quarta-feira, 14 de maio de 2014

Opinião do dia: Aécio Neves

Este vídeo, para ser visto, tem que tirar as crianças da sala. Como fazem uma coisa dessas agora, sem a campanha nem ter começado? 

Eles estão muito assustados antes da hora. É triste ver um partido que não se envergonha de assustar e ameaçar a população para tentar se manter no poder. 

Esse comercial é o retrato do que o PT se transformou e o espelho do fracasso de um governo que, após 12 anos de mandato, só tem a oferecer medo e insegurança, porque perdeu a capacidade de gerar confiança e esperança.

Os brasileiros não merecem isso. É um ato de um governo que vive seus estertores."

Aécio Neves, senador (MG) e presidente nacional do PSDB. PT usa discurso do medo para socorrer Dilma. O Globo, 14 de maio de 2014

PT usa discurso do medo para socorrer Dilma

• PT copia PSDB e usa discurso do medo para socorrer Dilma

• Comercial do partido cita ‘fantasmas do passado’ e diz que ‘não podemos voltar atrás’

Aécio afirma que propaganda é ‘espelho do fracasso’ do governo, Campos fala em ‘tiro no pé’ e Rui Falcão, que ‘nada ali é irreal’. Em 2002, Regina Duarte apareceu em programa de Serra dizendo temer volta da inflação caso Lula fosse eleito

Com a presidente Dilma Rousseff em queda nas pesquisas, o PT decidiu repetir estratégia usada pelo PSDB em 2002 na campanha de José Serra e apostar na tática do medo para tentar reverter o desejo de mudança no país, declarado por 74% dos eleitores na última pesquisa do Datafolha. Ontem, começaram a ser veiculados comerciais do PT na TV em que os atores interpretam famílias hoje com acesso a remédios, escolas e emprego sendo confrontadas com suas próprias imagens, em situações degradantes. Ao fim, o locutor diz que “não podemos deixar que os fantasmas do passado voltem e levem tudo o que conseguimos com tanto esforço”.

Os pré-candidatos da oposição reagiram. Para Aécio Neves (PSDB), o comercial espelha “um governo que só tem a oferecer medo e insegurança”. Já Eduardo Campos (PSB) chamou de tiro no pé: “Vão encorajar o povo a tirar a presidente Dilma inclusive do segundo turno.”

Rui Falcão, presidente do PT, defendeu o programa: “Nada do que se diz ali é irreal. As pessoas efetivamente mudaram de vida.”

Medo ressurge na TV

Maria Lima – O Globo

• Como PSDB em 2002, programa do PT alerta sobre risco às conquistas e ‘fantasmas do passado

BRASÍLIA - Em uma investida que surpreendeu adversários e cientistas políticos, o PT apresentou ontem na TV um programa, produzido pelo marqueteiro João Santana, adotando estratégia semelhante ao polêmico e criticado vídeo usado pelo PSDB em 2002, na campanha de Lula contra o tucano José Serra, que teve como protagonista a atriz Regina Duarte falando do medo da vitória do petista.

Diante do índice de 74% dos brasileiros desejando mudanças, conforme retratado na última pesquisa Datafolha, o vídeo de um minuto tenta vender a mensagem de que “não podemos voltar atrás”. Com locução do ator Antônio Grassi, o filmete mostra famílias sendo expulsas do campo, famílias sem acesso a remédios, trabalhadores perdendo o emprego, e crianças, sem escola, lavando carros em sinais fechados.

— Quando a gente dá um passo pra frente na vida, precisa saber preservar o que conquistou. Não podemos deixar que os fantasmas do passado voltem e levem tudo que conseguimos com tanto esforço.

Nosso emprego de hoje não pode voltar a ser o desemprego de ontem. Não podemos dar ouvidos a falsas promessas. O Brasil não quer voltar atrás — diz o locutor, numa referência ao discurso dos adversários Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB), que falam em medidas impopulares.

Dilma tem batido forte nessas promessas, insinuando que vão trazer desemprego e arrocho salarial.

Em 2002, a atriz Regina Duarte, com semblante crispado, gravou um vídeo para a campanha de José Serra, no qual dizia que o Brasil corria o risco de perder a estabilidade conquistada e não dava para “ir tudo para a lata do lixo”. Em outro trecho, ela dizia que havia dois candidatos:

Serra, ela conhecia como “o homem dos genéricos” e da política de combate a AIDS, o outro, Lula, ela conhecia, mas não conhece mais: “Tudo o que ele dizia mudou muito. Isso dá medo na gente. Outra coisa que dá medo é a volta da inflação desenfreada. Eu voto em Serra, voto sem medo.”

Com mensagem subliminar parecida, o filme do PT mostra o que seriam conquistas do governo petista: mães com filhos com acesso a escola e a remédios, em oposição a imagens de desempregados, com olhares tristes e assustados, e crianças passando fome nas ruas. Essas imagens são associadas aos “fantasmas do passado” que não poderiam retornar.

O presidente do PT, Rui Falcão, negou que esteja sendo feito terrorismo:

— Estamos mostrando o risco que é você apostar em determinadas alternativas, cujas propostas remetem ao passado.

Uma delas, inclusive, traz um ex-presidente.

Nada do que se diz ali é irreal. As pessoas efetivamente mudaram de vida, ascenderam socialmente, tiveram acesso ao mercado, melhoria de salário, mais educação, mais emprego e não querem perder isso. Terrorismo quem está fazendo são eles. Nós estamos alertando que as mudanças não podem ser uma volta ao passado nem um salto no escuro.

Segundo o presidente do partido, o programa de dez minutos que o PT exibirá amanhã será “impactante no sentido de polarização política e confronto de ideias” e contará com a presença do expresidente Lula e da presidente Dilma Rousseff. Os candidatos da oposição reagiram duramente contra a peça.

— Este vídeo, para ser visto, tem que tirar as crianças da sala. Como fazem uma coisa dessas agora, sem a campanha nem ter começado? Eles estão muito assutados antes da hora — disse Aécio Neves, à noite. 

Mais cedo, ele já havia criticado a peça em nota: — É triste ver um partido que não se envergonha de assustar e ameaçar a população para tentar se manter no poder. Esse comercial é o retrato do que o PT se transformou e o espelho do fracasso de um governo que, após 12 anos de mandato, só tem a oferecer medo e insegurança, porque perdeu a capacidade de gerar confiança e esperança.

Os brasileiros não merecem isso. É um ato de um governo que vive seus estertores.

Ex-aliado do PT, Eduardo Campos (PSB) criticou repetição de discurso usado contra Lula.

— É uma atitude completamente equivocada do ponto de vista político e histórico. O mesmo discurso foi muito utilizado contra Lula e o PT no passado. Lamento que se parta para esse tipo de argumentação. Vejo um certo tipo de desespero. Acho que aquilo vai ser um grande tiro no pé. Com esse tipo de campanha, os que acham que vão colocar medo, vão encorajar o povo a tirar a presidente Dilma inclusive do segundo turno — atacou Campos, que antes de ver a propagando ironizou em referência à publicidade tucana de 2002:

— Quem é a atriz do filme do PT?

De acordo com interlocutores da presidente Dilma, a propaganda coroa a estratégia de embate aberto com os tucanos que teve início no pronunciamento em cadeia nacional no Dia do Trabalho.

— É eles lá e nós cá. A decisão do partido foi de colocar a oposição no córner, jogando para eles a responsabilidade por medidas impopulares, ou seja, recessão.

A Casa das Garças (centro de estudos que abriga os principais formuladores do programa econômico de Aécio), com proposta de inflação a 3%, esquece que tem povo
aqui embaixo. A gente passou pela crise com desemprego mínimo - disse o interlocutor de Dilma.

Cientistas políticos avaliam que o vídeo do PT se vale de um tom radical, pela primeira vez nessa pré-campanha, para estancar quedas de popularidade de Dilma e iniciar de vez uma campanha dura.

— É mais ou menos (a estratégia) de mostrar como a não reeleição da Dilma traria
más conseqüências para o povo brasileiro.

Só que nós sabemos que com a Dilma também tem coisa negativa.

Os fantasmas do passado fazem referência ao governo (Fernando Henrique) Cardoso.

Já é um radicalismo que pode dar o tom a partir de agora — disse David Fleischer, professor de ciência política da Universidade de Brasília (UnB). Para o cientista político João Paulo Peixoto, também da UnB, o governo visou conter as quedas nas pesquisas:

— A presidente Dilma tem enfrentado sucessivas quedas de popularidades e o PT tem que, digamos, apelar. É um sinal de fraqueza, quase desespero. (Colaboraram Catarina Alencastro, Eduardo Barretto e Luiza Damé)

Aécio afirmou que o Brasil carece de política nacional de segurança pública

• Governo federal cruza os braços para os 50 mil assassinatos que ocorrem por ano no Brasil, diz o presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves

- Agência A Tarde

SALVADOR (BA) – O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, voltou a cobrar do governo federal respostas rápidas e eficientes para combater a expansão da violência que assola praticamente todos os estados e grandes cidades brasileiras. Em viagem à Bahia – estado com maior crescimento percentual de homicídios da última década, com aumento de 340% -, Aécio afirmou que o Brasil carece de política nacional de segurança pública e criticou o governo da presidente Dilma pela omissão diante dos 50 mil homicídios registrados anualmente no País.

Para Aécio, o governo cruza os braços para o problema. “Neste cenário de grandes desafios, sinto que tem faltado ao país o sentido mais alto da federação. Tem nos faltado solidariedade política e responsabilidade compartilhada. Na prática, o que assistimos hoje é o governo central terceirizando os problemas e cruzando os braços diante de 50 mil assassinatos por ano”, disse durante discurso na Câmara de Vereadores de Salvador na noite desta segunda-feira (12), após receber o título de Cidadão Soteropolitano.

