta política sem perder a ternura no trato pessoal. A política ainda não estava tão envenenada nem tão polarizada pelos blocos hoje liderados por PT e PSDB, mas o estreante deputado Marcelo Déda antevia a necessidade de preservar pontos e de dialogar com todas as correntes políticas, mesmo quando isso lhe custava embates com os grupos mais radicais de seu partido. Esse trânsito rendeu-lhe amizades e respeito entre adversários, muitos dos quais ontem lamentaram sua morte tão precoce. Como o ex-senador Albano Franco, tucano de Sergipe, adversário histórico, que era ontem um dos mais sentidos.

A passagem de Déda pelo Congresso coincide com os primeiros tempos da radicalização que ainda está em curso. Fernando Henrique começava seu governo de oito anos, em que as privatizações e as políticas econômicas neoliberais acirraram as contradições entre o PT e o PSDB, que se acentuariam ainda mais a partir da eleição de Lula. Quando ele se torna líder, com seu perfil conciliador, evitou o isolamento do PT, negociando o que era possível na pauta do governo, o que custava embates com os setores mais radicais. Foi contra os grupos minoritários que pregaram o “Fora, FHC”, mas nunca transigiu no que era programático para o partido.

Logo que ele chegou, destacou-se também pela solidez intelectual, pelo pensamento claro e pelas declarações elegantes e precisas, o que logo faria dele um dos petistas mais procurados e citados pelos jornalistas. Advogado, conhecia profundamente a história brasileira e os pensadores sociais. E não apenas os marxistas, que pesaram em sua formação. Gostava de música, de poesia (que praticava) e de literatura. Só presenteava amigos e colegas com livros, escolhidos com esmero e quase sempre acompanhados de uma dedicatória. A cultura transbordava em seus discursos, com citações de pensadores relacionados ao tema. Mas ele o fazia sem pedantismo intelectual, apenas para fortalecer seus argumentos.

Déda era uma grande vocação parlamentar, todos diziam, mas o partido precisou dele em 2000 para disputar a prefeitura de Aracaju. Foi reeleito em 2004 e se elegeria governador em 2006, conquistando o segundo mandato, que deixa inconcluso, em 2010. Seu deslocamento para o Poder Executivo custou caro ao PT. Quando veio o governo Lula, com todas as crises que o marcaram, a bancada não contava com um de seus melhores e mais respeitados quadros. Como governador, Déda se orgulhava das mudanças positivas nos indicadores sociais e dos investimentos que se ampliaram durante seu governo. Em Sergipe, ele era rei, andava pelas ruas de Aracaju sem qualquer aparato, parando para falar com todo mundo que o abordava. Numa dessas, em 2009, eu e outros jornalistas fazíamos com ele um pequeno trajeto a pé. Levamos um tempo enorme, por conta das “paradinhas” que ele fazia. E numa delas, na porta do mercado municipal, ele ainda aceitou o desafio de uns repentistas para uma cantoria que levou mais meia hora. Ganhou deles um chapéu de cangaceiro, colocou-o na cabeça e nos fomos. Assim era Déda, um humanista na política, um político republicanamente superior, espécie que anda muito em falta.

Ditadura: dois pontos
Ontem, o Tribunal Regional Federal da primeira região suspendeu ação movida por procuradores contra o ex-deputado e ex-major Sebastião Curió, por crimes cometidos no combate à Guerrilha do Araguaia. O massacre dos guerrilheiros do PCdoB, quase todos executados depois se entregarem, já está bastante documentado, mas os relatos do repórter e escritor Leonêncio Nossa no livro Mata são de tirar o sono e o apetite. Uma luz forte jorra do livro sobre o papel de Curió. O TRF, como outros tribunais, invocou a Lei da Anistia, com seu perdão recíproco para os crimes cometidos durante a ditadura.

Também ontem, a alta comissária da ONU para Direitos Humanos, Navi Pillay, defendeu um maior apoio do governo brasileiro à Comissão Nacional da Verdade, cujo trabalho elogiou. A comissão, entretanto, pode apenas apurar. Os delitos, disse ela, “devem ser vistos pelo sistema de justiça penal” do Brasil. Mas, para isso, a Lei da Anistia teria que ser revista, e o STF já se negou a fazer isso uma vez, embora ainda tenha que examinar um recurso da OAB. Como diz o atual coordenador da comissão, Pedro Dallari, o Brasil terá que enfrentar esse debate quando o relatório final da comissão for apresentado. Pois que sentido teria a revelação dos responsáveis por torturas, mortes e desaparecimentos se, pelo menos os que ainda vivem, não puderem pagar pelo que fizeram?

