sábado, 31 de julho de 2010

Reflexão do dia – Luiz Werneck Vianna


A partir dos anos 1970, em uma iniciativa de Ênio Silveira, à testa da Editora Civilização Brasileira, iniciam-se as primeiras publicações da obra de Gramsci, que logo ingressa no panteão dos clássicos selecionados pela bibliografia brasileira em ciências sociais, muito particularmente em razão da sua teoria por sob nova luz a natureza da modernização autoritária, então em curso sob regime militar. Fiz parte desse movimento intelectual, atraído, como tantos da minha geração, pela capacidade de explicação dos conceitos e categorias desse autor, que favoreciam perspectivas originais para o estudo da nossa realidade, e, sob essa inspiração, o tema da revolução passiva dominou o argumento que desenvolvi em Liberalismo e Sindicato no Brasil, publicado em 1976.


(Luiz Werneck Vianna, no artigo, ‘Revolução passiva e República’, no Valor Econômico, segunda-feira, 26/7/2010)

O poder da ideia :: Cacá Diegues

DEU EM O GLOBO

Em 1865, o quadro "Olympia", do pintor Edouard Manet, pai do impressionismo, foi recusado pelo Salão de Belas Artes de Paris. Exposto então no Salão dos Recusados, "Olympia" provocou escândalo sem precedentes. O quadro retratava uma mulher nua deitada na cama, enquanto uma criada negra lhe traz flores e um gato preto, aos pés da moça, nos encara do canto direito da tela. Além de mal pintado, um borrão de cores, atentado à boa pintura de uma época neoclássica, paródica e acadêmica, "Olympia" foi acusado também de indecente e pornográfico. Jornalistas e escritores zombavam de Manet, professores e estudantes de Belas Artes indignavam-se com ele, mães de família em passeatas cobriam o quadro para que não fosse visto. Paris inteira linchava "Olympia".

Somente o escritor e jornalista Émile Zola ousou defender publicamente o pintor e sua obra. Num artigo em que anunciava o nascimento de uma nova arte e de uma nova moral na produção artística francesa, Zola só lamentava a presença do gato preto no canto da tela que, segundo ele, servia apenas como ornamento desnecessário, elemento de distração no rigor poético da composição. Diante do clamor geral, o diretor de seu jornal exigiu que Zola se retratasse e, como o escritor se recusasse a fazê-lo, foi despedido e viu as portas de todos os jornais franceses se fecharem para ele. Manet, como agradecimento por seu gesto, pintou-lhe então um retrato que se encontra exposto no Museu d"Orsay, ao lado do "Olympia". Nesse quadro, Zola está a escrever, cercado de livros e, na parede do cômodo, o pintor reproduziu o "Olympia", sem o gato preto no canto da tela.

O grande escritor naturalista passaria depois à história como um dos inventores do papel do intelectual combatente, do maître à penser, quando denunciou, com seu manifesto "J"accuse", a manipulação política, o preconceito e a hipocrisia racista no famoso Caso Dreyfus. De Émile Zola a Susan Sontag (que teve a ousadia de explicar ao americano comum o que ele não havia entendido do 11 de setembro), muitos desses intelectuais não arriscaram apenas seu reconhecimento, mas, às vezes, a própria vida no cumprimento da missão de pensar o mundo e o estado das coisas segundo sua própria consciência, conhecimento e intuição, sem se submeter à palavra de ordem majoritária de grupos, partidos ou corporações.

É em nome disso que não tenho partido, nunca tive um, não tenho gosto pela vida partidária. Para falar a verdade, não gosto de artistas ou intelectuais "orgânicos", aqueles que submetem o que pensam à razão política de suas organizações. O que não impede que seja justo se interessar por política e manifestar sua opinião sobre ela. A diferença é que, mesmo sendo sincero, o político precisa dizer sempre aquilo que ficar mais próximo do que seu interlocutor deseja ouvir; e, ao intelectual, cabe mostrar o que nem sempre é visto, mesmo quando inoportuno ou inconveniente. Perturbar, com o poder da ideia, a harmonia construída pela ideia de poder.

O paradoxo de minha adesão irrestrita à democracia representativa é que desconfio e tenho medo daqueles que desejam mandar nos outros, embora considere inevitável e desejável que elejamos nossos governantes. E, já que temos que os eleger, pensemos no que seus programas podem nos oferecer. Assim, é claro que, nas próximas eleições, cada um de nós tem o direito e mesmo o dever de escolher um dos candidatos a presidente da República, segundo nossos interesses e necessidades.

Mas, no Brasil, artistas e intelectuais são tratados como bumbos de comício, alegres animadores do carnaval de palanques, figurinhas premiadas nos álbuns de campanhas políticas. É dramático observar como em nenhum discurso, artigo, entrevista, debate ou programa de governo dos principais candidatos (vi todos na internet), há uma só referência à cultura. Nenhum deles se manifestou, até aqui, sobre o assunto. E a cultura, com toda a sua complexa multiplicidade material, tecnológica e virtual de hoje em dia, é a flor de uma nova era do conhecimento, o fator das mudanças que a humanidade do século 21 vai assistir, como nunca antes na história desse planeta.

Desse jeito, o gato preto ornamental vai ficar para sempre no canto da tela. Os heróis do século 21 serão aqueles que não precisam escolher porque sabem que, quanto menos escolherem, menos perderão.

Cacá Diegues é cineasta.

Por que fogem? :: Míriam Leitão

DEU EM O GLOBO

A democracia se encolhe quando em época de campanha os candidatos acham que têm mais a ganhar não falando. De que forma conhecê-los melhor senão através de debates, entrevistas? Dilma Rousseff tem usado a estratégia de fugir de qualquer ambiente que não controle, com pequenas experiências fora desse padrão. Agora, José Serra começou também a se negar a ir a debate. Que eleições teremos?

O debate na internet seria muito bom, se tivesse sido. Um deles, de alguns dos portais, estava marcado para a última segunda-feira e não aconteceu. Novas mídias, formato a ser ainda experimentado pelos jornalistas com mais liberdade e interatividade. Dilma fugiu. Serra fugiu em seguida alegando que Dilma fugiu. Erraram os dois. Antes, só Dilma estava dizendo não a tudo o que ela e sua assessoria entendiam que pudesse trazer algum risco. É um espanto que quem pensa em governar o Brasil tenha medo de uma entrevista ou um debate. Terão medo dos seus próprios pensamentos? De serem traídos por suas palavras? De revelarem o que realmente pensam e, assim, fugirem ao personagem inventado pelo marketing? A negativa é suspeita em si.
Quando um candidato está muito na frente, ele costuma evitar riscos. Mas no caso, os dois estão se alternando no primeiro lugar. O jogo ainda está sendo jogado. Serra estava indo a entrevistas e se expondo, mas no último debate decidiu errar junto com sua adversária. Toda entrevista é uma oportunidade de expor o pensamento. Isso só pode ajudar o eleitor e o próprio candidato. Todo debate é uma salutar forma de confrontar ideias e estilos. Serra vinha criticando Dilma por fugir de entrevistas e debates, mas agora o que tem a dizer? Dilma revela com sua fuga que tem medo de sua falta de experiência em situações de stress normais em campanhas eleitorais. E Serra? Ele costuma dizer que já fez nove campanhas eleitorais.

