quarta-feira, 11 de junho de 2014

Opinião do dia: Aécio Neves

Os peemedebistas estão vendo o que acontece com o Brasil, ninguém quer isso que está aí. O governo do PT é o governo da desesperança. O PMDB em vários estados estará próximo a nós. O resultado da convenção do PMDB é uma derrota de um governo que não teve limites para distribuir cargos. O governo há um ano só faz uma coisa: cooptar forças políticas para ela vença as eleições.

Aécio Neves, senador (MG) e presidente nacional do PSDB, em ‘Para Aécio, resultado significa derrota do governo’, O Globo, 11 de junho de 2014.

Ibope mostra piora da avaliação do governo Dilma Rousseff

• Índice de eleitores que consideram gestão boa ou ótima cai de 35%, em maio, para 31%

Letícia Sorg - Agência Estado

Pesquisa Ibope divulgada nesta terça-feira, 10, mostra que a avaliação dos eleitores sobre o governo Dilma Rousseff piorou de maio para cá. Segundo o levantamento, 31% dos eleitores avaliam o governo atual como ótimo ou bom. Na mostra anterior, esse índice era de 35%. A avaliação regular oscilou de 30% em maio para 32% agora. Já a avaliação ruim ou péssima oscilou de 33% para 35%.

A pesquisa também perguntou aos eleitores se eles aprovam ou desaprovam a maneira como Dilma vem administrando o País. De acordo com o levantamento, 44% aprovam a atual gestão, ante 47% em maio. Já 51% desaprovam a maneira de Dilma governar, uma alta de 3 pontos porcentuais em relação à pesquisa anterior.

A pesquisa foi contratada pela União dos Vereadores do Estado de São Paulo (Uvesp) e entrevistou 2.002 pessoas em 142 municípios do País entre 4 e 7 de junho. O nível de confiança estimado é de 95% e a margem de erro máxima é de 2 pontos porcentuais. O levantamento foi registrado sob o protocolo BR-00154/2014 no Tribunal Superior Eleitoral.

Ibope: Dilma cai dois pontos e adversários sobem

• Dilma (38%), Aécio (22%) e Campos (13%)

Letícia Sorg - Agência Estado

Pesquisa Ibope divulgada nesta terça-feira mostra que a presidente Dilma Rousseff oscilou negativamente em relação ao último levantamento. No cenário mais provável, que inclui candidaturas de partidos nanicos, a presidente saiu de 37% das intenções de voto em abril para 40% em maio e voltou a 38% em junho. O pré-candidato do PSDB, Aécio Neves, saiu de 14% em abril para 20% em maio e agora alcança 22%. Já o pré-candidato do PSB, Eduardo Campos, soma 13% das intenções de voto ante 11% em maio e 6% em abril.

No mesmo cenário, o pastor Everaldo (PSC) manteve 3% das intenções de voto. José Maria (PSTU), Magno Malta (PR) e Eduardo Jorge (PV) têm 1% cada. Outros nanicos somam 1%. Brancos e nulos são 13% e indecisos, 7%. No levantamento de maio, brancos e nulos somavam 14% e indecisos, 10%.

A pesquisa foi contratada pela União dos Vereadores do Estado de São Paulo e entrevistou 2002 pessoas em 142 municípios do País entre 4 e 7 de junho. O nível de confiança estimado é de 95% e a margem de erro máxima é de 2 pontos porcentuais. O levantamento foi registrado sob o protocolo BR-00154/2014 no Tribunal Superior Eleitoral.


Com Marina na vice, Campos encosta em Aécio, diz Ibope

• Pesquisa encomendada por entidade de vereadores indica que ex-ministra aumenta competitividade do pré-candidato do PSB

Daniel Bramatti - O Estado de S. Paulo

Pesquisa Ibope divulgada nesta terça-feira, 10, mostra a presidente Dilma Rousseff (PT) com 38% das intenções de voto, dois pontos porcentuais a menos do que em maio. Seus adversários Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB) oscilaram dois pontos para cima (de 20% para 22% e de 11% para 13%, respectivamente). Com a inclusão dos nomes dos vices nas cartela apresentada aos eleitores, porém, Campos se aproxima de Aécio - sua desvantagem varia entre quatro e cinco pontos.

A pedido da União dos Vereadores de São Paulo (Uvesp), entidade que pagou a pesquisa, o Ibope testou cenários com diferentes vices para Aécio (José Serra, Tasso Jereissati e Aloysio Nunes), além de colocar Marina Silva na chapa de Campos e Michel Temer na de Dilma.

Marina é a única vice que provoca alterações significativas no panorama. Com seu nome associado ao dela, o pré-candidato do PSB fica com 17% a 18% das intenções de voto, a depender do cenário. A inclusão de Serra na chapa de Aécio faz com que o tucano fique com 23%.

Segundo turno. No cenário comparável com as pesquisas anteriores - aquele no qual os nomes dos vices não são apresentados -, os concorrentes de Dilma somam 42%, quatro pontos a mais do que a petista. Isso indica que aumentou a chance de segundo turno. Na pesquisa anterior, Dilma tinha 40%, e os adversários, 36%.

Os cenários de segundo turno também mudaram significativamente, graças ao crescimento dos candidatos de oposição. Em um eventual embate com Aécio, a vantagem de Dilma caiu de 19 para 9 pontos porcentuais - em menos de um mês, o placar passou de 43% a 24% para 42% a 33%.

No cenário de confronto direto contra Campos, a petista também viu sua vantagem diminuir, de 20 pontos (42% a 22%) para 11 (41% a 30%).

Rejeição. Outra má notícia para a presidente foi o aumento da rejeição a seu nome: a parcela do eleitorado que afirma que não votaria nela de jeito nenhum subiu de 33% para 38%.

A pesquisa entrevistou 2002 pessoas em 142 municípios do País entre 4 e 7 de junho. O nível de confiança estimado é de 95% e a margem de erro máxima é de 2 pontos porcentuais. O levantamento foi registrado sob o protocolo BR-00154/2014 no Tribunal Superior Eleitoral.

Com críticas ao PT e ao governo, PMDB aprova apoio a Dilma

Ranier Bragon, Andréia Sadi – Folha de S. Paulo

BRASÍLIA - Com críticas ao PT e ao governo, o PMDB aprovou nesta terça-feira (10) em convenção nacional o apoio à reeleição de Dilma Rousseff. Foram 398 votos pela manutenção da aliança (59%) contra 275 (41%) da ala que defendia o rompimento.

Mesmo com a vitória, o resultado representa constrangimento ao Planalto. Em 2010, o apoio peemedebista à chapa de Dilma havia sido aprovado por 85% dos convencionais.

Se considerados todos os votos possíveis (737) na convenção, o índice favorável a na convenção deste ano, Dilma cai para 54%, já que foram registrados 64 votos brancos e nulos ou abstenções.

Com a decisão de hoje, a petista obtém cerca de 2 minutos e 20 segundos (em cada bloco de 25 minutos) na propaganda eleitoral na TV, que é o principal instrumento das campanhas políticas. O espaço no chamado "palanque eletrônico" é definido, principalmente, pelo tamanho dos partidos coligados.

O evento peemedebista, realizado no Senado, em Brasília, foi pontuado por reclamações de falta de apoio do partido da presidente da República aos candidatos do PMDB, principalmente no Rio de Janeiro, onde a legenda terá o PT como adversário na tentativa de reeleger Luiz Fernando Pezão.

A ala contrária a Dilma chegou a discursar contra a aliança e a distribuir panfletos em que acusa o governo de ineficiência e corrupção.

Maior aliado do PT na coalizão dilmista, o PMDB possui cinco ministérios, mas reclama constantemente que seu espaço é pequeno e que não tem autonomia total nas pastas sob sua responsabilidade.

Na abertura da convenção, o vice-presidente da República, Michel Temer,minimizou a dissidência e afirmou que a manutenção da aliança com o PT visa "abrir as portas" para que no futuro "o PMDB ocupe todos os espaços políticos, para o bem dos brasileiros".

Dizendo que o partido é o responsável pela "grande revolução social neste país", Temer afirmou que não acreditava nas "intrigas" que, segundo ele, apontavam para traições. Com a vitória de sua ala, Temer será novamente o vice na chapa de Dilma.

Antes de discursar, Temer repetiu que estaria satisfeito mesmo que a aliança fosse aprovada até mesmo por margem mínima. E negou constrangimento: "Isso é comum no PMDB, se a gente não se acostumar com isso depois de 40 anos, não dá para fazer política."

Em sua fala, o presidente nacional do PMDB, senador Valdir Raupp (RO), disse que o partido apresentará propostas de governo a Dilma, entre elas o ensino em tempo integral e a "defesa permanente da liberdade de expressão e pensamento". "Disso o PMDB não abre mão", afirmou Raupp.

Setores do PT defendem propostas de regulação da mídia. O ex-governador Roberto Requião (PMDB-PR) tem proposta similar, mas ela não encontra respaldo na cúpula peemedebista.

Rebelião
Vice de Dilma, alas do PMDB ameaçaram nos últimos meses romper a aliança e, inclusive, lideraram na Câmara dos Deputados uma rebelião contra o Palácio do Planalto. Na lista de insatisfações, falta de interlocução com Dilma, reivindicação de maior espaço no governo e de apoio do PT às suas candidaturas nos Estados.

Nos discursos da convenção, coube à seção do Rio os maiores ataques. O prefeito da capital fluminense, Eduardo Paes, afirmou que o partido devolverá "na mesma moeda" eventuais acusações que Pezão sofrer do PT. O partido de Dilma deve lançar na disputa o senador Lindberg Farias.

