sexta-feira, 21 de setembro de 2012

OPINIÃO DO DIA - Ibrahim Abi-Ackel: ‘o mensalão maculou a República’ (XLV)


"Houve recebimento de dinheiro com periodicidade, recursos ilícitos. Chame-se isso de mensalão, mensalinho, quinzenão ou o que vocês quiserem"

Ibrahim Abi-Ackel, relator da CPI do Mensalão, no dia 17 de novembro de 2005

Manchetes de alguns dos principais jornais do Brasil

O GLOBO
Rocinha ganha UPP de 700 PMs e cem câmeras
Desemprego cai e renda sobe no país
A hora do mensalão
Oi recebe punição de R$ 30 milhões

FOLHA DE S. PAULO 
PT e aliados afirmam que explorar mensalão é golpe
Revisor diz que caixa dois não livra réus de corrupção
EUA e Brasil trocam farpas sobre medidas protecionistas
Desemprego é o menor em dez anos, mas vagas caem
Inflação é mais alta para os que ganham menos

O ESTADO DE S. PAULO 
Lewandowski vê mensalão como dinheiro para campanha
EUA pressionam Brasil por alta de tarifas de importação
PT e PRB assinam carta pró-Lula
D. Odilo condena ‘currais eleitorais’
Plano de saúde terá de justificar negativas

VALOR ECONÔMICO 
Guerra dos portos pode se estender
Cenário 2013 traz alívio ao governo
R$ 17 bi em bens reversíveis das teles
Parcelamento de cartão deve ter mudança
Negociações para os consórcios do trem-bala

BRASIL ECONÔMICO
EUA reagem a críticas e atacam as barreiras comerciais do Brasil
BG pretende operar poços sem a Petrobras
Indústria de autopeças muda para crescer
Calote em alta esquenta venda de consórcios

CORREIO BRAZILIENSE 
Maria Rosa, a mãe que desafiou a ditadura
Mensalão, de novo, provoca divergências
Espião que violou sistema da Abin é novato na agência
Contra o juro alto, banco quer o fim do cartão parcelado

ESTADO DE MINAS
Dólar encarece até viagens nacionais
Royalties do minério
Chat com Patrus: ‘Primeiro passo é melhorar o transporte’

ZERO HORA (RS) 
Revisor do mensalão absolve deputado e abre foco de tensão
Os candidatos campeões em arrecadação

JORNAL DO COMMERCIO (PE) 
Internet mais barata e rápida no interior
Revisor também pede condenação de Pedro Corrêa
Ex-major Ferreira abre o verbo sobre a ditadura na Comissão da Verdade

O que pensa a mídia - editoriais dos principais jornais do Brasil

http://www2.pps.org.br/2005/index.asp?opcao=editoriais

Filósofo Carlos Nelson Coutinho morre no Rio


SÃO PAULO - Morreu ontem no Rio de Janeiro, aos 69 anos, o filósofo e cientista político Carlos Nelson Coutinho. Ele sofria de câncer no pulmão. Seu corpo será cremado hoje no Cemitério do Caju, na zona norte.

Natural de Itabuna (BA), onde nasceu em 28 de junho de 1943, Coutinho ingressou em 1961 na Faculdade de Direito da atual Universidade Federal da Bahia -ano em que começou também a militar no PCB. Após dois anos de direito, decidiu estudar filosofia, formando-se em 1965.

Logo se destacou como crítico literário. Fortemente influenciado pelo pensador György Lukács, publicou "Literatura e Humanismo" (1967) e "O Estruturalismo e a Miséria da Razão" (1972).

Em 1976, com o acirramento da repressão ao partido pelo regime militar, exilou-se na Itália. Regressou ao Brasil em dezembro de 1978. No ano seguinte, inspirado na obra do marxista italiano Antonio Gramsci, lançou "A Democracia como Valor Universal".

Deixou o PCB em 1982 e entrou no PT em 1989. Desiludido com Lula, deixou o partido em 2003 e, em 2004, participou da fundação do PSOL

Professor emérito da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), Coutinho coordenou a edição das obras completas de Gramsci no Brasil. Seu último livro, "De Rousseau a Gramsci", saiu em 2011.

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

Carlos Nelson Coutinho (1943-2012) - Luiz Sérgio Henriques


Nascido em Itabuna, na Bahia, em 1943, morreu nesta manhã de 20 de setembro, no Rio de Janeiro, o filósofo e cientista político Carlos Nelson Coutinho. Professor emérito da Universidade Federal do Rio de Janeiro, onde lecionava na Escola de Serviço Social, Carlos Nelson deixa um legado amplo na área da produção cultural e também na área política.

Militante do PCB por muitos anos, desde a juventude, Carlos Nelson escreveu mais de uma dezena de livros, a começar por Literatura e humanismo, lançado no final dos anos 1960 pela Editora Civilização Brasileira, de Ênio Silveira. Em Literatura e humanismo, já estão presentes algumas qualidades que o distinguiriam nos anos seguintes, como a clareza de pensamento, a escrita elegante e a percepção refinada de autores fundamentais, como atesta o ensaio sobre Graciliano Ramos. Também neste livro inaugural está presente a influência decisiva do filósofo húngaro Georg Lukács, cujas ideias sobre o realismo norteavam as pesquisas do então jovem crítico brasileiro.

Nos anos 1970, Carlos Nelson conheceu o exílio em Bolonha — terra em que se afirmara por décadas o seu amado Partido Comunista Italiano, outra das referências político-intelectuais imprescindíveis para entender o nosso autor — e, posteriormente, em Paris. Foi membro eminente do “grupo de Armênio Guedes”, que, dentro do PCB, buscava a renovação do comunismo brasileiro a partir da questão democrática, vista — a democracia — como a alternativa mais produtiva aos caminhos e descaminhos da modernização “prussiana” do capitalismo brasileiro, que havia conhecido um novo impulso a partir da ditadura implantada em 1964. Neste sentido, Carlos Nelson se notabilizou, já na volta do exílio, pelo ensaio “A democracia como valor universal”, fortemente inovador na cultura comunista, exatamente por ter como assumida fonte de inspiração o pensamento político amadurecido em torno do antigo PCI, muito especialmente Enrico Berlinguer e Pietro Ingrao.

A partir deste momento, incorpora-se vigorosamente à reflexão de Carlos Nelson a presença de Antonio Gramsci: pode-se dizer que, a partir de uma original interpretação de Lukács e Gramsci — isto é, dos temas da ontologia do ser social e da política tal como estabelecida nos países de estrutura “ocidental” —, tenha se estruturado a produção posterior de Carlos Nelson Coutinho, até o livro mais recente, De Rousseau a Gramsci. Ensaios de teoria política, publicado em 2011.