Desde 1998 tenho entrevistado, na Globonews, os candidatos a presidente. Em algumas dessas eleições houve até duas rodadas de entrevistas. Só uma vez, na primeira rodada de 2002, por volta de abril, ocorreu uma recusa: a de Anthony Garotinho. Na segunda vez ele foi. Todas as entrevistas, com todos os candidatos, foram esclarecedoras. Jornalista em época de eleição deve fazer perguntas sobre os pontos fracos, não esclarecidos, contradições dos candidatos. Por que seria diferente? Para questões que levantem a bola existe o horário eleitoral. O contraponto são as entrevistas e debates. Que credibilidade pode ter uma entrevista de Dilma Rousseff a uma TV do governo? Mas a essa, com tudo sob seu controle, a candidata compareceu. Na campanha deste ano, a Globonews convidou os três candidatos mais competitivos para serem entrevistados por mim. Os representantes de Dilma Rousseff foram para as reuniões preparatórias, mas ela não quis comparecer. Marina Silva e José Serra deram respostas esclarecedoras sobre vários pontos que levantei. Escrevi sobre as entrevistas nesse espaço de coluna. O trabalho ficou incompleto porque não pude perguntar nem escrever sobre o pensamento de Dilma Rousseff. Fiquei com a sensação de que ela acha que tinha mais a ganhar não sendo entrevistada do que sendo. O que é esquisito, para dizer o mínimo.

Se a recusa tivesse sido só para um programa poderia ter sido apenas uma escolha num conflito com outras atividades de campanha, ou outra qualquer questão subjetiva que se deve respeitar. Mas Dilma recusou também a ida à sabatina da "Folha de S.Paulo". Pior: tinha já previsto e marcado a ida, quando decidiu cancelar. Espantoso. Aos jornalistas, cabe apenas fazer perguntas, por mais difíceis que sejam são apenas perguntas. O candidato tem todo o tempo, e a chance, das respostas. O que Dilma Rousseff revelou, fugindo da sabatina tradicional da "Folha", sempre tão bem feita, tão esclarecedora, é que tem medo não das perguntas, mas de suas respostas.

Essas fugas iniciais não foram boas, mas ainda há vários outros eventos jornalísticos programados e sempre haverá tempo para o confronto das ideias, programas, projetos e estilos. Tomara que novas fugas não aconteçam. Ainda há chance de corrigir esse perigoso desvio das eleições de 2010. No Rio, o candidato que está na liderança nas intenções de votos para o governo, o atual governador Sérgio Cabral disse que mudou de ideia e vai comparecer aos debates. Ótimo. Os candidatos precisam falar e se expor aos diversos tipos de pressão, porque é assim a democracia. Essa campanha já tem uma enorme distorção provocada pela presença abusiva do presidente da República, em campanha aberta, usando toda a força da máquina, todos os eventos de governo, alterando cronogramas de eventos até de estatais como a Petrobras só para construir vitrines para sua candidata. Lula fala por ela. Isso desequilibra a disputa, não por ele ser algum super-homem, mas porque ele está no supercargo. Isso distorce o ritual da escolha que o eleitor precisa fazer serenamente e com o conhecimento sobre os candidatos em si.

Se a campanha for assim, com candidatos fugindo ao debate, a candidata governista tutelada pelo presidente da República, a máquina e os recursos públicos sendo usados de forma explícita, teremos um retrocesso político grave, seja qual for o resultado das eleições. Essas atitudes enfraquecem a busca de soluções, oportunidade aberta pelo processo eleitoral. No fim, encolhem a democracia.

Guerrilhas e finanças :: Cesar Maia

DEU NA FOLHA DE S. PAULO

A questão central das guerrilhas sempre foi a de financiamento e logística. Afinal, armas e munição não caem do céu. A apropriação em combate no máximo conta-se em unidades. Por ideologia, a atração de recursos humanos e a motivação dos guerrilheiros podem ser resolvidas. Medicamentos, comida e uniformes, até se conseguem em ação.

Nos anos 80 as guerrilhas de esquerda latino-americanas atingiam seu auge, inspiradas em Cuba, no Vietnã e na tomada de poder pelos sandinistas na Nicarágua em 1979. Tive uma longa conversa, em Manágua, em 2006, com Éden Pastora -o mítico Comandante Zero-, que tomou o Palácio Nacional em 1978.

Todo o encanto ideológico se desfez para ele no momento da ocupação do poder, quando as lideranças deram lugar aos parentes e amigos de Ortega, que governou até 1990 e voltou ao poder agora, num escabroso acordo.

O processo de paz com as guerrilhas de Guatemala, El Salvador e Honduras se deu na primeira metade dos anos 90, com celebração pela ONU.

A entrega de armas e a paz seriam inevitáveis depois da queda do Muro de Berlim em 1989, da implosão do Pacto de Varsóvia e da desintegração da União Soviética em 1991. Com o término do subsídio soviético ao açúcar cubano e sem as fontes de financiamento da Europa Oriental, as guerrilhas centro-americanas foram perdendo fôlego.

O processo de paz, liderado pela ONU, foi nesse sentido quase humanitário. A democratização veio com a superação das ditaduras de direita patrocinadas pela United Fruit e congêneres, cujo caso mais extravagante foi o da ditadura "hereditária" somozista na Nicarágua. As guerrilhas transformadas em partidos políticos.

Mas há exceções, ambas na América do Sul. As Farc e o ERP na Colômbia e o Sendero Luminoso no Peru. Nos três casos as fontes público-ideológicas de financiamento das guerrilhas foram substituídas por fontes "privadas".

Primeiro as extorsões mediante sequestro, que passaram a somar milhares por ano, alcançando centenas de milhões de dólares. E em seguida o tráfico de cocaína. Inicialmente com as guerrilhas cobrando pedágio para a passagem da cocaína. E em seguida com elas mesmas dando proteção à produção de coca e cobertura aos traficantes.

A liquidação dos grandes cartéis de cocaína deu curso a sua pulverização, facilitando o "trabalho" das guerrilhas. Substituídas as fontes de financiamento públicas por "privadas", o "ouro de Moscou" pela cocaína, as guerrilhas se consolidaram nos anos 90, especialmente as da Colômbia. Que ainda estão aí oxigenadas pela cocaína.


Cesar Maia escreve aos sábados nesta coluna.

Brasil não pode ver um só lado :: Clóvis Rossi

DEU NA FOLHA DE S. PAULO

Ainda há chance de tirar a Unasul da irrelevância; para isso, Lula deve ser intermediário confiável

Se o governo brasileiro quer evitar que a Unasul (União de Nações Sul-Americanas) resvale para a irrelevância, precisa não só ser como parecer ser o que o jargão diplomático chama de "honest broker" -um intermediário confiável para as partes em conflito, no caso Venezuela e Colômbia.

Por enquanto, não é, ao menos aos olhos da Colômbia, de que dá prova cristalina a crítica do presidente Álvaro Uribe a seu colega Luiz Inácio Lula da Silva, a primeira nos oito anos de gestão de cada um deles.

O pano de fundo da crítica, pelo que a Folha apurou, é este: quando a Colômbia anunciou o acordo para o uso de bases colombianas por militares norte-americanos, o Brasil reagiu duramente (dureza só retórica, mas dureza). Agora que o governo colombiano denuncia a presença das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) na Venezuela, Lula não diz nada.

A comparação entre as duas cessões de território parece um pouco de exagero, dada a imensa diferença de poder entre os Estados Unidos e as Farc. Mas o exagero encolhe quando se olha passado e presente.

Os Estados Unidos foram de fato uma ameaça à segurança da América Latina, em especial durante os anos da Guerra Fria. Dispensável listar todas as intervenções promovidas ou apoiadas por Washington, com funestas consequências para os países vítimas.

Terminada a Guerra Fria, no entanto, os Estados Unidos já não têm o pretexto de antes, o de evitar que alguma nação latino-americana caísse na órbita soviética. Hoje, cairiam na órbita de quem? De Cuba, que não tem onde cair morta?