Segundo Paes, o PT não tem sido patriótico em vários Estados. No Estado a maioria do PMDB deve apoiar a candidatura de Aécio Neves (PSDB) à Presidência. Segundo a cúpula da legenda no Estado, o principal culpado disso é o PT.

O presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves, candidato ao governo do Rio Grande do Norte, também reclamou em discurso não receber o apoio do PT em seu Estado.

Um dos peemedebistas mais críticos à aliança da legenda com Dilma, o ex-ministro Geddel Vieira Lima diz que o apoio seria aprovado por causa de Michel Temer. "Dilma deve ir à nossa senhora aparecida porque Temer a está levando nas costas".

Outro opositor à aliança, o deputado federal Danilo Forte (CE) pediu que o apoio ao PT não fosse aprovado. "Meu coração é Eduardo Campos, pena que ele está patinando. Marina [Silva] acabou com ele".

Segundo o deputado, ele e o senador Eunício Oliveira (CE) "carregaram Michel no ombro em 2010". "Agora não dá mais: ou salva o Brasil ou o PT", disse ele à Folha.

PMDB aprova aliança com Dilma com 59% de votos favoráveis

• Dilma diz que juntos os partidos terão mais quatro anos e culpou a crise internacional por dificuldades

Maria Lima – O Globo

BRASÍLIA – A maioria dos peemedebistas que participaram da convenção nacional do partido nesta terça-feira aprovou a aliança com a presidente Dilma Rousseff para a disputa à reeleição. O resultado da votação foi de 398 votos a favor da aliança contra 275. Os votos contra a aliança foram de 41% do total dos votos válidos e 59% a favor. O PMDB havia anunciado, anteriormente, o percentual de 69% de votos favoráveis.

O deputado Darcisio Perondi (PMDB-RS), um dos que se opôs à aliança, afirmou que a fatia de votos contrários mostra uma renovação no partido.

- Fizemos quase 50%. Isso significa que é o novo PMDB nascendo no Brasil – disse.

Em seu discurso durante o evento, a presidente destacou a aliança com o PMDB, e afirmou que juntos eles terão mais quatro anos de governo.

- Teremos mais quatro anos, para realizar mais programas, como acelerar o crescimento econômico – disse. - Acabar com a miséria foi só o começo. Vamos deixar um legado promissor, nós não tememos o futuro.

Também sobraram críticas aos oponentes e aos dissidentes dentro do PMDB. A presidente afirmou que esses blocos representam o passado, ao passo que a aliança atual é o futuro

- Querem dizer que estamos aliados ao atraso. Pelo contrário, estamos aliados ao que tem de mais avançado e mais moderno. Nós somos o avanço, o atraso são eles – disse.

A oposição é que tem a marca do retrocesso, disse Dilma, que afirmou que dificuldades econômicas em seu governo se devem à turbulências internacionais.

- Eu não fui eleita para desempregar ninguém. Eu não fui eleita para arrochar salários. Eu não fui eleita para colocar o país de joelhos – disse. - O mar agitado da crise econômica internacional trouxe dificuldades para o Brasil. Mas Ulysses Guimarães já dizia, navegar é preciso. E no mar agitado nós somos capazes de navegar. Nós temos a experiência para remar até contra a maré, para impedir que aconteça aqui o que aconteceu em outros países avançados, de tirar direitos, levar ao desemprego, levar o desalento a milhões e milhares de famílias de trabalhadores da classe média. Vamos ter uma luta pela frente, conto com vocês.

Dilma também reforçou o que disse mais cedo em convenção do PDT, de que a oposição quer se apropriar de programas de governo de sucesso. Para a presidente, ninguém pode ter o “monopólio” do que foi feito, mas disse que querem “surrupiar” os programas.

Fatia de dissidentes foi maior que o esperado
A dissidência dentro do partido preocupava. Os peemedebistas contrários à reeleição da presidente Dilma chegaram cedo à convenção nacional do PMDB, e foram vaiados ao discursar contra a aliança com o PT.

O vice-presidente Michel Temer havia afirmado que se tivesse 51% dos votos favoráveis já estaria bom. O presidente do partido, Valdir Raupp havia feito uma previsão mais otimista do que o apurado. Ele acreditava em aprovação da aliança com 80% a 90% dos votos.

Os dissidentes distribuíram dois documentos críticos ao governo federal na convenção. “A Petrobras foi totalmente aparelhada. Deixou de ser um orgulho nacional para se transformar em um balcão de negócios destinado a tenebrosas transações. Seu valor de mercado caiu pela metade e sua dívida duplicou nos últimos três anos”, diz um dos documentos, apesar de o PMDB ter indicado diretores da Petrobras nos governos Lula e Dilma.

Em outro manifesto, os dissidentes reclamam de os ministros do PMDB não terem poder de decisão. “Por que sermos corresponsáveis pela volta da inflação, da carestia, pela falência da saúde, da segurança e da saúde?”.

Com 59% dos votos válidos, PMDB confirma aliança com PT

• Decisão confirma o nome de Michel Temer como pré-candidato do partido à vice-presidência na chapa encabeçada por Dilma Rousseff

Rafael Moraes Moura, Daiene Cardoso e Ricardo Della Coletta - O Estado de S. Paulo

BRASÍLIA - Por maioria, o PMDB decidiu , na tarde desta terça-feira, 10, pela manutenção da aliança com o PT e confirmou o nome de Michel Temer como pré-candidato à vice-presidência na chapa pela reeleição da presidente Dilma Rousseff. Na convenção do partido, 398 votaram pela reedição da aliança contra 275 dissidentes.

Dos 673 votos, 59% foram pela manutenção da aliança. O resultado, anunciado na tarde desta terça pelo presidente do partido, senador Valdir Raupp (RO), é beminferior ao estimado pela cúpula do partido, que esperava apoio de cerca de 70% dos votantes.

“Nós ganhamos. Mostramos ao Brasil que quase metade do PMDB quer o fim da aliança”, comemorou o deputado dissidente Darcísio Perondi (PMDB-RS).

Em seu discurso, Temer pediu a reunificação do PMDB para fazer da sigla a maior do Brasil e disse que a partir de agora não serão apenas aliados, serão governo. “Essa convenção não tem vencedores e vencidos. Tem um grande vencedor, que é o PMDB. Vocês sabem que, ao longo do tempo, sempre tivemos democraticamente as mais variadas divergências dentro do partido e sempre obtivemos a unidade”, disse.

“Vamos nos unir a partir deste momento porque um instante é o instante político-eleitoral em que as divergências surgem. Outra coisa é o instante político-administrativo do partido, que passamos a viver a partir deste momento”, emendou.

Pezão, Cabral e Paes culpam PT por apoio a Aécio Neves no Rio

• Eduardo Paes manifestou apoio a Dilma e acusou o partido de não compreender a importância da aliança com o PMDB

Fernanda Krakovics – O Globo

BRASÍLIA - O governador do Rio, Luiz Fernando Pezão, o ex-governador Sérgio Cabral e o prefeito Eduardo Paes manifestaram, na convenção nacional do PMDB, apoio à reeleição da presidente Dilma Rousseff e culparam o PT pela rebelião dos peemedebistas no estado, que apoiarão, em sua maioria, o candidato do PSDB à Presidência da República, senador Aécio Neves (MG). A maioria dos peemidebistas que participaram da convenção nesta terça-feira aprovou a aliança com Dilma para a disputa presidencial.

O discurso mais duro foi feito por Eduardo Paes, que acusou o PT de não compreender a importância da aliança com o PMDB, mesmo depois de ter ocupado cargos no governo Cabral:

- Viemos manifestar o apoio a essa aliança. O Partido dos Trabalhadores, no nível regional, não tem essa compreensão, não são patriotas e não percebem a importância da reedição dessa aliança. Precisamos exigir essa compreensão do PT. Ainda há tempo para conduzir essa campanha pacificada, sem qualquer tipo de conflito e desentendimento. Se qualquer acusação for feita ao governo Cabral e Pezão, será devolvida na mesma moeda.

Questionado sobre se ainda via espaço para a retirada da candidatura do senador Lindbergh Farias (PT-RJ) ao governo do Rio, o prefeito respondeu que isso é um problema do PT.

Em entrevista, o governador Pezão atribuiu aos petistas a culpa pelo movimento "Aezão", liderado pelo PMDB do Rio para apoiar sua reeleição e a candidatura do tucano Aécio Neves:

- Desde o momento que o PT rompeu com a gente, permitiu esses movimentos.

Ao discursar na convenção, Pezão disse que o PMDB garantirá apoio a Dilma:

- Podemos ter nossas divergências, mas na hora que vocês nos chamam vamos ajudar na governabilidade. Estamos com você, Michel, e com a presidente Dilma.

Já Cabral disse que não serão "percalços regionais" que vão atrapalhar uma jornada que tem feito tão bem ao nosso país.

Campos minimiza dificuldade na transferência de votos de Marina

• Presidenciável do PSB disse ainda que campanha nacional está acima de dificuldade de união com a Rede nos estados

- O Globo

SÃO PAULO - O pré-candidato do PSB à Presidência da República, Eduardo Campos, minimizou nesta terça-feira a dificuldade que está enfrentando para se beneficiar da popularidade da vice de sua chapa, Marina Silva. O presidenciável disse que os votos não estão guardados em uma caixa.