Nos últimos meses, mesmo abalado pela doença, Carlos Nelson dedicava-se a uma história da filosofia, testemunho da enorme erudição e inquietação intelectual que o acompanhou por toda a vida. Nos anos 1980, com a crise do PCB e o afastamento de grande parte dos “eurocomunistas” brasileiros, Carlos Nelson passaria pelo PSB (expressão do seu interesse pelo socialismo democrático), pelo PT e, a partir de 2003, pelo PSOL. Estas opções políticas, naturalmente, deixaram marca na produção teórica do nosso autor, que está destinada a ser tema de estudos e reflexões por parte de todos aqueles que se preocupam com o destino do humanismo, da democracia e do socialismo no nosso tempo.

Luiz Sérgio Henriques é o editor de Gramsci e o Brasil

PPS lamenta morte de Carlos Nelson Coutinho



O Diretório Nacional do PPS divulgou nota lamentando a morte do cientista político e filósofo Carlos Nelson Coutinho, ocorrida nesta quinta-feira (20) no Rio de Janeiro. O corpo está sendo velado na URFJ até às 21h e deve ser cremado amanhã.

Leia, abaixo, a nota do PPS.

"Morreu Carlos Nelson Coutinho (1943-2012)

Aos 69 anos, faleceu, na manhã desta quinta-feira (20), no Rio de Janeiro, o filósofo e cientista político baiano Carlos Nelson Coutinho. Seu corpo está sendo velado no Atrium do Fórum de Ciência e Cultura, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, do qual era professor emérito. Além de ter lecionado na Escola de Serviço Social e dirigido a Editora da UFRJ, ele deixa um legado amplo na área da produção cultural e também na área política.

Militante do PCB, desde a juventude, Carlos Nelson escreveu mais de uma dezena de livros, alguns deles de grande repercussão entre políticos e intelectuais, de que é exemplo maior o ensaio A democracia como valor universal. Esta obra o notabilizou em todo o país, exatamente por ter como assumida fonte de inspiração o pensamento político amadurecido do antigo PCI, tendo incorporado vigorosamente à sua reflexão a presença de Antonio Gramsci, fonte que veio a conhecer quando, exilado nos anos 70, viveu em Bolonha e travou contato direto com as ideias, propostas e dirigentes do Partido Comunista Italiano.

Membro destacado de um grupo de intelectuais que, dentro do PCB, buscava a renovação do comunismo brasileiro a partir da questão democrática, vista — a democracia — como a alternativa mais produtiva aos caminhos e descaminhos da modernização “prussiana” do capitalismo brasileiro, Carlos Nelson, nos anos 80, após afastar-se do Partidão, juntamente com outros “eurocomunistas”, vivenciou experiência no PSB, no PT e, a partir de 2003, no PSOL.

Em nome do Diretório Nacional do PPS, e em meu próprio, fazemos este registro, apresentado condolências a sua família e lamentando profundamente a morte deste pensador comunista, que deixou uma marca indelével na atividade política brasileira.

Roberto Freire
Presidente Nacional do PPS

A hora do mensalão


Logo após o relator do mensalão, Joaquim Barbosa, ter finalizado seu voto no capítulo 6 condenando 12 réus, o ministro revisor, Ricardo Lewandowski, começou a votar discordando do colega ao absolver o deputado Pedro Henry (PP-MT). Eles divergiram também no caso do ex-deputado Pedro Corrêa. Lewandowski o condenou por corrupção passiva, mas não por lavagem de dinheiro, como fizera Barbosa

Novo round entre relator e revisor

Barbosa condena 12 réus acusados de receber propina; Lewandowski absolve Pedro Henry

André de Souza, Carolina Brígido

UM JULGAMENTO PARA A HISTÓRIA

BRASÍLIA O relator do processo do mensalão, Joaquim Barbosa, e o revisor, Ricardo Lewandowski, voltaram a divergir ontem, desta vez sobre a culpa dos políticos acusados de receber propina em troca de apoio ao governo Lula no Congresso. O relator concluiu seu voto sobre o capítulo 6 com a condenação de 12 réus por terem se beneficiado do esquema. Já o revisor começou a votar condenando o ex-deputado Pedro Corrêa por corrupção passiva, mas absolvendo-o do crime de lavagem de dinheiro. Lewandowski ainda absolveu o deputado Pedro Henry (PP-MT) de todos os crimes: corrupção passiva, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha.

Barbosa declarou que líderes de quatro partidos - PP, PR (ex-PL), PTB e PMDB - venderam a lealdade ao governo Lula por milhões de reais. Para ele, o governo montou sua base de apoio no Congresso às custas do valerioduto.

- A lealdade foi concedida em troca de suntuosas remunerações - afirmou o relator.

Mesmo tendo considerado Pedro Corrêa culpado por formação de quadrilha, Lewandowski fez questão de destacar que não há prova de ato de ofício cometido pelo então parlamentar. O revisor só teve tempo de julgar Corrêa e Henry ontem. Ele vai retomar o assunto na segunda-feira, na próxima sessão no STF.

Ao condenar os réus, Barbosa ressaltou a responsabilidade dos parlamentares na República e rebateu o argumento da defesa de que a Constituição confere aos deputados imunidade relativa a seus votos e opiniões:

- A inviolabilidade de que gozam os parlamentares por suas opiniões, palavras e votos não significa que o titular do mandato possa comercializar ou rentabilizar o exercício da função pública que exerce.

Ao longo da semana, Barbosa condenou cinco réus ligados ao PP por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha. Em seguida, foram condenados três integrantes do PL. Depois, Barbosa condenou por corrupção passiva e lavagem de dinheiro o presidente do PTB, Roberto Jefferson, e outros dois integrantes da legenda. Ontem, foi a vez do ex-deputado José Borba (PMDB-PR), por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. O relator absolveu apenas o assessor parlamentar Antonio Lamas, por falta de provas.

- José Borba, que integrava a ala do partido que apoiava o governo na Câmara, recebeu R$ 2,1 milhões em repasses concentrados em datas próximas às reformas da Previdência e tributária. Eu não vejo como divorciar os pagamentos realizados da atividade do parlamentar na Câmara, razão pela qual eu considero materializado o delito de corrupção passiva - disse Barbosa.

Lewandowski deixou clara sua posição sobre a corrupção passiva: para ele, é preciso comprovar que o agente público recebeu vantagem indevida e cometeu um ato de ofício. Mas ele sustentou que o plenário entendeu de forma diferente e por isso ele seguiria a nova orientação: não haver necessidade de confirmação de que o ato de ofício ocorreu.

O revisor citou votos de colegas em outros capítulos do processo do mensalão para comprovar sua tese. E condenou Corrêa por corrupção passiva. Depois, absolveu o réu do crime de lavagem de dinheiro e deixou para examinar depois a acusação de formação de quadrilha.

Lewandowski ainda absolveu Pedro Henry das acusações de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha. Disse que não há prova de que ele integrou o esquema:

- O parquet (Ministério Público) não demonstrou, nem no curso da instrução criminal e em qualquer outro momento, de que forma ele teria concorrido para o cometimento da figura típica da quadrilha. Baseou-se apenas e tão somente na sua condição de líder do PP na Câmara à época dos fatos.