O fato é que nenhum dos governos do subcontinente tem afetado interesses vitais americanos. Nem mesmo a Venezuela de Chávez, que manda para os EUA metade do petróleo que exporta - e que é sua única riqueza.

Nem, também, o Equador de Rafael Correa que, é bom não esquecer, mantém o dólar como moeda, o que é renunciar a uma fatia não desprezível da soberania.

VERDADEIRA AMEAÇA

Hoje, a principal ameaça à segurança dos países sul-americanos está dada pelo crime organizado, cujo financiamento depende, em boa medida, do narcotráfico, atividade à qual se dedicam as Farc.

Portanto, as Farc, estas sim, representam uma ameaça.

Para ser visto como intermediário honesto, o Brasil poderia, perfeitamente, preocupar-se com as bases norte-americanas na Colômbia mas não poderia assobiar e olhar para o lado em relação às denúncias da Colômbia, como o fez até agora.

É bom lembrar que a Unasul toma suas decisões por consenso. Logo, sem o voto colombiano (e peruano e agora chileno), a Unasul está condenada a decidir não decidir.

A alternativa à coragem de ver de fato os dois lados é esperar que o novo presidente colombiano, Juan Manuel Santos, prefira deixar hibernando a denúncia feita por Uribe e restabeleça as relações com a Venezuela. Pode até acontecer, mas será apenas varrer a sujeira - as Farc e as relações delas com a Venezuela - para baixo do tapete.

Adoniran Barbosa (6/8/1910) - estará completando 100 anos.

O preço da verborragia – Editorial / O Estado de S. Paulo

Os iranianos que se manifestavam contra a fraude que permitiu a reeleição do presidente Mahmoud Ahmadinejad, em junho do ano passado, nada podiam fazer quando o presidente Lula comparou os seus protestos ao "choro de perdedor" dos torcedores de um time de futebol e reduziu os choques de rua em Teerã entre os opositores e as forças de repressão do regime a "apenas uma coisa entre flamenguistas e vascaínos".

Também os presos políticos cubanos não tinham como responder ao dirigente brasileiro quando, em março último, ele condenou a greve de fome que levou à morte o dissidente Orlando Zapata Tamoyo, por sinal na véspera de uma visita de Lula a Havana, onde considerou o seu sacrifício "um pretexto para liberar as pessoas" - e foi além. "Imagine", comparou, "se todos os bandidos presos em São Paulo entrarem em greve de fome e pedirem liberdade."

Muito menos poderia retrucar ao presidente a iraniana Sakineh Mohammadi Ashtiani, condenada à morte por apedrejamento por alegado adultério. Perguntado dias atrás sobre a campanha "Liga Lula" para que interceda pela sentenciada junto ao seu bom amigo Ahmadinejad, ele reagiu: "As pessoas têm leis. Se começarem a desobedecer as leis deles para atender o pedido de presidentes, daqui a pouco vira uma avacalhação."

Mas há quem possa dar-lhe o troco. Foi o que fez o presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, depois que um leviano e boquirroto Lula desdenhou do agravamento das tensões entre Bogotá e Caracas. O protoditador Hugo Chávez rompeu as relações da Venezuela com o país vizinho em represália à decisão colombiana de apresentar na OEA as provas da presença de 1.500 membros da organização narcoterrorista Farc em território venezuelano, obviamente sob a proteção do caudilho.

Lula, cuja primeira manifestação a respeito já tinha deixado claro o seu alinhamento automático com Chávez - "as Farc são um problema da Colômbia, e os problemas da Venezuela são da Venezuela", sofismou -, reincidiu na quarta-feira, véspera da reunião dos chanceleres da ineficaz União das Nações Sul-Americanas (Unasul), em Quito. O tema do encontro, que deu em nada, era o conflito político entre os dois países. "Falam em conflito, mas ainda não vi conflito", minimizou Lula. "Eu vi conflito verbal, que é o que mais ouvimos aqui nessa América Latina."

Equiparar a um bate-boca um problema dramático para a Colômbia, que passou 40 anos sob o terror das Farc antes de serem reduzidas à mínima expressão possível pela firmeza com que as enfrentou o presidente Uribe, foi nada menos do que um inconcebível insulto a uma nação e ao seu governante. Uribe, que difere de Lula por falar pouco e fazer muito, não poderia fingir que não ouviu a afronta.

Ele replicou com a mais dura mensagem já dirigida a um chefe de Estado brasileiro, até onde chega a memória. "O presidente da Colômbia", dispara a nota, "deplora que o presidente brasileiro, com quem temos cultivado as melhores relações, refira-se a nossa situação com a Venezuela como se fosse um caso pessoal." Uribe ainda o acusou de ignorar a ameaça que a presença das Farc na Venezuela representa "para a Colômbia e o continente".

Trata-se da primeira demonstração da perda de respeito por Lula no exterior - e ele só tem a culpar por isso a sua irreprimível logorreia. Não terminasse o seu mandato daqui a 5 meses, a erosão de sua imagem internacional só se intensificaria. Não seria de espantar se um dia alguém o admoestasse, como o rei da Espanha, Juan Carlos, fez com o bravateiro Chávez, perguntando-lhe: "Por qué no te callas?" Não bastasse a grosseria, Lula nada fez para assegurar aos colombianos de que poderia ser um intermediário isento entre Bogotá e Caracas.

Ele parece ecoar a batatada do chanceler venezuelano Nicolas Maduro, que falou de "um plano de paz sul-americano" para resolver "a questão de fundo" da Colômbia com as Farc. Ao que o seu colega colombiano Jaime Bermudez contrapôs ironicamente a ideia de um hipotético "plano de democracia para a Venezuela". Pensando bem, talvez fosse mesmo melhor Lula se ocupar do Irã em vez de fazer papelão perante os vizinhos do Brasil.

Alvaro Uribe tem razão – Editorial / O Globo

Impregnado de soberba pelos altíssimos índices de popularidade ao longo de quase oito anos de governo, o presidente Lula tem dado inúmeras demonstrações de que pensa estar acima de tudo e de todos. A Justiça eleitoral que o diga. São conhecidas suas tiradas e improvisos em declarações oficiais e de campanha, bem-humoradas umas, exageradas algumas, despropositadas outras. Ao longo do tempo, a reação passou a ser "mais uma do Lula", e deixa para lá. Mas, na política externa, as declarações do presidente têm causado estragos. É o que aconteceu com afirmação sobre o incidente entre Venezuela e Colômbia. Lula disse não ver ali um confronto, apenas "um conflito verbal" e pediu paciência até a posse do presidente eleito da Colômbia, Juan Manuel Santos, dia 7.

Ele ignorou solenemente que o cerne do problema não é o presidente colombiano Alvaro Uribe, em despedida do cargo, nem o presidente da Venezuela, Hugo Chávez. Mas, sim, a presença de 1.500 homens das narcoguerrilhas colombianas Farc e ELN em território venezuelano, conforme alerta de Bogotá. Uribe denunciou o fato de o governo da Venezuela nada fazer para impedir que essas forças terroristas, que lutam para desestabilizar a Colômbia, permaneçam em solo venezuelano, fora do alcance do Exército colombiano. Em resposta, Chávez rompeu as relações com Bogotá.

O pior para o governo brasileiro é que Uribe criticou publicamente as afirmações, deplorando "que o presidente Lula se refira à nossa situação com a Venezuela como se fosse um caso de assuntos pessoais (...)".