Vaga preenchida
Com a decisão do PSol de lançar a candidatura presidencial do senador Randolfe Rodrigues, fica preenchido um lugar que ainda estava vago e que nunca faltou nas disputas presidenciais pós-redemocratização: a candidatura de ultraesquerda. Ainda que o PSTU lance José Maria pela quarta vez, e o PCO relance Rui Costa, o PSol é o maior partido nesse espectro, o único que tem representação no Congresso. Com Heloísa Helena, em 2006, recebeu mais de 6,5 milhões de votos. Com Plínio de Arruda Sampaio, em 2010, menos de 900 mil votos. Do potencial de Randolfe, falarão ainda as próximas pesquisas, mas é certo que ele ajudará os candidatos da oposição a somarem votos para forçar um segundo turno contra a presidente Dilma.

Continua faltando, no quadro, um candidato de direita, que seja ideológico, e não apenas um conservador nos costumes, como Pastor Everaldo, que concorrerá pelo PSC. É para esse papel que alguns sonham com a candidatura do ministro Joaquim Barbosa.

Fonte: Correio Braziliense

A volta do PIB-piada - Gustavo Patu

Dilma Rousseff pôs em risco a credibilidade do IBGE ao anunciar, em entrevista, que "resolveram" recalcular o crescimento da economia no ano passado, de um miserável 0,9% para um pobre 1,5%. A declaração, ao jornal espanhol "El País", é de uma semana atrás. Se a informação estava correta ou não, só se saberá hoje pela manhã.

O instituto brasileiro de estatística, instalado no Rio, preserva a reputação de órgão de Estado, a salvo da partidarização que contamina diferentes setores da administração pública. No ano passado, seus dados decepcionantes sobre a expansão do PIB foram questionados pelo ministro Guido Mantega, da Fazenda.

Revisar dados é normal e rotineiro; o poder político saber de uma revisão desejada com sete dias de antecedência, não. A assessoria do Planalto explicou que o "resolveram" se referia a "estudos preliminares" da Fazenda. A presidente, nesse caso, se expressou mal --com precisão de uma casa depois da vírgula.

Mas não é preciso recorrer à imaginação conspiratória para perceber o que o episódio revela com mais clareza: a taxa que a desenvolvimentista Dilma comemora com tanta avidez --a ponto de se antecipar aos números oficiais-- é a mesma que, quando foi projetada em junho de 2012 pelo banco Credit Suisse, foi classificada de "piada" por Mantega.

Na melhor das hipóteses, a cifra revisada, qualquer que seja, vai ajudar a evitar que o atual mandato presidencial termine com crescimento anual médio inferior ao dos execrados anos FHC. Não parece o bastante para reivindicar um novo julgamento dos resultados das políticas de estímulo ao consumo e à produção.

O surto de prosperidade nacional aproveitado por Lula rendeu ao PT a oportunidade de afirmar que o país finalmente enriquecia e, ao mesmo tempo, distribuía renda. O PIB está empacado há três anos; a queda da desigualdade social foi interrompida em 2012, informou o IBGE.

Fonte: Folha de S. Paulo

PMDB mostra suas cartas - Raymundo Costa

Partido teme que PT se torne hegemônico nas eleições de 2014

A aliança com a presidente Dilma Rousseff tem maioria na convenção do PMDB, mas não é folgada como gostariam os dirigentes do partido. Em resumo, essa foi a conversa "pragmática" que o vice-presidente Michel Temer teve no sábado com Dilma, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o presidente do PT, Rui Falcão e o ministro Aloizio Mercadante (Educação). Enquanto o PT tem um projeto nacional, o PMDB é um partido essencialmente regional, poder que se assenta nas eleições estaduais. É a raiz dos desentendimentos.

Para o PMDB o PT precisa dizer o que quer, qual é a sua prioridade. Se é reeleger a presidente da República, deve então fazer concessões ao maior partido da aliança nas eleições para os governos estaduais. Os pemedebistas já estão desconfiados do projeto petista de fazer maioria no Senado. Como é provável que o PT eleja a maior bancada da Câmara, o partido poderia reivindicar o controle das duas Casas do Congresso, tornando-se hegemônico no Executivo e no Legislativo.

Não é à toa que os pemedebistas pensaram em fazer uma pré-convenção em março de 2014, para "sentir o pulso dos delegados". Nos 10 Estados com maior número de delegados à convenção há problemas no Rio de Janeiro, Minas Gerais, Ceará, Paraná e Bahia, Rio Grande do Sul e Pará. Mato Grosso do Sul não dispõe de muitos votos na convenção, mas o governador André Puccinelli tem peso na cúpula partidária. O candidato ao governo estadual do PT, Delcídio Amaral, negocia uma aliança com o PSDB. Qual será o palanque de Dilma?