Mas Barbosa disse estar convencido de que os parlamentares acusados de receber dinheiro do mensalão agiram para garantir a continuidade dos repasses, ou seja, colaborando em votações importantes para o governo:

- Se os parlamentares divergissem da orientação do governo e assim contrariassem os interesses de quem os estava a corromper, deixariam de receber os milhares de reais em espécie com que vinham sendo agraciados.

FONTE: O GLOBO

Barbosa usa depoimento de Dilma em 2009


Presidente se disse surpresa com aprovação rápida de marco regulatório do setor elétrico

Evandro Éboli

BRASÍLIA Para condenar os deputados da base aliada e tentar reforçar as provas de compra de votos, o relator do mensalão, Joaquim Barbosa, recorreu a depoimento prestado pela hoje presidente Dilma Rousseff. À Justiça, em outubro de 2009, Dilma, então chefe da Casa Civil, se disse surpresa com a rapidez da aprovação do marco regulatório do setor elétrico no Congresso.

O relator lembrou que o presidente da Comissão de Minas e Energia, em 2003, era o deputado José Janene (PP-PR), que já faleceu. Dilma, quando o projeto foi aprovado, era ministra das Minas e Energia. Para Barbosa, a votação mostra que os projetos de interesse do governo tramitavam com rapidez.

No depoimento, Dilma afirmou que "se surpreende, vendo com os olhos de hoje, com a rapidez da aprovação do projeto, tendo em vista que havia mais de mil emendas, em razão da complexidade, e tendo em vista que se tratava da alteração de marco regulatório do setor elétrico, inclusive tendo ocorrido logo após o apagão". O novo modelo elétrico foi criado a partir de duas medidas provisórias, de 11 de dezembro de 2003. Foi aprovado em 15 de março de 2004 e teve seu decreto de regulamentação editado em 30 de julho deste ano.

Defesa de petistas réus

No mesmo depoimento, a então ministra afirmou, no entanto, que conhecia o assunto mensalão apenas pela imprensa e que não houve pedido de vantagem financeira nem de qualquer outro tipo por parte de Janene, nem de qualquer outra pessoa, para votação e aprovação da reforma do setor elétrico. "Que, ao referir-se a inexistência ou impossibilidade de solicitação de vantagem para votação e aprovação de reformas, referiu-se tanto às reformas previdenciária e tributária como à do setor elétrico", diz trecho do depoimento.

Dilma contou que havia urgência em aprovar a regulamentação do setor sob o risco de haver "explosão tarifária" e insegurança no fornecimento de energia. "Assim, ou se reformava ou o setor quebrava, e quando se está em situações limites como esta as coisas ficam muito urgentes". A então ministra também disse no depoimento que conhecia Roberto Jefferson, mas que ele não fez qualquer pedido a ela para indicação de pessoas a cargos na sua pasta.

À Justiça, Dilma defendeu vários petistas réus no caso. Disse que o então deputado Paulo Rocha (PA) é parlamentar muito participante e que não se conhecem circunstâncias que desabonem sua conduta; que Professor Luizinho nunca solicitou vantagem para votar qualquer projeto; e que considera José Dirceu uma pessoa injustiçada, tendo grande respeito por ele.

FONTE: O GLOBO

Relator pede condenação de 12 réus; 7 são políticos


Para Barbosa, é "inconcebível" não associar pagamentos a apoio ao governo no Congresso

Eduardo Bresciani, Mariângela Gallucci e Felipe Recondo

BRASÍLIA - Relator do processo do mensalão no Supremo Tribunal Federal, o ministro Joaquim Barbosa concluiu ontem seu voto com o pedido de condenação de 12 réus ligados a PP, PTB, PMDB e PL (hoje PR), dos quais 7 são parlamentares ou ex-parlamentares. Ao defender a punição de políticos como Roberto Jefferson, delator do esquema e presidente do PTB, e os deputados Valdemar Costa Neto (PR-SP) e Pedro Henry (PP-MT), Barbosa procurou derrubar a relevância da tese de caixa dois eleitoral.

No encerramento do voto sobre corrupção passiva, Barbosa procurou destacar que o destino dado ao dinheiro recebido não tem relevância para o processo, porque o pagamento feito pelo PT se deveu ao apoio político oferecido pelas siglas no Congresso. Para o relator, não é crível acreditar que os repasses não tivessem vinculação com os votos dos parlamentares que ocupavam cargos de relevo em seus partidos.

"Teria de ser muito ingênuo para acreditar nessa alegação. Aceitar essa tese significaria concluir que parlamentares beneficiados de milhões em espécie adotaram duas condutas desconectadas: solicitaram recursos vultosos e de forma desconectada votaram projetos no sentido orientado pelo partido detentor do poder. Para mim, essa conclusão é inconcebível", disse.

Barbosa afirmou que, além das reformas previdenciária e tributária, o sistema serviu para uma "fidelização" de partidos para outras votações. Destacou, inclusive, depoimento da presidente Dilma Rousseff, que manifestou ter ficado surpreendida com a rapidez da aprovação pelo Congresso do projeto que alterou o marco regulatório do setor elétrico. Na época, Dilma era ministra de Minas e Energia.

O relator disse que o sistema montado pelo empresário Marcos Valério com o Banco Rural para lavar dinheiro do esquema foi fundamental para seu sucesso. "A lavagem de dinheiro funcionou como grande catalisadora nos crimes de corrupção passiva. Mediante mecanismo de ocultação dos valores, os réus ficaram livres, livres, para utilizá-los como bem entendessem, em seu projetos e de seus partidos."

O relator concluiu sua participação neste capítulo proclamando a condenação de 12 réus. Além de Henry e Costa Neto, que foram reeleitos deputados em 2010, estão entre os condenados os ex-deputados Pedro Corrêa (que presidiu o PP e foi cassado pela Câmara), Romeu Queiroz (na época, deputado pelo PTB mineiro), Carlos Rodrigues (PL-RJ), José Borba (PMDB-PR) e Jefferson, também cassado em 2005.

Pagamento. A decisão pela condenação de Jefferson valeu-se dos próprios depoimentos do deputado cassado. Em relação a lavagem de dinheiro, conduta analisada ontem, Barbosa observou que o pagamento em espécie de R$ 4 milhões, em duas parcelas, foi feito por Valério. "A entrega de tal dinheiro em espécie para o pagamento de vantagem indevida necessariamente segue mecanismo de lavagem de dinheiro para ocultar origem, destino e propriedade dos recursos."

Após o término do voto de Barbosa neste capítulo, o revisor, Ricardo Lewandowski, começou sua exposição condenando Corrêa por corrupção passiva e absolvendo Pedro Henry. O revisor continuará seu voto na segunda-feira.

A expectativa é que só na quarta-feira os outros ministros do Supremo comecem a se manifestar sobre este item do processo.