Neste final de mandato, o governo brasileiro acentuou o caráter ideológico de sua política externa, com péssimo resultado para a credibilidade do país, principalmente como interlocutor confiável na resolução das divergências entre os países sul-americanos. Nesse caminho, a diplomacia brasileira abre mão de parâmetros éticos quando finge não ver grave desrespeito aos direitos humanos em Cuba; quando finge ver "excesso de democracia" (nas palavras de Lula) na Venezuela; quando finge que as Farc não são uma organização narcoterrorista; quando finge acreditar nos propósitos nucleares da ditadura do Irã, quando deseja apenas espicaçar os Estados Unidos, e ainda faz vista grossa ao atropelamento dos direitos humanos por Ahmadinejad.

Uma das características da diplomacia lulista foi ressuscitar o viés esquerdista e antiamericano de alguns líderes populistas do chamado Terceiro Mundo de 50 anos atrás. Um dos exemplos disso é a Unasul, organização criada para se contrapor à OEA, e que por isto exclui os Estados Unidos. Tão artificial é a ideia de que os problemas no continente possam passar ao largo de Washington que a própria reunião da Unasul sobre o conflito entre Venezuela e Colômbia foi esvaziada. Ao criticar o comportamento brasileiro no episódio, o presidente Uribe chama indiretamente a atenção para o fato de, desde o primeiro mandato, Lula ter mantido uma relação próxima com a Venezuela e fria com a Colômbia. Pena, porque a primeira está cada vez mais próxima de uma ditadura efetiva - a chavista. E a segunda, apesar dos inúmeros problemas internos, tem conseguido aperfeiçoar sua democracia. O lulismo prefere más companhias, por simples viés ideológico.

Gabeira e governador em novo 'round'

DEU EM O GLOBO

Oponentes trocam mais acusações, agora sobre quem conhece mais o estado

Henrique Gomes Batista e José Meirelles Passos

As trocas de acusações entre os dois principais candidatos ao governo do Rio subiram ontem de tom. Fernando Gabeira (PV) disse conhecer mais a realidade do estado que Sérgio Cabral (PMDB) e criticou a educação e o saneamento básico nas favelas. O candidato à reeleição, por sua vez, afirma que seu oponente investe no "quanto pior melhor" e que apenas critica em vez de propor.

Pela manhã, após visita à comunidade Parque União, no Complexo da Maré, Gabeira rebateu a ironia de seu adversário, que dissera, na véspera, que o deputado precisa conhecer melhor o estado. Cabral dera a declaração depois que o jipe que Gabeira usava na campanha ter quebrado na estrada RJ-113, devido aos buracos na pista. O candidato do PV criticou o governador que, segundo ele, utiliza helicópteros em grande parte de seus deslocamentos:

- Cabral disse que eu ficar a pé na Baixada Fluminense era para eu conhecer o estado. Bom, quem está de jipe na estrada conhece melhor o estado do que quem anda de helicóptero.

Segundo Gabeira, os maiores problemas do Parque União são a falta de saneamento e escolas de ensino médio. Ele caminhou, por mais de uma hora, pelas ruas da comunidade acompanhado do candidato ao Senado Marcelo Cerqueira (PPS) e do vereador Paulo Messina (PV).

- Na Maré, há uma rede com 14 escolas municipais de ensino fundamental e apenas uma estadual de ensino médio. Há um afunilamento que precisa ser resolvido - disse, após visitar o Museu da Maré, onde prometeu colocar o local no roteiro turístico da cidade.

Na caminhada, Gabeira encontrou moradores que faziam manutenção na rede de saneamento com recursos próprios. Segundo eles, prefeitura e estado empurravam a responsabilidade, sem resolver o problema. Gabeira disse que a situação tem que ser solucionada e disse que essa era a maior reclamação entre os moradores.

Após inaugurar o Comitê Nacional dos Trabalhadores de apoio à sua candidatura e de Dilma Rousseff (PT), Cabral rebateu as frequentes críticas de seu adversário, sugerindo que ao fazê-las Gabeira apenas insiste numa estratégia eleitoral obsoleta:

- O candidato adversário está na linha do quanto pior, melhor. Mas o Rio vive o quanto melhor, melhor. Ainda achamos problemas em alguns lugares. Mas o da falta de esgoto, que ele disse ter visto na Maré, deveria cobrar do (ex) prefeito Cesar Maia, seu candidato ao Senado, o que ele esconde.

Cabral disse que se referia ao fato de, em janeiro de 2007, ter assinado com o então prefeito Cesar Maia documento em que todo o saneamento das favelas passaria à responsabilidade da prefeitura. A mesma resposta - inclusive acusando Maia e não o atual prefeito - foi dada pela Cedae. A prefeitura não comentou. Cesar Maia, candidato ao Senado pelo DEM, divulgou uma nota sobre o assunto: "É verdade, a prefeitura assumiu, sim. E no caso da Maré, 80% contam com saneamento, embora a atual gestão da prefeitura tenha dito que interromperia o serviço. Uma pena".

A secretaria estadual de Educação informou que na Maré há duas escolas de ensino médio - o Ciep Professor Cesar Pernetta e o C.E. Bahia - e que os alunos da região também frequentam uma escola em Ramos e duas em Bonsucesso.

Itamar declara apoio formal a Serra

DEU EM O GLOBO

Marcelo Portela

BELO HORIZONTE e BETIM (MG). O ex-presidente Itamar Franco, candidato ao Senado em Minas Gerais pelo PPS, declarou apoio formal, ontem, ao candidato do PSDB à Presidência, José Serra. Itamar disse ao próprio Serra que sempre defendeu que o ex-governador de Minas Aécio Neves (PSDB) fosse o candidato da oposição a presidente, mas afirmou que a "lealdade" o faz aderir à campanha do tucano paulista, seu antigo desafeto.

O encontro de Serra com Itamar ocorreu no apartamento de Aécio em Belo Horizonte, ontem à tarde. Em seguida, Serra, o próprio Aécio, candidato ao Senado, e o atual governador, Antônio Anastasia (PSDB), candidato à reeleição, fizeram uma caminhada e um encontro com líderes políticos em Betim, na Grande Belo Horizonte, sem a presença de Itamar.

- As circunstâncias levaram a que o senhor fosse o escolhido. Nós aqui estamos numa coligação em que há, sobretudo, a lealdade - disse Itamar, olhando diretamente para Serra, após afirmar que sempre defendeu Aécio.

Itamar: "Acima de tudo a ética, a lealdade"

Com o braço em uma tipoia, devido a uma fratura na clavícula, Itamar prosseguiu:

- Aqui em Minas, a gente aprende o seguinte: acima de tudo a ética, a lealdade e o comportamento que se deve ter. Eu estou numa coligação, faço parte de um partido que apoia, logo de início, a candidatura do governador José Serra. E, agora, se estou nessa coligação, cabe a mim também apoiar a candidatura.

Serra agradeceu o gesto de Itamar, ressaltando a importância da participação do ex-presidente em sua campanha, e lembrando, inclusive, conquistas de Itamar durante seu período no Palácio do Planalto.

- O apoio do (ex-) presidente Itamar tem uma enorme importância política, tem importância eleitoral e tem importância moral. É um homem que marcou a História do Brasil pela sua integridade e pelo fato de ter conduzido o Brasil à estabilidade, depois de 15 anos de superinflação. É um homem que deixou um exemplo - declarou o tucano.

Aécio agradeceu "pessoalmente" o apoio do ex-presidente a Serra:

- Nós que já estamos caminhando, levando por toda a Minas Gerais o nome do presidente Serra, e temos a convicção de que o Brasil avançará muito mais com Serra, teremos, a partir de agora, a companhia da autoridade política, da dimensão eleitoral de Itamar Franco. A campanha do Serra, que já tem uma imagem consolidada, avançará absolutamente colada na nossa campanha.

