O Globo
Gostaria de abordar as chuvas de forma
poética, como Elizabeth Bishop em sua “Canção do tempo das chuvas”. Mas agora
elas assumem um aspecto dramático, matando e destruindo.
Joe Biden, visitando o Kentucky, associou o
tornado que devastou a região e as chuvas no Brasil às mudanças climáticas.
Sinto que há algo parecido, mas ainda
esbarro num monte de dúvidas. Sei que as chuvas estão sendo provocadas por um
sistema meteorológico chamado Zona de Convergência do Atlântico Sul. É uma grande
extensão de nuvens movidas por um coquetel de ventos: do Sudeste, Nordeste e
até das altitudes bolivianas.
Essas chuvas são influenciadas por La Niña,
um fenômeno, assim como El Niño, que acontece no mar.
Desde quando li as intervenções dos
cientistas numa conferência sobre o clima, aprendi que o aquecimento global
seria irreversível quando houvesse mudanças nas famosas correntes marinhas. Não
tenho condição de afirmar que a velha La Niña tenha se alterado por influência
de correntes. Sei que, assim como El Niño, quando traz chuvas numa região do
Brasil, leva seca para outras.
No momento, chove no Sudeste, e há escassez
de chuvas no Sul do Brasil.
Além da destruição dos corais, do derretimento das geleiras, da poluição humana, há coisas acontecendo nos mares. Cientistas descobriram que a velocidade das correntes tem aumentado, ainda não sabem precisamente as consequências disso.