Aécio lembrou que o governo federal participa com apenas 13% de tudo o que é gasto com segurança pública em todo o país. A maioria dos recursos – 87% – fica a cargo de estados endividados e municípios com grandes dificuldades de fazer novos investimentos.

Além da baixa participação federal com combate à criminalidade, o presidente nacional do PSDB acusou o governo petista de bloquear os recursos federais para a área de segurança pública. “Há um crônico contingenciamento dos recursos dos fundos setoriais da segurança. Em todo o governo Dilma, dos R$ 4,1 bilhões destinados a eles, só foram pagos apenas ou 26%”, afirmou Aécio Neves.

Combate à miséria
Em seu discurso, Aécio Neves também defendeu o Bolsa Família ao dizer que o programa será aprimorado em um eventual governo do PSDB. O tucano afirmou que é preciso garantir que os programas de transferência de renda passem a ser um direito de cidadania e não uma benemerência de qualquer governo.

O tucano voltou a cobrar da base governista de Dilma a votação de projeto de sua autoria que transforma o Bolsa Família em política de Estado, independentemente do partido que esteja no Palácio no Planalto. O programa será discutido nesta quarta-feira (14) na Comissão de Assuntos Sociais no Senado.

“Chegou a hora de mudar para enfrentar, de verdade, o atraso e a pobreza seculares, que tiram dos brasileiros a perspectiva de crescimento e de construírem o seu próprio destino. O país está nos dizendo que não aceita mais apenas a gestão diária da pobreza e exige a sua superação definitiva. É hora de avançar mais, sem proselitismo, sem demagogia, sem remendos”, afirmou Aécio Neves.

Outra medida, defendeu o presidente do PSDB, é recuperar o patamar de renda internacionalmente que define a linha da pobreza extrema.

“Ninguém sabe porque o governo federal abandonou o paradigma da ONU e só agora, em ano de eleição, lembrou-se de reajustar o beneficio, ainda assim de forma insuficiente, que não alcança os 1,25 dólar/dia, preconizados pelas Nações Unidas. Com ele, o programa deveria estar praticando hoje o valor mínimo 83 reais”, cobrou Aécio Neves.

Campos adota novo tom e compara governo Dilma ao de FHC

Gustavo Uribe – Folha de S. Paulo

SÃO PAULO - Para descolar a sua campanha à do PSDB, o pré-candidato do PSB à sucessão presidencial, Eduardo Campos, comparou o governo da presidente Dilma Rousseff (PT) ao segundo mandato do tucano Fernando Henrique Cardoso.

O dirigente do PSB disse, em encontro nesta terça-feira (13) com empresários do gás natural, que a atual crise energética é comparável à de 2001, quando o país passou por racionamento de energia.

Segundo ele, para não ser comparado à administração tucana, o governo federal não tem atuado de maneira transparente ou adotado medidas para evitar o agravamento do atual quadro energético no país.

"O atual governo federal não quer confessar que deixou o país em uma situação semelhante ao outro governo que ela [Dilma Rousseff] combatia em 2001", criticou. "Não quer evidenciar ao Brasil a semelhança dos dois", acrescentou.

O crescimento do pré-candidato do PSDB, Aécio Neves, nas últimas pesquisas eleitorais levou o PSB a reformular a sua estratégia eleitoral. O partido elevou o tom das críticas à candidatura do tucano e procura diferenciar Eduardo Campos do outro candidato de oposição.

Até então, o governo de FHC vinha sendo poupado das críticas do pré-candidato do PSB, que elogiava o ex-presidente por ter controlado a inflação e estabilizado a economia.

Em palestras a empresários do varejo, promovida também nesta terça-feira (13), o dirigente do PSB voltou a defender a realização de uma reforma tributária "fatiada", feita ao longo de um mandato presidencial.

A proposta é oposta a de Aécio Neves, que promete a apresentação em até seis meses de administração de um projeto para redução e simplificação dos tributos. Segundo o presidenciável do PSB, "está mentindo" quem propõe uma reforma tributária "da noite para o dia".

"Quem vem aqui dizer que vai mudar da noite para o dia, eu posso dizer depois de ter vivido 12 anos no Congresso Nacional e depois de ter sido sete anos governador (de Pernambuco), está mentindo", criticou.

"Tarifaço"
O pré-candidato voltou a dizer que, caso seja reeleito, o governo federal irá aplicar um "tarifaço" em 2015 para arcar com a política de segurar os preços da energia em ano eleitoral. Segundo ele, essa medida não tem sido anunciada por "conveniência meramente eleitoral".

"A sociedade não sabe que em 2015 vai ter um 'tarifaço' de energia que ela vai pagar. Quanto mais ela poupar, menos vai pagar amanhã. Isso não está sendo dito por conveniência eleitoral", criticou.

O dirigente nacional do PSB afirmou que a questão da energia no governo federal "parece um filme de terror". Segundo ele, a presidente foi eleita para uma administração desenvolvimentista, mas acabou "parando o país"

Para Campos, “mente” quem promete reforma tributária da noite para o dia

• Pré-candidato do PSB rebate de forma indireta compromisso assumido por Aécio de apresentar proposta em seis meses

Sérgio Roxo – O Globo

SÃO PAULO - Numa referência indireta à promessa do tucano Aécio Neves, o pré-candidato do PSB à Presidência da República, Eduardo Campos, afirmou nesta terça-feira que mente quem se compromete a realizar uma reforma tributária no país “da noite para o dia”.

- Quem vier aqui e disser que vai mudar (o sistema tributário) da noite para o dia, eu posso dizer depois de ter vivido 12 anos no Congresso e sete como governador, está mentindo. Só dá para fazer se for fatiado - afirmou Campos, durante reunião com lojistas de shopping, em São Paulo.

Em palestra para líderes empresariais do Lide no final de março, Aécio disse que apresentará uma proposta de reforma tributária em seis meses, caso seja eleito. Já Campos defende que as mudanças sejam feitas de forma gradual.

O presidenciável do PSB defendeu nesta terça que haja um fundo de compensação para os estados durante a implantação das novas regras tributárias para suprir eventuais perdas.

Mais cedo em encontro com produtores de gás natural, Campos acusou a gestão da presidente Dilma Rousseff de não ser transparente ao falar sobre os problemas do setor elétrico por medo de ser comparação com o apagão que ocorreu no governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, em 2001.

- O atual governo não quer confessar que deixou o país numa situação semelhante a que o outro governo (de Fernando Henrique) que ela (Dilma) combatia deixou o Brasil em 2001. O Brasil viveu um constrangimento deste também em 2001.

Para evitar a comparação, o governo petista, segundo Campos, não faz campanha para que a população economize energia nem abre o jogo sobre a necessidade de um "tarifaço" em 2015.
- (O governo Dilma) fica com medo de ser comparado também nesse setor ao governo Fernando Henrique - disse o presidenciável.

Nos últimos dias, o pré-candidato tem atacado os tucanos como uma forma de se diferenciar de Aécio. Durante a palestra, Campos fez ainda críticas à condução da política energética atual:

- É difícil a gente acreditar que chegamos nesta situação no setor elétrico, por isso que eu disse que parece um filme de terror. Espero que ele acabe daqui a pouco

O pré-candidato também se comprometeu a não fazer nomeações políticas para o Ministério das Minas e Energia caso seja eleito em outubro.

Ainda dentro da estratégia de se distanciar de Aécio, Campos definiu, segundo aliados, que o PSB vai lançar candidatar candidato ao governo de Minas. Os dois presidenciáveis haviam selado um pacto de não agressão em seus territórios, pelo qual o PSDB apoiaria Paulo Câmara (PSB) em Pernambuco e o PSB, Pimenta da Veiga (PSDB), na eleição mineira.

O pré-candidato do PSB evitou, porém, tratar do tema publicamente.

- Isso é um debate que o PSB está travando e esse debate tem data para terminar: a data das convenções. Cada estado está discutindo intensamente - disse Campos, ao ser questionado sobre a possibilidade de ter candidato em Minas.

O nome mais cotado para encabeçar a chapa do PSB no estado é o do deputado federal Júlio Delgado, presidente da legenda em Minas. O deputado estadual Daniel Coelho (PSDB-PE) disse que depois da divulgação dos planos de Campos foi procurado pela cúpula do PSDB para recomendação de que ficasse “alerta” para a possibilidade de entrar na disputa eleitoral pernambucana.

FH: há possibilidade de o PSDB ter ‘chapa puro-sangue’

• Ex-presidente comenta, no entanto, que presidente e vice de partidos diferentes pode ser melhor para agregar votos

• Há crescentes rumores de que José Serra possa ser vice do candidato opositor Aécio Neves

Tatiana Farah – O Globo

SÃO PAULO - O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse nesta terça-feira que há possibilidade de o PSDB disputar as eleições presidenciais com uma chapa "puro-sangue", com os candidatos a presidente e vice da própria legenda, mas se mostrou reticente em apoiar a iniciativa.

Os tucanos cogitam indicar o nome do ex-governador José Serra como vice-presidente na candidatura do senador Aécio Neves à Presidência.

- Possibilidade há, agora acho que não há uma decisão ainda e não sei se vai haver. Possibilidade há porque não é difícil de entender que o que os candidatos querem é, primeiro, um vice que seja solidário, que não atrapalhe. Segundo, que não tire voto e, terceiro, que, se puder, que agregue votos.

Para agregar votos, às vezes é melhor ter outros partidos.

O ex-presidente, que participou de um encontro entre ex-presidentes e líderes latino-americanos em São Paulo, disse que ainda não conversou com Serra:

- Eu não falei com ele e não sei nem se ele quer. Serra é um bom quadro, sem dúvida.