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

Partidos governistas acusam oposição de golpe contra Lula


Em carta aberta, presidentes de seis siglas defendem ex-presidente

Maria Lima

BRASÍLIA - Cinco partidos da base, articulados pelo presidente do PT, Rui Falcão, divulgaram ontem uma carta "à sociedade brasileira" em defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A carta assinada pelos presidentes de PT, PSB, PMDB, PCdoB, PDT e PRB, é um repúdio aos dirigentes de PSDB, DEM e PPS "que, em nota, tentaram comprometer a honra e a dignidade" do ex-presidente, afirmaram.

Sem a assinatura de dirigentes de PR, PTB e PP, também da base, os dirigentes governistas, inclusive o governador Eduardo Campos, do PSB, falam em golpe e acusam a oposição de pressionar o Supremo Tribunal Federal (STF)na votação do mensalão. E concluem dizendo que o povo vai rejeitar mais uma vez essa "mesquinharia".

Acusações seriam "invencionices"

Até agora, Lula, que se dirigia ontem para o México enquanto a carta era divulgada, tem se calado sobre o assunto, que vem provocando uma guerra de notas entre oposição e governo. A carta conjunta diz que a oposição, valendo-se de "fantasiosa matéria veiculada pela revista "Veja", pretende transformar em verdade o amontoado de invencionices colecionado a partir de fontes sem identificação".

Semana passada, a Executiva Nacional do PT divulgou carta conclamando militantes, simpatizantes, parlamentares e governantes a fazerem uma mobilização "do tamanho do Brasil" para defender "o legado" de Lula.

"Quando pressionam a mais alta Corte do país, o STF, estão preocupados em fazer da ação penal 470 um julgamento político, para golpear a democracia e reverter as conquistas que marcaram a gestão do presidente Lula. A mesquinharia será, mais uma vez, rejeitada pelo povo", diz o texto subscrito pelos governistas.

Falcão encabeça as assinaturas, seguido por Eduardo Campos, Valdir Raupp (PMDB) , Renato Rabelo (PCdoB), Carlos Lupi ( PDT) e Marcos Pereira (PRB). Eles dizem que "forças conservadoras revelam-se dispostas a qualquer aventura. Não hesitam em recorrer a práticas golpistas, à calúnia e à difamação, à denúncia sem prova".

Comparação com golpe de 1964

"O gesto é fruto do desespero diante das derrotas seguidamente infligidas a eles pelo eleitorado brasileiro. Impotentes, tentam fazer política à margem do processo eleitoral, base e fundamento da democracia representativa, que não hesitam em golpear sempre que seus interesses são contrariados", afirmam na carta.

Os signatários comparam a atual situação à crise política de 1954, quando, dizem, inventaram um "mar de lama" para afastar Getulio Vargas, que acabou se matando. E a 1964, quando João Goulart (Jango) foi deposto,

"Assim foi em 1964, quando derrubaram Jango para levar o país a 21 anos de ditadura. O que querem agora é barrar e reverter o processo de mudanças iniciado por Lula, que colocou o Brasil na rota do desenvolvimento com distribuição de renda, incorporando à cidadania milhões de brasileiros marginalizados, e buscou inserção soberana na cena global, após anos de submissão a interesses externos".

FONTE: O GLOBO

PT e aliados afirmam que explorar mensalão é golpe


O PT e os principais partidos aliados divulgaram ontem manifesto em que acusam a oposição de golpismo por utilizar o julgamento do mensalão no STF durante a campanha eleitoral. O documento, apresentado como defesa da "honra e dignidade" de Lula, compara o atual ambiente político ao que antecedeu o golpe militar (1964) e o suicídio de Getúlio Vargas (1954)

MENSALÃO - O JULGAMENTO

PT e aliados acusam oposição de golpe por uso do mensalão

Manifesto assinado por governistas foi discutido com Dirceu e teve aval de Dilma

Documento fala em defender honra de Lula e compara ambiente político à véspera do suicídio de Vargas e a 64

Catia Seabra, Natuza Nery


SÃO PAULO, BRASÍLIA - Com a bênção da presidente Dilma Rousseff, os principais partidos da base governista divulgaram ontem um manifesto em que acusam a oposição de golpismo ao usar politicamente o julgamento do mensalão.

O documento, que se apresenta como uma defesa da "honra e dignidade" do ex-presidente Lula, compara o atual ambiente político ao que antecedeu o golpe militar (1964) e o suicídio de Getúlio Vargas (1954).

Principal réu do mensalão, o ex-ministro José Dirceu participou da decisão de escrever o manifesto, discutido na terça com Lula e o presidente nacional do PT, Rui Falcão.

O teor foi apresentado a Dilma na quarta, após ser redigido em conjunto com o PC do B e o PSB do governador Eduardo Campos (PE), que também assina o documento. Campos é citado como um dos cotados para disputar a Presidência em 2014.

Assinada também pelos presidentes do PMDB, Valdir Raupp, PDT, Carlos Lupi, e PRB, Marcos Pereira -coordenador da campanha de Celso Russomanno em São Paulo-, a nota acusa PSDB, DEM e PPS de pressionar o STF (Supremo Tribunal Federal).

O objetivo seria transformar o mensalão num "julgamento político, golpear a democracia e reverter as conquistas que marcaram a gestão do presidente Lula".

Sob o título "À sociedade brasileira", a carta é uma resposta à nota divulgada pela oposição após publicação de declarações atribuídas ao empresário Marcos Valério Fernandes de Souza na revista "Veja". Segundo a reportagem, Valério diz que Lula chefiou o esquema.

"As forças conservadoras revelam-se dispostas a qualquer aventura. Não hesitam em recorrer a práticas golpistas, à calúnia", diz a carta, que chama a reportagem de "fantasiosa" e de "amontoado de invencionices".

Reta final

O manifesto coincide com a definição de rito no Supremo que deve levar Dirceu a ser julgado às véspera do primeiro turno da eleição, no dia 7.

Entre os motivos para sua divulgação está a tentativa de aplacar a irritação de Lula.

Segundo interlocutores, o ex-presidente repete que há uma tentativa de desmonte de sua imagem e que não permitirá que seu governo fique na memória como o palco de maior escândalo de corrupção da história.

"É um gesto mais pessoal do que político. Lula está muito chateado. Isso abateu o velho", disse Carlos Lupi.

Presidente do PC do B, Renato Rabelo diz que o vice-presidente do PSB, Roberto Amaral, foi responsável por incluir os ataques mais contundentes. Falcão mostrou a carta para Dilma um dia depois de ter se reunido com Dirceu no instituto Lula.

A reunião fora originalmente convocada para discutir uma estratégia para mitigar o impacto eleitoral do julgamento do mensalão.

Lula concordou com a elaboração da nota. Falcão não confirma a conversa com Lula nem com Dilma.

A CUT (Central Única dos Trabalhadores) também está organizando manifestação em apoio a Lula. Ontem, durante ato na Paulista, os sindicalistas entoaram o coro de "Lula é meu amigo, mexeu com ele, mexeu comigo."