- Muitas vezes falam de transferência de voto como se as pessoas tivessem em casa uma caixa cheia de voto em casa. Isso é uma coisa que diziam que existia na República Velha - afirmou Campos, após participar de palestra na Câmara Americana do Comércio (Ancham), pela manhã.

Para o pré-candidato do PSB, que caiu quatro pontos na pesquisa Datafolha divulgada na semana passada e tem apenas 7% das preferências, a preocupação da sua aliança com Marina não é a transferência de voto. A ex-senadora teve 20% dos votos válidos no primeiro turno da eleição presidencial de 2010.

- Não se trata de transferência de voto, se trata de sabermos, eu e a Marina, como vamos representar um pensamento renovador da vida brasileira. Isso precisa de comunicação das ideias - argumentou o presidenciável.

A mudança do quadro atual só vai acontecer, na avaliação de Campos, quando as emissoras de TV aberta começarem a cobrir os candidatos e tiver início o horário eleitoral.

- Há tempo do plantio e tempo da colheita. A colheita vai vir nas urnas - declarou ele.

O presidenciável negou que o PSB tenha encomendado uma pesquisa para reavaliar o peso que Marina tem para a aliança.

- Não contratamos nenhuma pesquisa. Não é fato isso. Se tivesse contratado falaria e mostraria a pesquisa - disse.

Campos ainda considera que o posicionamento da sua vice contra o apoio do PSB à reeleição do governador Geraldo Alckmin (PSDB) em São Paulo não foge do script:

- Ela não disse nada de novo. Sempre pensou assim.

De acordo com o presidenciável, as dificuldades de união entre o PSB e a Rede nas eleições estaduais não são uma ameaça à candidatura presidencial:

- Se em algum estado (não houve entendimento), essa é uma questão meramente estadual. Não tem nada haver com aliança nacional, que é muito maior do que qualquer episódio em qualquer estado por mais importante que o estado seja.

Campos diz que os dois partidos estarão unidos em 15 das 27 unidades da federação.

Aliança reafirmada
Na tarde desta terça-feira, Marina Silva e Eduardo Campos usaram as suas contas no Instagram para reafirmar a aliança entre eles na disputa presidencial. A primeira a postar foi Marina. Ela publicou uma foto em que parece junto com Campos e a frase: "A aliança nacional com o PSB está mantida. A chapa e o programa de governo estão compatíveis com o que eu e Eduardo Campos temos discutido desde outubro. Trabalhamos agora para manejar as alianças nos estados em fortalecimento da aliança nacional, para que esta possa quebrar a polarização entre o PT e o PSDB."

Cerca de uma hora depois, Campos postou a mesma foto com a mesma frase sob o título: "mantida a aliança com @_marinasilva_ (nome de Marina no Instagram)."

O presidenciável e sua vice participam na tarde desta terça-feira de uma reunião fechada com o Movimento Todos pela Educação, em São Paulo.

Aécio diz que Dilma sofreu derrota com revolta da base aliada

• Em lançamento de chapa com tucana para o governo de MG, Aécio afirmou que presidente ‘deve dormir com enxaqueca’

Ezequiel Fagundes – O Globo

BELO HORIZONTE - O senador e presidenciável Aécio Neves (PSDB) ironizou o governo da presidente Dilma Rousseff em relação ao resultado da convenção do PMDB que decidiu apoiar o PT, apesar da fatia de 41% de peemedebistas terem sido contrários a renovação da aliança. Segundo Aécio, Dilma deve ter sentido dor de cabeça por causa do posicionamento do PMDB, principal aliado da coalizão petista. Para Aécio, Dilma ganhou mais tempo de TV, mesmo não tendo o que mostrar.

- A presidente deve dormir com enxaqueca. Ela sofreu uma fragorosa derrota na convenção do PMDB. Depois de tudo que foi feito, da distribuição dos espaços ao PMDB no governo, no qual pelo menos um setor do PMDB manda mais que o próprio PT, a oposição à aliança tem mais de 40% dos votos. Para que tanto esforço para ganhar minutos na televisão se esse governo não tem absolutamente nada para mostrar aos brasileiros a não ser falsas projeções, maquiagens fiscais, indicadores sociais e econômicos extremamente ruins? - ironizou.

Aécio participou nesta terça, em Belo Horizonte, da convenção do PSDB em Minas. O ato reuniu 19 partidos e serviu para oficializar a candidatura do ex-ministro Pimenta da Veiga ao governo de Minas. Pimenta terá como vice o presidente da Assembleia Legislativa mineira, Dinis Pinheiro (PP), e o ex-governador Antonio Anastasia (PSDB), que concorrerá ao senado. Dezenas de prefeitos, deputados e vereadores do interior participaram da convenção tucana.

Divisão no governo
Para Aécio, o PMDB vai entrar dividido na disputa eleitoral, apesar de o PT ter passado os últimos anos distribuindo cargos e cooptando aliados.

- Os peemedebistas estão vendo o que acontece com o Brasil, ninguém quer isso que está aí. O governo do PT é o governo da desesperança. O PMDB em vários estados estará próximo a nós. O resultado da convenção do PMDB é uma derrota de um governo que não teve limites para distribuir cargos. O governo há um ano só faz uma coisa: cooptar forças políticas para ela vença as eleições.

No palanque, o presidenciável tucano mandou um recado para a presidente:

- A boa educação mineira só me permite desejar a presidência uma boa aposentadoria nos últimos quatro anos, afirmou.

Elogios a FH
Aécio acusou o governo petista de enganar a população com informações absurdas sobre a gestão do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso:

- O Brasil não merece uma presidente que faz uma comparação tão absurda quanto essa. O presidente Fernando Henrique quando ele deixou o governo a inflação era em torno de 12%. Sim. Mas quando ele assumiu o governo ela era de 916% ao ano e parte desses 12% foi em razão do efeito Lula. Em razão da eleição do presidente Lula que gerou descontrole econômico nos primeiros meses - defendeu Aécio.

"Estamos no caminho certo", diz Campos

• Pré-candidato do PSB ao Planalto mostrou-se otimista ao comentar pesquisa Ibope que aponta Marina Silva como a única candidata a vice que provoca alterações significativas no panorama eleitoral

Isadora Peron - O Estado de S. Paulo

SÃO PAULO - O pré-candidato do PSB à Presidência, Eduardo Campos, disse que o resultado da pesquisa Ibope divulgada nesta terça-feira, 10, mostra que ele e a sua vice, Marina Silva, "estão no caminho certo". "Nós estamos muito confiantes que estamos no caminho certo. Esse caminho é discutir o programa, apresentar essa união aos brasileiros, mostrar que há uma opção nova, diferente", disse Campos, após participar de um encontro com membros da maçonaria paulista.

O levantamento mostrou que Marina é a única vice que provoca alterações significativas no panorama eleitoral. Com seu nome associado ao dela, o pré-candidato do PSB fica com 17% a 18% das intenções de voto, a depender do cenário.

A pedido da União dos Vereadores de São Paulo (Uvesp), entidade que pagou a pesquisa, o Ibope testou cenários com diferentes vices para o pré-candidato do PSDB, Aécio Neves (José Serra, Tasso Jereissati e Aloysio Nunes), além de colocar Marina na chapa de Campos e Michel Temer na da presidente Dilma Rousseff, candidata à reeleição pelo PT.

Sem os nomes dos vices, Campos fica com 13%, Aécio com 22% e Dilma com 38% das intenções de voto.

Pela manhã, antes de a pesquisa ser divulgada, Campos estava menos otimista. Questionado sobre o seu desempenho no último levantamento do Datafolha, que apontou uma queda nas intenções de voto, disse apenas que as pesquisas mostravam um "desejo de mudança".

Ele também minimizou a influência da sua vice nos resultados, ao dizer que votos não vêm em caixas e que, por isso, não poderiam ser transferidos. Nas eleições presidenciais de 2010, Marina obteve cerca de 19 milhões de votos.

Maçonaria. Se nas pesquisas oficiais Campos aparece em terceiro lugar, no levantamento informal feito durante o encontro com membros da maçonaria, o pré-candidato do PSB ficou na primeira posição, com 38% dos votos dos presentes. Aécio foi o preferido por 27% dos presentes e Dilma por 18%. O encontro reuniu cerca de 300 pessoas, no bairro da Liberdade.

Aécio deseja ‘boa aposentadoria’ a petista

• Em discurso na convenção do PSDB de Minas, pré-candidato tucano à Presidência afirma que ‘não há marqueteiro que leve o PT à vitória’

Marcelo Portela e Suzana Inhesta - O Estado de S. Paulo

BELO HORIZONTE - Em discurso inflamado durante a convenção do PSDB mineiro, o senador Aécio Neves (MG), pré-candidato do PSDB ao Palácio do Planalto, desejou ontem uma “boa aposentadoria” à presidente Dilma Rousseff. Para ele, diante da atual situação econômica e social do País, “não há marqueteiro que leve o PT à vitória”.

Aécio discursou para uma plateia que lotou o ginásio do Minas Tênis Clube, um dos mais tradicionais de Belo Horizonte, durante o evento que confirmou o chapa que vai disputar o governo de Minas, encabeçada pelo ex-ministro Pimenta da Veiga (PSDB). “A boa educação mineira só me (faz) desejar à presidente uma boa aposentadoria nos próximos quatro anos”, declarou o senador, ovacionado no evento que contou também com as convenções do DEM, PSD e PP mineiros.