Questionado se Aécio deveria mudar sua estratégia, a exemplo de Eduardo Campos (PSD), Fernando Henrique disse que não aconselharia a fazer mudanças:

- Acho que esse negócio de ficar mudando de estratégia não é bom nem para o Eduardo. O importante é inspirar confiança. Eu não mudaria de estratégia no começo, não.

Rancor
Durante um seminário realizado em São Paulo para marcar os dez anos do Instituto Fernando Henrique Cardoso (IFHC), o ex-presidente Fernando Henrique disse há no país um sentimento de rancor e que os ônibus queimados e linchamentos mostram isso. Ao lado dos ex-presidentes Felipe González (Espanha), Ricardo Lagos (Chile) e Julio Maria Sanguinetti (Uruguai) e do ex-chanceler mexicano Jorge Castañeda, o brasileiro disse também que o país “encolheu” em sua política externa e econômica.

- Pela primeira vez eu sinto no Brasil, uma espécie de rancor. Isso não é consciente. Se queimam ônibus nas cidades brasileiras todas as noites - disse Fernando Henrique.

Em entrevista coletiva, o ex-presidente continuou:

- A vida cotidiana está difícil, a inflação começa a mexer no bolso, a mobilidade é difícil, insegurança está presente, há falta de perspectiva. Esse conjunto está produzindo um fenômeno que para mim é desagradável e raro. É raiva. É inacreditável o que aconteceu no Rio, de queimar 400 ônibus. Mesmo a violência de matar aquela senhora que teria sequestrado a criança, mas não tinha.

Aí um dos sequestradores disse que pensou que fosse ela (a sequestradora). E se fosse? Pode matar? São muitos sentimentos desencontrados que estão produzindo o que eu resumo em uma palavra: mal-estar.

Para o ex-presidente, a responsabilidade pelo clima de rancor não é responsabilidade só do governo.

- E não é só um governo, tem o federal, o estadual, o municipal. É o conjunto da obra, digamos - disse ele.

Fernando Henrique disse que deveria se aproveitar as eleições para promover um debate profundo sobre os problemas do país:

- Desde que o debate seja verdadeiro, sério. Discutir estratégias, alternativas. e não simplesmente atacar um ao outro. “Esse roubou, aquele roubou”. Eu sei que alguns roubaram e têm que ir para a cadeia, mas isso não pode ser o centro da discussão.

Manifestação contra Dilma fecha rodovia no Nordeste

• BR 428 foi tomada por professores, estudantes, agricultores e índios que pedem que ‘o Brasil seja passado a limpo’

• Protesto aconteceu durante visita da presidente à elevatória do Rio São Francisco

• Evento havia sido incitado pelo prefeito, do PSB, que acabou não participando do ato

Letícia Lins – O Globo

CABROBÓ (PE) - A visita da presidente Dilma Rousseff à cidade de Cabrobó (PE) foi marcada na tarde desta terça-feira por uma série de protestos, críticas e manifestações de descrença contra políticos e principalmente contra o PT. Desde as 14h30 (uma hora antes de Dilma chegar ao município), a rodovia BR 428 está totalmente bloqueada. Professores, estudantes, agricultores e índios Trukás fecharam os dois sentidos da via e exigem que “o Brasil seja passado a limpo”.

Dilma aterrissou na estação elevatória que faz parte das obras de transposição do Rio São Francisco e foi recebido com aplausos tímidos. No local, ela fez uma pequena inspeção e não discursou. O prefeito Antônio Auricélio Torres, que é do PSB - partido do presidenciável Eduardo Campos - e que havia incitado as manifestações, não teve acesso à Dilma. Entregou a assessores da Casa Civil um documento com as reivindicações de sua administração.

Na estrada, os manifestantes ergueram faixas, usaram apitos, agitaram maracas e dançaram o toré (dança típica do local). Yssô Truká, uma das lideranças indígenas da região, explicou a presença do grupo no ato:

— Esse protesto é contra o governo federal, que tem um discurso muito bonito, mas é o mais fraco até hoje na História do Brasil. A gente só vê promessa e pouca ação. Pior para o povo e ainda mais para as populações indígenas que vêm sofrendo terríveis massacres no governo Lula e no de Dilma.

Podemos dizer que a transposição (do São Francisco) sai do território truká, mas começou a ser feita em total desrespeito à conveção 169 da Organização Internaconal do Trabalho da qual o Brasil é signatário desde 1984 e que determina a autoafirmação e a autonomia dos povos índígenas.

Os índios, que seguem protestando no pista, dizem que só vão sair do local “quando Deus Tupã mandar”.

Professora aposentada de 55 anos e uma das manifestantes de Cabrobó, Ceny de Freitas contou que era afiliada ao PT, mas que deixou o partido por ter vergonha do mensalão.

— Eu gostei quando Dilma foi eleita presidente porque, como eu, ela é mulher. Mas ela é um cupim que está roendo o Brasil, deixando tudo oco.

Ao chegar à elevatória, a presidente apresentava fisionomia cansada, mas, mesmo assim, ficou cerca de meia hora entre os trabalhadores locais. Cumprimentou muitos deles, distribuiu abraços e apertos de mão e também pousou para fotos. Em nenhum momento falou com a imprensa.

Mais cedo, o prefeito Antônio Auricélio Torres, do PSB, havia acusado o governo petista de “retaliação”, por não cumprir promessas feitas ao município sertanejo e por deixar ao meio obras iniciadas ainda na gestão do ex-presidente Lula. Torres esteve em Brasília na semana passada para tentar resolver problemas da cidade, localizada a 586 quilômetros de Recife, mas voltou sem ser recebido pelas autoridades. 

Sentindo-se discriminado, decidiu organizar um protesto, mas desistiu de participar do evento quando a presidente chegou à Cabrobó. Preferiu entregar um documento com reivindicações da população do município.

- Quanto ao protesto, eu realmente tive vontade de ir na frente, mas achei que não ficaria bem para um prefeito. Por esse motivo, estou sofrendo muita pressão, inclusive pelas redes sociais. Estão reclamando que fraquejei.

FHC a Campos: 'mudar de estratégia não é bom'

• Inflação já mexe no bolso da população

Elizabeth Lopes - Agência Estado

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso saiu em defesa nesta terça-feira, 13, do seu correligionário nessas eleições presidenciais, o senador mineiro Aécio Neves (PSDB), e disse que ele não precisa mudar sua estratégia de campanha porque o oponente do PSB, o ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos, prometeu que fará uma inflexão à esquerda justamente com o propósito de se diferenciar do concorrente tucano.

"Este negócio de mudar de estratégia não é bom, nem para o Eduardo (Campos)", alfinetou FHC, após participar de evento comemorativo de dez anos de seu instituto, na Capital, com a presença dos ex-presidentes Felipe González, da Espanha, Ricardo Lagos, do Chile, Julio Sanguinetti, do Uruguai, e Jorge Castañeda, ex-ministro das Relações Exteriores do México.

Ao falar da campanha eleitoral deste ano, o ex-presidente tucano disse que a população não vai votar em um candidato simplesmente porque ele diz que está mais à esquerda ou mais à direita. E frisou: "(A população) nem sabe muito bem conceitualizar isso." FHC destacou que um candidato precisa, na corrida presidencial deste ano, "é inspirar confiança" no eleitorado. E recomendou: "Eu não mudaria de estratégia neste começo (de campanha)".

FHC diz que inflação já mexe no bolso da população
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) disse nesta terça-feira, 13, que a população vive um clima de rancor no Brasil porque há um conjunto de fatores que torna a vida cotidiana mais difícil. Mesmo evitando responsabilizar um determinado governo, o ex-presidente tucano fez uma crítica à gestão da presidente Dilma Rousseff (PT), dizendo que "a inflação começa a mexer no bolso". Um dos motes da campanha presidencial tucana deste ano, capitaneada pelo senador mineiro Aécio Neves, é justamente mostrar que o governo FHC foi o responsável pelo controle da inflação e que este índice voltou a sair do controle na atual gestão petista.

Ao listar outros fatores que, no seu entender, estão tornando difícil a vida da população, FHC citou ainda a falta de soluções para a mobilidade urbana, com os problemas no trânsito. E disse que a insegurança e a falta de perspectivas também estão presentes e produzindo um fenômeno que, para ele, é desagradável e raro no Brasil: "A raiva".

FHC exemplificou este sentimento com alguns atos de violência que vêm sendo registrados em todo o País. "É inacreditável o que aconteceu no Rio de Janeiro, de queimarem 400 ônibus na semana passada, não estou dizendo que não tenham razão (para protestar), mas é difícil aceitar isso como um procedimento cotidiano." O tucano falou também sobre o linchamento de uma mulher no Guarujá (SP), questionando o que está levando algumas pessoas a querer fazer justiça com as próprias mãos. "São muitos sentimentos desencontrados que estão produzindo o que resumo numa palavra: mal-estar. É o que está acontecendo no Brasil de hoje, um mal-estar", destacou.

Indagado se as eleições presidenciais deste ano seriam um bom mote para mudar esse cenário, ele respondeu: "Eu creio que sim, eu acho que é o momento porque pode haver um debate, desde que seja sério, verdadeiro e discuta estratégias, alternativas, e não simplesmente atacar um ao outro, se este ou aquele roubou. Eu sei que alguns roubaram e têm que ir pra cadeia, mas isso não pode ser o centro da questão".

As afirmações de FHC foram feitas em rápida entrevista coletiva, após evento comemorativo de dez anos de seu instituto, na capital paulista, com os ex-presidentes Felipe González, da Espanha, Ricardo Lagos, do Chile, Julio Sanguinetti, do Uruguai, e Jorge Castañeda, ex-ministro das Relações Exteriores do México.