Na terceira viagem a Minas em dez dias, segundo maior colégio eleitoral do país, Serra fez questão de ressaltar o apoio que tem dos correligionários e disse que tem estado "muito à vontade" nessas visitas:

- Venho sempre contente, sempre satisfeito. Venho encontrando aqui um apoio muito grande por parte dos nossos dirigentes, do nosso partido, comandado pelo Aécio e pelo Anastasia no âmbito do PSDB. E agora, com a presença do presidente Itamar, nós, de alguma maneira, cobrimos a nossa aliança, uma vez que o presidente é membro do PPS, partido que está desde o primeiro momento na aliança nacional.

Campanha de Serra terá estrutura própria em MG

Serra confirmou ontem que sua campanha terá estrutura própria no estado, para fazer divulgação coordenada com a campanha de Anastasia, Aécio e Itamar. A criação dessa estrutura, segundo Aécio, foi sugestão pessoal a Serra.

- Há algumas semanas, sugeri ao presidente Serra que nós tivéssemos aqui uma estrutura da sua campanha que pudesse nos acompanhar em cada município. Isso é impossível de fazermos individualmente, a presença da sua campanha ao lado da nossa. Nós estamos já com nossa campanha chegando aos 853 municípios do estado - disse o ex-governador.

- Nós vamos ter, em muitos estados, comitês que cuidam especificamente de receber o material, encaminhar o material, ver questão de agenda - completou Serra, que elogiou o modelo de administração do ex-governador e disse que, caso eleito, vai implantar algo semelhante no governo federal: - Precisa melhorar muito a gestão no âmbito federal. No sentido igual era o lema de Minas: gastar menos com a máquina e mais com a população. Este é o resumo do que representa uma gestão eficiente e que nós vamos implantar no Brasil. Isso vai melhorar muito a produtividade, o rendimento de cada real que se gasta em nosso país. Melhorar o conjunto da gestão federal para poder avançar.

Em Betim, Serra voltou a criticar o custo do trem-bala. Em seguida, falou sobre o metrô de Belo Horizonte: disse que o PT ficou oito anos no poder "prometendo metrô", mas não fez as obras. E que, se fosse eleito, retomaria a obra.

Tucano palmeirense rodeado por corintianos

DEU EM O GLOBO

SÃO PAULO. O candidato a presidente pelo PSDB, José Serra, foi o convidado de um jantar oferecido pelo atacante Ronaldo, do Corinthians, anteontem, em São Paulo. Participaram da recepção, no apartamento de Ronaldo, cerca de 25 pessoas, entre elas, jogadores do time paulista, Vampeta, ex-volante e candidato a deputado federal pelo PTB, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o presidente do Corinthians, Andrés Sanchez. Ronaldo negou que o encontro represente um apoio à candidatura do tucano.

A notícia do jantar com o jogador foi parar no Twitter de Serra, ainda na madrugada de ontem. "Jantar agradável na casa do Ronaldo e da Bia. Estavam os craques Paulo André, Edu, Roberto Carlos, Elias, William", escreveu o tucano para seus mais de 300 mil seguidores. Serra divulgou duas fotos dele com Ronaldo.

O tucano até brincou com o fato de ser o único palmeirense no apartamento. "Incrível: entre umas 25 pessoas presentes ao jantar do Ronaldo, eu era o único palmeirense".

Ronaldo também usou o Twitter para falar do jantar. Mas para esclarecer que não se trata de um apoio à candidatura de Serra. "Pra ficar claro, não é apoio político. Eu e meus companheiros no Corinthians só demos sugestões para políticas públicas de apoio ao esporte", escreveu.

Em 2006, Ronaldo teve um desentendimento com o presidente Lula durante a Copa do Mundo da Alemanha. Lula, em tom de brincadeira, perguntou, numa videoconferência com a seleção, se o jogador estava mesmo gordo, como dizia a imprensa. Ronaldo não estava presente, mas respondeu depois, dizendo que merecia mais respeito e que também queria perguntar muita coisa a Lula.

O jogador prometeu fazer um jantar semelhante ao de Serra com as presidenciáveis Dilma Rousseff (PT) e Marina Silva (PV).

Itamar promete ''lealdade'' a Serra

DEU EM O ESTADO DE S. PAULO

Anúncio do ex-presidente, até então reticente em declarar apoio, cria fato político para Aécio reforçar compromisso com candidato

Eduardo Kattah

Na segunda visita a Minas nesta semana, o candidato do PSDB à Presidência, José Serra, recebeu ontem o apoio do ex-presidente Itamar Franco (PPS). Embora integre a coligação do governador Antonio Anastasia, candidato à reeleição, e faça dobradinha com Aécio Neves na disputa pelo Senado, Itamar estava reticente apoiar publicamente Serra.

A manifestação de apoio serviu como fato político para que Aécio reafirmasse a disposição de trabalhar pela candidatura presidencial do PSDB no segundo colégio eleitoral do País.

Itamar chegou a ser cotado para o posto de vice do presidenciável tucano, mas acabou descartado. Passou a criticar a postura amena de Serra em relação ao presidente Lula e chegou a ensaiar um encontro com a candidata do PV, Marina Silva.

Durante a reunião no apartamento de Aécio, Serra filmou os presentes e fez um pronunciamento elogioso ao ex-presidente, que quebrou a clavícula em um acidente doméstico.

Após o encontro, na frente dos jornalistas, Itamar disse para Serra que sempre defendeu a candidatura de Aécio à Presidência, mas "as circunstâncias" levaram à sua escolha. "Nós aqui estamos numa coligação em que há, sobretudo, a lealdade", destacou.

Serra, por sua vez, não economizou nos afagos ao ex-presidente. Afirmou que a declaração de apoio tem enorme importância política, eleitoral e moral. "É um homem que marcou a história do Brasil pela sua integridade e pelo fato de ter conduzido o Brasil à sua estabilidade depois de 15 anos de superinflação", disse.

Mais uma vez, o presidenciável minimizou a pouca presença de sua imagem no material de campanha dos tucanos em Minas. Ele confirmou que contará com comitês específicos no Estado. "Nós vamos ter em muitos Estados comitês que cuidam especificamente de receber o material, encaminhar o material, ver questão de agenda", disse.

"Todos os nossos comitês são Serra. Mas queremos que tenha ainda mais grosso do material chegando junto. É preciso ter alguém que coordene isso", emendou Aécio. Segundo ele a campanha de Serra "avançará absolutamente colada" à chapa em Minas.

Com Aécio e Anastasia, Serra participou no início da noite de uma caminhada no centro comercial de Betim, região metropolitana de Belo Horizonte. Itamar não acompanhou os tucanos.