Pouco antes, em entrevista, o tucano fez outras críticas à presidente. Ao comentar resultado da mais recente pesquisa Ibope, que mostrou oscilação negativa de dois pontos porcentuais de Dilma e oscilação positiva no mesmo porcentual dele e do ex-governador Eduardo Campos (PE), presidenciável do PSB, Aécio avaliou que o levantamento reflete um sentimento “de enfado” da população com a gestão petista. “Podemos nos preparar para um novo e grande governo a partir de 2015 e vamos trabalhar para isso.”

Enxaqueca. O senador também ironizou o resultado da convenção nacional do PMDB, que confirmou a reedição da aliança com o PT com 59% dos votos dos participantes, resultado considerado por Aécio uma “fragorosa derrota” do governo. “A presidente hoje infelizmente deve dormir com uma enxaqueca. Depois de tudo que foi feito, da distribuição dos espaços para o PMDB no governo, que já manda quase mais, pelo menos um setor do PMDB, que o próprio PT, a oposição à aliança ter mais de 40% dos votos é uma derrota fragorosa”, avaliou.

Para o tucano, Dilma levará “alguns minutos a mais” na propaganda eleitoral gratuita, mas não “a base, o trabalho e o sentimento de seus aliados”.

Aécio também acusou Dilma de estar “desconectada da realidade” ao declarar, após receber apoio do PDT à sua reeleição, que, “juntos”, são “invencíveis”.

“O mais surpreendente que eu vi hoje da presidente, uma presidente desconectada da realidade, aflita com os resultados que vem tendo na economia, na área social, é ela dizer que é invencível”, provocou o tucano. “Invencíveis seremos nós brasileiros que vamos encerrar esse ciclo de governo do PT que está infelicitando o País.”

Questionado sobre a possibilidade de acentuar as diferenças em relação a Campos, o senador afirmou que suas diferenças “são claras em relação ao PT, a tudo isso que está aí”. “Sempre fui oposição a esse modelo.”

PMDB se cacifa para novamente ser fiador da governabilidade, de quem quer que seja eleito

• Placar da convenção também serve como demonstração da força dos rebeldes da sigla

Paulo Celso Pereira – O Globo

BRASÍLIA — O resultado da convenção nacional do PMDB, que reeditou a aliança com o PT para tentar reeleger a presidente Dilma Rousseff, será apresentado como uma vitória tanto pelo grupo favorável à aliança quando pelo contrário. O vice-presidente Michel Temer e os principais caciques nacionais da legenda enfim entregaram a mercadoria tão prometida à presidente: o tempo de televisão do partido, que ajudará o PT a tentar o quarto mandato consecutivo na Presidência.

Só que o placar da convenção, com 41% dos votos contrários à aliança, também serve como demonstração da força dos rebeldes da legenda, que finalmente provaram numericamente que não é apenas bravata o risco de Dilma ser cristianizada pelos peemedebistas país afora. O quadro é ainda mais grave se for levada em consideração a articulação promovida por Temer nos últimos dias, pedindo que caciques que apoiarão outros presidenciáveis em outubro dessem seu voto a favor da aliança na convenção. Se estes tiverem honrado a palavra empenhada a Temer, é possível que nem a metade dos dirigentes estejam dispostos a gramar nas ruas por votos para Dilma.

O único fato inconteste a ser colhido da convenção é que, mais uma vez, o PMDB chegará à eleição de outubro com seus pés devidamente distribuídos entre várias canoas. Assim, seja qual for o escolhido no pleito — Dilma, Aécio Neves (PSDB) ou Eduardo Campos (PSB) — não faltarão interlocutores do partido para se apresentarem como aliados fieis do futuro presidente. E assim, no alvorecer de 2015, o PMDB continuará sendo o fiador da governabilidade, seja qual for o governo.

Sem discurso na Copa, presidente usa TV para defender obras

• A dois dias da competição, presidente exalta obras de infraestrutura e responde a críticas de que deveria investir em educação e saúde

Rafael Moraes Moura e Tânia Monteiro – O Estado de S. Paulo

BRASÍLIA - A dois dias do início da Copa do Mundo, a presidente Dilma Rousseff convocou nesta terça-feira, 10, a rede nacional de rádio e televisão para atacar a oposição, exaltar obras do seu governo na área de infraestrutura e prometer punição em caso de irregularidades constatadas por órgãos de fiscalização. Temendo vaias, a presidente não vai discursar na abertura do torneio, nesta quinta-feira, 12, em São Paulo, limitando-se a declarar a abertura da competição.

Em sua fala de dez minutos, a presidente prometeu garantir a liberdade de manifestação e "coibir excessos e radicalismos de qualquer espécie". Dilma também fez questão de responder às críticas de que o governo federal deveria investir mais em educação e saúde, em vez de direcionar recursos para a realização do evento esportivo, classificando essa discussão como um "falso dilema".

"Como se diz na linguagem do futebol: treino é treino, jogo é jogo. No jogo, que começa agora, os pessimistas já entram perdendo. Foram derrotados pela capacidade de trabalho e a determinação do povo brasileiro, que não desiste nunca. Os pessimistas diziam que não teríamos Copa porque não teríamos estádios. Os estádios estão aí, prontos", afirmou a presidente.

"Diziam que não teríamos Copa porque não teríamos aeroportos. Praticamente, dobramos a capacidade dos nossos aeroportos. Chegaram a dizer que iria haver racionamento de energia. Quero garantir a vocês: não haverá falta de luz na Copa, nem depois dela. Chegaram também ao ridículo de prever uma epidemia de dengue na Copa em pleno inverno, no Brasil!", disse Dilma.

A presidente também anunciou que, com o evento, está sendo entregue um "moderno sistema de comunicação e transmissão" em todas as 12 cidades-sede, mas evitou garantir que não haverá problema de funcionamento de aparelho celular e transmissão de dados nos estádios, como havia dito dias atrás.

Ao falar da demanda nos aeroportos brasileiros, Dilma destacou que, "com o aumento do emprego e da renda", o número de passageiros transportados saltou de 33 milhões em 2003 para 113 milhões no ano passado.

Em outro momento, a presidente comentou as mudanças ocorridas no Brasil entre 1950, quando houve a primeira Copa do Mundo sediada no País, e 2014.

"Hoje, somos a sétima economia do planeta e lideres, no mundo, em diversos setores da produção industrial e do agronegócio. Nos últimos anos, nosso país promoveu um dos mais exitosos processos de distribuição de renda, de aumento do nível de emprego e de inclusão social", disse Dilma, repetindo um discurso ufanista reforçado com a aproximação da campanha eleitoral.

"Reduzimos a desigualdade em níveis impressionantes, levando, em uma década, 42 milhões de pessoas à classe média e retirando 36 milhões de brasileiros da miséria."

Dilema. Em resposta às críticas sobre as despesas com a realização do Mundial, Dilma disse que "é preciso olhar os dois lados da moeda" e pediu que os brasileiros tenham uma noção "correta" de tudo que aconteceu, "sem falso triunfalismo", mas também sem "derrotismo ou distorções".

"A Copa não representa apenas gastos, ela traz também receitas para o país. É fator de desenvolvimento econômico e social, gera negócios, injeta bilhões de reais na economia, cria empregos", disse. "Uma Copa dura apenas um mês, os benefícios ficam para toda vida."

De 2010 a 2013, observou Dilma, governo federal, Estados e municípios investiram R$ 1,7 trilhão em educação e saúde, um valor "212 vezes maior" que o destinado às novas arenas.

"Vale lembrar, ainda, que os orçamentos da saúde e da educação estão entre os que mais cresceram no meu governo", ressaltou.

Sobre as denúncias de corrupção envolvendo a organização do torneio, a presidente afirmou que as contas da Copa estão sendo "analisadas, minuciosamente, pelos órgãos de fiscalização". "Se ficar provada qualquer irregularidade, os responsáveis serão punidos com o máximo rigor", prometeu Dilma.

PT muda ‘estratégia do medo’ nas propagandas, e Lula ocupa o dobro de tempo de Dilma na campanha de TV

• Ex-presidente compara o Brasil de antes e depois da gestão petista

Tatiana Farah – O Globo

SÃO PAULO — O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai ocupar o dobro do tempo da presidente Dilma Rousseff nas novas propagandas do PT. Lula pede nos comerciais que os eleitores comparem o Brasil de antes e depois dos 12 anos da gestão petista. Os três comerciais que serão divulgados a partir da noite desta terça-feira deixam para trás a “estratégia do medo”, adotada pelo marqueteiro João Santana em programas anteriores, quando se insinuava que um eventual fim do governo petista colocaria em risco avanços econômicos e conquistas sociais.

Com um discurso em “off”, Lula estrela o maior comercial, com duração de um minuto. Já a presidente Dilma aparece de relance na peça e fica com outra propaganda, de apenas 30 segundos. Os outros 30 segundos da inserção serão ocupados por um comercial sem “estrelas”, falando sobre crescimento e distribuição de renda. “Não basta crescer no mundo dos economistas. É preciso crescer na vida das pessoas”, diz a propaganda petista.

O comercial de Lula traz trecho do encontro nacional do PT, realizado em janeiro em Brasília. "Qual o país que cresceu mais a renda do que nós, qual o país que gerou mais emprego com carteira assinada do que nós?", diz Lula, elencando dados de desenvolvimento do Brasil. "É este país que nós temos de fazer a comparação para a gente mostrar o que era o país e o que o país virou hoje".

Em seus 30 segundos, Dilma diz: "Já vencemos a luta mais importante, a do emprego e a do salário". E afirma que o momento é de "ampliar as oportunidades para todos" e investir em infraestrutura, educação, saúde e segurança pública.