O PT, aliás, tem uma resolução que proíbe coligações com o PSDB e DEM. Se depender de Rui Falcão, que ontem discutiu tática e política de alianças com os dirigentes regionais petistas, a norma será mantida. Delcídio defende que o partido seja flexível com as peculiaridades locais. O PMDB também exige que seu parceiro não intervenha em suas parcerias. No Rio Grande do Norte está em curso uma negociação com o PSB, partido do governador de Pernambuco e pré-candidato à Presidência, Eduardo Campos.

O argumento do PMDB é que o PT não se importa com o aliado, quando precisa vencer eleição. Lembra-se que para eleger Fernando Haddad prefeito de São Paulo, Lula não só aceitou o apoio como foi à casa de Paulo Maluf, político que já foi considerado uma espécie de antítese do PT. "Se para ganhar a eleição no Rio Grande do Norte eu precisar fazer aliança com a Wilma [de Faria, do PSB], eu vou fazer aliança com a Wilma", disse o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves, em uma reunião. "Feio é perder a eleição. Dentro dos critérios éticos básicos, devemos fazer tudo para ganhar."

A cúpula do PMDB considera a situação do Rio de Janeiro como a mais grave na relação com o PT, mas já aceita a realidade de duas, três ou até quatro candidaturas aliadas no Estado. O governador Sérgio Cabral ameaça romper e se mostra acessível ao assédio de Eduardo Campos e Aécio Neves (PSDB). Diz que não aceita o PT lançar o senador Lindbergh Farias contra seu candidato, o vice-governador Luiz Pezão. Um terceiro candidato da base aliada deve reivindicar o apoio de Dilma: Marcelo Crivella, (PRB).

Cabral está sendo "amaciado" por Temer e Lula. Ele queria sair em dezembro. Lula o aconselhou a "mergulhar", dar um tempo, ficar no cargo o máximo que puder e sair em março ou no início de abril, o fim do prazo legal para quem pretende disputar a eleição de outubro. Cabral é candidato ao Senado.
Atualmente, o índice de aprovação do governador é de apenas 20%, segundo pesquisa Datafolha divulgada no fim de semana. O PMDB nacional avalia que Pezão, quando assumir o governo, tem condições de deixar a rabeira da lista de candidatos graças à maquina estadual "poderosa" e o apoio do prefeito do Rio, Eduardo Paes, que também entrou numa fase de recuperação de prestígio. O argumento que a cúpula pemedebista usa com o governador é que ele se elegeu e reelegeu governador, elegeu e reelegeu Paes prefeito praticamente por W.O. Chega a hora em que a disputa é inevitável.

O Rio de Janeiro é o Estado com o maior número de delegados à convenção. O Ceará não está muito atrás, mas o problema não é o PT, que concorda apoiar o senador Eunício Oliveira, líder pemedebista no Senado, mas os irmãos Ferreira Gomes. Mais Ciro, atual secretário estadual de Saúde, que Cid, o governador do Estado. Os dois querem lançar um candidato do grupo político que lideram no Estado. Uma situação radicalizada, como a da Bahia, onde não há chance de acordo entre Geddel Vieira Lima e o governador Jaques Wagner. O esforço da cúpula pemedebista é no sentido de Geddel pelo menos liberar seus delegados à convenção para apoiar Dilma.

No Paraná, cuja delegação de convencionais é uma das cinco maiores do PMDB, abaixo apenas do Rio de Janeiro e Minas Gerais, o problema é inverso e requer cuidados urgentes de Michel Temer, segundo integrantes da cúpula. São 13 os deputados estaduais do PMDB, a maior bancada da Assembleia Legislativa. Todos defendem a aliança com o governador tucano Beto Richa. A bancada federal está dividida. A ministra Gleisi Hoffmann (Casa Civil), que será a candidata do PT, quer o PMDB e ofereceu ao partido o lugar de vice na chapa. O senador Roberto Requião fala em se lançar candidato, mas já não dispõe de força no diretório para tanto.

Pernambuco é considerado caso perdido; o Rio Grande do Sul está dividido. Em Goiás o veterano Iris Rezende quer ser novamente candidato. Iris ainda tem força no partido, mas a vontade dos pemedebistas goianos - e de Lula - é disputar com o empresário José Batista Júnior, o Júnior da Friboi, "porque aí a campanha está resolvida", diz um dirigente. De qualquer forma, Goiás é um problema interno e não deve afetar o apoio a Dilma na convenção nacional. Em Minas o ministro Antonio Andrade (Agricultura) pode ser o vice na chapa do ministro Fernando Pimentel (Indústria e Comércio), mas o senador Clésio Andrade reivindica a candidatura ao governo.