Venezuela
FHC afirmou também que está ocorrendo um ataque à democracia na América Latina, falando especificamente da Venezuela. "Na Venezuela, obviamente, está existindo um ataque à democracia." E ponderou que democracia não é só o voto. "(Democracia) é você não usar a máquina para fazer pressão e não ter abuso do poder econômico. São muitos fatores e precisa de melhor educação."

Ao falar sobre a Venezuela, FHC frisou que "é escandaloso que não haja uma reação maior ao que ocorre" naquele país. E disse que o desafio dos países da América Latina, inclusive na democracia, "é passar da quantidade para a qualidade, não é só ter voto, é ver o resultado deste voto, para que isso resulte em bons governos".

Aécio telefona para aliado em Pernambuco e o coloca de 'sobreaviso'

• Movimentação de tucano acontece no momento em que Eduardo Campos sinaliza que PSB pode romper o acordo com o PSDB e lançar candidato próprio em Minas

Pedro Venceslau, de O Estado de S. Paulo

SÃO PAULO - O pré-candidato do PSDB à Presidência, Aécio Neves, telefonou na segunda-feira, 12, para o deputado estadual Daniel Coelho (PSDB) e pediu para que ele ficasse de "sobreaviso", já que seu nome pode ser lançado como candidato a governador de Pernambuco a qualquer momento.

“Ele me disse que a aliança aqui (em Pernambuco) pode estourar e pediu que ficasse alerta”, afirmou Coelho ao Estado. Em 2012, ele disputou a prefeitura do Recife e ficou em segundo lugar, superando o PT. O vencedor foi Geraldo Julio, aliado de Campos, que venceu no primeiro turno.

A movimentação de Aécio acontece no momento em que o pré-candidato do PSB à Presidência, Eduardo Campos, se mostra cada vez mais decidido a romper o acordo com o PSDB e lançar nome próprio em Minas.

No ano passado, Campos e Aécio decidiram por uma troca de apoio nas disputas destes dois Estados: o PSB apoiaria Pimenta da Veiga, candidato de Aécio em Minas, base do senador, e o PSDB retribuiria fechando com Paulo Câmara, o nome escolhido por Campos para disputar o governo de Pernambuco.

Embora ainda trabalhe para reverter esse movimento em Minas, onde PSB local orbita em sua área de influência há pelo menos dez nos e resiste ao rompimento, Aécio acionou o correligionário para não ser surpreendido com um futuro rompimento.

O nome mais cotado pelo PSB para tentar quebrar a polarização entre PSDB e PT em Minas é o deputado federal Júlio Delgado. Mas a Rede Sustentabilidade, grupo político da ex-ministra Marina Silva que apoia Campos, apresentou o nome do ambientalista Apolo Heringer Lisboa (PSB). Ele esteve recentemente com o pré-candidato e ouviu que deveria se manter na disputa até a data da convenção que oficializará a candidatura do PSB, em junho.

Questionado sobre o tema nesta terça-feira, 13, depois de um evento com empresários em São Paulo, Campos evitou ser assertivo sobre o rompimento do acordo, mas reconheceu que a aliança está fragilizada. "O PSB trava esse debate (sobre lançar um candidato em Minas). Cada Estado está nesse momento discutindo intensamente", afirmou.

A decisão do PSB de rever não apenas esse acordo, mas o pacto de não agressão com os tucanos, ocorre no momento em que Aécio registrou um crescimento nas últimas pesquisas enquanto Campos ficou estagnado. Segundo pesquisa do Datafolha divulgada no dia 7 de maio, a presidente Dilma Rousseff (PT) registrou 37%, Aécio 20% e Campos 11%. Os pessebistas avaliam que só existe uma fórmula para mudar esse quadro: descolar-se da agenda do tucano e buscar os eleitores de lulistas e de "esquerda" que estão insatisfeitos com o governo Dilma.

Governo empurra reajuste nos impostos de bebidas para depois da Copa

• O ministro da Fazenda, Guido Mantega, não explicou qual será a elevação feita a partir de setembro e nem quanto o governo deverá arrecadar com esse reajuste em 2014

Deco Bancillon, Rosana Hessel – Correio Braziliense

O governo decidiu, nesta terça-feira (13/5), adiar para setembro o aumento de impostos para bebidas frias que passaria a vigorar a partir de 1º de junho, às vésperas do início da Copa do Mundo de Futebol.

O ministro da fazenda, Guido Mantega, disse que o reajuste na tributação para este setor será escalonado a partir de setembro. Ainda não informações sobre em quanto tempo será diluído todo o aumento previsto para o setor. "Quando um setor passa muito tempo sem receber aumento de impostos é como se a carga tributária tivesse caído. Nós vamos recompor isso, mas ao longo do tempo", disse o ministro.

Para o presidente da Associação de Bares e Restaurantes (Abrasel), Paulo Solmocci Júnior, foi assumido um compromisso com o governo de não reajustar preços de bebidas frias durante a Copa, num esforço para que a inflação não suba ainda mais. Solmocci disse também que o setor deve rever a decisão de demitir funcionários por conta do aumento de impostos. Ele acredita que, a partir de setembro haverá novos aumentos, mas de maneira que não impacte duramente as vendas do setor.

O ministro da Fazenda não explicou, porém, como o governo conseguirá recompor a parcela de impostos que deixará de entrar nos cofres públicos como postergação do reajuste para bebida frias. Pra este ano, a meta de economia fiscal é que o setor público consolidado deva arrecadar 1,9% do Produto Interno Bruto (PIB).

A elevação dos impostos para bebidas ajudaria ao governo a atingir esta meta com R$ 1,5 bilhão em novos impostos, apenas entre junho e dezembro, além dos já cobrados do setor.
Mantega não explicou qual será a elevação feita a partir de setembro e nem quanto o governo deverá arrecadar com esse reajuste em 2014.

Mais de 60% dos trabalhadores rurais estão na informalidade, aponta Dieese

• Além da perda de garantias trabalhistas, os baixos salários são preocupantes

Agência Brasil

Dos 4 milhões de trabalhadores assalariados rurais no país, 60% - cerca de 2,4 milhões – atuam na informalidade e com salários menores que os formais. O número foi divulgado nesta terça-feira (13/5) pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), com base em pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) realizada em 2012.

O levantamento foi apresentado no Seminário Nacional sobre Assalariamento Rural. Para o secretário de Assalariados e Assalariadas Rurais da Confederação Nacional de Trabalhadores na Agricultura (Contag), Elias D'Angelo, a informalidade no setor rural é um problema grave e precisa ser enfrentada.

"São mais de 2 milhões de trabalhadores na informalidade no Brasil. Só no Nordeste, são 1 milhão nessa situação. Precisamos olhar o problema para que ele seja enfrentado porque muitos trabalhadores ficam sem os direitos trabalhistas", disse D'Angelo.

Além da perda de garantias trabalhistas, os baixos salários são preocupantes. Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) do IBGE, 78,5% dos trabalhadores assalariados rurais informais têm rendimento médio mensal de até um salário mínimo (R$ 622,00 à época da pesquisa), sendo que quase metade desse total, 33,9%, recebe menos de um salário.

Sem amparo legal, os trabalhadores em situação informal não têm direitos trabalhistas e previdenciários, como aposentadoria, auxílio-doença, pensão por morte, férias, descanso semanal remunerado, 13º salário, hora extra, licença-maternidade e paternidade, aviso-prévio, Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e seguro-desemprego. A informalidade também aumenta o risco de o trabalhador ser exposto a situações de trabalho escravo.

Aécio: Dilma vai deixar ‘uma herança maldita’

• Tucano sela aliança com o Solidariedade para combater ‘inflação alta e crescimento baixo’

Júnia Gama – O Globo

BRASÍLIA- Ao receber o apoio do partido Solidariedade (SDD) a sua candidatura à Presidência da República, em ato marcado por ataques à presidente Dilma Rousseff, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) afirmou ontem que conta com o aliado para enfrentar a “herança maldita” a ser deixada pelo atual governo.

Entre faixas com os dizeres “Fora, Dilma!” e “Dilma nunca mais!”, Aécio comemorou o apoio do Solidariedade, legenda criada no fim do ano passado após rompimento do deputado Paulinho da Força (SP) com o governo. Aécio afirmou que o aumento do salário mínimo será mantido e que seu futuro governo tratará a inflação com tolerância zero. Ele ainda criticou a base da presidente Dilma Rousseff no Congresso por ter impedido a aprovação de emenda de sua autoria que reajustava a tabela do imposto de renda pela inflação.

— É um momento extremamente importante em uma campanha que se inicia. O Solidariedade é o primeiro partido que formalmente se manifesta a favor do nosso projeto. Ele participará do nosso lado na formulação do nosso programa de governo, apontando equívocos do atual governo, que nos legará uma herança maldita de inflação alta e crescimento baixo.

No encontro, ocorrido em um hotel em Brasília, Paulinho da Força “ofereceu” o nome do presidente da Força Sindical, Miguel Torres, para ser vice de Aécio. O mineiro, no entanto, repetiu o que vem dizendo sobre os demais candidatos a vice em sua chapa: que a decisão só será tomada em junho, em acordo com todos os partidos da aliança.

— Política é a arte de administrar o tempo. Não tenho pressa. Antes da nossa convenção de 14 de junho, teremos uma definição da chapa, a partir de um entendimento da aliança.

Indefinição sobre vice
Paulinho da Força sinalizou que a apresentação do nome de Torres é mais simbólica do que a delimitação de um espaço pelo qual o Solidariedade pretende brigar. Além de Torres, outros cinco nomes são cotados para a chapa de Aécio: os senadores Aloysio Nunes (PSDB-SP), José Agripino (DEM-RN) e Ana Amélia (PP-RS), a deputada Mara Gabrilli (PSDB-SP) e o ex-governador de São Paulo José Serra.