''Direita tenta dar golpe a cada 24 horas'', diz Lula

DEU EM O ESTADO DE S. PAULO

Durante comício da petista Dilma Rousseff em Porto Alegre, presidente também manteve a "elite brasileira" como alvo preferencial de suas críticas

Evandro Fadel / CURITIBA

A candidata do PT à Presidência da República, Dilma Rousseff, garantiu ontem (30) à noite a cerca de 400 empresários reunidos pela Federação das Indústrias do Paraná (Fiep) que o Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) continuará financiando empreendimentos a longo prazo, caso seja eleita. "Uma das realizações da área industrial foi ter clareza de que tudo o que podia ser fabricado no País seria feito", disse. "Levarei às últimas consequências como o presidente Lula levou."" Mas, segundo ela, isso não acontecerá se o crédito não for de longo prazo. ""E quem dá esse crédito é o BNDES"", acentuou, sob aplauso dos empresários. Dilma não perdeu oportunidade de criticar o governo anterior, em que, de acordo com ela, o máximo eram cinco anos. ""Hoje emprestamos por 30 anos, com TJLP e não taxa de mercado."" Dilma acentuou novamente que pretende fazer grandes investimentos no setor de educação, particularmente no ensino técnico.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que também participou do evento Encontro com os Presidenciáveis, e hoje estará em comício no centro de Curitiba, reclamou do Congresso Nacional por não ter promovido a reforma tributária, apesar de ele e de o ministro da Fazenda, Guido Mantega, terem levado propostas. ""Quando se trata de reforma tributária tem um inimigo oculto no Congresso Nacional"", afirmou. ""Quando chega no Congresso Nacional, as forças que querem, intrinsecamente não querem porque cada um quer resolver o seu problema e não o problema do Brasil.

Em Porto Alegre, no primeiro comício de Dilma, o presidente Lula - como seu principal cabo eleitoral - disparou ataques à "elite brasileira" e disse que "a direita tenta dar golpe a cada 24 horas neste país". Também participou do evento o candidato do PT ao governo gaúcho, Tarso Genro.

"A elite brasileira não sabia o que era capitalismo. Foi necessário um metalúrgico entrar na Presidência para ensinar como se faz capitalismo", afirmou Lula durante o evento, realizado anteontem à noite no ginásio Gigantinho, que reuniu cerca de 12 mil participantes. "Foi esse metalúrgico que chamou o presidente do FMI e disse: "Estamos cansados de gritar fora FMI.""

O presidente emendou: "A esquerda pensa que sabe fazer oposição. A esquerda pensa que sabe fazer barulho. Mas foi no governo que nós aprendemos que, se a esquerda faz oposição, a direita tenta dar golpe a cada 24 horas neste país."

Lula também manteve a elite como alvo de suas críticas. "É a mesma elite que levou Getúlio (Vargas) a dar um tiro no coração, que matou Jânio Quadros e levou João Goulart a renunciar", discursou. "Eu disse a essa elite que não estarei no gabinete lendo o jornal de vocês, mas na rua com o povo brasileiro."

Ele reafirmou seu apoio à presidenciável petista e ao candidato ao governo do Rio Grande do Sul. "Os meus adversários fazendo de tudo para eu não aparecer na TV. Agora eles vão ver minha cara na TV muitas vezes pedindo voto para a Dilma e para Tarso." Essa foi a terceira visita que Lula fez ao Rio Grande do Sul desde o início deste ano.

A presença de Lula e Dilma no palanque de Tarso criou certo desconforto entre lideranças estaduais do PMDB e do PDT, dois partidos aliados do Planalto no âmbito nacional. Apesar de manter a neutralidade em relação a quem apoiará na corrida presidencial, o ex-prefeito de Porto Alegre José Fogaça (PMDB), candidato a governador, contava ser o segundo palanque de Dilma no Estado.

Quando Lula subiu no palco do Gigantinho, estava acompanhado de Dilma, Tarso, do candidato a vice-governador gaúcho, Beto Grill (PSB), e do ex-governador Olívio Dutra, além dos dois nomes que integram a chapa ao Senado: Paulo Paim (PT) e Abigail Pereira (PCdoB).

No discurso, que durou mais de oito minutos, Tarso repetiu que, no Rio Grande do Sul, Dilma possui apenas um palanque. "Fui ministro durante sete anos e o presidente sabe reconhecer os seus valores e reafirmar o seu projeto. Ele sabe que aqui quem vai fazer isso é a Unidade Popular pelo Rio Grande."

Dilma dançou ao som do seu jingle e tentou tomar chimarrão: "Ganhamos um chimarrão, mas tem um pequeno problema. Ele só tem erva. Vamos providenciar a água." Depois disso, discursou: "Tenho a honra de dar continuidade a esse governo e avançar. A dar educação de qualidade, que não é tratar a professora a cassetete, mas tratar bem os professores. Somos de um tipo diferente: quando falamos que vamos fazer, fazemos. Não prometemos só em épocas eleitorais."

De qual elite Lula fala?

DEU EM O GLOBO

Após multas do TSE, presidente modera discursos em atos de governo e ataca duro nos palanques

Leila Auwwan

PORTO ALEGRE. Após seis multas da Justiça eleitoral, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva estreou uma modalidade de atuação eleitoral anteontem em Porto Alegre. De dia, em compromissos oficiais como presidente, conseguiu evitar citar o nome de sua candidata, Dilma Rousseff, e pregou até a "perspectiva histórica" para atenuar as usuais críticas aos antecessores, entre eles o tucano Fernando Henrique Cardoso - alvo preferido de petistas para atacar o candidato José Serra (PSDB). Mas, à noite, no palanque de Dilma, Lula assumiu um discurso político agressivo, com ataques às elites, à direita e à imprensa.

Lula, que é aliado e defensor do presidente do Senado, José Sarney, dos senadores Fernando Collor e Renan Calheiros, além do deputado Paulo Maluf, é só elogios a eles, mas atacou o que chamou de elite durante o comício:

- A esquerda faz oposição. A direita tenta dar golpe a cada 24 horas para não permitir que as forças democráticas pudessem continuar neste país. Foram oito anos de ataques, provocações e infâmias. Eu mandei dizer a essa elite: vocês mataram o Getulio (Vargas), obrigaram o (João) Goulart a renunciar e o Jânio Quadros durou seis meses. Se quiserem me enfrentar, não vou estar no meu gabinete lendo o jornal de vocês. Estarei nas ruas conversando com o povo brasileiro! - atacou ele, em discurso exaltado.

No mesmo dia, em ato do governo em Porto Alegre, Lula disse que "tem gente" que não quer que o presidente faça campanha. Já no comício, à noite, ao lado de Dilma, afirmou que fará campanha diariamente, inclusive com participação no programa eleitoral da petista.

- Os meus adversários estão fazendo tudo para impedir que eu apareça na televisão. Dizem que o Lula presidente tem que ser um magistrado. Quando eles tentavam me derrubar, ninguém me achava um magistrado. Agora, eu não sei se vou ajudar, mas eles vão ter que ver minha cara na televisão todo dia pedindo voto para Dilma! - disse Lula.

No comício para pedir votos para Dilma e Tarso Genro, Lula repetiu uma mesma frase usada de manhã, em evento presidencial:

- Em oito anos, colocamos mais dinheiro neste estado, tanto de financiamento quanto de orçamento, do que todos estes governos em 25 anos.

De manhã, no entanto, havia feito uma ressalva: de que essa comparação não era crítica, apenas um resultado natural da conjuntura histórica. Ele explicou que os governantes recentes do Brasil não tinham condições de investir por causa da dívida externa assumida por Ernesto Geisel e que se tornou impagável devido à escalada dos juros dos Estados Unidos, que passaram de 3% para 21%.

- Não falo isso criticando os outros governos ou criticando outros ministros. É preciso ter noção da evolução histórica e que cada um de nós fez as coisas que tínhamos que fazer - amenizou o presidente naquela ocasião.

Lula deixou claro no comício que o PT mantém um projeto de poder no Executivo - e que a coalizão de partidos aliados serve para dar sustentação ao Executivo petista. Ele lembrou do escândalo do mensalão de 2005:

- Diziam que o PT não iria ressurgir e jamais conseguiria eleger o presidente da República.