Em meio à crise com PROS, PSB já estuda aliança Alternativa no Rio

Glauber Braga diz que partidos romperam, mas é desmentido por Miro e Hugo Leal

Isabel Braga, Cássio Bruno e Marcelo Remígio – O Globo

BRASÍLIA e RIO - Em entrevista coletiva na tarde desta terça-feira, o deputado Glauber Braga (PSB-RJ), afirmou que o PSB do Rio irá buscar alternativas de coligação para a candidatura ao governo do estado. Glauber justificou a atitude: foi procurado pelo presidente do PROS-RJ, deputado Hugo Leal, que o informou que a candidatura do deputado Miro Teixeira (PROS) ao governo do Rio não se viabilizou internamente. Procurado pelo GLOBO, Hugo Leal, que estava ao lado de Miro no plenário da Câmara, não confirmou o sepultamento da candidatura de Miro.

- Eu fui falar com o Glauber sobre a matéria (reportagem) do GLOBO de hoje. Se ele concluiu isso (de que a candidatura se inviabilizou internamente) é conclusão dele, é por conta e risco dele. Não foi o que falei. Continuamos conversando - disse Hugo Leal.

Glauber está conversando com Hugo Leal sobre a coligação PROS-PSB no Rio. A candidatura de Miro garantiria um palanque importante para Eduardo Campos no Rio, mas enfrenta problemas na formação da chapa dos candidatos proporcionais - deputados estaduais e federais. Os PROS pressiona para que Romário saia candidato a federal e possa, como puxador de votos, garantir cadeiras de federal tanto para o PROS, quanto para o PSB. Romário, no entanto, quer concorrer ao Senado.

Glauber afirmou que o PSB já tinha dado indicativo de apoio à candidatura Miro e feito o gesto de concordar com a chapa de proporcionais, mas que o PROS colocou obstáculos à coligação. Ele e o vice-presidente do PSB, Roberto Amaral, teriam sido procurados por Hugo Leal e informados da inviabilidade interna da candidatura de Miro.

- Fizemos o indicativo de apoio à candidatura do Miro e depois, porque eles afirmaram que o problema era a coligação proporcional, também fizemos declaração pública de que estávamos dispostos a fazer também a coligação proporcional. Mas hoje, o deputado Hugo Leal me procurou, e também ao Amaral, dizendo que a candidatura do Miro não se consolidou internamente - disse Glauber, acrescentando:

- Vamos discutir no PSB qual o melhor caminho a seguir que atenda tanto à candidatura presidencial, quanto a necessidade de apoiar, no estado, uma candidatura que seja alternativa ao atual governo. E que represente o novo no Rio. Vamos avaliar do ponto de vista tático.

Pela manhã, em entrevista ao GLOBO, Glauber afirmou que o PROS tinha retirado a candidatura de Miro Teixeira:

- Fizemos de tudo para apoiar a candidatura do Miro, mas não decolou. O Hugo Leal me ligou e disse que não tinha mais como sustentar a pré-candidatura dele.

A crise na aliança PROS-PSB no Rio repercutiu. Integrantes da campanha de Campos e a própria candidata a vice-presidente na chapa, Marina Silva, ligaram para Miro Teixeira, querendo saber o que estava se passando. Miro, por sua vez, ironizou:

- Foi um erro de comunicação dentro do PSB. De repente, isso foi uma tentativa de manifetsar uma opinião de algo que não se confirmou.

O deputado completou:

- Continuo pré-candidato.

Na última quinta-feira, o PROS divulgou nota reafirmando a candidatura própria no Rio. O rompimento com o PSB, tanto na chapa majoritária quanto na proporcional, dividiria o partido no Rio, com grupos migrando para as candidaturas ao Palácio Guanabara de Lindbergh Farias (PT), Marcelo Crivella (PRB) e Luiz Fernando Pezão (PMDB).

Câmara para contra decreto de Dilma

• Presidente da Casa, Henrique Alves cancela votações neste mês

• Decisão foi tomada após oposição anunciar obstrução dos trabalhos até que projeto que suspende medida da presidente seja votado

Polêmica paralisante

Isabel Braga e Cristiane Jungblut – O Globo

BRASÍLIA — A insatisfação de parlamentares com o decreto presidencial que cria uma superestrutura de conselhos populares no âmbito do governo federal foi responsável pelo fim dos trabalhos na Câmara este mês. A decisão do presidente da Casa, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), foi tomada nesta terça-feira após os partidos de oposição — DEM, PPS e PSDB — anunciarem que ficariam em obstrução até ser votado o projeto de decreto legislativo (PDL) que revoga a medida da presidente. No início da noite, eles haviam conseguido derrubar a sessão de votações. Alves decidiu então cancelar as votações marcadas para esta quarta e para os dias 24 e 25. Na próxima semana, a Câmara não funcionaria em função dos jogos da Copa e do feriado de Corpus Christi.

Numa ação articulada, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e Alves também foram a campo para tentar derrubar o decreto presidencial. Os dois pediram à presidente Dilma Rousseff que desista do decreto. Eles querem que Dilma discuta a questão por meio de projeto de lei. Na prática, Câmara e Senado avisaram ao Palácio do Planalto que, se não houver recuo, os parlamentares aprovarão o PDL. Nas duas casas, DEM, PPS e PSDB já apresentaram projetos pedindo a suspensão do decreto presidencial de Dilma.

O anúncio da obstrução da oposição provocou intenso debate no plenário da Câmara, e a sessão acabou sem votações. Alves reagiu. Ele explicou que está articulando, com o governo, a a revogação do decreto e fez um apelo, sem sucesso: que a oposição saísse da obstrução. Na véspera, Alves havia conversado com o ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante.

— Se até amanhã (hoje) não tiver retirado, eu vou, sim, colocar em pauta. Vamos votar, com o apoio do PMDB, para derrubar o decreto. Estou fazendo uma negociação republicana, tentando que o decreto seja revogado — disse Alves, antes de suspender os trabalhos até o fim deste mês.

Na segunda à noite, Alves havia revelado ao GLOBO a negociação com o Planalto:

— Fiz um apelo ao ministro (Mercadante) para que a presidente retirasse o decreto.

Já Renan discutiu a questão diretamente com Dilma. Em discurso no plenário do Senado, ele disse que a edição de um decreto “não é o melhor caminho”. Para ele, a questão da participação popular deve ser debatida por projeto de lei ou medida provisória. Renan disse ainda que, como presidente do Senado, não permitirá propostas de controle da mídia ou de redução da liberdade de expressão:

— Sempre defendi a ampliação popular, mas não é, todos sabem, aconselhável que se recorra a um decreto para tal. Quem representa o povo é o Congresso, e, por esse motivo, o ideal, e falei isso para a presidente da República, ontem (segunda-feira): que a proposta seja enviada através de um projeto de lei ou mesmo através de uma medida provisória, para que seja aqui aprimorada — disse Renan.

Para Renan, cabe ao Legislativo debater o tema:

— Permitir que as pessoas sejam capazes de interferir nos processos de decisão e fortalecer a representação popular não significa enfraquecer as instituições — disse Renan.

O ministro-chefe da Secretaria Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, disse estar preocupado com a obstrução na Câmara:

— O decreto não cria nenhuma instituição nova. Os conselhos se espalham por cinco mil municípios e prestam um serviço extraordinário ao país. A proposta do SUS surgiu nos conselhos. O decreto não fere nenhum das prerrogativas do Congresso, ele está sendo mal compreendido — disse Carvalho.

Líder do DEM anuncia obstrução
Na Câmara, coube ao líder do DEM, deputado Mendonça Filho (PE), anunciar a obstrução.

— A partir de agora, estamos em obstrução total em defesa da autonomia do Poder Legislativo e para fazer com que o Palácio do Planalto nos escute. Não aceitamos esse decreto arbitrário, ditatorial, que passa por cima do Parlamento brasileiro e que é uma atitude bolivariana. Desde a semana passada, estamos pedindo a votação da urgência e do decreto. O governo imaginou que o assunto sairia da pauta. Ou o presidente da Câmara ou a Casa se pronunciam e aceitam votar esse decreto, ou não teremos outras votações — disse Mendonça Filho.

O líder do governo na Câmara, deputado Henrique Fontana (PT-RS), reagiu:

— Não se trata de ditadura, de nazismo, de desrespeito à democracia. Estamos falando de um governo que chegou ao poder pelo voto popular. Respeitamos as bancadas que têm dúvidas, mas o discurso que a oposição faz é luta política pura. Não devemos colocar em conflito a democracia representativa e a democracia participativa. Colocar-se contra os conselhos populares enfraquece a democracia. O decreto só regulamenta os conselhos existentes e estimula a criação de novos. A presidente Dilma respeita o Congresso, mas tem o direito de editar o decreto.

No Senado, vários senadores apoiaram a posição de Renan. O vice-líder do PSDB na Casa, Álvaro Dias (PR), defendeu a aprovação imediata do projeto de decreto legislativo que apresentou, derrubando o ato de Dilma.

— Essa cópia de modelo cubano ou de modelo venezuelano não aprimora o regime democrático que tanto desejamos aprimorar. Ao contrário, se constitui em flagrante retrocesso, que tem que ser combatido, repelido. E a ação imediata é a aprovação do projeto de decreto legislativo para sustar os efeitos do decreto presidencial — disse o tucano.