Nos bastidores, aliados de Aécio relatam que o nome foi colocado como uma maneira de diluir as especulações sobre Serra, que tem aparecido no noticiário como aposta de uma ala tucana para compor a chapa. Há uma avaliação, entre aqueles que não depositam tanta expectativa nessa composição, de que os demais aliados cotados para a vaga estariam ficando constrangidos com a possibilidade de Aécio fechar desde já um acordo com Serra. A intenção é, portanto, empurrar ao máximo a definição sobre a corrida presidencial.

O tom do evento foi de crítica ao governo Dilma. Logo na entrada foi montado um totem com latões imitando barris de petróleo com os dizeres “Caixa 2, Petrobras, Corrupção”, “O PT está afundando a Petrobras”, “Pasadena, Dilma assinou a compra” e a imagem da presidente no alto.

Mas, no evento, Paulinho da Força cobrou compromisso de Aécio com a pauta trabalhista. E Aécio se posicionou:

— Vamos fazer aquilo que é possível e necessário para o Brasil voltar a crescer, para controlar a inflação e permitir que indústria encontre o caminho de competitividade que vem perdendo ao longo dos anos.

Lula tenta implodir movimento ‘Aezão’ no Rio

• Ex-presidente vai se reunir com PMDB para manter o partido com Dilma

Cássio Bruno e Leticia Fernandes – O Globo

RIO - O ex-presidente Lula desembarca no Rio nos próximos dias com a missão de minar uma possível aliança entre o PMDB, do governador Luiz Fernando Pezão, que tentará a reeleição, e o PSDB, do senador Aécio Neves, pré-candidato à Presidência. O encontro com os peemedebistas foi um pedido do próprio Lula. A reunião terá a participação de Pezão, do ex-governador Sérgio Cabral e do prefeito do Rio, Eduardo Paes.

Lula teme que a presidente Dilma Rousseff, que disputa a reeleição pelo PT, perca votos e o palanque do PMDB no Rio. Em 2010, Dilma obteve 4,9 milhões de votos no estado, 60,4% do total, uma vantagem de mais de 1 milhão de votos sobre o tucano José Serra. O movimento chamado de “Aezão”, criado por uma ala do PMDB fluminense, liderada pelo presidente regional do partido, Jorge Picciani, apoiará o tucano nas eleições de outubro. Este grupo quer uma aliança formal com os tucanos.

Pezão, Cabral e Paes já declararam que estão fechados com Dilma, mas nos bastidores nada fazem para impedir o namoro do PMDB com Aécio. A conversa pedida por Lula reacendeu a esperança dos pró-Dilma de uma implosão da candidatura ao governo do senador Lindbergh Farias (PT) para retomar a aliança, rompida ano passado.

— Já consideramos Lindbergh na disputa. Mas, claro, essa reunião com Lula gera uma pequena expectativa de o PT, na hora H, apoiar o Pezão — ressaltou um peemedebista.

O vice-presidente do PT, Alberto Cantalice, afirmou que a pré-candidatura de Lindbergh está consolidada, mas ressaltou que a campanha de Dilma “transcende” a do senador:

— Todos sabem que a campanha da Dilma é ampla, com vários partidos, e Lula é o principal articulador. Ele vai percorrer o Brasil para ajudá-la e o Rio não vai ficar de fora por sua importância eleitoral. A campanha da Dilma transcende a do Lindbergh

Em congresso, Lula critica até imprensa britânica por ‘alardear pessimismo’

• Ex-presidente participou de evento em Brasília que reuniu diários do interior

Jailton de Carvalho – O Globo

BRASÍLIA - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a criticar as grandes empresas de comunicação e a defender a regulamentação do setor que, para ele, não reflete com fidelidade a diversidade e as transformações pelas quais o país estaria passando. Em discurso na abertura do II Congresso dos Diários do Interior do Brasil, no final da noite de terça-feira, Lula criticou também a imprensa britânica que estaria alardeando pessimismo contra a economia brasileira. Num contraponto, o ex-presidente enalteceu as mudanças de critérios de divisão da verba publicitária do governo federal e o crescimento da imprensa regional.

- No Brasil de hoje é preciso garantir a complementariedade de emissoras privadas, públicas e estatais. Promover a competição e evitar a contaminação do espectro por interesses políticos. Estimular a produção independente e respeitar a diversidade regional do país. Uma regulação democrática vai incentivar os meios de comunicação de caráter comunitário e social, fortalecer a imprensa regional, ampliar o acesso à internet de banda larga - disse Lula.

O ex-presidente abriu o discurso com um quadro comparativo entre o noticiário dos grandes jornais e a imprensa regional. Para ele, os grandes jornais dão destaque exagerado a pequenos problemas e deixam de lado importantes avanços. O ex-presidente reclamou da abordagem sobre programas como Minha Casa Minha Vida, Luz para Todos e Prouni, entre outros. Em contrapartida a visão das grandes empresas, a imprensa regional seria mais realista quando trata dos mesmo assuntos.

- Os grandes jornais nunca deram valor ao Luz Pra Todos, mas quando o programa superou todas as expectativas e alcançou 15 milhões de brasileiros, um desse jornais deu na primeira página: “1 milhão de brasileiros ainda vivem sem luz”. Está publicado, não é invenção - citou Lula como exemplo de suposta distorção da realidade.

O ex-presidente criticou até parte da imprensa inglesa, que nos últimos meses tem apontado problemas na economia brasileira. Segundo ele, esses jornais e revistas estariam se preocupando demais com o Brasil quando deveriam prestar mais atenção à realidade interna. Ele disse ainda que as análises negativas da imprensa inglesa estariam sendo reproduzidas de forma acrítica no Brasil.

- O país deles tem uma dívida de mais de 90% do PIB, com índice recorde de desemprego, mas eles escrevem que o Brasil, com uma dívida líquida de 33%, é uma economia frágil. Não conheço economia frágil com reservas de US$ 377 bilhões, inflação controlada, investimento crescente e vivendo no pleno emprego - disse Lula.

Relação tensa
O ex-presidente voltou a defender também a mudança de critérios na divisão da verba publicitária do governo federal. Ele conta que, em 2002, quando venceu as eleições presidenciais, a verba publicitária do governo era distribuída para 240 empresas de comunicação. Em 2009, o bolo publicitário era repartido entre 4.692 empresas.

- Uma das mudanças mais importantes que fizemos nestes 11 anos foi democratizar o critério de programação da publicidade oficial. Quero recordar que esta medida encontrou muito mais resistências do que poderíamos imaginar, embora ela tenha sido muito importante para aumentar a eficiência da comunicação de governo afirmou.

O ex-presidente teve relação quase marcada pela tensão com a imprensa durante seus dois mandatos.

Num determinado momento, auxiliares do ex-presidente chegaram a propor um projeto de regulamentação dos meios de comunicação. Mas a proposta foi considerada uma tentativa de controle indevido dos jornais e acabou sendo deixada de lado. Nos últimos meses, o assunto voltou a ganhar força em alguns setores do PT, partido do ex-presidente.

Oposição critica tom de propaganda do PT

Naira Trindade, Ana Pompeu – Correio Braziliense

Em tom dramático e apelativo, o Partido dos Trabalhadores aproveitou os sessenta segundos de propaganda partidária na televisão para tentar alavancar a candidatura da presidente Dilma Rousseff à reeleição. Baseando-se no discurso do "medo dos fantasmas do passado", o vídeo usou os mesmos personagens para simular dois momentos econômicos do país. Na encenação, famílias dilaceradas contracenam com elas mesmas, reconstruídas. Trabalhadores se deparam com eles, desempregados. Crianças se veêm mendigando no sinal.

"Quando a gente dá um passo para frente na vida, precisa saber preservar o que conquistou. Não podemos deixar que os fantasmas do passado voltem e levem o que conseguimos com tanto esforço. Nosso emprego de hoje não pode ser o desemprego de ontem. Não podemos dar ouvidos às falsas promessas. O Brasil não quer voltar atrás", narra o locutor.

As imagens foram duramente criticadas pela oposição. O presidente do PSDB — partido que esteve no poder no "passado" mencionado na peça — e pré-candidato à Presidência, o senador Aécio Neves repudiou a divulgação. "É triste ver um partido que não se envergonha de assustar e ameaçar a população para tentar se manter no poder", disse.

Para o senador mineiro, a peça é um exemplo da mudança pelo qual passou o PT desde que assumiu o Palácio do Planalto, em 2003. "Esse comercial é o retrato do que o PT se transformou. É o espelho do fracasso de um governo que, após 12 anos de mandato, só tem a oferecer o medo e a insegurança porque perdeu a capacidade de gerar confiança e esperança. Os brasileiros não merecem isso. É um ato de um governo que vive seus estertores", completou.

Líder do PSDB na Câmara, Antônio Imbassahy (BA) considerou a atitude "uma demonstração do fracasso do PT". "É lamentável que após 12 anos ocupando a Presidência da República o PT tenha apenas isso para mostrar ao país: medo e desesperança. Na verdade, essa atitude nada mais é do que a clara demonstração do fracasso de uma gestão melancólica, envolvida em escândalos de corrupção desde seu início e carente de competência para fazer o país avançar, crescer. É um partido em evidente decadência, um morto vivo da política brasileira", disse.

Efeito contrário
Em reunião da Executiva Nacional do PSB em Brasília, o presidenciável Eduardo Campos afirmou que o governo petista dá sinais de "desespero". Na opinião dele, a peça publicitária terá efeitos contrários ao esperado na campanha da presidente Dilma Rousseff, capaz de influenciar até mesmo na presença dela no segundo turno das eleições.