A oposição disse que o manifesto governista demonstra "desespero" com a perspectiva de derrota nas eleições.

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

PT e PRB assinam carta pró-Lula


Seis partidos da base governista, incluindo o PT e o PRB do candidato a prefeito de SP Celso Russomanno, emitiram ontem nota de desagravo a Lula e com ataques a PSDB, DEM e PPS, após a oposição ameaçar pedir apuração sobre suposta relação do ex-presidente com o mensalão. A nota foi antecipada pela repórter Julia Duailibi no estadão.com.br. A manifestação, organizada no momento em que o petista Fernando Haddad oscilou negativamente em pesquisa, ataca o que chama de "forças conservadoras" e "práticas golpistas". A ideia do desagravo partiu do próprio Lula, informa Vera Rosa

PT convoca aliados para defender Lula

PSB, PMDB, PC do B, PDT e PRB de Russomanno unem-se a petistas e dizem que "forças conservadoras" adotam "práticas golpistas" ao usar mensalão

Julia Duailibi

Seis partidos da base governista emitiram ontem nota em desagravo ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e com ataques ao PSDB, DEM e PPS, após a oposição ameaçar ingressar com pedido de investigação sobre acusações de que o petista seria o chefe do mensalão. Capitaneada pelo PT, a manifestação foi organizada no momento em que o candidato do partido à Prefeitura de São Paulo, Fernando Haddad, oscilou negativamente em pesquisa de intenção de voto.

Na nota, os presidentes do PT, PSB, PMDB, PC do B, PDT e PRB atacam o que chamam de "forças conservadoras" que estariam dispostas a "qualquer aventura" e falam em "práticas golpistas". Citam 1954, "quando inventaram um "mar de lama" para afastar Getúlio Vargas", e 1964, "quando derrubaram Jango para levar o País a 21 anos de ditadura".

A manifestação menciona reportagem da revista Veja do fim de semana passado, na qual declarações atribuídas ao empresário Marcos Valério, operador do mensalão, envolvem diretamente Lula com o esquema. Após a divulgação da reportagem, a oposição disse, em nota, que cobrará do Ministério Público a investigação dos fatos assim que terminado o julgamento do mensalão no Supremo Tribunal Federal.

Para os presidentes dos partidos governistas, a oposição quer "confundir" a opinião pública. "Quando pressionam a mais alta Corte do País, o STF, estão preocupados em fazer da ação penal 470 (a do mensalão) um julgamento político, para golpear a democracia e reverter as conquistas que marcaram a gestão do presidente Lula", afirmaram.

A confecção da nota foi divulgada num momento em que o embate eleitoral entre PT e PSDB aumentou, principalmente em São Paulo. Pesquisa Datafolha divulgada ontem mostrou que o candidato do PSDB, José Serra, distanciou-se de Haddad, com quem estava tecnicamente empatado no segundo lugar, atrás de Celso Russomanno (PRB). O tucano oscilou positivamente um ponto e tem agora 21% das intenções de voto contra 15% do petista, que oscilou negativamente dois pontos.

Nas últimas semanas, a campanha de Serra usou inserções no rádio e na TV para ligar Haddad a réus no processo do mensalão, como o ex-ministro José Dirceu e o ex-presidente do PT José Genoino. Em ato de campanha do tucano na terça-feira, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso pediu engajamento na "recuperação moral" do País, referindo-se ao processo no STF.

A estratégia dos tucanos suscitou cobranças entre petistas, para que houvesse uma reação por parte da campanha de Haddad, que deveria politizar mais o debate e apontar também questões éticas no campo adversário.

Assinaram a nota de ontem os presidentes do PT, Rui Falcão, do PSB, Eduardo Campos, do PMDB, Valdir Raupp, do PC do B, Renato Rabelo, do PDT, Carlos Lupi, e do PRB, Marcos Pereira. PRB, PMDB e PDT têm candidatos próprios em São Paulo: Russomanno, Gabriel Chalita e Paulinho, respectivamente.

O Estado apurou que o presidente do PT telefonou para os integrantes das demais siglas para pedir que assinassem o documento. Todos os partidos que subscreveram o texto têm cargos no governo federal. Na segunda-feira, a Executiva do PT convocou os militantes para "uma batalha do tamanho do Brasil" em defesa do PT e de Lula.

FONTE:  O ESTADO DE S. PAULO

Ex-presidente articulou com aliados a divulgação do texto


Lula pediu união a Rui Falcão e Eduardo Campos para rebater "calúnias e mentiras" divulgadas contra ele

Vera Rosa

A ideia de preparar uma nota de desagravo a Luiz Inácio Lula da Silva, assinada por partidos aliados do governo Dilma Rousseff, partiu do próprio ex-presidente. Lula fez a sugestão ao participar de ato da campanha de Fernando Haddad (PT) no domingo, no Centro de Tradições Nordestinas, em São Paulo.

Em conversa com o presidente do PT, Rui Falcão, e com o governador de Pernambuco, Eduardo Campos - que comanda o PSB -, Lula pediu aos aliados que se unissem para repudiar "calúnias e mentiras" contra ele. Seu argumento era que a estratégia vem sendo usada para prejudicar não só o PT, mas todos os partidos governistas nas eleições. Declarações atribuídas ao empresário Marcos Valério pela revista Veja, naquele fim de semana, jogavam Lula no centro da crise, apontando-o como "chefe do mensalão".

Campos imediatamente aceitou a proposta da nota, depois redigida por integrantes do PSB. O governador de Pernambuco viu ali uma oportunidade de se reaproximar de Lula. "Precisamos defender o projeto, que é de todos nós", disse ele.

Ex-ministro de Lula no primeiro mandato, Campos foi ao Centro de Tradições Nordestinas a convite da campanha de Haddad. Sentou-se à mesa com o ex-presidente, almoçou e gravou mensagem de apoio ao candidato do PT para ser usada no programa eleitoral na TV. O convite também teve o objetivo de desanuviar o relacionamento entre o PT e o PSB, deteriorado após o rompimento da aliança no Recife.

Planalto. Falcão esteve na quarta-feira em Brasília e mostrou a nota de desagravo a Lula à presidente Dilma Rousseff, que a aprovou. Até mesmo o PRB de Celso Russomanno - adversário de Haddad na campanha paulistana - carimba o documento.

Com expressões fortes, o texto aponta "práticas golpistas" e também é subscrito pelo PMDB, PC do B e PDT. Não foi avalizado pelo PR nem pelo PP do deputado Paulo Maluf, aliado de Haddad, e, por motivos óbvios, não chegou a ser enviado ao PTB. Na quarta-feira, o ministro Joaquim Barbosa, relator do processo do mensalão no Supremo Tribunal Federal, condenou Roberto Jefferson, delator do esquema e presidente do PTB, pelo crime de corrupção passiva e o deputado Valdemar Costa Neto (PR), ex-presidente do PL, por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha.