Hoje não há risco para Dilma, mas o PMDB quer definir tudo até março, "porque se chegar em junho e a coisa degringolar [manifestações] não dá mais".

Fonte: Valor Econômico

Política – Claudio Humberto

• Presidiário Genoino tem tratamento privilegiado
Fingindo o pé na cova, o mensaleiro José Genoino fez até o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ignorar dois laudos médicos para “atestar” que o meliante tem “graves problemas”, mas outro presidiário da Papuda, Roseri Gonçalves Pereira, paraplégico, não teve a mesma sorte. Nem o mesmo tratamento. Doente, ele usa cateter na uretra e sonda na bexiga, e aguarda há 2 meses exame para se habilitar à prisão domiciliar.

• Mise-en-scène
Indignado “como qualquer cidadão com senso de Justiça”, o advogado de Roseri destaca o mise-en-scène de Genoino para obter prisão domiciliar.

• Falta isonomia
Para o advogado Brunno Misael, o tratamento dispensado a Genoino “fere de morte o princípio constitucional da isonomia”.

• Dr. Janot
Rodrigo Janot, deve ser expert em cardiopatias, vendo em Genoino o que duas juntas médicas não encontraram: “graves problemas” de saúde.

• Coincidência
A atitude de Janot, favorável à prisão domiciliar de Genoino, coincide com a posição do PT, que desqualificou as duas juntas de especialistas.

• Conta dos cartões é de R$ 50 milhões em 2013
A conta dos cartões corporativos do governo Dilma Rousseff já atinge a marca dos R$ 50 milhões, este ano. A Presidência continua o órgão que mais utiliza os cartões do governo federal, sem dó: quase R$ 15 milhões até outubro. Pior, de “transparência” seletiva: o detalhamento dos gastos é “segredo” por motivo de “segurança de Estado”. Em comparação, o gabinete do vice Michel Temer gastou apenas R$ 443 mil com cartões.

• Quase lá
O recorde de gastos com cartões corporativos no governo Dilma ocorreu em 2012, quando foram torrados quase R$ 60 milhões.

• Trocado
Até outubro, o Ministério do Esporte havia gasto apenas R$ 247,50. É o órgão que menos gastou com o implacável cartão do governo federal.

• Boca maldita
Muitos políticos começaram mal a semana, com a notícia da prisão da cafetina Jeany Mary Corner. Se ela abrir a boca, a casa cai.

• Sem crédito
Sem poder opinar até sobre reajuste nos combustíveis e incapaz de impedir que assessores façam negócios na sua antessala, o ministro Guido Mantega (Fazenda) se firma como palpiteiro. Agora, diz que o PIB crescerá 4% ao ano até 2022. Será novamente desmentido pelos fatos.

• Chantagem, de novo
A chantagem anual está de volta: às vésperas das festas de fim de ano, entidades de aeronautas ameaçam greve, fazendo a população de refém. Assembleia nesta quinta (5) deve decidir por paralisação ainda este mês.

• Alô, Dilma
O comandante da Aeronáutica não parece ter muito o que fazer em seu local de trabalho. Ontem, foi embora para casa pelas 17h, escoltado por um carrão de segurança Ford Fusion, com placa fria (JKQ 5251).

• É pouco
Apesar de Eike Batista ter vendido seu jatinho por US$ 60 milhões e da possibilidade de repassar um iate por outros US$ 30 milhões, o valor é menos de 10% dos US$ 950 milhões perdidos pela OGX no trimestre.

• TSE não legisla
O Congresso aprovou projeto anulando decisão do Tribunal Superior Eleitoral de alterar o número de parlamentares de cada Estado. Para o senador Eduardo Lopes (PRB-RJ) é o parlamento que legisla, não o TSE.

• Todos querem
O secretário de Habitação do DF, Geraldo Magela (PT), já avisou que não “abre mão” de disputar o Senado, em 2014. Só falta combinar com os 16 partidos da base aliada do governo Agnelo Queiroz (PT), entre os quais PTB e PDT, que têm a mesma pretensão e fortes candidatos.

• Ambiente
A prisão feminina Colméia, que recebeu em 2007 a socialite dos “Anões do Orçamento” Wilma Guimarães e as mensaleiras Simone Vasconcelos e Kátia Rabello, deve abrigar Jeane Mary, presa por explorar prostituição.

• Indignação
Antiga militante do PT, a deputada Érika Kokay (DF) não sabe perder. Revoltou-se após ser derrotada nas eleições para a presidência do PT-DF e agora acusa o vencedor, deputado Policarpo, de “coronelismo”.

• Pensando bem…
…injusta, a prisão da cafetina Jeany Mary Corner: ela fazia em privado o que a maioria dos políticos faz com os eleitores em público.

Fonte: Jornal do Commercio (PE)