"Vejo como um tipo de desespero. Eu acho que aquilo ali vai ser um grande tiro no pé. Com essa campanha, os que imaginam que vão colocar medo, vão encorajar o povo a tirar a presidente do segundo turno", afirmou. "É uma atitude equivocada, do ponto de vista político, histórico", defendeu. Para Campos, esse mesmo tipo de discurso foi utilizado contra o PT, durante as campanhas do presidente Lula.

Já o presidente do PT, Rui Falcão, defendeu a narração em nota divulgada no site Conversa Afiada. "Terrorismo? Quem está fazendo terrorismo são eles, que estão dizendo que vão acabar com a valorização do salário mínimo; vão acabar com os juros subsidiados do Plano Safra, do Minha Casa, Minha Vida e do BNDES; que vão baixar a inflação por decreto e produzir milhões de desempregados! Isso, sim, é terrorismo. Nosso comercial é apenas um alerta", finalizou.

"É triste ver um partido que não se envergonha de assustar e ameaçar a população para tentar se manter no poder"
Aécio Neves (PSDB), senador

O Brasil das ruas - O aquecimento para a Copa dos protestos

• Categorias profissionais intensificam manifestações no Rio e em São Paulo, e atos vão ganhar mais corpo amanhã, com mobilizações no país. Capital fluminense vive dia caótico com a greve de rodoviários

Renata Mariz – Correio Braziliense

Cinco dias depois dos protestos que pararam o Rio de Janeiro, na última quinta-feira, novas manifestações invadiram a cidade. Desta vez, além dos rodoviários, vigilantes e engenheiros saíram às ruas para reivindicar melhores salários e condições de trabalho. Houve depredação e prisões. Em São Paulo, cerca de 5 mil profissionais de educação bloquearam a Avenida Paulista no fim da tarde, complicando o trânsito já caótico da região. Os atos públicos chegam ao Palácio do Planalto como um prenúncio das mobilizações marcadas para amanhã, batizadas, na internet, como o Dia Internacional de Lutas contra a Copa. Antes protagonizados por black blocs, os protestos agora reúnem categorias profissionais que se aproveitam da visibilidade do torneio — e da proximidade das eleições — para intensificar as cobranças. A menos de um mês do início do Mundial, o gigante dá sinais de um novo despertar, com poder de influenciar diretamente na corrida presidencial.

Além dos anseios de categorias específicas — como os servidores do Judiciário em greve em Manaus —, pesam contra a gestão Dilma Rousseff o índice pífio de conclusão, até agora, de 41% dos projetos prometidos em 2010, como preparativos para a Copa que se tornariam legado para o país, nas áreas de mobilidade, segurança, telecomunicação e estádios. Canteiros de obra ainda em andamento, aeroportos em reformas, estádios inacabados, a 29 dias do Mundial, insuflam os movimentos sociais que adotam postura crítica em relação ao evento. Só 38% das obras de mobilidade, conforme mostrou o Correio no último domingo, foram concluídas. O tema do transporte é o mais caro entre a população e foi responsável pelas primeiras manifestações de junho do ano passado.

Além do Rio, de São Paulo e de Manaus, houve protestos em Belo Horizonte, no Recife, em Fortaleza, em Salvador e em Curitiba ontem.

Um dos principais destinos dos turistas que virão ao Brasil para o campeonato de futebol, o Rio teve um dia caótico ontem, reforçando o temor da comunidade internacional de que problemas afetem a viagem de milhares de estrangeiros. Segundo o último levantamento da Rio Ônibus, que reúne as concessionárias de transporte, 158 veículos foram atacados e 12 pessoas acabaram presas. O sindicato estimou que apenas 18% dos 8,8 mil coletivos circularam. Mas decisão do Tribunal Regional do Trabalho determinou que o serviço seja mantido com pelo menos 70% do efetivo de rodoviários do município. Além disso, ficou estabelecida multa diária de R$ 50 mil contra o Sindicato dos Motoristas e Cobradores de Ônibus do Rio de Janeiro (Sintraturb-Rio) em caso de descumprimento.

"Fundo político"
A direção da entidade afirmou que o movimento de ontem tem "fundo político". Segundo o sindicato, dissidentes insatisfeitos com a última negociação, em março passado, que garantiu aumento da ordem de 10%, têm impedido a categoria de trabalhar e provocado tumultos, como o da última quinta-feira, quando mais de 500 coletivos foram depredados. Por esse motivo, argumenta a diretoria do Sintraturb-Rio, a multa diária pela manutenção da greve não poderia ser imputada à entidade. São 40 mil profissionais no estado, entre motoristas, cobradores, mecânicos e fiscais. A greve da classe prejudicou, segundo o secretário de Transportes do Rio, Alexandre Sansão, 2 milhões de pessoas. Ele acrescentou, no entanto, que um plano de contingência foi colocado em prática. Para a população, no entanto, sobrou o descaso.

Outro foco de insatisfação com o governo local se deu em frente ao Centro Administrativo São Sebastião, na Cidade Nova. Cerca de 100 engenheiros, arquitetos e geólogos da prefeitura protestaram, marcando o início de uma paralisação de três dias como forma de reivindicar aumento do piso salarial de R$ 4,7 mil para R$ 8,4 mil. Hoje, os grevistas prometem ir à Assembleia Legislativa em busca de apoio. Os vigilantes particulares manifestaram em diferentes pontos, como parte da paralisação da categoria. Houve uma caminhada da Candelária em direção à Cinelândia. Em shoppings, eles entregaram panfletos conclamando os colegas de profissão a aderirem à greve, iniciada há três semanas.

O Sindicato Estadual dos Profissionais de Ensino (Sepe) do Rio manteve a greve iniciada nesta semana, mesmo depois da decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luiz Fux de suspender o acordo firmado em 2013 entre a entidade e o governo do estado. Isso porque o sindicato não compareceu à audiência realizada ontem para promover a conciliação entre os dois lados, conduzida por Fux. Com isso, sanções estão liberadas, como corte de ponto e do salário. O Sepe retomou a paralisação, na última segunda-feira, alegando que o governo não tem cumprido os termos do acordo do ano passado, versão que as autoridades contestam.

Profissionais de educação da rede municipal de São Paulo, em greve há 20 dias, fizeram uma manifestação ontem, na Avenida Paulista. Eles exigem incorporação imediata do índice de 15,38% de reajuste salarial anunciado pelo governo da capital na última negociação. Querem também que a prefeitura melhore as condições de trabalho e acabe com as terceirizações. O sindicato dos trabalhadores afirmam que a gestão do prefeito Fernando Haddad (PT) aceita discutir apenas se o acréscimo salarial for considerado a partir de 2015. Mas os profissionais não abrem mão da incorporação imediata.

Legião de insatisfeitos
Confira municípios que têm protestos marcados para amanhã. A maioria organizou os evento via redes sociais: 

Belém,  Belo Horizonte,  Brasília,  Campo Grande,  Cuiabá, Curitiba,  Fortaleza,  João Pessoa,  Manaus,  Natal,  Palmas,  Porto Alegre,  Recife,  Rio de Janeiro,  Salvador,   São Paulo,  Uberlândia (MG),  Vitória

Campos e Aécio reagem a inserção do PT sobre medo

Raquel Ulhôa e Letícia Casado – Valor Econômico

BRASÍLIA e SÃO PAULO - Em inserção partidária nacional que começou a ser veiculada ontem à noite no rádio e na televisão, o PT tenta despertar na população - beneficiada por medidas adotadas em seus mais de 11 anos de governo - o medo de perder tudo o que conquistou, se a presidente Dilma Rousseff não for reeleita. O pré-candidato do PSB à Presidência da República, Eduardo Campos (PSB), considerou a propaganda "desespero" e "tiro no pé". O presidenciável tucano Aécio Neves disse tratar-se de "ato de um governo que vive seus estertores".

Durante um minuto, com fundo musical e narração em tom dramático, são exibidas imagens de famílias em situações de contraste. Uma mãe com bebê no colo compra remédio e, fora da farmácia, a mesma mulher com seu bebê mal vestidos, sem acesso a medicamentos. Um estudante vê sua figura no papel de flanelinha. Uma família passeia de carro pelo campo e se depara com os mesmos personagens sendo expulsos da área rural. Pais e filhos tomam sorvete e são observados pelos mesmos atores, parecendo famintos. Um homem bem vestido esbarra no mesmo ator, maltrapilho. Ele olha com medo, assim como os demais.

Durante as cenas, ouve-se a voz do ator Antonio Grassi, dizendo: "Quando a gente dá um passo para a frente na vida, temos que preservar o que conquistou. Não podemos deixar que os fantasmas do passado voltem e levem tudo que conseguimos com tanto esforço. Nosso emprego de hoje não pode voltar a ser o desemprego de ontem. Não podemos dar ouvido a falsas promessas. O Brasil não quer voltar atrás".

Em campanha por Dilma, o PT adota a mesma estratégia usada pelo PSDB na campanha de 2002, em propaganda partidária na qual a atriz Regina Duarte aparecia dizendo ter medo de a estabilidade econômica acabar e da volta da inflação desenfreada, se o então candidato petista Luiz Inácio Lula da Silva vencesse o tucano José Serra. O PT ganhou.

"A gente vai obrigar eles a falar quais são as medidas impopulares. É esse o caminho, essa vai ser a toada daqui para frente: chamar para a realidade", disse um interlocutor da presidente, fazendo menção às propostas na área econômica dos pré-candidatos do PSDB e PSB.

Campos teve reação mais forte que Aécio. Em Brasília, após presidir reunião da executiva nacional do partido, afirmou ser "desespero" e "tiro no pé". À tarde, o site do PT pôs link para o que definiu como "vídeo emocionante". "É uma atitude completamente equivocada do ponto de vista político e histórico. Esse mesmo tipo de discurso foi muito utilizado contra o PT e o presidente Lula. Lamento que se parta para esse tipo de argumentação. Vejo certo desespero no que está sendo colocado". Para Campos, "vai ser um grande tiro no pé. Os que imaginam que vão colocar medo vão encorajar o povo a tirar a presidente inclusive do segundo turno".