O teor da nota assinada por partidos da coligação de Dilma também passou pelo crivo da Executiva Nacional do PT, que se reuniu na segunda-feira. Naquele dia, Falcão interrompeu a reunião para se encontrar com Lula. Logo depois, a cúpula do PT decidiu convocar os militantes para uma "batalha do tamanho do Brasil" em defesa do partido, de Lula e do seu legado. Era o primeiro ensaio para a manifestação de ontem.

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

Para oposição, nota tem 'conteúdo desesperado'


Bruno Boghossian e Rosa Costa

Os presidentes dos partidos de oposição reagiram à nota emitida pelos líderes das legendas da base governista. O presidente do PSDB, deputado Sérgio Guerra (PE), afirmou que a nota é uma "reação às pesquisas", que mostrariam o PT mal posicionado eleitoralmente pelo País.

"Eles precisam encontrar uma maneira melhor de defender o PT, que está mal nos números", disse. "É um conteúdo desesperado, sem pé nem cabeça", completou. Para o tucano, o PT enfrenta problemas nas campanhas de São Paulo, Recife, Fortaleza, Salvador e Belo Horizonte.

O presidente do DEM, senador José Agripino (RN), disse que os partidos da base estão procurando "uma desculpa" para o silêncio de Lula diante das declarações atribuídas pela revista Veja ao empresário Marcos Valério. "O que estamos vendo é o efeito do mensalão sobre o PT, quem tem de ser acusado são os acusados envolvidos no delito." Na sua opinião, os partidos governistas deveriam é divulgar uma nota quebrando o silêncio de Lula com relação à acusação. "Seu silêncio torna-se cada vez mais ensurdecedor."

Para o presidente do PPS, deputado Roberto Freire (SP), não há cabimento em se falar em golpe "com as instituições funcionando plenamente a a alta Corte de Justiça julgando". No seu entender, os dirigentes dos partidos que assinam a nota pecam ao não cobrar explicações de Lula.

O candidato do PSDB à Prefeitura, José Serra, também comentou a nota. "Houve uma reportagem publicada, tem aspas, (então) certamente existem gravações. Seria interessante que essas gravações viessem à tona", disse, sobre as declarações atribuídas a Valério por Veja.

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

Jefferson diz que Lula vestiu 'figurino de ódio'


Em seu blog, delator do mensalão critica últimas declarações do ex-presidente

Renato Onofre

Um dia depois de ter alta do Hospital Samaritano, no Rio, o ex-deputado federal e presidente nacional do PTB, Roberto Jefferson, atacou ontem o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em seu blog. O delator do esquema do mensalão disse que Lula "tirou do armário o surrado figurino Lulinha ódio e guerra" para tentar garantir vitórias de aliados nestas eleições.

A artilharia verbal do petebista foi motivada pelo discurso inflamado que o ex-presidente fez anteontem à noite em Manaus. Lula não poupou esforços para atacar um dos seus maiores adversários em seus dois governos, o ex-senador Arthur Virgílio Neto (PSDB), candidato a prefeito de Manaus, ao pedir votos para sua candidata na capital amazonense, a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB).

"Mesmo com dificuldades para falar, por conta do tratamento que fez contra um câncer, o ex-presidente Lula mostrou ontem, em Manaus, que tirou do armário o surrado figurino "Lulinha ódio e guerra", sempre utilizado para atacar e desconstruir adversários e tentar garantir a vitória de aliados", disse Jefferson num trecho publicado no blog.

Aliado no primeiro governo de Lula - até revelar o esquema de compra de apoio parlamentar, que se tornou o principal escândalo nos oito anos dos dois governos do petista -, Jefferson fez questão de deixar em dúvida a capacidade do ex-presidente de repetir nas eleições deste ano o feito de 2010. Na ocasião, Lula conseguiu transferir sua popularidade e votos para a então candidata à Presidência Dilma Rousseff.

"O ódio e o rancor que vocifera em palanques diminuem o status de Lula, e não se sabe se esse modelo de fazer política está esgotado em seu potencial de transferir votos. As urnas dirão se o eleitor ainda se deixa influenciar pelo ódio destilado por Lula", escreveu Jefferson.

O presidente nacional do PTB esteva internado desde o dia 12 deste mês para tratamento de um quadro de infecção intestinal e desidratação. Réu no processo do mensalão, Jefferson teve um tumor no pâncreas diagnosticado às vésperas do início do julgamento do mensalão no Supremo Tribunal Federal (STF). No processo, ele admitiu ter recebido R$ 4 milhões do valerioduto, mas disse que o dinheiro foi repassado pelo PT para saldar dívidas eleitorais do seu partido. O relator do processo, Joaquim Barbosa, votou pela condenação de Jefferson por corrupção passiva.

O Instituto Lula não retornou as ligações do GLOBO para comentar o caso. Procurado, Jefferson também não se manifestou.

FONTE: O GLOBO

Fala de Lula esquenta disputa em Manaus


Ex-presidente atacou tucano, adversário de sua candidata Vanessa Grazziotin

Paula Litaiff*

MANAUS A passagem do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) por Manaus esquentou a campanha na capital amazonense, polarizada entre Arthur Virgílio Neto (PSDB) e a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB), apoiada pelo PT e por Lula.

Em comício na noite de quarta-feira, o ex-presidente afirmou que Arthur Virgílio não gosta de pobre, e alertou os correligionários de Vanessa Grazziotin a tomarem cuidado com a agressividade do tucano, seu desafeto desde os tempos em que foi líder do PSDB no Senado.

Lula se referia a um pronunciamento feito por Virgílio nos tempos de senador da oposição, quando ameaçou dar uma "surra" no então presidente da República.

- Agora, eu entendo porque ele quis me bater naquela época. É porque ele já tinha batido em camelôs aqui em Manaus - disse Lula, ao lembrar o episódio ocorrido quando Arthur Virgílio, como prefeito de Manaus no período entre 1989 e1992, tentou tirar à força vendedores ambulantes do Centro da cidade, com a ajuda da polícia militar.

Lula disse também que Virgílio não gosta de pobre.

- O que me parece é que esse senhor (Virgílio) não gosta de pobre e não suporta o cheiro de pobre.

Ao fim do discurso, o ex-presidente pediu aos eleitores de Vanessa que trabalhassem duro na campanha, e fez um alerta sobre o ex-senador tucano.

- Cuidado com ele, ele é agressivo. Daqui a pouco ele pode bater em vocês em qualquer lugar. Essa campanha não está ganha é preciso trabalhar - advertiu.

O ex-senador tucano rebateu ontem as acusações, dizendo que Lula insiste em se portar "como dono do mundo".

- Não vou dar importância ao que o Lula fala. Ele insiste em achar que é o dono mundo, e continua pensando que está na Presidência - afirmou.

Sobre o episódio da ameaça de surra no ex-presidente, Arthur Virgílio disse que Lula "se esqueceu de falar sobre a ameaça de plantar cocaína" no carro de sua filha, acusação feita pelo próprio Vírgilio a Lula no plenário do Senado em 2006.