O senador Pedro Taques (PDT-MT) disse que o decreto de Dilma é ilegal:

— Meu parecer é de total ilegalidade do decreto e da necessidade de aprovação do decreto legislativo proposto pelo senador Álvaro Dias — disse Taques.

Renan diz não aceitar regulação da mídia
O decreto 8.243/2014, da presidente, cria a Política Nacional de Participação Social (PNPS) e obriga órgãos da administração direta e indireta a criarem estruturas de participação social.

No Senado, Renan ainda defendeu a liberdade de expressão. Ele disse que há o “compromisso do Senado Federal, do Congresso contra qualquer tentativa de controle da liberdade de expressão”. Essa é uma das teses defendidas pelo PT e pelo governo Dilma.

— Reitero que não apoio, não comungo, sequer admito discutir iniciativa, a qualquer pretexto, que pretenda regular a mídia. Quem regula, gosta, rejeita ou critica é o consumidor da informação. O único controle tolerável é o controle remoto. E o controle remoto não deve ficar na mão do Estado, mas nas mãos dos cidadãos. A imprensa é insubstituível e tem papel inquestionável nas democracias modernas — afirmou Renan.

Merval Pereira: Oposição em alta

- O Globo

O pior dos resultados para o Palácio do Planalto acabou se concretizando. A oposição está em alta, não apenas a externa como também a dos partidos aliados. O PMDB não vai tão dividido às eleições presidenciais desde 2002, quando indicou Rita Camata para vice na chapa tucana liderada por José Serra, derrotado então pelo ex-presidente Lula, que contou com o apoio de diversos grupos dissidentes regionais do PMDB.

A convenção nacional do partido decidiu apoiar a reeleição de Dilma por 59% contra 41%, dando-lhe mais 4 minutos e 36 segundos de propaganda eleitoral no rádio e na televisão, mas negando o apoio de sua máquina partidária em muitos estados.

Para se ter uma ideia da defecção registrada este ano, em 2010 o apoio a Dilma foi de 84% dos convencionais do PMDB. A dissidência tem uma razão única: a disputa de espaço político com o PT. O diretório do Rio de Janeiro votou em peso contra a coligação com o PT, apesar de o governador Pezão, o prefeito Eduardo Paes e o ex-governador Sérgio Cabral terem reafirmado seus apoios à presidente Dilma.

Mas todos ressaltaram que a razão da dissidência estadual, que eles fazem questão de não controlar, deve-se à candidatura do senador Lindbergh Farias, apoiado especialmente por Lula.
Na Bahia, com uma chapa oposicionista já montada com a dissidência do PMDB, não houve o propalado acordo entre Geddel Vieira Lima e a cúpula partidária: a votação maciça foi contra a aliança com o PT.

Outras bancadas, como as de Goiás, Paraná, Rio Grande do Sul e Ceará, também demonstraram sua insatisfação, sendo que no Ceará é possível que, em breve, a dissidência potencial do senador Eunício Oliveira acabe fechando um acordo com o grupo do tucano Tasso Jereissati. Paraíba e Santa Catarina, pelo número de faltas de seus representantes, entraram no radar da direção nacional como possíveis problemas.

Toda essa situação somou-se ao resultado da mais nova pesquisa do Ibope, que mostrou a oposição em alta e confirmou a queda da presidente Dilma, prevendo a realização de um segundo turno.

O crescimento dos candidatos do PSDB, Aécio Neves (de 20% para 22%), e do PSB, Eduardo Campos (de 11% para 13%), mostra o início da migração dos votos dos indecisos para a oposição, com Campos voltando à disputa pela terceira via, embora ainda longe de Aécio. Pelo menos deixou de disputar o terceiro lugar com o Pastor Everaldo, do PSC.

Assim como a recente pesquisa do Datafolha, também o Ibope constatou que a diferença a favor de Dilma em um eventual segundo turno reduziu-se dramaticamente. Contra Aécio, a vantagem de Dilma caiu de 19 para 9 pontos porcentuais — em menos de um mês, o resultado passou de 43% a 24% para 42% a 33%. No confronto com Campos, a vantagem diminuiu de 20 para 11 pontos. Para culminar, a rejeição à presidente Dilma subiu para 38%.

Esse conjunto de notícias ruins fez a presidente subir o tom nas duas convenções de que participou, a do PDT pela manhã e a do PMDB à tarde. Num discurso que marcou a oposição até meses atrás, agora é Dilma quem acusa seus adversários de quererem “surrupiar” os programas do governo.

Foi uma crítica indireta ao candidato do PSDB Aécio Neves, que apresentou no Congresso diversos projetos alterando o Bolsa Família para “aprimorá-lo”. O governo votou contra a proposta de permanecer pagando o benefício até seis meses depois de o beneficiário ter conseguido um emprego formal, e também não quer incluí-lo na Loas (Lei Orgânica da Assistência Social), o que, no dizer de Aécio, transformaria o Bolsa Família em um programa de Estado, e não de governo.

Incomodada com a definição dos adversários de que o PT e o governo representam o atraso, Dilma garantiu: “Nós somos o avanço: o atraso são eles”. Um discurso defensivo e claramente de uma candidata acuada.

Dora Kramer: Goela abaixo

• PMDB deu a vice a Temer mas deixa claro que não dará o suor da camisa a Dilma

- O Estado de S. Paulo

Como previsto pela direção, o PMDB aprovou a aliança com o PT pela reeleição da presidente Dilma Rousseff. O imprevisto foi a divisão expressa no resultado de 59% a 41%.

Na abertura da convenção o senador Valdir Raupp, presidente do partido, havia anunciado uma vitória de pelo menos 80% dos votos. Na verdade, previa uma dissidência de 10%. Ele errou nas contas também depois, ao anunciar os números finais: disse que a aliança havia sido aprovada por 69,7% dos convencionais presentes.

Errou no total de votos apurados e desconsiderou os brancos, os nulos e as abstenções. Fez, como o governo, uma contabilidade criativa. Inútil, porque nada naquela reunião lembrava a unidade de 2010, quando o PMDB inteiro aderiu com entusiasmo à candidata do então presidente Luiz Inácio da Silva. A começar pela estética do auditório Petrônio Portela, no Senado. Não havia no recinto um único cartaz, faixa ou banner onde estivesse escrito o nome de Dilma ou da dupla cuja aliança seria ali consagrada.

A sombra da dissidência pairava no ambiente. No discurso pela manhã, enquanto os convencionais votavam, Michel Temer disse que não acreditava nas notícias de traições que chegavam a ele. E as traições corriam soltas nas cabines.

Em seguida, o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves, quase que pediu pelo amor de Deus para que os delegados não levassem em conta as divergências locais com o PT na decisão sobre a aliança nacional.

A maioria, como se viu pelo resultado, atendeu. Mas, nos discursos, não pouparam críticas aos petistas nem fizeram louvações ao governo federal. Ficou patente o seguinte: deram a vaga de vice a Michel Temer, mas não firmaram compromisso inarredável de suar a camisa por Dilma Rousseff.

Note-se a delegação do Rio. O ex-governador Sergio Cabral, o prefeito Eduardo Paes, o governador e candidato Luiz Fernando Pezão, todos manifestaram apoio à presidente, criticaram duramente o PT local e não desgrudaram do presidente do PMDB fluminense, Jorge Picciani.

Citado nos discursos, levado à mesa principal dos trabalhos, Picciani é nada menos que o chefe da dissidência idealizados do movimento “Aezão”, que na semana passada reunião 1.600 lideranças políticas do Rio para celebrar apoio a Aécio Neves.

Nenhuma delas rompidas com Sérgio Cabral, Eduardo Paes ou Pezão.

Pauliceia desvairada. São Paulo, o berço do PT onde o partido joga suas fichas para quebrar a hegemonia de anos a fio de domínio do PSDB, aparece no recorte da pesquisa do Datafolha como o pior cenário para a presidente Dilma e o melhor para seus adversários.

Dos 140 milhões, 646 mil e 446 eleitores brasileiros, 31 milhões, 253 mil e 317 votam em São Paulo. Representam 22% do eleitorado do País. Um peso considerável no resultado geral.

Pois no Estado Dilma aparece praticamente empatada no primeiro turno com Aécio Neves (23% a 20%) e na simulação do segundo turno perderia para o tucano de 46% a 34% e, para Eduardo Campos, do PSB, de 43% aos mesmo 34%.

O poder de influência de Lula no plano nacional é de 36%; entre os paulistas cai para 24%.

Em compensação, é o Estado em que há mais margem para conquista de votos: enquanto no País o índice de nulos, brancos e indecisos é de 30%, em São Paulo sobe para 37%.

Segundo plano. O último mês de intensa exposição da presidente Dilma Rousseff, combinada com sua queda na pesquisa Datafolha, notadamente no índice de apoio no segundo turno – em que ficou a oito pontos porcentuais do tucano Aécio Neves –, leva a uma conclusão lógica: quanto mais aparece, pior para ela.

De onde pode ser que não seja uma grande vantagem o fato de sua candidatura ter o maior tempo de televisão no horário eleitoral. Ou então teremos uma situação em que o protagonista não será Dilma.

Fernando Rodrigues: Vergonha a exorcizar

- Folha de S. Paulo

Não havia cartazes visíveis com o nome de Dilma Rousseff no local onde foi realizada nesta terça (10) a convenção do PMDB. O partido acabou aprovando a reedição da aliança nacional com o PT, tendo o peemedebista Michel Temer como candidato a vice-presidente.

