Quaquá criticou ainda a radicalização do discurso petista, que ‘não leva a nada’
Fernanda Krakovics O Globo
Na contramão da orientação dada pela direção nacional do PT, o presidente do partido no Rio de Janeiro, Washington Quaquá, defendeu, em texto publicado em uma rede social do diretório estadual, que a legenda discuta desde já um “plano B” para assumir a candidatura ao Planalto caso o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva seja declarado inelegível pela Lei da Ficha Limpa. O movimento do petista fluminense irritou dirigentes próximos ao ex-presidente que não admitem o início desta discussão.
“Precisamos discutir muito bem o que é esse negócio de não ter plano B”, escreveu o ex-prefeito de Maricá, na Região dos Lagos do Rio, em texto intitulado “Permita-me discordar”.
Para Quaquá, é preciso escalar um petista para vice da chapa e, desde já, apontar esse nome como possível substituto do ex-presidente na disputa. “Lula tem que dizer para o Brasil e para o povo: eu sou fulano e fulano sou eu”, escreveu o dirigente do PT fluminense.
Para ele, a estratégia adotada pela direção nacional do PT faz parte de um processo de reorganização do partido a médio prazo, que pressupõe a derrota nas eleições deste ano.
Quaquá demonstrou preocupação com o impacto para o resto do partido das eleições presidenciais. Para ele, Lula deveria admitir, desde agora, a possibilidade de não concorrer e passar a atuar como cabo eleitoral, de olho na formação de bancadas no Congresso e nas disputas regionais.
Embora trate do plano B, o ex-prefeito de Maricá concorda com a cúpula nacional do partido quanto à estratégia de registrar a candidatura de Lula, apesar da condenação por lavagem de dinheiro e corrupção passiva, até mesmo em caso de ordem de prisão.
REAÇÃO DOS DIRIGENTES REGIONAIS
O posicionamento público de Quaquá irritou dirigentes nacionais do PT. Embora, nos bastidores, haja articulações em torno dos nomes do ex-governador da Bahia Jaques Wagner e do ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad, como alternativas, esse debate está interditado no partido para não enfraquecer a defesa de Lula.
Procurada, a presidente do PT, senadora Gleisi Hoffman (PR), não respondeu. Uma hora depois, ela publicou, na noite de ontem, em uma rede social: “O PT não tem plano B! Lula é e será nosso candidato. O candidato do povo brasileiro”.
Na sequência, o líder do PT na Câmara, deputado Paulo Pimenta (RS), foi na mesma linha. “Oferecer outro nome é aceitar a criminalização de Lula e legitimar uma eleição que sem ele é fraude. Não vamos ajudar os golpistas a acharem uma saída para uma eleição sem nossa participação”, escreveu ele, também em uma rede social.