- Mas isso pra mim é passado - concluiu.

Pesquisa Ibope divulgada ontem mostrou Arthur Virgílio (PSDB) e Vanessa Grazziotin (PCdoB) empatados com 29% das intenções de voto. O terceiro colocado, Herique Oliveira (PR), tem 11%.

A pesquisa foi realizada entre os dias 17 e 19 de setembro. Foram entrevistadas 805 pessoas e a margem de erro é de três pontos percentuais, para mais ou para menos. A pesquisa está registrada no TRE-AM sob o número 00023/2012.

FONTE: O GLOBO

O garganta profunda - Roberto Freire


A reportagem de capa da última edição da revista Veja acrescentou o personagem que faltava à trama de corrupção que fez história na República brasileira: nomeou o chefe do esquema do mensalão. Surpresa? Não; afinal, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva era o seu principal beneficiário. Talvez tenha sido ele mesmo a capitanear os negócios, conforme afirmou Marcos Valério na matéria.

Lula já tentou se livrar do mensalão de muitas maneiras. Quando o escândalo estourou, deu uma entrevista esquisita em Paris, justificando que os recursos eram fruto de doações de caixa dois de campanha, como se isso não configurasse crime eleitoral. Depois, em pronunciamento à Nação, garantiu que fora traído pelos companheiros e que de nada sabia. Denunciado o caso pelo então procurador Antônio Fernando de Souza, tratou de dizer que era tudo uma farsa. Algo que nunca ocorrera na vida real. Invenção da imprensa. As versões, copiadas pelos réus do mensalão, não duraram um dia no Supremo Tribunal Federal.

De acordo com o que Valério disse a Veja, os avalistas dos empréstimos fajutos do Banco Rural ao PT não eram Delúbio Soares e José Genoino, como constava dos contratos, mas o próprio presidente da República de então. Se formos pensar bem, o raciocínio não é complicado. Que banqueiro iria emprestar uma montanha de dinheiro a duas agências de publicidade quebradas com as garantias de dois dirigentes partidários? Por outro lado, qual dono de instituição financeira negaria um pedido do presidente da República? Ainda mais um presidente tão generoso com o capital financeiro como foi Lula.

O desabafo de Valério parece ter calado fundo no PT e em suas principais estrelas. Tanto é assim que Lula não falou uma palavra a respeito. Delúbio e José Dirceu — aquele que disse na época em que estourou o mensalão que tudo o que ele fazia era de conhecimento de Lula — tampouco.

Entre as novidades secretas de Marcos Valério está a de que o tamanho do cofre era bem maior. Nele não estavamsó os R$ 129 milhões do Banco Rural e do Visanet, mas R$ 350 milhões. Dinheiro que Lula se empenhou pessoalmente para angariar, garante o publicitário.

Nós, da oposição, diante das informações novas trazidas à tona pelo empresário mineiro, decidimos pedir nova investigação assim que o julgamento no STF terminar. Não queremos dar brecha a chicanas jurídicas que possam atrapalhar o andamento dos trabalhos da corte suprema. Por isso a cautela de esperar.

Outra providência que eu e os presidentes do PSDB, Sérgio Guerra, e do DEM, José Agripino Maia decidimos tomar foi pedir que a revista Veja torne públicos os elementos que sustentam a matéria “Os segredos de Marcos Valério”, já que os fatos relatados na matéria são da maior gravidade e de interesse do país.

Já que a garganta profunda se abriu, é hora de acabar de desnudar o maior escândalo de corrupção da nossa República. Como o informante dos repórteres do jornal Washington Post no casoWatergate, quem sabe Marcos Valério, depois de muitos crimes, não preste um serviço ao país?

Roberto Freire, deputado federal e presidente do PPS

FONTE: BRASIL ECONÔMICO

Fantasias perigosas - Merval Pereira


Se a nota dos partidos aliados do governo petista fosse para repudiar as acusações feitas ao ex-presidente Lula atribuídas pela revista "Veja" ao lobista Marcos Valério, estaria tudo certo, agiriam dentro do limite de suas responsabilidades e direitos.

Mas quando partem para a insinuação de que o julgamento do mensalão pelo Supremo Tribunal Federal é parte de uma manobra da oposição, que quer fazer da ação penal 470 "um julgamento político, para golpear a democracia e reverter as conquistas que marcaram a gestão do presidente Lula", aí sim eles jogam contra a democracia, colocando em discussão os resultados do julgamento que está sendo realizado dentro das melhores práticas do Direito e da democracia.

Seria cômico, se não fosse a revelação de uma situação política trágica, a tentativa de comparar o quadro atual com os golpes contra os governos populares de Getúlio Vargas ou Jango. Como se o julgamento do mensalão fosse uma conspiração da "elite conservadora" contra o governo popular de Lula.

Se não fosse pelo fato de que oito dos 11 ministros do STF foram nomeados por governos petistas, já não é possível vender a fantasiosa versão de que o mensalão não existiu, até porque em muitos casos, como salientou ontem o presidente do STF, ministro Ayres Britto, os pagamentos foram realmente feitos mensalmente.

Além disso, já está provado que foi montado um esquema sofisticado de compra de apoio político, descrito com detalhes pelo relator Joaquim Barbosa.

Mesmo que seja possível provar que algumas votações coincidiram com os pagamentos, e que, num belo trabalho de reconstituição, o relator tenha recuperado o ambiente político no início do primeiro governo de Lula, demonstrando que muitos partidos alvos do assédio governamental haviam apoiado o candidato da oposição na eleição presidencial, nada disso seria necessário.

Todos os réus, com uma ou outra exceção, já confessaram em juízo terem recebido dinheiro através de Marcos Valério, por recomendação de Delúbio Soares, o que, para o entendimento majoritário do Supremo, caracteriza a corrupção passiva, não importando se de fato cumpriram o que prometeram ao venderem seu apoio político.

Como também não importa se gastaram o dinheiro em farras ou em pagamentos de gastos de campanha, e até mesmo se doaram para obras de caridade. A corrupção passiva não se apaga com o destino dado ao dinheiro.

Soou estranho, portanto, o revisor Lewandowski dizer que não havia provas de que os políticos recebedores de dinheiro sabiam da sua origem criminosa.

Ora, se pegavam dinheiro na boca do caixa sem os documentos bancários oficiais, e alguns recebiam até mesmo pelo sistema de delivery, em malas ou pacotes em casa e em hotéis, como não saber que o dinheiro tinha origem duvidosa?

Outra discussão que deve tomar conta do plenário quando chegar a hora de os ministros votarem, e que já foi antecipada ontem pelo ministro Marco Aurélio Mello, é a lavagem de dinheiro.

O ministro Joaquim Barbosa condenou todos os políticos até agora por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, mas Lewandowski e Marco Aurélio discordaram, alegando que uma mesma pessoa não pode ser acusada por dois crimes pelo mesmo ato, que seria a corrupção passiva.

