O Estado de S. Paulo
Nas democracias, os derrotados aguardam o
próximo pleito. Que siga sendo assim
Um dos projetos mais interessantes dos
quais participei neste ano foi o “votômetro” –
iniciativa que juntou a Universidade de Lisboa, o jornal português O Observador e a FGV do
Rio. Debates como o de anteontem podem sugerir que a
política se resume a troca de ofensas, o que não é verdade. A pergunta que
interessa é: o que cada candidato representa no debate público brasileiro? O
votômetro, um teste de afinidade entre eleitores e presidenciáveis, se propõe a
respondê-la.
O votômetro segue metodologia desenvolvida
na Europa, adaptada ao Brasil. “Em busca de exatidão, cotejamos os programas
registrados no TSE com declarações de campanha e a prática dos
candidatos”, diz o cientista político Jorge Fernandes, coordenador da
empreitada. Ele explica a metodologia no minipodcast da semana.
Examinaram-se as propostas dos quatro líderes nas pesquisas: Luiz Inácio Lula da Silva, Jair Bolsonaro, Ciro Gomes e Simone Tebet. O diagrama resultante, com dois eixos – um leva de “mais Estado” a “menos Estado”, o outro de “liberal cosmopolita” a “conservador nacionalista” –, define três posições bem claras.