Dilma tem 39%; Serra, 34%; e Marina, 7%

DEU EM O GLOBO

Pesquisa Ibope apontou a candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, com 39% das intenções de voto, contra 34% do tucano José Serra e 7% da verde Marina Silva. O Ibope considera os percentuais de todos os candidatos, incluindo os nanicos. Dilma cresceu 3 pontos em relação à última pesquisa; Serra perdeu 2. No sábado, o Datafolha tinha registrado empate técnico. No Rio, Cabral tem 58% e Gabeira, 14%.

Ibope: 39% a 34% pró-Dilma

Pesquisa mostra petista com 5 pontos à frente de Serra; Datafolha dera empate técnico

Gerson Camarotti e Cristiane Jungblut

Pesquisa Ibope divulgada ontem mostrou a candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, liderando a disputa, com cinco pontos percentuais de vantagem em relação ao segundo colocado, o candidato do PSDB, José Serra. Segundo os dados, Dilma aparece com 39% das intenções de voto, contra 34% de Serra. Já a candidata do PV, a senadora Marina Silva, está com 7%. A pesquisa foi encomendada pela Rede Globo e pelo jornal "O Estado de S.Paulo".

Pela pesquisa - em que o Ibope considerou os percentuais de todos os candidatos, inclusive os de partidos nanicos -, Dilma registrou um crescimento de três pontos percentuais em relação à ultima pesquisa do instituto. E Serra perdeu dois pontos, de 36% para 34%. O Ibope fez 2.506 entrevistas, em 174 cidades, entre os dias 26 e 29 deste mês, com margem de erro de dois pontos percentuais.

No último levantamento sobre a disputa presidencial, feito pelo Datafolha, entre os dias 20 e 23 de julho, foi registrado um empate técnico entre Serra e Dilma, mas o tucano aparecia com ligeira vantagem, obtendo 37% das intenções de votos, contra 36% da petista. Essa pesquisa também tem margem de erro de dois pontos percentuais.

Resultado do Ibope surpreende tucanos

Considerando o histórico das pesquisas do Ibope divulgadas pela TV Globo, Dilma tinha 37% no final de maio; ficou com 38% em meados de junho; caiu para 36% no final de junho; e agora está com 39%.

Na mesma série do Ibope, o candidato tucano teve 37%; depois 32%, chegando a 36% no final de junho, e agora está com 34%.

Na pesquisa de ontem, a candidata Marina Silva ficou com 7%. No período, ela sofreu pequena oscilação em seus números. No primeiro levantamento, ela aparecia com 9%, oscilando depois para 7% e 8%. Os demais candidatos a presidente somaram menos de 1%. Na pesquisa de ontem, os votos nulos e em branco somam 7%, e os eleitores indecisos chegam a 12%.

Na simulação de um segundo turno, a petista mantém a vantagem: aparece com 46%, três pontos percentuais a mais do que no levantamento anterior. Com a margem de erro, ela pode ter de 44% a 48% dos votos. Já Serra aparece com 40%, uma queda de três pontos percentuais em relação ao levantamento anterior.

A pesquisa Ibope surpreendeu o comando da campanha do PSDB, enquanto o resultado foi motivo de discreta comemoração no PT e no Palácio do Planalto. No ninho tucano, a expectativa era que os números registrassem um empate técnico. Internamente, a avaliação é que não há fatos que justifiquem a diferença entre essa pesquisa e o levantamento do Datafolha da semana passada, em que Serra e Dilma apareciam empatados tecnicamente.

A cúpula tucana deve analisar os novos números, e há quem defenda que Serra deve evitar o confronto direto com Dilma e partir para uma campanha mais propositiva.

- Essa não é uma boa pesquisa para nós. Nossas informações indicam que Serra e Dilma estão empatados. Mesmo assim, vamos refletir sobre os dados - disse o presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE).

Já na campanha de Dilma, os números foram recebidos com cautela. Para o presidente do PT, José Eduardo Dutra, é preciso evitar o "salto alto", já que este é um cenário indefinido. Ele sugeriu ainda que um o discurso bélico de Serra pode ser um dos fatores que tenham influenciado para esse resultado do Ibope.

- Essa pesquisa Ibope está dentro do esperado. Independentemente das divergências de números entre institutos, o que há de concreto é uma tendência de crescimento de Dilma e uma pequena queda de Serra. Mas este é um cenário indefinido - disse Dutra. - Mas uma coisa é certa: se esse discurso que o Serra tem feito não fez ele cair, também não fez subir.

O presidente nacional do DEM, deputado Rodrigo Maia (RJ), disse que a eleição está empatada e que será decidida a partir do programa eleitoral no rádio e na TV. Para Rodrigo Maia, Serra deve explorar os pontos fracos do governo Lula e deve reforçar sua atuação no Ministério da Saúde, por exemplo.

- A eleição está empatada. O importante é saber que a eleição vai ser decidida a partir de agora, com o início dos debates - disse Rodrigo Maia, lembrando que Serra está sempre acima dos 30% e perto dos 40%.

O Ibope também fez um levantamento da avaliação do governo Lula. Pelo resultado, 77% consideram o governo ótimo ou bom; 18% o acham regular, e 4%, ruim ou péssimo.

Com 50 pontos, Alckmin liquidaria eleição em São Paulo já no 1º turno

DEU EM O ESTADO DE S. PAULO

Mercadante aparece com 14% das intenções de voto na pesquisa Ibope, seguido de Russomanno, do PP, com 9 pontos porcentuais

Daniel Bramatti e Adriana Carranca

O candidato do PSDB ao governo de São Paulo, Geraldo Alckmin, tem 36 pontos porcentuais de vantagem sobre seu principal adversário, Aloizio Mercadante, e venceria no primeiro turno se a eleição fosse realizada hoje.

Segundo a pesquisa Ibope/Estado/TV Globo, Alckmin tem 50% das intenções de voto, contra 14% de Mercadante. Em terceiro lugar está Celso Russomano (PP), com 9%.

Fabio Feldman (PV), Paulo Búfalo (PSOL) e Paulo Skaf (PSB) aparecem com 1% cada um. Luiz Carlos Prates, o Mancha (PSTU), Igor Grabois (PCB) e Anaí Caproni (PCO) não pontuaram. Brancos e nulos somam 10% e 13% estão indecisos.

A soma das intenções de voto dos adversários de Alckmin chega a 26%, praticamente metade do índice alcançado pelo tucano. Para vencer no primeiro turno, um candidato precisa obter mais votos que os adversários somados.

Na pesquisa espontânea, aquela em que os entrevistados manifestam suas preferências antes de ver a lista dos candidatos, o candidato tucano aparece com 13%, contra 5% de Mercadante.

"Recall". A grande diferença entre os índices de Alckmin nas pesquisas espontânea e estimulada indica que o tucano está sendo beneficiado pelo fenômeno do "recall". Ex-governador e candidato a prefeito de São Paulo em 2008, o tucano tem seu nome consolidado entre o eleitorado.

Alckmin e Russomanno são os menos rejeitados entre os principais candidatos - respectivamente, 13% e 12% dos entrevistados dizem que não votariam neles de jeito nenhum. Já o candidato do PT tem 17% no quesito rejeição.

Além de perguntar aos eleitores paulista em que vão votar no dia 3 de outubro, o Ibope avaliou a expectativa de vitória na disputa pelo governo do Estado. Na expectativa de 60%, Alckmin, que já governou o Estado entre 2001 e 2006, voltará ao cargo em 2011. Apenas 8% dizem que Mercadante será o próximo governador.

Índices. O candidato do PSDB alcança 73% das intenções de voto entre os eleitores que consideram o atual governo ótimo ou bom.