Aécio disse ser "triste ver um partido que não se envergonha de assustar e ameaçar a população para tentar se manter no poder". Para o senador tucano, o comercial "é o retrato do que o PT se transformou e o espelho do fracasso de um governo que, após 12 anos de mandato, só tem a oferecer medo e insegurança, porque perdeu a capacidade de gerar confiança e esperança". Afirmou ser "ato de um governo que vive seus estertores".

Durante a reunião do PSB Campos afirmou estar preparado para enfrentar "um jogo mais duro" na campanha a partir de agora. Ele prevê que o PT vai intensificar a campanha para tentar desconstruir as candidaturas da oposição. "O jogo está apenas começando e vai ser mais duro a partir de agora, mas estou preparado", disse, segundo o senador Antônio Carlos Valadares (SE).

O senador Rodrigo Rollemberg (PSB-DF), pré-candidato a governador do Distrito Federal, afirmou ter ficado "chocado" com o vídeo. "É um retrocesso. É uma demonstração de medo. O PT demonstra, com aquele vídeo, que está morrendo de medo de perder a eleição. E vai perder."

Os dirigentes do PSB negaram ter tratado das divergências com o Rede Sustentabilidade - da candidata a vice, Marina Silva - para formação de alianças nos Estados. As principais divergências são em Minas Gerais e São Pauto. Segundo Campos, presidente do partido, quando não houver consenso, os candidatos "serão escolhidas pelo voto". Ficou definido o dia 28 de junho como data do congresso nacional do partido. A convenção será no dia seguinte, 29. Há dúvida quanto ao local. O Rio de Janeiro é a primeira escolha, mas estão sendo avaliados São Paulo e Brasília.

Na parte da manhã, Campos participou de dois eventos na zona sul da capital paulista. No primeiro - um encontro com empresários do setor de gás natural, promovido pela Abegás, associação das distribuidoras -, atacou a política energética do governo Dilma e disse que falta um planejamento de longo prazo para o setor.

O presidenciável não explicou, porém, como este planejamento deve ser feito e nem apresentou propostas para mudar a atual política energética do país. Ele disse que o setor parece um "filme de terror" e que foi ao encontro "fazer o que o governo não faz": escutar as demandas sobre o tema.

Entre os pontos levantados por palestrantes e convidados estavam a desoneração da cadeia tributária na produção e em equipamentos; a necessidade de redução da dependência da Petrobras na exploração do gás natural; a desverticalização do transporte de gás natural; e um planejamento para o sistema energético com políticas claras.

No segundo evento - um encontro de lojistas de shopping centers -, Campos falou sobre política. Disse que o PSB não descarta a possibilidade de lançar candidato próprio ao governo de Minas e que a indefinição da coligação é natural: "Este é um debate que tem data para terminar, que é a convenção do partido". (Colaborou Bruno Peres)

Dora Kramer: Melhor de três

- O Estado de S. Paulo

O movimento é nítido, embora não tenha sido corretamente interpretado: sim, Eduardo Campos está clara e propositadamente se distanciando de Aécio Neves.

Mas, ao contrário do que temem os tucanos e vislumbram com alguma esperança os petistas, isso não significa necessariamente uma aproximação com o governo para eventual aliança no segundo turno com a candidatura à reeleição da presidente Dilma Rousseff.

Quer dizer, por ora, que o ex-governador de Pernambuco e sua companheira de chapa, a ex-senadora Marina Silva, concluíram que não têm nada a ganhar com a cena da "coexistência pacífica" entre as candidaturas de oposição.

Na visão do PSB, a tática dos tucanos de alimentar semelhanças entre os dois leva na prática à incorporação tácita do terceiro (Campos) pelo segundo (Aécio) colocado nas pesquisas. E a partir daí, se consolida o cenário de polarização entre PT e PSDB, como de resto já está acontecendo na versão desses dois partidos.

Diante disso, Campos e Marina resolveram se posicionar à distância dos dois adversários a fim de mostrar ao eleitorado que há três e não duas forças políticas no jogo eleitoral. Aos tradicionais oponentes interessaria definir já em maio o cenário em que acontecerá a disputa de outubro.

Mas o PSB decidiu reagir a fim de não entregar o jogo no primeiro tempo. Quer disputar o eleitorado de oposição e também o eleitor que ainda é simpático ao ex-presidente Luiz Inácio da Silva. Este manifesta insatisfação com Dilma, não gosta do PSDB e, na avaliação da candidatura de Eduardo Campos, tem tudo para caminhar para uma alternativa.

Principalmente se nessa moldura se encaixa um perfil como o de Marina Silva. Ela cria embaraços no mundo político, impõe entraves a alianças partidárias? Os dados da realidade não permitem desmentidos. Mas, de outro lado, argumenta-se, atrai eleitores. Nessa perspectiva é que se deu a aliança entre os dois.

Trata-se, pois, na nova inflexão dada pela PSB na campanha, de evidenciar que há três candidatos e que tudo pode acontecer no primeiro turno.

No segundo, Campos pode precisar de Aécio, Aécio pode precisar de Campos e, quem sabe, o pernambucano pode precisar do PT. Ou melhor, dos votos de Dilma, caso - numa hipótese hoje remota - ela não vá ao segundo turno.

Em resumo, PT e PSDB podem até propagar que a candidatura de Campos não é viável. Mas, tendo entrado na disputa para valer, é de se imaginar que ele tenha o direito de se considerar um candidato competitivo e se comporte com tal.

Mal explicado. Do ex-presidente Lula sobre a compra da refinaria de Pasadena pela Petrobrás: "Você pode ter feito um mau negócio na época que depois virou um bom negócio, ou fazer um mau negócio que se transforme depois em negócio razoável. O (Sérgio) Gabrielli e a Graça (Foster) explicaram bem isso".

Nada disse, contudo, sobre a explicação da presidente Dilma Rousseff na nota em que justificava a aprovação da compra com base em relatório técnica e juridicamente falho.

Vaivém. Sensação de um ministro não petista, afinadíssimo com o governo: Lula já esteve mais disposto a concorrer à eleição no lugar de Dilma. Recuou, mas mantém a carta a postos na manga.

Se a jogará na mesa, depende da conta do custo-benefício para o PT. Seja como for, a avaliação é a de que o tempo político da decisão terá de ser o da convenção do partido marcada para o dia 28 de junho.

Coração de mãe. Na vaga de vice de Aécio Neves sempre cabe mais uma possibilidade. Agora, à lista de nomes em circulação acrescenta-se o do ex-senador cearense Tasso Jereissati.

Fernando Rodrigues: "Fantasmas do passado"

- Folha de S. Paulo

O eleitor vota quase sempre movido por dois sentimentos, o medo ou a esperança. Às vezes, a combinação de ambos.

O PT colocou ontem no ar um comercial de um minuto nos intervalos das TVs abertas. Explora o discurso do medo. Pessoas são mostradas vendo a si próprias num passado recente quando não tinham acesso a emprego, escola, saúde e lazer. Ao fundo, uma música de apelo fúnebre.

"Não podemos deixar que os fantasmas do passado voltem e levem tudo que conseguimos com tanto esforço", diz o locutor. "Nosso emprego de hoje não pode voltar a ser o desemprego de ontem. Não podemos dar ouvidos a falsas promessas. O Brasil não quer voltar atrás".

Em resumo, diz o PT, sem a reeleição de Dilma Rousseff virá o caos. A narrativa é clássica. Visa a inocular o pânico em quem teve alguma melhora de vida. A presidente necessita estancar a erosão em sua popularidade e assegurar o núcleo duro de seu eleitorado, na faixa de 30% a 35%. Desse rebanho não pode fugir nem mais uma ovelha. Daí a escolha do tom quase de velório do comercial veiculado ontem à noite.

Vai funcionar? Difícil saber. João Santana, o marqueteiro dilmista, não usaria um filme sem testá-lo antes.

Em eleições passadas, a estratégia do medo foi muito usada. Em 1998, o jingle de FHC falava de um "mundo turbulento" e de um Brasil que não podia parar. Parar com quem? Com Lula, que era o adversário. Deu certo.

Em 2002, José Serra levou a atriz Regina Duarte à TV dizendo que estava com medo. Lula rebateu com o "a esperança vai vencer o medo". Deu PT. Em 2006 e 2010, os petistas jogaram com o medo do fim do Bolsa Família. Ganharam tudo.

Agora é a vez de Dilma. A propaganda de ontem tem chuva cenográfica e uma imagem com textura de cinema. Parece um daqueles filmes bíblicos de Franco Zeffirelli. Talvez um pouco triste demais para quem também precisa vender esperança.

Luiz Carlos Azedo: Jogada de risco

• Em regime de pleno emprego, a alta dos preços leva os trabalhadores a intensificar as lutas salariais sem o fantasma das demissões em massa. É o que veremos a partir de agora, tendo por pano de fundo a Copa do Mundo

- Correio Braziliense

A presidente Dilma Rousseff resolveu contra-atacar. Para conter o avanço da oposição, pôs o pé na estrada e engrossou a voz contra os pré-candidatos do PSDB, o senador Aécio Neves, e do PSB, o ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos. Acusa-os de querer jogar o ônus do combate à inflação nas costas dos mais pobres — o primeiro, ao defender o fim dos subsídios; o segundo, ao propor uma meta de inflação de 3%. Segundo Dilma, essas propostas provocariam muito desemprego. Essa é a velha estratégia do PT para polarizar a eleição com o discurso de que haveria uma conspiração das elites e da mídia com objetivo de apeá-la do poder e liquidar as políticas sociais do atual governo.