A expectativa no PMDB era a de que até 80% dos convencionais do partido ratificassem a chapa Dilma-Temer. O percentual final ficou bem abaixo --só 54% dos votos possíveis.

Há um clima entranho entre os grupos que apoiam a reeleição de Dilma. A falta de cartazes com o nome da petista no evento do PMDB foi apenas um de múltiplos exemplos.

Na semana passada, o PP (partido de Paulo Maluf) fez sua propaganda na TV. O bordão principal parecia o de uma legenda de oposição: "Não dá mais". Em seguida, uma explicação curiosa para quem é governo: "A sociedade quer participar e a política e os políticos têm que mudar".

O PP apoia a administração federal. Manda no Ministério das Cidades. Só que Dilma e suas realizações não apareceram na propaganda da legenda. No lugar, havia frases assim: "Têm muita coisa que está entalada em nossas gargantas. A corrupção, a saúde, a educação e o transporte. Ninguém aguenta mais".

Na noite desta terça foi a vez do PSD, de Gilberto Kassab. O ex-prefeito de São Paulo tem prometido apoiar oficialmente a reeleição de Dilma, mas optou por não mostrar nem falar da presidente na propaganda de dez minutos na TV. Já o Plano Real, do tucano Fernando Henrique Cardoso, foi mencionado logo no início, de maneira explícita e bem positiva.

PMDB, PP, PSD e até setores do PT parecem incomodados na hora de elogiar o governo Dilma. As propagandas recentes de PP e PSD mais atrapalham do que ajudam o Planalto. Juras de amor em privado são insuficientes. Na campanha, Dilma terá de encontrar uma fórmula para exorcizar essa atitude envergonhada de alguns de seus aliados.

Rosângela Bittar: Sabotagem e descompromisso

• Publicitários acham cedo para avaliações definitivas

- Valor Econômico

Uma hóspede sem teto chega à casa de seu anfitrião, que a recebe com as melhores condições possíveis de sobrevivência e abrigo, luxo até, estendendo-lhe o tapete vermelho e abrindo para ela o arsenal de foguetório. Aquela que está ali alojada na casa alheia, depois de curto período de gratidão, começa a voltar-se contra o salvador, e para isso tudo é pretexto. Da decoração da estalagem ao ciúme pela forma cordial como ele recebe também o séquito da viajante de passagem.

Acusa-o de ter extremo mau gosto, critica seu sofá alaranjado e impõe que o troque por um esverdeado, mais a seu gosto. Avisa que ali se instalará por apenas quatro meses, mas nessa fase não aceita cruzar com nenhum dos antigos amigos do dono da casa e exige que seu desejo seja uma ordem, como se direito fosse, até que consiga terminar a reforma da sua própria casa para se mudar em segurança.

O hospedeiro, feliz com a chegada de quem acreditava possuidora de uma varinha de condão para realizar seus sonhos, vai aceitando as imposições, aparentemente como ossos do ofício. Um ou outro dos amigos do hospedeiro se rebela e aparece no recinto, apesar das proibições, ousadia que enfurece a hóspede. É o que detona o ataque ao próprio dono do alojamento.

Marina Silva é a hóspede, Eduardo Campos, candidato do PSB à presidência, o hospedeiro. Candidata a vice, está alí abrigada, alegadamente apenas por um curto tempo, junto com seu pequeno séquito mais próximo de militantes ambientalistas e religiosos, enquanto continua a montar e registrar a sua própria agremiação, o Rede Sustentabilidade, de que será finalmente dona e de onde não precisará sair a cada vez que tiver uma de suas exigências recusadas pelos anfitriões que a receberam vida política afora.

Quando a abrigou, o candidato certamente imaginava ver transferidos votos que ela obteve na eleição de 2010 (19,3%), pelo menos aquela parte dos que não foram considerados de protesto. Isso não ocorreu, e, ao contrário, as atitudes da candidata a vice só reforçaram a sangria do apoio que Eduardo já possuia. Marina chegou reduzindo: tirou o agronegócio, a candidata melhor situada no Rio Grande do Sul, Ana Amélia, por ser do PP, para fazer aliança com o PMDB de José Sarney, protagonista nos ataques do candidato a presidente do PSB, chapa na qual é vice. Ambiguidade, confusão, incoerência. Tentou emplacar postes do Rede nas disputas de São Paulo e Minas Gerais, e não conseguindo promete sabotar. De sua região, a Amazônia, não se tem notícias de vantagens.

Esse desfazer foi sempre acompanhado de declarações reducionistas, deselegantes, arrogantes, como se líder de uma ONG em campanha presidencial fosse. Quem apostava na candidatura para valer não entende o descompromisso.

Apenas Marina Silva é o agente causador desse constrangimento na campanha de Eduardo? Não, o candidato a presidente é o maior responsável. Escancarou as portas sem que, como se faz em qualquer pensão, apresentasse à assinatura da hóspede as suas regras. Parece que nada combinaram. Apresentar como básico a manutenção das alianças históricas do seu partido, as soluções dadas pelos diretórios regionais, a manutenção das condições para fazer uma boa bancada, nada disso parece ter constado do decálogo de praxe.

O PSB não estava à venda, tinha seu rumo e seus métodos, e o ainda inexistente Rede, com o traquejo de um diretório estudantil, tomou-o de assalto, mas apenas por uns meses.

Eduardo Campos podia conhecer a personalidade de Marina e seu grupo restrito, mas não achou necessário armar redes de proteção. Faltou até agora, na sua campanha, um seguro planejamento. Sofre, também, a ausência de uma equipe profissional com experiência nacional. Hoje quem comanda é o sociólogo e marqueteiro argentino Diego Brandy, autor das campanhas de eleição e reeleição para o governo de Pernambuco. E falta também uma administração forte, hoje diluída, inclusive para gerir o problema Marina. Que poderia ser um patrimônio da campanha, mas tem sido fator de desestabilização. 

Disso surgem os boatos de deserção precoce da candidata a vice, de preparação do embarque do candidato a presidente na candidatura Lula, se vier o ex-presidente a trocar de lugar com Dilma. Desrespeito político do qual Eduardo e Marina não podem se queixar, pois está óbvio que a campanha de Eduardo não se preparou para o descompromisso de Marina com a vitória.

As engrenagens para alavancar Eduardo estão emperradas, mas a pesquisa Datafolha do último sábado, confirmada ontem pelo Ibope, completa um panorama eleitoral em que apenas o candidato do PSDB, Aécio Neves, está em situação de melhora, devagar, é verdade, mas sempre.

A avaliação da candidata à reeleição e em queda, Dilma Rousseff, se aproxima perigosamente dos 30% no Datafolha, quando se considerava que 40% era o índice seguro para, mesmo passando ao segundo turno, garantir a eleição. Depois de um período de extrema exposição Brasil afora, depois do programa eleitoral do PT, depois de visitar todos os Estados, depois de dar inúmeras entrevistas sobre a Copa, depois de campanhas de publicidade do governo na TV.

Apontado pela pesquisa, e também ruim para Dilma, é o anseio de mudança, que continua alto: acima dos 70%. E há uma terceira má notícia, medida apenas na antiga pesquisa Ibope de duas semanas atrás mas que precisa ser revertida: na declaração sobre em quem o eleitor não votaria de jeito nenhum (rejeição específica) Dilma pontuou 43%. Muito alto esse índice, o mesmo de José Serra no segundo turno de 2010.

Ou Dilma se recupera e inverte radicalmente a curva de avaliação, ou cede expressivamente o anseio de mudança dos brasileiros e se reduz a taxa de rejeição, ou ficará tecnicamente difícil apostar na vitória líquida e certa. Há tempo e recursos de campanha para mudar esse quadro, muito mais para ela do que para Eduardo Campos e Aécio Neves, uma vez que três em cada três publicitários de campanha continuam considerando cedo para avaliações definitivas.

Marco Aurélio Nogueira: PMDB: uma aliança que ajuda mas atrapalha

- O Estado de S. Paulo

O apoio do PMDB à candidatura de Dilma Rousseff não causou surpresa nem impacto particular. Estava escrito nas estrelas. Mas, seja pela margem estreita dos votos (398 a favor e 275 contrários), seja por tudo o que ocorreu nos últimos quatro anos, a decisão sugere alguma consideração.

Ela mostra a dificuldade que têm os políticos brasileiros de inovar suas agendas e rever seus procedimentos.

Ao menos desde junho de 2013 ficou evidente que há um flagrante mal-estar social com o modo como se faz política e se governa no país. Os políticos teriam a obrigação de agir para corrigir as coisas. O problema não é de sistema - o tão falado "presidencialismo de coalizão" -, mas de estilo, pensamento e ação. 

Abraçados sem coerência programática ou ideológica, os partidos governam aos trancos e barrancos. Celebram alianças que, além do mais, sobrecarregam os custos das operações governamentais e administrativas, dadas as pesadas exigências que delas derivam.

O apoio peemedebista tem motivação eleitoral. Mas seu efeito político efetivo pode ser visto como contraproducente. É certamente favorável ao PT e a Dilma. Dá-lhe minutos preciosos de rádio e TV, além de palanques em várias regiões, desde que se enquadrem os dissidentes. 

Ao PMDB fornece oxigênio para que siga na estrada como partido subalterno, sem pretensões ousadas, ideal ou programa. Abre-lhe a perspectiva de mais uma temporada de proximidade com o poder, mas o impede de sacudir seus andrajos e se renovar. 

Não foi por acaso que Michel Temer, antes da apuração dos votos, declarou que a confirmação da aliança com o PT abriria "portas para que um dia o PMDB ocupe todos os espaços políticos desse país, para o bem dos brasileiros". Falou, mas não disse tudo.