Mercadante estava em um evento de campanha e não pôde ser contatado. Apesar do resultado desfavorável, contudo, a equipe de campanha do petista diz estar confiante no "efeito Lula" no horário eleitoral gratuito, que entra no ar no dia 17. O foco principal da campanha televisiva será fixar Mercadante como o candidato do presidente. "Nosso objetivo é que o eleitor tome conhecimento de que Mercadante é candidato do Lula", disse o marqueteiro da campanha do petista, Augusto Fonseca, responsável pela campanha vitoriosa de Marta Suplicy (PT) para a Prefeitura de São Paulo, em 2000.

Responsabilidade. Já Alckmin, que estava em Ribeirão Preto, disse ter ficado satisfeito com o resultado da pesquisa. "Tenho de agradecer a enorme manifestação de confiança da população do Estado de São Paulo, o que aumenta a nossa responsabilidade", afirmou o tucano. "Recebo (o resultado da pesquisa) com alegria e com humildade. A eleição ainda está longe, agora é que está começando, mas é um bom começo. "Agradeço e vamos trabalhar muito, e muito pé no chão."

Ribeirão foi a quarta agenda do dia de Alckmin, ontem. Antes esteve em São Roque, Valinhos e Rio Claro, e ainda seguiria para Indaiatuba, para um último compromisso.

O tucano enfatizou que a campanha está caminhando bem. "Estou estudando o máximo possível pra ter o melhor programa de governo em benefício da população", disse Alckmin.

O candidato do PSDB caminhou rapidamente pelo calçadão, no centro de Ribeirão Preto, e tomou um chope no tradicional bar Pinguim. Depois encerrou a agenda com a inauguração do comitê do deputado Antônio Duarte Nogueira Júnior (PSDB), que foi seu secretário de Agricultura no governo de São Paulo. Aloysio Nunes (PSDB), candidato ao Senado, acompanhou Alckmin em Ribeirão Preto. / COLABOROU BRÁS HENRIQUE

No Rio, pesquisa indica fácil reeleição de Cabral

DEU EM O ESTADO DE S. PAULO

Wilson Tosta

Candidato à reeleição, o governador Sérgio Cabral Filho (PMDB) venceria no primeiro turno, de acordo com a pesquisa Ibope/Estado/TV Globo. Ele alcança 58% das intenções de voto, contra 14% de Fernando Gabeira (PV). Eduardo Serra (PCB) tem 2%, enquanto Cyro Garcia (PSTU) e Fernando Peregrino (PR) marcam 1% cada um - 11% dos entrevistados se dizem indecisos e 12% votariam em branco ou anulariam.

Na espontânea, Cabral lidera por 19% a 4%. Gabeira tem maior rejeição: 29% não votariam nele de jeito nenhum. No caso de Cabral, o índice é de 14%.

Na briga pelo Senado, Marcelo Crivella (PRB) e o ex-prefeito Cesar Maia (DEM) empatam, com 37%. Lindberg Farias (PT) tem 21%. Foram entrevistadas 1.204 pessoas, de 27 a 29 de julho. A margem de erro é de 3 pontos. A pesquisa está registrada no TRE-RJ (sob o número 62183/2010) e no TSE (número 20797/2010).

Em Minas, Hélio Costa tem 39%, e Anastasia, 21%

DEU EM O GLOBO

BRASÍLIA. A disputa pelo governo de Minas Gerais é liderada pelo candidato do PMDB, senador Hélio Costa, que ficou com 39% das intenções de voto, segundo a pesquisa do Ibope encomendada por TV Globo e jornal "O Estado de S. Paulo", e divulgada ontem. Candidato do ex-governador Aécio Neves (PSDB), o atual governador, Antonio Anastasia, também do PSDB, aparece em segundo lugar, com 21%, registrando crescimento em relação a pesquisas recentes.

Nessas eleições, Aécio Neves está dando prioridade total à campanha de seu afilhado político, como fez em 2008, na eleição para prefeito de Belo Horizonte, quando o então desconhecido Márcio Lacerda (PSB) saltou de menos de 10% nas pesquisas de intenção de votos para a vitória em menos de três meses.

Os demais candidatos ao governo de Minas somam 6%; votos em branco e nulos, mais 8%. Segundo a pesquisa, 25% das pessoas consultadas ainda estão indecisas sobre a escolha do candidato a governador de Minas.

A margem de erro da pesquisa Ibope é de dois pontos percentuais para mais ou para menos. O Ibope entrevistou 1.806 eleitores em Minas, de 26 a 29 de julho.

De acordo com a última pesquisa do instituto Datafolha realizada em Minas, divulgada no dia 24 passado, Anastasia estava com 18% dos votos e Hélio Costa, com 44%. Considerando as pesquisas Datafolha e Ibope - embora com metodologias diferentes -, o tucano subiu e o peemedebista caiu.

Eduardo Campos vai a 60% contra 24% de Jarbas

DEU EM O ESTADO DE S. PAULO

Adriana Carranca

Em Pernambuco, o resultado da pesquisa Ibope/Estado/TV Globo aponta a vitória no primeiro turno do governador Eduardo Campos (PSB), candidato à reeleição. Ele desponta com 60% das intenções de voto - mais do que a soma de pontos de todos os adversários. Em segundo lugar, o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB) aparece com 24% da preferência do eleitorado.

Os indecisos são 8%. O peemedebista tem maior rejeição (25%) do que o adversário do PSB ( 11%).

Senado. Na pesquisa para as duas vagas do Senado, o resultado traz empate técnico: o ex-ministro da Saúde Humberto Costa (PT) tem 44% da preferência e o senador Marco Maciel (DEM), 43%.

A margem de erro é de 2 pontos porcentuais para mais ou para menos. Foram feitas 1.806 entrevistas, entre 26 e 29 de julho. A pesquisa foi registrada no TRE/PE sob nº 34524/2010 e no TSE sob n.º 20803/2010.

Guerra: ''Não vamos brigar com números''

DEU EM O ESTADO DE S. PAULO

Julia Duailibi

O presidente do PSDB e coordenador da campanha de José Serra à Presidência, senador Sérgio Guerra (PE), disse ontem que o partido "não vai brigar com os números", mas analisará as pesquisas com maior "profundidade".

"Nossos acompanhamentos estaduais e nacionais não confirmam esse resultado", afirmou o senador, que completou: "Não vamos brigar com os números, mas vamos analisar a pesquisa com maior profundidade."

Guerra disse ainda que o Ibope, em um levantamento de junho, mostrara Serra atrás de Dilma Rousseff. "Não quero dizer que está errado, mas que temos de analisar com tranquilidade".

O que pensa a mídia

Editoriais dos principais jornais do Brasil
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Chopin Revolutionary Etude op 10 no 12

Cansado até os deuses que não são:: Fernando Pessoa


Cansado até os deuses que não são...
Ideais, sonhos... Como o sol é real
E na objetiva coisa universal
Não há o meu coração...
Eu ergo a mão.

Olho-a de mis, e o que ela é não sou eu.
Entre mim e o que sou há a escuridão.
Mas o que são isto a terra e o céu ?

Houvesse ao menos, visto que a verdade
É falsa, qualquer coisa verdadeira
De outra maneira
Que a impossível certeza ou realidade.

Houvesse ao menos, som o sol do mundo,
Qualquer postiça realidade não
O eterno abismo sem fundo,
Crível talvez, mas tenho coração.

Mas não há nada, salvo tudo sem mim.
Crível por fora da razão, mas sem
Que a razão acordasse e visse bem;
Real com o coração, inda que [...]