Esse discurso de campanha — é realmente do que se trata — passa uma borracha nas denúncias de corrução no governo, como o escândalo da Petrobras, e rechaça as críticas ao seu fraco desempenho — na saúde, na educação e na segurança pública, principalmente. Por trás da narrativa, existe também uma estratégia de manutenção dos atuais níveis de emprego a qualquer preço, para conter a insatisfação social e garantir a reeleição de Dilma. Para isso, a inflação é administrada muito próxima dos 6,5% do teto da meta, que é de 4,5% ao ano, mediante a contenção de tarifas de combustíveis e de energia. Ainda que isso dê grandes prejuízos à Petrobras e quebre o setor elétrico.

Onda de greves
A estratégia de Dilma Rousseff para se reeleger arma uma bomba-relógio que será detonada depois das eleições, pois a inflação projetada para 2015 já é de 7,5%. Ou seja, cedo ou tarde, talvez logo após o pleito, terá de ser feito um ajuste. Falar sobre isso, porém, virou uma armadilha mortal para a oposição. Endossa o discurso governista de que Aécio Neves e Eduardo Campos não querem o melhor para os mais pobres, defendem apenas os interesses dos mais ricos. Todo plano, porém, tem fricção, nunca acontece como foi concebido. Nesse caso, o que está fora do controle do governo é a reação dos trabalhadores à perda de poder aquisitivo com a inflação. No Rio de Janeiro, professores e rodoviários entraram em greve ontem. Em Pernambuco, trabalhadores da petroquímica de Suape depredaram ônibus e pararam o trânsito.

Em regime de pleno emprego, a alta dos preços leva os trabalhadores a intensificar suas lutas, sem o fantasma das demissões em massa. É o que veremos a partir de agora, tendo por pano de fundo a Copa do Mundo, embora a onda de greves deva se desdobrar até setembro, quando ocorrerão as grandes campanhas salariais de metalúrgicos, petroleiros, carteiros e bancários. Mesmo que a Central Única dos Trabalhadores (CUT), mais ligada ao governo, adote uma política de "apertar o cinto", as outras centrais, como a Força Sindical e a União Geral dos Trabalhadores (UGT), se encarregarão de radicalizar as campanhas salariais. Sem falar nos sindicalistas extermos que têm outros candidatos disputando as eleições para Presidência da República, como os do PSTU, de José Maria e do PSOL, do senador Randolfe Rodrigues, ambos pré candidatos.

Mantega e Gabrielli
Mesmo sem CPI em funcionamento, a Petrobras continua na agenda negativa do Palácio do Planalto. Irão depor na Comissão de Fiscalização e Controle da Câmara dos Deputados, hoje e amanhã, respectivamente, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, e o ex-presidente da Petrobras José Sérgio Gabrielli. A pauta é a compra da refinaria de Pasadena (EUA), com prejuízo superior a 500 milhões de dólares à empresa. 

Segundo a presidente Dilma, a direção executiva da Petrobras omitiu do Conselho de Administração, presidido por ela à época, duas cláusulas do contrato com a empresa belga Astra Oil, consideradas prejudiciais. A presidente diz que aprovou negócio com base num parecer falho juridicamente. Gabrielli rebate: "Não posso fugir da minha responsabilidade, do mesmo jeito que a presidente Dilma não pode fugir da responsabilidade dela, que era presidente do conselho", sustentou o ex-presidente da Petrobras ao comentar a acusação de Dilma.

Rosângela Bittar: Matriz do aborrecimento

• No ensaio geral da Copa, otimismo é o tom do governo

- Valor Econômico

O governo já nota um arrefecimento do ímpeto dos protestos contra a realização da Copa do Mundo, no Brasil, faltando ainda trinta dias para seu início. A onda de violência recente, na avaliação das autoridades, nada tem a ver com a Copa, mas se recrudescerem até lá, as polícias e os exércitos agirão para manter a ordem. Anota-se, ainda, nesse ensaio geral, que aos poucos as autoridades vão conseguido se fazer entender na controvérsia sobre o legado do grande evento, que vai ficar mais em obras físicas, é verdade, menos em planos estratégicos que façam o Brasil sair de alguns buracos em que caiu nos últimos anos. O mais fundo deles, sem dúvida, a segurança pública.

De pelo menos duas coisas as autoridades evitam culpar a Copa. A primeira é de interferência no processo eleitoral, com o qual, conclui-se agora, nada tem a ver, nem para o bem, nem para o mal. A segunda, que nesta reta final procurou-se deixar mais clara, é que as obras físicas, de aeroportos, VLTs, concessões, abertura de vias, por exemplo, são legados da Copa por absoluto acaso, já que seriam realizadas com ou sem Copa, no ritmo possível.

Alguém teve uma má ideia de, a determinada altura da euforia marqueteira, tirar as verbas previstas no PAC para essas iniciativas e jogá-las em algo chamado Matriz de Responsabilidade, destinada a um programa de antecipação das obras da Copa. Passaram, então, a ser consideradas "gastos da Copa", e como tal cobrados.

Em mobilidade urbana, foram investidos R$ 17 bilhões, por exemplo, todos já previstos no PAC, transferidos à tal Matriz. Vão continuar em execução, depois da Copa. "É assim, o que foi feito de bom, não foi por causa da Copa; e o que há de perverso, é culpa da Copa?" O ministro do Esporte, Aldo Rebelo, faz essas considerações ao conversar sobre a proximidade do grande evento antes de concluir, com um chiste: se a Copa não fosse no Brasil, os postos de saúde estariam equipados e fazendo um atendimento perfeito? Os alunos estariam aprendendo Matemática? Não teriam dificuldades em Ciências? A segurança pública estaria perfeita?", enumera, todos esses grandes calcanhares de aquiles dos governos que financiam os estádios. Programas em que o Brasil gastou, notadamente em Educação e Saúde, R$ 700 bilhões de 2010 a 2014, período em que a Copa consumiu R$ 27 bi, é o contraponto que o governo prefere fazer.

A ironia serve bem para dar ênfase ao que o otimismo do ministro ressalta: não haverá problema de segurança, o governo está confiante que será possível conter as manifestações, se ainda houver, com polícia militar, civil, exercito, marinha, aeronáutica, em esquema semelhante ao que fez na Rio 92 e na Rio mais 20. E quando a bola rolar, as manifestações gerais, nas quais se inserem as da Copa, vão arrefecer, vez que hoje o governo já as nota mais pálidas que ontem, apressadas para disputar o parco interesse que ainda despertam antes do recolhimento de todos à TV.

Aldo Rebelo não vê mais lugar, agora, para manifestações do tipo das que ocorreram na Copa das Confederações porque a classe média, que deu densidade e tamanho àquelas, saiu das ruas para fugir da violência.

Os estádios ficarão prontos, em poucos ainda falta alguma coisa, pois não se faz Copa sem estádio. As obras de mobilidade, muitas foram concluídas, diz, facilitarão a locomoção, e a maioria delas, como os aeroportos e VLTs, foram feitas por necessidade e ficarão para servir à população. O que não for concluído continuará em execução, e o Brasil seguirá adiante.

Nada há nada que se pergunte sobre a Copa que o governo não tenha uma resposta tranquilizadora, neste momento, e na argumentação do ministro do Esporte elas parecem ainda menos desconectadas do marketing, mais plantadas na realidade por quem visita tudo, em todas as sedes, uma vez por semana.

Aldo leva na piada as perguntas de jornalistas estrangeiros sobre os riscos de mordidas de cobra, no Brasil, bem como outros exotismos. Tem respondido também com impertinências algumas dessas questões, formuladas, a seu ver, "por sociólogos britânicos em visita a país tropical".

O que o governo garante, também com ironia, é que estarão todos mais seguros aqui do que poderiam estar no Afeganistão. Não vai haver o que ocorreu em 2013, a classe média não vai aderir a protestos, é a certeza.

" Há 365 dias para se manifestar, Copa do Mundo é só um mês", é outra de suas considerações nesse ensaio geral. O ministro destaca ainda "o espírito público e o profissionalismo das forças policiais" na manutenção da ordem.

Na sua opinião, num estado de direito democrático, a ordem democrática tem que ser defendida e preservada. "Impor uma agenda pela violência é romper o direito da maioria". Combativo líder estudantil, sempre na banda mais à esquerda do PCdoB, o ministro do Esporte vê legados em todo o conjunto de providências da Copa, inclusive no da segurança.

Ficarão os centros de comando e controle, sofisticadas centrais com aparelhagens modernas, doadas às secretarias de segurança pública, que vão integrar informações, em tempo real, para combater o crime.

As arenas ficarão, e em todas as capitais onde foram construídas eram e são necessárias. Quando se pede explicações sobre Manaus, por exemplo, cita que há, ali, times centenários, que participam de campeonatos nacionais, e a cidade contava com um acanhado estádio para 5 mil pessoas. Além disso, há o "multiuso" dessas arenas, onde promotores de espetáculos já disputam agendas para ali levar seus contratados.

Não tem elefante branco, assegura o ministro do Esporte. Os aeroportos eram necessários para todos os brasileiros, na Copa ou fora dela.

Mais atrasadas estão as obras de mobilidade, para o ministro, porém, é preciso saber se estão atrasadas com relação a que, porque não foram planejadas para a Copa, mas para sempre.

Aldo Rebelo cita estudo da Ernest&Young, em parceria com a Fundação Getúlio Vargas, sobre o impacto sócio-econômico dos grandes eventos no Brasil. Só a Copa pode gerar, no seu ciclo completo, 3,6 milhões de empregos. Com o que isso representa de acréscimo ao PIB, pode-se reclamar de legado?