O PT ganha, mas pode se arrepender mais à frente, caso vença as eleições. É que a aliança o amarra e condiciona, forçando-o a um jogo que garante certa governabilidade mas impede qualquer reforma digna do nome, o que é péssimo para um partido que se deseja reformador. Não é porque o PMDB assim o queira. 

É porque há coisas, em política, que estão inscritas no DNA dos atores: manifestam-se mesmo quando são outras as intenções e complexas as circunstâncias.

Luiz Carlos Azedo: Algo deu errado em Sampa

- Correio Braziliense

De todas as notícias negativas para a campanha à reeleição da presidente Dilma Rousseff, até agora, a pior foi o resultado da pesquisa Datafolha em São Paulo, na qual a petista perderia a eleição no segundo turno por ampla margem. Entre os 31,8 milhões de eleitores paulistas, que representam 22% do total, Aécio Neves (PSDB) a venceria por 46% a 34%; Eduardo Campos (PSB), mesmo sem palanque local, por 43% a 34%. A pesquisa mostra que a estratégia traçada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para tomar dos tucanos o Palácio dos Bandeirantes e, simultaneamente, reeleger Dilma no primeiro turno está naufragando.

Lula tentou repetir no maior colégio eleitoral do país a mesma estratégia vitoriosa nas eleições da capital paulista, na qual conseguiu eleger o ex-ministro da Educação Fernando Haddad prefeito de São Paulo. Um ano e meio após tomar posse, o jovem administrador não conseguiu bom desempenho como gestor e amarga baixos índices de aprovação. Ou seja, é um péssimo cabo eleitoral para Dilma Rousseff. Deixou de ser também um trampolim para o ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha, o candidato do PT ao Palácio dos Bandeirantes, que ainda não conseguiu decolar e permanece com apenas 3% dos votos. Lula acreditava que ele repetiria a performance de Haddad, quando nada porque o patamar de votos petistas estimado pelos analistas seria de 30%.

Com os desgastes do governo federal com os paulistas — tem apenas 23% de aprovação —, a rejeição de Dilma em São Paulo chega a 46%, quando a média nacional é de 32%, o quê é considerado mortal para qualquer candidato pelos marqueteiros. A opção de Dilma no estado seria uma aproximação com o candidato do PMDB, Paulo Skaf, que tem 21% da preferência. O ex-prefeito Gilberto Kassab, outro aliado, com 4% dos votos, já deriva para a oposição.

Surpreendentemente, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), em meio à onda de greves e protestos violentos, tem 44% das intenções de voto e venceria no primeiro turno. Isso é improvável, mas já não se pode dizer que é impossível. A radicalização do movimento sindical no setor público, como na greve do Metrô, parece beneficiar o tucano, que joga duro com o movimento paredista e capitaliza a insatisfação da grande massa de usuários prejudicada pelo vandalismo e pela perturbação da vida urbana.

O padrinho da candidatura de Skaf em São Paulo é o vice-presidente Michel Temer, que espera ver o outrora poderoso PMDB de Ulysses Guimarães e Orestes Quércia renascer das cinzas, como Fênix. A lógica para o Palácio do Planalto seria o PT retirar a candidatura de Padilha e apoiar Skaf, numa chapa que poderia ter o ex-ministro na vice e o senador Eduardo Suplicy como candidato a mais um mandato. Mas isso é tratado como uma capitulação pela seção paulista da legenda, que conta com lideranças eleitoralmente robustas, como a ministra da Cultura, Marta Suplicy, e o ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, sem falar no ex-presidente Lula.

Em tempo
O Ibope divulgou nova pesquisa de intenção de voto para Presidente da República, realizada de 4 a 7 de junho, na qual Dilma Rousseff (PT) teria 38% das intenções de voto contra 22% de Aécio Neves (PSDB) na simulação do primeiro turno.

Eduardo Campos (PSB) aparece em terceiro lugar com 13%. A pesquisa fez recrudescer as críticas à atuação do governo de parte do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que agora fala publicamente contra a gestão econômica. A expectativa de continuidade da atual política econômica começa a ser vista como um fator de negativo na estratégia de reeleição, mas a presidente Dilma Rousseff resiste às mudanças na equipe. Os candidatos de oposição, principalmente Aécio Neves, ganham cada vez mais apoio no meio empresarial por causa disso.

Com a mão
A presidente Dilma aproveitou a Copa do Mundo para um pronunciamento ontem em cadeia nacional de televisão no qual fez ampla propaganda de seu governo, a pretexto de saudar as seleções que participam dos jogos. Em tom triunfalista, rebateu os que criticam seu governo. Dilma procurou neutralizar os desgastes que vem sofrendo por causa dos protestos contra a Copa no Brasil, o que contribuiu para sua queda nas pesquisas.

Painel - Bernardo Mello Franco (interino)

- Folha de S. Paulo

Vai ter troco
A cúpula do PMDB está furiosa com caciques que juraram apoio, mas votaram contra a aliança com o PT de Dilma Rousseff. A retaliação virá na distribuição de recursos para as campanhas estaduais do partido. Aliados de Michel Temer prometem fechar os cofres aos diretórios que tentaram enterrar a coligação. Embora tenha declarado que uma vitória por 51% já seria "ótima", o vice-presidente ficou irritado por deixar a convenção com menos de dois terços dos votos.

Sei de tudo Embora a votação fosse secreta, o grupo de Temer dividiu as urnas de forma milimétrica para identificar os focos do boicote. Os principais foram Rio de Janeiro, Bahia e Ceará.

Canta, Brasil Quando Dilma chegou à convenção, um pequeno grupo da Juventude do PMDB gritou seu nome, e o resto do auditório ficou em silêncio. Temer tentou puxar o coro no microfone, mas não teve sucesso.

Rima pobre Os jovens cantaram "Sarney guerreiro do povo brasileiro" e repetiram o coro para Renan Calheiros, presidente do Senado. Na versão original, o bordão é dedicado ao ex-ministro José Dirceu em atos do PT.

Bunker Na hora do almoço, os cariocas Sérgio Cabral e Eduardo Paes, que prometem apoiar Dilma, correram para o gabinete de Francisco Dornelles (PP-RJ). O senador é primo e eleitor declarado do tucano Aécio Neves.

Nova política Cabral começou o discurso saudando o senador José Sarney. Em seguida chamou sua filha, a governadora Roseana Sarney (MA), de "querida amiga".

Fim da fila O líder do PMDB na Câmara, Eduardo Cunha, cumprimentou uma vereadora de Diadema antes de citar o ministro Moreira Franco (Aviação Civil). "Foi para mostrar o apreço da bancada por ele", ironizou.

Pátria em chuteiras O ex-presidente Lula pendurou uma bandeirinha do Brasil no retrovisor do carro oficial.

Vamos marcar A modelo Andressa Urach, dublê de repórter e Miss Bumbum, convidou o petista para tomar um copo de cachaça com ela na TV. Resposta de Lula: "Agora não. Mas eu gosto!"

Trair e coçar A campanha de Aécio se animou com a divisão do PMDB. Ressuscitou a esperança de tirar PSD, PR e PP da aliança de Dilma.

Em casa O deputado Márcio França, que é maçom, levou Eduardo Campos (PSB) ontem para garimpar votos entre colegas. Abriu o discurso com saudação a "meus irmãos e minhas cunhadas".

Fé no tsunami A mais nova metáfora de Campos para o cenário eleitoral: o recuo do mar secou a praia e tirou voto de todos, mas uma onda voltará com força --e Dilma não surfará nela, diz.

Soletrando O prefeito Fernando Haddad (PT) suará para dizer o nome de sua visita desta quarta: Dzhaksybekov Adilbek Ryskeldinovich, secretário do Cazaquistão.

Não, obrigada Da deputada Cidinha Campos (PDT-RJ), 71, a um eleitor que a instou no Facebook a alçar "voos mais altos": "Na minha idade, só se for para o céu!"

Tabloide O desembargador capixaba Pedro Valls Feu Rosa surpreendeu juízes ao incluir em seu clipping virtual notícia sobre três mulheres que se casaram entre si.

Visita à Folha Fernando Fernandez, presidente da Unilever, visitou ontem a Folha. Estava com Antônio C. Prataviera Calcagnotto, vice-presidente de assuntos corporativos, e Cristina Moretti, diretora-presidente da In Press Porter Novelli.

Ttiroteio
"Se o PMDB do Rio decidiu trair a Dilma, que assuma seu ato. Não venha culpar o PT pelo que está fazendo com a presidente."
DO SENADOR LINDBERGH FARIAS (PT-RJ), sobre frase do governador Luiz Fernando Pezão (PMDB) culpando o PT pela adesão de aliados a Aécio Neves.

Contraponto
Paga uma branquinha, governador!

Marcello Alencar, o ex-governador do Rio que morreu ontem aos 88 anos, era um dos personagens mais irreverentes da política brasileira. Despachava de pés descalços e estimulava piadas sobre o gosto pela bebida. Em campanha, não se negava a dividir o copo com o eleitor.

--O povo dizia: "Paga uma branquinha pra gente, governador". Aí não tinha jeito, eu tinha que beber...

O hábito e a idade avançada inspiraram um apelido incômodo, que perseguiu o tucano no fim de sua trajetória.

--Me chamavam de Velho Barreiro, mas era injustiça. Nunca fui viciado... --defendia-se, sem perder o humor.