Uma crise estrutural, certamente, com
aspectos até bizarros. Não é comum que alguém como Viktor Orban, autocrata de
um país distante e pequeno (ainda que culturalmente muito relevante), torne-se
uma espécie de ídolo global dos “revolucionários” da extrema-direita, inclusive
no país-chave do Ocidente, os Estados Unidos. Mais do que ídolo, um modelo para
o programa de corrosão das democracias aplicado em várias realidades nacionais.
Pois a Viktor Orban fomos também apresentados na posse mesma do presidente
Bolsonaro, sinalizando uma aliança e uma afinidade que até então inocentemente
ignorávamos.
Há também uma dimensão propriamente interna – ou, mais do que isto, um emaranhado de contradições que são coisas nossas e nos levaram à beira do precipício. A exasperação do conflito político, especialmente a partir de 2013, teve efeitos desastrosos, cuja enumeração exaustiva não cabe aqui.”
*Tradutor e ensaísta, é um dos
organizadores das obras de Gramsci no Brasil. “Breve notícia da
terra devastada”. Política Democrática
online (49ª edição: novembro/2022). Blog Democracia Política e novo Reformismo,
4.12.22.