Até o momento não há novidade na disputa, pois, quando do julgamento do deputado João Paulo Cunha, a maioria do plenário já havia se posicionado a favor da tese de Barbosa.

Ontem mesmo, o ministro Ayres Britto fez uma intervenção no sentido de apoiar o relator. Com o revisor, ficaram anteriormente os ministros Dias Toffoli, Rosa Weber, Cezar Peluso e Marco Aurélio Mello.

Com a saída de Peluso, o plenário está com o placar de 6 a 4 a favor da tese do relator, a não ser que algum ministro mude de posição durante o julgamento.

Esse será um tema que, ao que tudo indica, poderá gerar embargos infringentes mais adiante, na tentativa das defesas de mudar o entendimento do STF, aproveitando-se inclusive da nova formação, pois também o ministro Ayres Britto será substituído em novembro, fazendo com que o placar fique em 5 a 4.

Os dois novos ministros podem teoricamente reverter a situação dos réus condenados por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, retirando da pena final de três a dez anos de cadeia.

FONTE: O GLOBO

Fora de tom e de hora - Eliane Cantanhêde


Não deixa de ser hilária uma nota de condenação às "forças conservadoras" assinada por Marcos Pereira (PRB e Iurd), Valdir Raupp (PMDB) e Carlos Lupi (PDT), afastado do Ministério do Trabalho pela presidente Dilma Rousseff.

Articulada pelo presidente do PT, Rui Falcão, a nota foi assinada ainda pelos do PC do B, Renato Rabelo, e do PSB, Eduardo Campos, que anda às turras com os petistas e com o principal alvo da manifestação de apoio -o ex-presidente Lula.

Lembrando Getúlio Vargas, de 1954, e João Goulart, de 1964, a nota de seis partidos governistas é contra os três que restaram na oposição -PSDB, PPS e DEM- e diz que as tais forças conservadoras "revelam-se dispostas a qualquer aventura", até "pressionam o STF (...) para golpear a democracia" e, de quebra, "reverter as conquistas que marcaram a gestão do presidente Lula".

Eu, hein?! A oposição, tão mirrada, está tentando promover um golpe à la Getúlio e à la Jango? É capaz de pressionar a mais alta corte de Justiça do país? O Supremo seria passível de pressões de tucanos, de demos e do PPS, se 8 dos 10 ministros foram indicados em gestões petistas? PSDB, DEM e PPS são responsáveis pela não entrevista (não citada no texto) em que Marcos Valério joga Lula na fogueira do mensalão?

Não dá para entender nada, a não ser que o julgamento do mensalão, a candidatura empacada de Fernando Haddad em São Paulo e as dificuldades em outras capitais estão subindo à cabeça não só de Lula, mas igualmente da atual cúpula do PT.

Como não deu para entender a exclusão dos partidos de parlamentares condenados no mesmo dia pelo relator do mensalão, Joaquim Barbosa: PTB, PR (antigo PL) e PP. Paulo Maluf, aliado dos governos Lula e Dilma e da campanha de Haddad, deve estar magoado pela discriminação.

Sem falar que PT e PRB assinam a nota juntos, mas quem está derrotando Haddad é Celso Russomanno.

FONTE FOLHA DE S. PAULO

Sabor jabuticaba - Dora Kramer


O voto em urna eletrônica e a transmissão ao vivo de julgamentos do Supremo Tribunal Federal são daquelas questões polêmicas na teoria, mas de resultado comprovadamente positivo.

Inovações brasileiras, ambas suscitam debate. Hoje muito menos do que quando surgiram. Sobre o voto eletrônico aplicado pela primeira vez em 1996, persiste aqui e ali o seguinte senão: sem possibilidade de registro por escrito, o sistema daria margem a fraudes por impossibilitar a conferência.

O sistema reconhecido nacional e internacionalmente como bem-sucedido, na prática desmente os temores. Há muito não se ouve falar em fraude eleitoral e a eficácia da apuração é incontestável.

Já as transmissões diretas das sessões de julgamentos do STF são menos pacíficas. Há restrições até entre os ministros da corte, embora a maioria seja a favor por se coadunar perfeitamente à transparência exigida da administração pública pela Constituição.

Ainda assim, restam as críticas: as transmissões teriam influência sobre o comportamento dos ministros que, acompanhados "online", tenderiam a votar conforme os desejos da opinião pública, deixando-se conduzir por fatores extrajudiciais, cedendo à tentação de se transformar em figuras de grande aceitação popular.

Seria verdade?

Os dez anos de existência da TV Justiça não dizem isso. Além das diversas ocasiões em que o tribunal foi criticado por tomar decisões na contramão do senso comum, se vigilância precisasse haver sobre a conduta dos ministros, as câmeras e os microfones mais ajudam que atrapalham. Aliás, não atrapalham em nada.

Há a opinião do público leigo, mas há também o acompanhamento da chamada comunidade jurídica. Nesse tempo todo, se tivesse havido distorção do papel do Supremo por causa das transmissões ao vivo isso teria sido detectado e denunciado.

O que se tem, na realidade, é justamente o oposto: cada ministro se vê obrigado a fundamentar muito bem seus argumentos nas doutrinas e na legislação em decorrência da exposição total e permanente.

A reação mais recente contra a sistemática das transmissões teve como porta-voz o secretário de Comunicação do PT, deputado André Vargas, que apontou "risco à democracia" nas sessões ao vivo.

Incongruente, a posição. Pois se o PT vive denunciando que a "mídia" distorce no noticiário, caso não houvesse transmissão o público saberia do julgamento só por intermédio dos resumos feitos pelos veículos de comunicação ditos "golpistas".

De onde a transparência se comprova como a maior garantia de fidelidade aos fatos.

Mais em cima. A última pesquisa Datafolha não é ruim para Fernando Haddad (PT), que não tem nada a perder. Era praticamente um anônimo político quando virou candidato e hoje tem a intenção do voto de 15% do eleitorado de São Paulo.

A pesquisa é ruim para Lula, Dilma Rousseff e Marta Suplicy. O primeiro empenhou o mito, a segunda pôs no jogo a solenidade do cargo e a terceira hipotecou a força na periferia.

Se a esperada deslanchada não acontecer, será um caso de resultado que não faz jus ao patrimônio empregado.

O mesmo raciocínio poderá ser aplicado ao restante do país se o desempenho do PT nas urnas confirmar as pesquisas nas capitais.

Socialização. O PT sempre disse que saiu inadimplente das eleições de 2002 e por isso procurou socorro no Rural e no BMG.

Ocorre que o partido foi o avalista dos empréstimos sem dispor de lastro para tanto. Portanto, o fiador de fato era o aparelho de Estado.

Em miúdos: o PT ficou com o benefício e dividiu com a sociedade o prejuízo.

Na lua. Chama-se Odilo Scherer e não Aloísio, como publicado ontem, o cardeal arcebispo metropolitano de São Paulo.

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO