quarta-feira, 6 de novembro de 2013

OPINIÃO DO DIA – Marco Antonio Villa: a presidente

E o Executivo federal? A presidente representa muito bem o tempo em que vivemos. Seu triênio governamental foi marcado pelo menor crescimento médio do PIB — só perdendo para as presidências Floriano Peixoto (em meio a uma longa guerra civil) e Fernando Collor. A incompetência administrativa é uma marca indelével da sua gestão e de seus ministros. Sem esquecer, claro, as gravíssimas acusações de corrupção que pesaram sobre vários ministros, sem que nenhuma delas tenha sido apurada.

Tentando ser simpática às ruas, fez dois pronunciamentos em rede nacional. Alguém lembra das propostas? Vestiu vários figurinos, ora de faxineira, ora de executiva, ora de chefe exigente. Enganou quem queria ser enganado. Não existe sequer uma grande realização do governo. Nada, absolutamente nada.

Marco Antonio Villa, “O gigante continua adormecido”. O Globo, 05 de novembro de 2013

Desconfiança no governo Dilma faz dólar ter forte alta

Moeda sobe 2% e fecha a R$ 2,29, o maior valor desde setembro; real sofre a desvalorização mais acentuada entre emergentes

Dúvidas sobre controle de gastos do governo fazem dólar disparar

Cotação vai a R$ 2,289 no câmbio usado em comércio exterior, a maior desde 6 de setembro

Humor de investidores também pressiona taxa de juros, que tende a subir; para analistas, falta comunicação

Toni Sciarretta, Anderson Figo

SÃO PAULO – O mau humor do mercado financeiro fez a cotação do dólar disparar ontem. O dólar comercial, usado no comércio exterior, subiu 1,95% e chegou a R$ 2,289, na maior cotação desde 6 de setembro.

O dólar à vista, referência no mercado financeiro, encerrou o dia com valorização de 1,70% (R$ 2,283 na venda), recorde desde 11 de setembro deste ano. Desde o início da semana passada, a alta acumulou 4,4%, ou R$ 0,10.

Embora parte disso seja provocada pelas perspectivas de fim da injeção de dólares nos Estados Unidos, foi o real a moeda emergente que mais se desvalorizou ontem, entre as mais negociadas.

O fenômeno foi visto por analistas como uma reação à dificuldade do governo em manter a meta de economia para pagar juros da dívida.

Para economistas, o governo tem dificuldades em cortar o próprio gasto e uma política intervencionista que demonstra ser avessa ao lucro.

Para recuperar a credibilidade a um ano da eleição, tem feito reuniões com empresários e banqueiros e sinalizado aperto nos gastos e redução nos repasses feitos aos bancos públicos.

"O governo colhe o que plantou. Quando há credibilidade, pode-se cometer pequenos erros sem maiores consequências. Mas, quando a credibilidade se esgota, qualquer pequeno erro é um grande problema", disse Gustavo Franco, ex-presidente do Banco Central.

"A política fiscal é uma sucessão de equívocos e maquiagens, que só não é pior que o desempenho no plano setorial e regulatório."

Ao longo do ano, o estrago no mercado de juros foi ainda maior. A taxa pós-fixada (CDI) saltou de 6,92% para 9,28%. Juros maiores indicam que os investidores "exigem" um retorno maior, seja porque há uma aversão ao risco maior, seja porque consideram que as contas do país estão se deteriorando.

Para o ex-ministro Mailson da Nóbrega, o maior problema é o crescimento baixo, mas não há sinais sobre como isso vai ser revertido.

"A presidente acha que pode reverter a credibilidade se reunindo com empresários. O mau humor não é manifestado pelos líderes, mas por quem analisa os riscos do investimento", disse.

Para Carlos Tadeu de Freitas, ex-diretor do BC, o governo deveria responder com um planejamento crível para recuperar as contas públicas.

"O Brasil não está à beira da catástrofe, mas o governo tem que aceitar que a situação fiscal se deteriorou porque foi usada para estimular a economia. Funcionou? Não, mas ajudou. Para reverter, tem de fazer um planejamento, porque o resultado dos ajustes fiscais demora."

Fonte: Folha de S. Paulo

Risco lá fora e aqui: Real tem maior queda global

O resultado fiscal pior do Brasil e as incertezas sobre os EUA e a Europa fizeram o real cair 1,92%, a maior queda frente ao dólar entre 16 moedas. O dólar subiu a R$ 2,289.

Real tem maior queda no mundo com cenário externo e risco fiscal

Em um dia de aversão a risco no mercado internacional e de preocupação com a política fiscal brasileira, investidores venderam ações e compraram dólares. Na lista das 16 principais moedas do mundo acompanhadas pela Bloomberg, o real teve a maior desvalorização frente ao dólar, com queda de 1,92%. De outro lado, mesmo com uma intervenção do Banco Central no mercado futuro no valor de US$ 497,2 milhões — conforme o previsto no programa de injeções diárias — a moeda americana fechou na maior cotação desde 6 de setembro, a R$ 2,289, com valorização de 1,95%.

— O quadro externo pessimista pesou sobre o dólar. Isso fez o investidor buscar a segurança do dólar — avalia João Medeiros, da corretora de câmbio Pionner.

A Comissão Europeia reduziu ontem sua previsão para o Produto Interno Bruto (PIB) da zona do euro em 2014 para 1,1%. Investidores também estão atentos à divulgação do PIB dos EUA amanhã e a estatísticas do mercado de trabalho americano na sexta-feira. Estes dados podem influenciar a decisão do Federal Reserve (Fed, banco central americano) sobre os estímulos à economia. Parte do mercado acredita que a redução pode começar em dezembro.

Fonte: O Globo

Rombo tira R$ 4,9 bi do patrimônio do FAT

Governo usará recursos para cobrir aumento de gastos com seguro-desemprego. Crescem as fraudes

Geralda Doca, Lino Rodrigues e Roberta Scrivano

BRASÍLIA e SÃO PAULO- O governo vai usar R$ 4,9 bilhões do patrimônio do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) para cobrir os gastos do próprio fundo com abono salarial e seguro-desem-prego. Segundo decreto publicado ontem no Diário Oficial da j União, o dinheiro, que será repassado ao Ministério do Trabalho (MTE), virá da rentabilidade obtida pelo Fundo nas aplicações financeiras em 2012. A previsão é que até o fim deste ano a redução total no patrimônio do FAT chegue a R$ 9,3 bilhões, ante a necessidade de novos aportes e da decisão do Tesouro Nacional de não injetar recursos próprios no Fundo. O patrimônio do FAT está hoje em R$ 213,4 bilhões.

Para o Ministério da Fazenda, as fraudes são o principal motivo para o aumento de gastos com o seguro-desemprego. Entre as mais comuns, está o caso de trabalhadores que continuam recebendo o benefício (de até cinco parcelas), mesmo tendo obtido emprego, num acordo com o patrão para adiar o registro na carteira de trabalho. Há ainda quadrilhas com empresas fantasmas, que criam empregos fictícios e demitem para ter o auxílio.

PF fará grande operação hoje
Segundo o MTE, entre 2002 e 2012, foi bloqueado o pagamento de 735.280 parcelas do seguro, num total de R$ 403 milhões, por suspeita de irregularidades (pagamento indevido, beneficiários falecidos e fraude). Em operações recentes da Polícia Federal (PF), foi detectado o desvio de R$ 56 milhões em ações envolvendo quase 300 empresas.

A PF está prestes a deflagrar uma nova grande operação contra grupos que desviam recursos do seguro-desemprego e do abono salarial. As investigações começaram há dois meses e agora chegam a São Paulo, responsável por mais da metade dos pedidos dos benefícios em todo o país. A operação leva o nome de "Fake Work" (trabalho falso).

Falta informação nos postos
O superintendente da Delegacia Regional do Trabalho, Luiz Antonio Medeiros, disse ontem que a PF já vinha investigando "centenas de casos" em que há indícios de irregularidades na liberação do seguro-desemprego.

— Estamos colaborando com a Polícia para investigar essas fraudes — disse Medeiros, que se reúne hoje com o ministro do Trabalho, Manoel Dias, para tratar de medidas para combater as fraudes e reduzir os custos no pagamento do seguro-desemprego e abono salarial, que devem chegar a R$ 47 bilhões este ano.

Medeiros concorda que as novas regras baixadas pelo governo para a liberação do benefício —-como a exigência de realização de cursos de qualificação profissional têm como objetivo conter as fraudes, mas admite que faltou orientação para os funcionários que fazem o atendimento aos beneficiários do seguro-desemprego. O GLOBO esteve em alguns postos de atendimento e apurou com os atendentes que "ninguém está sabendo como orientar os trabalhadores a cumprirem as novas normas"

—- Ficamos sabendo das mudanças por telefone na sexta-feira (dia 1^). Não tivemos nenhuma orientação e estamos tendo dificuldade para dar informações corretas às pessoas que chegam aqui. Tem algumas pessoas que são analfabetas e não sabemos em que curso eles podem ser inscritos — disse uma funcionária de um Posto de Atendimento ao Trabalhador.

Muitos trabalhadores enfrentam uma verdadeira via crucis para dar entrada ao pedido de seguro-desemprego. É o caso da gerente de projetos de tecnologia Katia Amorim, que já perdeu três dias e não conseguiu ainda iniciar o processo de solicitação do benefício. Desde o dia Io de novembro, mesma data que as novas regras entraram em vigor, Katia vem batendo de porta em porta atrás de informações para ter direito ao seguro, depois de 12 anos de trabalho. As informações, diz ela, são confusas e conflitantes entre as várias instâncias do Ministério do Trabalho e a Delegacia Regional do Trabalho.

— Já estive no posto duas vezes, fui até a Delegacia Regional do Trabalho do Ministério (do Trabalho), abri reclamações na ouvidoria e liguei para um 0800. Não tive sucesso e só vou ser atendida novamente no dia 21 de novembro —- diz ela, que optou pelo curso de inglês básico.

As dificuldades enfrentadas pela desempregada foram reconhecidas por Medeiros, que se comprometeu a organizar um curso para os funcionários dos postos de atendimento.

Embora as alterações nas regras da concessão do seguro já tenham sido definidas por decreto presidencial, o Ministério da Fazenda receberá amanhã de líderes sindicais sugestões de como manter o seguro-desemprego, mas coibir o excessivo gasto público. Segundo Miguel Torres, presidente da Força Sindical, a principal proposta dos trabalhadores é vincular as desonerações fiscais feitas pelo governo a alguns setores produtivos à manutenção de mão de obra.

Sistemas não se comunicam
Indagado sobre as fraudes citadas pelo ministro da Fazenda Guido Mantega, Torres disse que "podem até existir, mas não são o grande responsável pelo aumento" do desembolso público:

— O problema é que os empregadores não mantêm os trabalhadores empregados.

Antes de autorizar o pagamento do benefício, o MTE cruza dados com outros bancos de dados do governo, mas enfrenta dificuldades porque os sistemas não se comunicam (Dataprev e Serpro). Além disso, GNPJ de empresas fantasmas aparecem muitas vezes ativos na Receita Federal.

O ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE), Marcelo Neri, diz que em declarações dos próprios trabalhadores, nas pesquisas do IBGE, 40% deles admitiram ter feito acordo com os patrões para serem demitidos e receber o seguro. Mas, o problema maior, diz, é a alta rotatividade no emprego formal.

Fonte: O Globo

Dilma reduz fiscalização de cidades em ano pré-eleitoral

CGU auditou projetos com verba federal em apenas 60 municípios; orçamento do órgão foi cortado

O governo da presidente Dilma Rousseff reduziu neste ano pré-eleitoral o número de fiscalizações realizadas pela Controladoria-Geral da União em municípios que recebem verbas federais, informa Leonencio Nossa. A CGU, que já chegou a analisar anualmente os gastos de 400 cidades por meio do Programa de Fiscalização por Sorteio, só visitou 60 em 2013. Nos últimos 11 anos, o órgão avaliou um montante de R$ 19,9 bilhões de recursos de prefeituras e outros R$ 8,2 bilhões de Estados. Cerca de 20% das contas dos municípios, aproximadamente R$ 4 bilhões, apresentaram problemas, segundo o órgão. É o menor número de vistorias feitas pelos auditores da CGU desde a adoção do programa, criado no primeiro ano do governo Luiz Inácio Lula da Silva, em 2003. Em 2011, já no mandato de Dilma, a controladoria sorteou 120 prefeituras, mesmo número de 2012.

Governo Dilma reduz fiscalização das cidades que recebem dinheiro federal

O governo da presidente Dilma Rousseff reduziu neste ano pré-eleitoraí o número de fiscalizações realizadas pela Controladoria-Geral da União em municípios que recebem verbas federais. A CGU, que já chegou a analisar anualmente gastos de 400 cidades por meio do Programa de Fiscalização por Sorteio, só visitou 60 agora em 2013.

Em dez anos do programa, criado em 2003, no primeiro mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o órgão avaliou um montante de R$ 19,9 bilhões de recursos de prefeituras e outros R$ 8,2 bilhões de Estados. Cerca de 20% das contas dos municípios, R$ 4 bilhões, apresentaram problemas de prestação de contas de gastos de recursos federais. É a conta mais aproximada do dinheiro desviado ou mal gasto pelos prefeitos.

Em cada sorteio realizado pelo governo são escolhidas 60 cidades. Só estão incluídos municípios de até 500 mil habitantes.

Em junho, em meio a manifestações de ruas, Dilma foi à TV e prometeu, entre diversos outros compromissos, aumentar o combate à corrupção no País.

Queda. O gráfico do número de prefeituras fiscalizadas se mantém em queda desde 2009. Naquele ano, a CGU fiscalizou 240 prefeituras. No ano seguinte, 180 municípios passaram pela análise do órgão.

Em 2011, já no governo da presidente Dilma Rousseff, a controladoria sorteou 120 prefeituras, mesmo número do ano passado. Este ano, segundo o órgão, não haverá mais fiscalizações no âmbito do programa.

O governo cortou especialmente recursos de passagens e diárias dos auditores. Do orçamento anual de R$ 84 milhões previstos para este ano, exceção de gasto com pessoal, a CGU sofreu contingenciamento de pelo menos 20%. Também falta dinheiro para compra de equipamentos e material na sede da CGU em Brasília e nas superintendências nos Estados, uma estrutura que emprega 2,5 mil servidores.

"Quando se afrouxa a vigilância das contas, há mais desperdício de dinheiro", diz Cláudio Weber Abramo, da organização não governamental Transparência Brasil. Mas ele ressalta que o modelo de sorteio de prefeituras é criticado pelas entidades que acompanham os gastos do governo. "Uma das críticas ao sorteio é que há um desvio de atenção da máquina federal."

Há cinco anos o governo não realiza sorteio de Estados a serem fiscalizados. A CGU ressalta, no caso dos Estados, que o sorteio foi uma experiência que não deu certo - mas defende o sistema nos municípios.

Escritório. Diante do novo contexto de cortes, a CGU passou a priorizar as atividades que não implicam em viagens de seus auditores e técnicos pelo País.

A pasta tem concentrado esforços em auditorias nas suas dependências em Brasília e nas demais capitais do País.

O contingenciamento e à interrupção de sorteios prejudicou outras áreas do governo, como o Ministério do Desenvolvimento Social. Nas auditorias nos municípios, os técnicos da CGU investigam, inclusive, os repasses do Bolsa Família.

Casos. ISfo único sorteio deste ano, em março, os auditores descobriram que 22 servidores da prefeitura de Piçarra, município paraense de 12 mil habitantes, com renda familiar acima do permitido pela legislação, estavam no cadastro do programa.

Em Itapecerica da Serra, município paulista de 152 mil habitantes, governado pelo PMDB, os auditores constataram, no mês de março, uma série de problemas nas obras de um Banco de Alimentos, para garantir a refeição de estudantes da cidade.

O projeto, orçado em R$ 450 mil, não teve acompanhamento de um engenheiro.

Fonte: O Estado de S. Paulo

O ideal seria lançar candidato no ano que vem, diz Alckmin

Diferente da bancada tucana na Câmara, governador afirma que escolha do candidato do partido para 2014 não precisa ser feita neste ano

João Domingos

BRASÍLIA- O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, disse nesta terça-feira, 5, que não vê necessidade de antecipar o lançamento oficial do candidato do PSDB à Presidência, como defende a bancada tucana na Câmara. Para ele, é melhor que a decisão ocorra no início de 2014. "A decisão jurídica é só no mês de junho, quando podem ocorrer as convenções. Acho que o ideal é fazê-lo no início do ano que vem".

De acordo com Alckmin, como o ano já está acabando não seria necessário fazer o lançamento da candidatura de Aécio Neves já neste mês ou no mês que vem. "Tem dois ansiosos na vida: os políticos e os jornalistas", afirmou o governador, logo depois de participar de um seminário que trata de mudanças no Estatuto da Criança e do Adolescente sobre a responsabilização penal.

Reportagem do Estado desta terça revelou que Aécio esteve em São Paulo na segunda para se encontrar com Alckmin e Fernando Henrique Cardoso. Na reunião, que durou cerca de três horas, os tucanos teriam conversado sobre o cenário político para as eleições em 2014 e avaliado as possibilidades de antecipar o lançamento da candidatura do senador mineiro para este ano.

Alckmin negou ainda que nas negociações com o ex-governador José Serra e com os tucanos para a formação da chapa que vai concorrer à Presidência ele possa ser o candidato a vice. "Minha tarefa é trabalhar lá em São Paulo. Para isso eu teria de renunciar ao mandato", afirmou. Segundo o governador, "há muito devaneio na política". Quanto à possibilidade de Serra anunciar que é candidato a deputado ou a senador, Alckmin propôs que se aguarde o momento ideal para qualquer anúncio. "Vamos aguardar. Não é um debate para já."

Fonte: O Estado de S. Paulo

Após conversa com Serra, Aécio diz que divergências por 2014 estão no fim

Provável candidato tucano à Presidência mostrou animação com possibilidade de união dentro do PSDB

João Domingos

BRASÍLIA - O pré-candidato à Presidência pelo PSDB, senador Aécio Neves (MG), mostrou animação com a possibilidade de união dos tucanos depois de conversar na segunda-feira, 4, à noite com o ex-governador José Serra. Após rápido encontro com o governador Geraldo Alckmin, na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, Aécio disse que as divergências no PSDB podem estar chegando a um fim e chegou a defender Serra.

"Deixem o Serra trabalhar em paz. Na campanha eleitoral, quando olhar para um, vai enxergar o outro", afirmou ele.

Aécio disse que as viagens e pronunciamentos como candidato que Serra tem feito são normais. "São absolutamente legítimas as viagens que o Serra faz. É positivo para todos nós que ele possa ser mais uma voz permanente de oposição ao governo", afirmou o senador.

Sobre as tensões entre os dois, ele deu a entender que estão acabando. "Não há nenhuma tensão entre nós. Temos conversado, Serra e eu, muito mais do que vocês imaginam. Tudo está sendo construído com base naquilo que é melhor para o partido. Não há tensão. Para desalento de todos aqueles que apostaram contra, nós vamos estar juntos."

Segundo Aécio, um objetivo comum une ele e Serra. "Temos um objetivo em comum, que é encerrar esse ciclo de governo do PT. Porque ambos pensamos da mesma forma. Os prejuízos que esse governo do PT está trazendo ao Brasil são enormes. Mais um mandato de governo do PT vai ser dramático para o País, seja na condução da economia, seja na credibilidade que já está comprometida no exterior, seja pela capacidade gerencial do Brasil, que aí está posta."

Para Aécio, hoje o governo faz muito mais campanha do que administra. "Na verdade não temos mais uma presidente da República full time. Nós temos uma candidata full time. Até nos finais de semana, nos feriados, ela faz campanha eleitoral."

Aécio comentou ainda a proposta dos deputados para que ele antecipe o lançamento da candidatura à Presidência ainda neste mês ou em dezembro, mas disse que isso si vai ocorrer quando houver consenso. "Tudo o que fizermos será com base no entendimento. Não acho necessária a antecipação. Será no momento certo. Pode ser março? Pode. Se todos nós acharmos que deve ser antes, será antes, mas a partir de um grande entendimento entre nós."

Fonte: O Estado de S. Paulo

Aécio diz que é possível antecipar candidatura do PSDB a presidente

Senador ameniza viagens de Serra, nega tensão e diz que estão unidos na oposição ao governo

Maria Lima

BRASÍLIA - Depois de uma rodada de conversa na segunda-feira em São Paulo com o governador Geraldo Alckmin, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o ex-ministro José Serra, o presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG), disse nesta terça-feira que é possível antecipar a definição da candidatura do PSDB a presidente, se for de comum acordo com a maioria do partido. Com um tom apaziguador, para não comprar briga com o correligionário que viaja o país em uma campanha paralela que vem incomodando as bancadas da Câmara e Senado, Aécio disse que Serra é um aliado extraordinário, e, na campanha, quando olharem para um, estará enxergando o outro.

- Deixem o Serra trabalhar em paz! O que ele está fazendo é absolutamente legítimo e positivo para todos nós. É mais uma voz na oposição ao governo do PT e não há nenhuma tensão entre nós. Para desalento dos que apostam contra, vamos estar juntos para derrubar o governo do PT, que se tiver mais um mandato, será dramático para o país - disse hoje Aécio Neves, depois de prestigiar palestra do governador Geraldo Alckmin no seminário sobre aplicação de medidas sócio educativas a menores infratores, na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara.

Mesmo com a indefinição sobre antecipação da candidatura, Aécio vem intensificando seus contatos com partidos potenciais aliados do PSDB em palanques estaduais. Hoje ele almoçou na liderança do PSDB no Senado com integrantes dos partidos que integram o bloco União e Força, liderado por Gim Argelo. A antecipação da candidatura foi abordada no encontro. Já passaram por esse almoço o presidente do PSB e pré-candidato Eduardo Campos, e , na semana passada, o ex-presidente Lula.

- Semana passada almoçaram com o ex-presidente. Quem sabe hoje não almoçam com o .... - brincou Aécio antes do encontro, sem completar a frase sobre o "futuro" presidente.

Sobre a inquietação do partido referente à movimentação de Serra, Aécio disse que não vê necessidade de antecipar a candidatura, mas se isso for feito, será sem brigas.

- Se acharmos que tem que antecipar, vamos fazer isso de comum acordo, sem tensão. Tudo será feito de forma convergente. Mais um mês ou menos um mês, não vai fazer diferença, é irrelevante - disse Aécio, completando:

- O Serra é um aliado extraordinário. Vamos deixá-lo trabalhar em paz. Na campanha eleitoral quando olharem para um, vão enxergar o outro. O problema interno não existe.

Também com cautela nas palavras, o presidente do PSDB de São Paulo, deputado Duarte Nogueira, deixou claro que ainda não se conseguiu convencer Serra da necessidade de antecipar a candidatura, para evitar a dubiedade sobre se será Serra ou Aécio.

- Se o partido puder antecipar o processo com coesão e unidade, aí pode ser feito. O importante é que no momento certo o partido possa definir o candidato com total coesão partidária - disse Duarte Nogueira.

Aécio disse que até dezembro o PSDB vai divulgar o que chamou de "Decálogo", com o esboço de um programa de governo e com com os temas mais urgentes que afligem a Economia.
- Nossa estratégia está posta e não será alterada. Nossa posição hoje é ampliar as forças - disse Aécio.

Tucanos continuam cobrando

Alckmin e Aécio tentaram colocar panos quentes e minimizar a inquietação das bancadas da Câmara e Senado, mas os parlamentares e dirigentes do partido continuam cobrando a antecipação do debate sobre a candidatura. O assunto foi colocado em pauta no almoço de Alckmin com deputados federais na liderança do PSDB da Câmara hoje. Embora neguem, os dirigentes tucanos estão numa operação para tentar convencer o ex-ministro José Serra a aceitar a oficialização da candidatura de Aécio.

- O ideal é que isso aconteça no inicio do ano que vem. O ano já está acabando - disse Alckmin antes do almoço.

Mas o deputado e integrante do colégio de vice-presidentes do PSDB, Antônio Imbassahy (BA), diz que é preciso retomar o debate sobre a data, diante dos fatos novos da aliança de Marina com Eduardo Campos, e da intensificação da campanha de Dilma Rousseff.

- Houve um acerto para que Serra continuasse no partido, mas fatos novos fazem com que o assunto volte. Tem que haver o debate, até mesmo para decidir se mantem a data de março ou não - disse Imbassahy.

Fonte: O Globo

'Deixem Serra trabalhar em paz', afirma Aécio

Ranier Bragon

BRASÍLIA - Em meio a uma pressão interna para que o PSDB antecipe o anúncio de seu candidato à Presidência da República, o senador Aécio Neves (MG), nome hoje mais forte dentro da legenda para disputar o Planalto, admitiu nesta terça-feira (5) a possibilidade de antecipação, mas desde que haja consenso interno.

Um dia depois de se encontrar com o ex-governador de São Paulo José Serra, Aécio voltou a dizer que não o preocupa a movimentação do ex-governador, que embora isolado internamente mantém a sinalização de que deseja ser pela terceira vez o candidato tucano ao Palácio do Planalto.

"Deixem o Serra trabalhar em paz, são absolutamente legítimas as viagens que o Serra faz, é positivo para todos nós que ele possa ser mais uma voz permanente de oposição ao governo, não há nenhuma tensão entre nós", disse Aécio, completando: "Esse problema interno é um problema que não existe."

No final de setembro, Aécio fechou um acordo com Serra para evitar que o ex-governador deixasse o PSDB e se lançasse à Presidência por uma outra legenda. Na época, ficou acertado que o anúncio do candidato tucano à Presidência só ocorreria em março e que Serra poderia continuar mantendo compromissos típicos de um pré-candidato.

O problema para os tucanos é que pouco tempo depois a ex-senadora Marina Silva anunciou apoio ao projeto presidencial do governador Eduardo Campos (PSB-PE), criando uma terceira via que ameaça a posição de Aécio. Com isso, a maior parte do PSDB passou a pressionar pela antecipação da escolha do nome do senador mineiro como forma de não perder terreno para a dupla Campos-Marina.

"Tudo que fizermos vai ser com base no entendimento. Não acho necessária essa antecipação, ela vai acontecer no tempo certo, não tem uma data pré-fixada. Pode ser em março? Pode. Se nós todos acharmos que deve ser antes, será antes, mas a partir de um grande entendimento entre nós", disse Aécio, para quem o "combustível" principal do PSDB é a unidade. "Pode ter certeza de que no momento da campanha eleitoral quando você olhar para um vai enxergar o outro", afirmou o tucano.

Após participar de uma audiência na Câmara dos Deputados, o governador Geraldo Alckmin (PSDB-SP), disse que a melhor data para a escolha do nome tucano ao Planalto é o início de 2014. "Acho que o ideal é fazer [a escolha] no início do ano que vem. É uma boa data. O ano já está acabando", afirmou ele, brincando: "Só há dois ansiosos na vida, os políticos e os jornalistas." Candidato à reeleição, Alckmin negou que haja articulação para que seja o vice na chapa de Aécio: "Minha tarefa é trabalhar lá em São Paulo", se limitou a dizer.

Data-limite
Apesar do discurso público de Aécio, nos bastidores ele trabalha pela antecipação. Na segunda-feira (4), ele se reuniu em São Paulo com Alckmin e com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso em São Paulo. Mais tarde, se encontrou com Serra.

Na Câmara dos Deputados, o líder da bancada, Carlos Sampaio (SP), afirmou que o prazo limite para que Aécio tenha o nome lançado pelo partido tem que ser em novembro. Ele também criticou as movimentações de Serra.

"Se o nome do Aécio está consolidado nos 27 diretórios regionais e na direção do partido, por que esperar? Imaginamos que ele [Serra] ia percorrer o país para fortalecer o relacionamento de ambos para o anúncio do nome de Aécio em março, jamais que ele fosse permanecer no PSDB imaginando que fosse o candidato à Presidência", afirmou Sampaio.

Segundo o tucano, até mesmo os aliados mais próximos de Serra têm o entendimento de que o ex-governador ficou no PSDB "para ajudar na candidatura do Aécio, não para ser o candidato". "A partir do momento em que ele demonstra essa vontade de ser candidato, a bancada se assusta", disse Sampaio.

Um grupo de deputados procurou o senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), um dos principais aliados de Serra, para que ele tente convencer o ex-governador sobre a antecipação.

Para o presidente do PSDB de São Paulo, o deputado Duarte Nogueira, a data da escolha tem que passar por um entendimento com Serra. "Mais importante do que o momento de definir o candidato é que isso seja feito com total coesão e unidade", afirmou.

Fonte: Folha de S. Paulo

PSDB não contorna resistência de Serra

Aécio diz que no Rio candidato do partido será Bernardinho, do vôlei

Maria Lima

BRASÍLIA - A cúpula do PSDB ainda não sabe como por um ponto final na campanha paralela feita pelo ex-ministro José Serra sem maiores estragos — mas nas reuniões de segunda-feira, em São Paulo, o senador e pré-candidato do partido Aécio Neves (MG) obteve do governador Geraldo Alckmin e do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso aval para oficializar sua candidatura o mais rápido possível. Em uma conversa franca com Serra, Aécio discutiu os fatos novos apontados por deputados e senadores para antecipar a definição, mas prometeu que isso só se dará com entendimento e concordância da maioria do partido, e tendo como condição a coesão em torno do nome escolhido. A saída, por enquanto, é esperar o assunto esfriar alguns dias, mas não esperar a virada do ano ou mesmo chegar a março, como antes acordado com Serra.

— Se acharmos que tem que antecipar, vamos fazer isso de comum acordo, sem tensão. Mais um mês ou menos um mês, não vai fazer diferença. O Serra é um aliado extraordinário. Vamos deixá-lo trabalhar em paz. Na campanha eleitoral, quando olharem para um, vão enxergar o outro. O problema interno não existe — buscou minimizar Aécio.

| Com agenda conjunta com Aécio em audiências públicas na Câmara, Alckmin também tentou negar a tensão no partido, mas no almoço com a bancada de deputados ouviu cobranças duras para que ;a campanha do PSDB seja colocada na rua imediatamente. O secretário de Energia de Alckmin, José Aníbal, encabeçou o movimento pela campanha já, discursando em nome de "Alckmin governador e Aécio presidente" Na reunião de ontem, um dirigente tucano afirmou:

— Se entrar o ano com essa imagem de candidatura "double face"! esquece (a vitória)!

Chapa puro-sangue
O presidente do PSDB de São Paulo, deputado Duarte Nogueira, reconheceu que ainda não se conseguiu convencer Serra da necessidade de antecipar a candidatura:

— O importante é que no momento certo o partido possa definir o candidato com total coesão partidária.
Ontem, em Brasília, Aécio fez uma maratona entre potenciais aliados, explicitando sua candidatura. Em almoço com senadores do Bloco União e Força (PTB/ PR/PSC/PRB), que recebeu semana passada o ex-presidente Lula, o mineiro defendeu proposta de Fernando Henrique para formação de uma chapa puro-sangue Minas-São Paulo: Aécio presidente e o líder Aloysio Nunes Ferreira (SP) vice.

— Seria muito importante se Aloysio fosse meu vice, resolveria o problema em São Paulo — disse Aécio, segundo relatos.

— O Aécio fez uma avaliação para nos convencer de que ele pode ganhar a eleição — disse o senador Antônio Carlos Rodrigues (PR-SP), após o almoço.

Aécio também minimizou o impacto da coligação de Marina Silva (líder da Rede, recém-filiada ao PSB) com o presidente do PSB e pré-candidato a presidente, Eduardo Campos. E confirmou que o técnico da seleção masculina de vôlei, Bemardinho, será o candidato do PSDB no Rio, podendo ter pelo menos 9% dos votos.

— Se Marina fosse candidata, teria 20 milhões de votos, mas só transfere um terço desses votos para Eduardo — avaliou Aécio.

Fonte: O Globo

Preocupação eleitoral

Paulo Tasso Lyra e Ana D"Angelo

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva intensificou as conversas com representantes do setor financeiro para tentar reconstruir as pontes entre o mercado e a presidente Dilma Rousseff. Lula, que tem atuado de maneira semelhante em relação aos grandes empresários, teme que a relação desgastada atrapalhe a reeleição de Dilma. Segundo apurou o Correio, o ex-presidente acredita que um novo desequilíbrio econômico pode potencializar as candidaturas da oposição.

Lula tem sido aconselhado pelo ex-ministro da Fazenda e da Casa Civil Antonio Palocci e pelo ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles. O petista já conversou com líderes do setor, como Lázaro Brandão, integrante do conselho de administração do Bradesco, Roberto Setúbal, do Itaú. Nessas conversas, surgiu a ideia da proposta de autonomia operacional do Banco Central (BC). A iniciativa serviria para passar, ao mercado e aos investidores internacionais, a imagem de estabilidade, tornando o BC imune a pressões políticas. Mas a proposta foi enterrada porque a presidente Dilma não concorda com a mudança.

Se conseguiu impedir a autonomia do Banco Central, Dilma teve que se render ao PMDB na votação do orçamento impositivo. O plenário do Senado aprovou ontem, em primeiro turno, o texto-base da proposta de emenda à Constituição que obriga a União a liberar dinheiro das emendas dos parlamentares até o limite de 1,2% da receita líquida da União. Foram 62 votos a favor e nove contra. Não houve abstenção. Hoje, serão votados os destaques ao texto. Na semana que vem, a proposta deve ir a votação em segundo turno. Depois, segue para a Câmara.

Fonte: Correio Braziliense

PSDB pode antecipar anúncio

Aécio Neves admite que tucanos adiantem o lançamento oficial da candidatura ao Palácio do Planalto, mas desde que seja parte de um grande entendimento na legenda

Adriana Caitano

BRASÍLIA – A pressão da bancada na Câmara para que o lançamento do senador Aécio Neves (MG) como pré-candidato oficial do PSDB à Presidência da República seja adiantado tem sido abafada pela cúpula tucana. Apesar de um grupo acreditar que a demora atrapalha a estratégia eleitoral da legenda, o entendimento é de que o anúncio pode esperar ao menos até 2014. O objetivo é evitar que a irritação do ex-governador de São Paulo José Serra prejudique os planos de Aécio. O próprio senador colocou panos quentes na odisseia travada por Serra em busca de apoio nos estados: "Deixe o Serra trabalhar em paz", disse Aécio ontem.

De acordo com interlocutores dos dois, quando Serra ameaçou deixar o ninho tucano, em setembro, Aécio teria feito um apelo para que ficasse, em troca de um acordo: o nome do candidato do PSDB à Presidência só sairia em março de 2014 – quatro meses antes do início oficial da campanha. O ex-governador de São Paulo aceitou a proposta, acreditando ganhar tempo para firmar seu nome. Apesar de ter dito recentemente que seu voto é em Aécio, Serra comentou que ainda haverá "muitas surpresas" até as eleições.

Integrantes do grupo que apoia Aécio, porém, garantem que o senador é o escolhido de 99% do partido. "Ainda assim, se não for ele, não há nada que indique que seja o Serra", reforça um deputado que participa das articulações. De acordo com o parlamentar, em almoço ontem com a bancada na Câmara, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, disse não haver motivo para pressa, porque a decisão já está tomada. "O ano está terminando. O Aécio será o candidato do PSDB, é a vez dele. Só há uma chance de isso não acontecer: se ele não quiser", teria dito Alckmin na reunião, segundo deputados que participaram dela.

O líder da bancada, Carlos Sampaio (SP), no entanto, insiste que este mês é o prazo limite para que Aécio tenha o nome lançado pelo partido. Ele criticou as movimentações de Serra. "Se o nome do Aécio está consolidado nos 27 diretórios regionais e na direção do partido, por que esperar? Imaginamos que ele (Serra) ia percorrer o país para fortalecer o relacionamento de ambos para o anúncio do nome de Aécio em março, jamais que ele fosse permanecer no PSDB imaginando que fosse o candidato à Presidência", afirmou.

Em entrevista coletiva ontem, depois de falar a empresários do setor sucroenergético, Aécio colocou panos quentes na situação, mas sem descartar que o assunto se resolva antes do prazo definido: "Não acho necessária essa antecipação. Ela (a decisão) vai acontecer no tempo certo e não tem uma data prefixada. Se todos acharmos que pode, que deve ser antes, será antes. Mas a partir de um grande entendimento entre nós. Não há tensão na relação".

Bernardinho Em almoço com senadores do Bloco União e Força (PTB/PR/PSC/PRB), que recebeu na semana passada o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Aécio confirmou que o técnico da seleção masculina de vôlei, Bernardinho, será o candidato do PSDB no Rio de Janeiro. Segundo presentes, o senador teria dito que como no Rio está tudo muito embolado e dividido, com Bernardinho o PSDB poderia ter pelo menos 9% dos 13 milhões de votos do terceiro maior colégio eleitoral. Ele defendeu proposta do ex-presidente Fernando Henrique para formação de uma chapa puro-sangue Minas-São Paulo: Aécio presidente e o líder do partido no Senado, Aloysio Nunes Ferreira (SP) vice.

Fonte: Estado de Minas

Reforma prevê fim da reeleição e do voto obrigatório

Texto-base elaborado após Congresso barrar plebiscito sobre mudanças na política é apresentado e entra agora em tramitação

Após quatro meses, o grupo de trabalho da Câmara dos Deputados responsável pelo projeto de reforma política concluiu ontem a redação final do texto, que prevê unificar as eleições a cada quatro anos, acabar com a reeleição e instituir o voto facultativo no País.

O texto também institui o voto distrital e reformula o modelo de financiamento de campanha: doações passam a ser feitas a partidos, não mais a candidatos. Por se tratar de proposta de emenda constitucional (PEC), o texto agora será discutido em uma comissão especial da Câmara. Depois, precisa passar pelo plenário e seguir ao Senado.

A ideia é que, após ser aprovado nas duas Casas do Congresso, a PEC seja submetida a um referendo popular. O objetivo é que o texto vigore nas eleições municipais de 2016, quando prefeitos e vereadores teriam, pelas novas regras, dois anos a mais de mandato para permitir que, a partir de 2018, as eleições para que todos os cargos coincidam.

Os deputados prometem entregar ainda hoj e o texto ao presidente Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) a fim de que comece a tramitar na Casa. Criado em julho, na esteira das manifestações nas mas, o grupo coordenado pelo deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP) foi uma reação do presidente Henrique Alves à proposta da presidente Dilma Rousseff de se fazer uma ampla reforma política, aprovada em um plebiscito. Essa ideia foi rejeitada, pelos aliados e pela oposição.

A redação da PEC que saiu do grupo de trabalho altera o sistema eleitoral e determina que as Unidades da Federação sejam divididas em circunscriçoes eleitorais, cada uma com direito a ocupar de quatro a sete lugares na Câmara. O objetivo é aproximar o candidato do eleitor. Segundo Vaccarezza, Estados menores teriam duas subdivisões, com quatro deputados cada. Já São Páulo, dono da maior bancada, teria 10 circunscriçoes, cada uma com 7 deputados.

Quanto ao financiamento das campanhas, o texto estabelece que os partidos poderão decidir se elas serão custeadas exclusivamente com recursos públicos, privados ou por uma solução mista. A redação determina, no entanto, que os recursos nãopoderão ser arrecadados enquanto não for determinado, por lei, um limite máximo de gastos. Também ficam vedadas as doações diretas a candidatos, cabendo às legendas distribuir os recursos.

A PEC também colocou cláusulas de desempenho para partidos e para candidatos. Pelo texto, terão acesso ao Fundo Partidário, a rádio e TV as siglas que tiverem obtido, na eleição anterior, ao menos 5% dos votos apurados na Câmara, distribuídos em um terço dos Estados.

Fonte: O Estado de S. Paulo

Luz mais cara: Light sobe tarifa em 4,68% por conta de ‘gatos’ e custos

Autorizado pela Aneel, aumento da energia elétrica entra em vigor amanhã. Para reduzir furtos, a agência quer criar tarifa social em áreas de renda mais baixa no Rio. Após a Aneel ter previsto, em agosto, redução na conta de luz dos consumidores na revisão das tarifas da Light este mês, a agência aprovou ontem aumento médio de 3,65%. Para as residências, o reajuste, que entra em vigor amanhã, será de 4,68%. Na indústria, a conta vai cair 1,01%. Segundo a Aneel, as perdas com furto de energia ("gatos") são uma das principais razões do reajuste. Também pesaram os gastos com a energia comprada da usina de ltaipu, cotada em dólar, e com termelétricas. As perdas da Light com furto chegaram a 40,41% da energia distribuída. Para reduzir os "gatos"" a Aneel quer criar tarifa social em áreas de baixa renda do Rio.

O pulo do "gato" na conta de luz

Nice de Paula

A partir de amanhã, a conta de energia dos consumidores da Light vai ficar, em média, 3,65% mais cara. Para as residências, que representam mais de 90% dos clientes da empresa, o aumento será de 4,68%. Na média, para os consumidores de baixa tensão, grupo que inclui residências e comércio, a tarifa vai subir 6,2%. Mas para a indústria vai cair 1,01%. A diretoria da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) aprovou ontem a Terceira Revisão Tarifária da distribuidora. A revisão acontece a cada cinco anos, e, quando é aplicada, substitui o reajuste anual da conta de luz.

Em agosto deste ano, quando publicou a proposta de revisão tarifária, a Aneel previa uma redução média das tarifas da Light de 3,3%. Para as residências, haveria uma queda da conta de luz de 3,28%;, § no caso da indústria a redução seria ainda maior, de 6,7%. No entanto, essas reduções não foram possíveis devido, principalmente, a dois fatores: perdas da empresa com furto de energia ("gatos") e gasto com compra de energia maior do que o previsto inicialmente. O aumento da compra de energia chegou a 8,89% sobretudo por causa da contratação de energia nova; gastos com energia de Itaipu, que é cotada em dólar; e despesas com usinas termelétricas. Estas últimas terão maior impacto no próximo ano.

Com térmicas, tarifas vão subir de 10% a 20%
A partir do ano que vem, as contas de luz de todos os brasileiros terão novidades que podem resultarem variações mensais de preços— mesmo sem alteração no consumo—e custo de l0%a 20% maior, calculam os especialistas. Será o resultado da chamada bandeira tarifária, nova fórmula usada para cobrar do consumidor pela utilização da energia das térmicas, mais cara do que a das hidrelétricas.

As distribuidoras terão que trazer nas faturas uma bandeira verde, amarela ou vermelha que indica o grau de utilização da energia das térmicas e o adicional que incidirá na próxima conta.

—Chamaram de bandeira tarifária para verse passava em brancas nuvens e dava uma bandeirada nos consumidores. Mas é tarifa mesmo, vai aumentara conta em torno de 10% e terá impacto sobrea inflação—diz o economista Paulo Rabello de Castro, da RC Consultores.

O aumento da utilização da energia das térmicas a gás e a diesel fez com que a fórmula de cobrança fosse alterada. Hoje, a diferença é absorvida pelas distribuidoras durante o ano e repassada aos consumidores na época do reajuste anual da tarifa.

—A eventualidade no uso das térmicas está terminando, estão ligando muito mais que o planejado. A conta desde 2012 chegou a R$ 10 bilhões e não tem mais como as empresas segurarem isso—diz Roberto D"Araújo, colaborador da Coppe URFJ e integrante da ONG Ilumina.

Segundo ele, além defazer a conta variartodo mês, o adicional atinge até quem economiza ou usa energia fora do horário de pico.

—Se tiver bandeira amarela, a energia será 10% ma is cara. Se tiver avermelha, 20%. Por outro lado, se as térmicas não forem usadas, não há desconto.

Fonte: O Globo

Se vier até 15 de dezembro, alta da gasolina compromete inflação

Para IPCA ficar inferior ao de 2012, reajuste tem que ser no fim do ano

Nice de Paula

Pode estar mais na data do que no percentual de aumento a solução para o governo conseguir reajustar o preço da gasolina este ano, como precisa a Petro-bras e, ainda assim, assegurar uma inflação menor do que a de 2012, como quer o Planalto. Cálculos do economista Luiz Otávio Leal, do Banco ABC Brasil, mostram que, se o aumento do combustível começar a valer

a partir do dia 15 de dezembro, o impacto sobre o índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) será mínimo, e o indicador fechará o ano em torno de 5,75%. No ano passado, o IPCA ficou em 5,84%.

~~ Se quiserem resolver os dois problemas, têm de empurrar para depois do dia 15. Para a Petrobras, já não vai fazer mais tanta diferença dia lê ou 15 de dezembro. Mas, para a inflação, reduz muito o impacto. Um reajuste de 8% nas refinarias e de 4,8% nas bombas já resolveria o problema da empresa. Agora, é claro que, se aumentarem em 20%, não há data que faça a inflação ficar menor.

O reajuste da gasolina também é o fiel da balança para a projeção de inflação deste ano do economista Luiz Roberto Cunha, da PUC-Rio.

— Sem gasolina, a inflação fecha o ano em 5,8%. Se tiver o aumento, deve chegar aos 6% — afirma o professor.

Energia, cigarros e alimentos
Além do combustível, há outros aumentos que ainda vão pressionar a inflação deste ano, como as contas de água do Rio de Janeiro e São Paulo, os preços de cigarros e a energia elétrica da Light, mas nenhum deles é motivo de preocupação para os especialistas.

Para os alimentos, a perspectiva é que o processo de deflação tenha chegado ao fim. E, a partir de agora, haja uma certa pressão, processo comum no fim do ano, sobretudo com carnes e produtos importados, mas nada que coloque em risco os números do IPCA. As previsões são de que tanto em novembro quanto em dezembro o índice oficial de inflação fique em torno de 0,6%.

O cenário de preços para o ano que vem não traz grandes novidades em relação a este ano. Cunha acredita que a inflação de 2014 deverá oscilar entre 5,5% e 6%, conta que considera os reflexos da gasolina mais cara e o menor controle dos preços administrados, diferentemente do que ocorreu este ano, quando as tarifas de transportes públicos e a gasolina tiveram reajustes menores.

Uma grande novidade, diz ele, pode vir dos preços dos remédios, caso seja aprovada a proposta de reduzir impostos para estes produtos.
— A redução dos impostos dos remédios é uma medida importante, que pode ajudar a conter a inflação. Mas há o efeito sobre a arrecadação e hoje, o problema fiscal é mais preocupante do que a inflação e o crescimento — avalia.

Números
5,84% de inflação. Foi o resultado de 2012.0 governo quer fechar este ano comum com lPCA mais baixo.

R$3,7 bi de prejuízo. Valor que a Petrobras perdeu, de janeiro a setembro deste ano, por causa da diferença entre o valor que a empresa paga para importar gasolina e derivados e o preço pelo qual vende esses produtos no mercado interno.

Fonte: O Globo

A insensibilidade de Haddad na cobrança do IPTU. Uma Malddade - Alberto Goldman

Não é aceitável o argumento do prefeito Fernando Haddad de que o aumento do IPTU em São Paulo se justifica pela rápida valorização dos imóveis em várias áreas da cidade.

É verdade que o valor do IPTU tem relação com o valor do imóvel, base para a cobrança do imposto. Mas também é verdade que esse dado não pode ser o único, nem é o principal fundamento do imposto cobrado. O valor do imóvel tem relação não apenas com a melhora da infra estrutura da região onde ele se localiza, mas sofre – e esse é o dado mais importante – os efeitos de um processo de especulação imobiliária que pouco tem a ver com as ações da prefeitura de melhoria da região. E não é justo que o contribuinte passe a ser onerado com os efeitos dessa especulação, sobre a qual nem ele, nem a prefeitura, tiveram qualquer ação.

O contribuinte, seja ele apenas um morador, proprietário do imóvel ou seu locatário, ou tenha uma atividade comercial, também em imóvel próprio ou locado, não tem os seus rendimentos acompanhando esse processo especulatório que ocorre na cidade e, portanto, não tem capacidade de pagamento que acompanhe essa elevação de valor do imóvel.

Existem situações em que o aumento do IPTU desloca o morador para regiões periféricas da cidade, ou o empresário para outras atividades onde seu imposto seja mais compatível com o seu negócio, o que é injusto e agrava ainda mais as já terríveis consequências da distribuição da população na cidade.

Em entrevista ao jornal “O Globo”, Haddad afirma que paga o condomínio de seu prédio em valor superior ao seu IPTU. É uma justificativa enganosa pois o IPTU é, como diz o seu nome, um “imposto”, isto é, uma obrigação cujo não cumprimento gera sanções de diversos tipos, não sendo possível ao devedor evitá-las por vontade própria. Já o condomínio é uma ação determinada pelos próprios usuários do imóvel, que podem provocar seu aumento ou diminuição dependendo dos serviços que requerem ao usá-lo. O condomínio é o pagamento da manutenção do edifício, inclusive água e luz de suas partes comuns, da existência ou não de porteiros e seguranças, do nível de limpeza que é exigido. É uma decisão dos usuários, não é um imposto que o poder público determina, sem perdão.

Haddad não parece o prefeito da cidade, um escolhido para representá-la e administrá-la. Mais parece um empresário justificando as suas próprias necessidades, insensível diante das dificuldades do munícipe. É uma malddade.

Alberto Goldman, vice-presidente nacional do PSDB

Leis para punir baderna existem, basta cumpri-las - José Neumanne

O comandante do policiamento no centro de São Paulo, coronel Reynaldo Simões Rossi, apanhou no meio da rua e só não foi linchado porque o policial que estava ao lado dele sacou uma arma de verdade com balas que matam e, contrariando qualquer padrão de abordagem policial, evitou que a selvageria acabasse em homicídio. O Fórum de Bangu, na zona norte do Rio de Janeiro, foi invadido por bandidos armados que trocaram tiros com a escolta da Polícia Militar (PM) que guardava o prédio e evitou que os invasores cumprissem seu objetivo de libertar dois réus transportados da cela para a presença do juiz. O zagueiro do time infantil do clube do bairro Kayo da Silva Costa, de 8 anos, e o sargento PM Alexandre Rodrigues de Oliveira, de 40, tiveram menos sorte do que o coronel paulista e foram mortos no meio da rua.

A solução encontrada pelo chefe do coronel agredido por arruaceiros que se dizem anarquistas que protestam, o governador Geraldo Alckmin, foi propor leis mais rigorosas para agressores de policiais. O secretário de Segurança Pública do Estado do Rio, José Mariano Beltrame, apoiou essa providência. E, ao ser questionado sobre as mortes no subúrbio da cidade que já foi chamada de Maravilhosa, esclareceu que o responsável pela formação de escoltas para o transporte de presos da cela para as salas de audiência não é o Poder a que serve, o Executivo, mas, sim, o Judiciário. A presidente do Tribunal de Justiça (TJ), desembargadora Leila Mariano, disse que cabe à Secretaria de Administração Penitenciária (Seap) avisar ao TJ sobre a periculosidade dos transportados. E concluiu que não havia como enfrentar bandidos de posse do arsenal que usavam.

Enquanto a autoridade dita responsável empurra o problema literalmente com a barriga, apontando para o culpado ao lado, os delinqüentes, acobertados por manifestantes chamados de democráticos e pacíficos, quebram tudo o que encontram, impunemente. E o crime organizado prospera.

Os baderneiros desmoralizaram a autoridade policial a céu aberto e o que o maior responsável por esta tem a fazer é sugerir mudança da lei, que, se for feita mesmo, ocorrerá nas calendas gregas e, se aprovada, em nada de prático resultará. Basta lembrar que o endurecimento das penas de crimes classificados como “hediondos” não reduziu essa terrível modalidade no Brasil. E a superlotação de nossos presídios, além de propiciar as desumanas condições dos condenados à prisão no País, também toma impraticável o cumprimento de penas. O juiz Carlos Fernandes de Morais, de Planaltina de Goiás, no entorno de Brasília, já mandou até soltar criminosos por causa disso.

A um ano da eleição, a candidata favorita à Presidência da República, Dilma Rousseff, resolveu sair bem na foto e mandou seu ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, coordenar ação conjunta dos governos dos Estados de São Paulo e do Rio de Janeiro contra os baderneiros de fim de passeata.
Depois que os três se reuniram para não chegar a conclusão alguma, fazendo o contrário dos pessedistas mineiros, que só participavam de reuniões quando as decisões haviam sido tomadas previamente ela voltou ao noticiário chamando os vândalos de “fascistas” e estendendo a “ação conjunta” a todos os Estados da Federação. Sob as bênçãos federais, é claro. Ó céus, quanta desfaçatez! Nada de útil ou prático foi decidido ou sequer discutido. E, pelo visto, nunca será.

Com essas ordens politicamente corretas e inócuas, Dilma - que é mineira, mas tem história e estilo adquiridos no Rio Grande do Sul - termina por lembrar um dos poemas mais chistosos da literatura brasileira, Gaúcho, da lavra do pândego pernambucano Ascenso Ferreira: “Riscando os cavalos!/ Tinindo as esporas!/ Través das coxilhas!/ Sai de meus pagos em louca arrancada!/ - Para quê?/ - Pra nada!”

O craque Vampeta, que deu cambalhotas na rampa do Palácio do Planalto na homenagem do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso aos campeões mundiais de 2002, contou uma prática do futebol que já pode ser aplicada à política. Assim ele descreveu sua atuação no clube mais popular do Brasil, o Flamengo: “Eles fingiam que pagavam e nós fingíamos que jogávamos”. Mandatários que disputam eleições fingem que decidem convictos de que o eleitor fingirá que acredita neles. É o que se passa nos casos citados, com a agravante de que o cidadão corre o risco de ter uma propriedade depredada pelos meliantes que se fingem de anarquistas ou de ter um filho morto por bala perdida em tiroteios que se tomaram rotineiros por culpa da incapacidade e da insensibilidade de maus gestores públicos.

Já há leis suficientes e capazes de permitir que autoridades algemem mãos que apedrejam, seja lá em nome do que for. Elas não são aplicadas porque os mandatários do Executivo preferem evitar perder votos a cumprir seu dever de ofício de impor a ordem no império da lei, que é a democracia. E também porque os juizes se enredam no cipoal jurídico disponível para ceder à impunidade. Gomo fez o de Presidente Venceslau (SP), Thomas Corrêa Farqui, que negou a transferência de líderes do Primeiro Gomando da Capital (PCC) para o Regime Disciplinar Diferenciado (RDD) pedida pelo Ministério Público (MP) após três anos de investigações.

O que se espera de Alckmin, Sérgio Cabral, Dilma, Cardozo e companhia bela é que deixem de lado por alguns instantes as picuinhas partidárias, se deem as mãos e, de fato, atuem em conjunto, não apenas para eleitor ver. Só assim enquadrarão os baderneiros na lei, devolvendo a ordem pública e a paz social que a sociedade teve sequestradas. Para tanto devem convencer o presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Joaquim Barbosa, a convocar os juizes para que passem a combater esta impunidade ampla, geral e irrestrita.

Jornalista, poeta e escritor

Fonte: O Estado de S. Paulo

São Paulo define - Merval Pereira

"Se vencer a eleição em São Paulo por um voto, venço a eleição presidencial" Essa frase do senador Aécio Neves explica bem a prudência que toda a cúpula do PSDB está tendo para manter a união partidária em seu principal reduto eleitoral. A declaração que deu ontem a favor da ação política do ex-governador José Serra, que supostamente o estava incomodando, foi combinada, para restabelecer no partido a unidade de pensamento, depois que alguns partidários de sua candidatura começaram a se enervar com a demora da oficialização.

Depois de uma rodada de conversas em São Paulo, primeiro com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e com o governador Geraldo Alckmin, e no dia seguinte com o próprio Serra, Aécio decidiu aliviar o ambiente tucano, desaconselhando as críticas que têm sido feitas a Serra por suas palestras e viagens pelo país na roupagem de também candidato à Presidência.

Quanto mais forte a figura de Serra estiver em São Paulo, reflexo de uma imagem nacional que ele está cultivando nos últimos dias, melhor será para o desempenho do PSDB em nível nacional. A diferença a favor dos candidatos tucanos em São Paulo vem se reduzindo nas últimas eleições, reflexo do fortalecimento do PT no estado.

Fernando Henrique, nas duas eleições em que venceu Lula no primeiro turno, tirou uma vantagem de cerca de 5 milhões de votos em 1994 e 1998. Alckmin venceu em 2006 por 3,8 milhões, e Serra, em 2010, por 1.846.036. A questão é que perderam para Lula e Dilma em Minas e no Rio. Os três estados, juntos, representam cerca de 40% do eleitorado.

Em 2010, Dilma venceu em Minas por 1,7 milhão de votos de diferença, e em 2014 a expectativa dos tucanos é que Aécio coloque uma frente de 3 milhões a 4 milhões de votos, o que transformaria Minas em sua São Paulo em termos de performance eleitoral.

No Rio de Janeiro, ela também abriu 1,7 milhão de votos de vantagem, neutralizando a derrota de São Paulo. Aécio acha que na próxima eleição tem condições de equilibrar a disputa no Rio, pelo menos reduzindo a diferença em favor de Dilma, se houver.

A vantagem final de Dilma se deveu basicamente à diferença obtida no Nordeste (38 pontos) e no Norte (15 pontos), o que somou mais de 11 milhões de votos de diferença. As diferenças de votos a favor da Dilma nos quatro estados de maiores eleitorados no Nordeste ampliaram sua vitória em 9.146.751 votos: Bahia (2.788.495), Pernambuco (2.344.718), Ceará (2.325.841) e Maranhão (1.687.697).

Na avaliação do comando do PSDB, hoje a questão se resume a perder de pouco no Nordeste e manter a hegemonia nas regiões onde o PSDB tradicionalmente vence. O cenário político hoje é diferente do de 2010, mais favorável à oposição no Nordeste, apesar da prevalência governista.

A simples presença da candidatura de Eduardo Campos, governador de Pernambuco, já retira de Dilma boa parte de sua vantagem na região. Na Bahia, o prefeito de Salvador, ACM Neto, está montando um palanque competitivo com a candidatura dissidente de Geddel Vieira Lima. No Ceará, o PSDB terá a volta de Tasso Jereissati, favorito para o Senado, fazendo um palanque forte.

No Amazonas, com a presença vitoriosa hoje do prefeito de Manaus, Arthur Virgílio, dificilmente Dilma conseguirá repetir a façanha de ganhar pela diferença de 866.274 votos, uma frente que compensou a vitória que o PSDB teve no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina.

Por isso, é fundamental para o PSDB manter a hegemonia em São Paulo, dando espaço para uma liderança política com votos como o ex-governador José Serra, que pode concorrer ao Senado em 2014 ou, como é a preferência das bases tucanas, à Câmara, puxando uma bancada federal importante.

A possibilidade de compor a chapa com Aécio na qualidade de vice, embora não o atraia no momento, pode vir a ser uma estratégia vitoriosa, aproveitando inclusive sua presença nacional. Seria uma maneira engenhosa de ter uma ação sincronizada durante a campanha eleitoral, assim como Lula fará com Dilma, e Marina, com Eduardo Campos.

De qualquer maneira, um vice de São Paulo pode ser a prioridade tucana para 2014, como maneira de preservar a hegemonia nos dois maiores colégios eleitorais do país.

Fonte: O Globo

Espionagem e eleição - Fernando Rodrigues

A melhor observação que ouvi sobre a espionagem de diplomatas estrangeiros por parte do governo brasileiro foi uma pergunta: "Você acha que a Abin é a NSA?". O questionamento veio de dentro da administração Dilma Rousseff.

De fato, a Agência Brasileira de Inteligência não é a Agência de Segurança Nacional (o nome traduzido da NSA, dos EUA). A começar pelo orçamento e pelo acesso à tecnologia.

Mas não é esse o ponto. A indagação adicional a ser feita é a seguinte: como atuaria a Abin se tivesse todos os recursos da NSA? Ou mais: resistiria a bisbilhotar a tudo e a todos como faz a contraparte norte-americana? Essas perguntas, é claro, não têm repostas. Teriam de ser testadas na prática --num cenário hoje inexistente. Só que ninguém está proibido de imaginar como seria o serviço secreto brasileiro desfrutando dos mesmos meios da NSA.

O fato é que o sentimento geral do governo brasileiro foi de desalento ao ler a reportagem de Lucas Ferraz, na Folha, relatando como atuou a Abin no início do governo Lula. Não porque haverá alguma repercussão de grande monta no cenário internacional. Tratou-se de uma espionagem mambembe. O problema maior é a erosão do discurso eleitoral interno, já em uso e a todo o vapor.

Dilma Rousseff havia tirado a sorte grande com o caso de espionagem dos EUA. Nada mais popular do que uma presidente da República se levantar, indignada, contra a intrusão ilegal dos norte-americanos nos telefonemas privados do governo brasileiro. Quem há de ser contra? Para melhorar as coisas, a petista maquinou uma aliança com a Alemanha na formulação de um plano mundial contra a violação de comunicações.

Tudo ainda poderá ser usado na campanha eleitoral do ano que vem. Mas sempre haverá o contraponto da Abin seguindo estrangeiros no Brasil. A Abin, vá lá, não é a NSA. Já a espionagem é espionagem em qualquer lugar.

Fonte: Folha de S. Paulo

Curvatura habitual - Dora Kramer

A condenação do deputado Paulo Maluf por uma acusação de superfaturamento em obra quando era prefeito de São Paulo, no início dos anos 90, diz quase tudo sobre a Justiça que não se realiza quando a quantidade de recursos permitidos pela lei brasileira está ao alcance do bolso dos réus para o pagamento de advogados capazes de levar os processos ao infinito.

Foram mais de 20 anos da denúncia do Ministério Público à condenação pelo Tribunal de Justiça de São Paulo ao pagamento de multa de R$ 42,3 milhões devidos pelo desvio de verbas na construção do Túnel Ayrton Senna - tinha orçamento de R$ 147 milhões, custou R$ 728 milhões - e perda temporária de direitos políticos.

Podem vir pela frente outros tantos anos ainda dependendo do êxito da defesa que pretende recorrer ao Superior Tribunal de Justiça e ao Supremo Tribunal Federal.

Não obstante a trajetória de Paulo Maluf, cujo sobrenome virou verbo usado como sinônimo de conduta à margem da lei; apesar de o personagem já ter ficado preso por intimidação de testemunhas e obstrução da Justiça; em que pese a inclusão do nome dele na lista dos procurados pela Interpol, podendo ser preso em 188 países, continua transitando pelo cenário político como se nada contra ele houvesse.

A despeito dessa condenação por improbidade administrativa, é possível que seja candidato nas próximas eleições e muito provável que seja eleito ela filigrana legal não estaria enquadrado na condição de ficha-suja, porque a sentença não indicou que cometeu ato doloso nem que houve enriquecimento ilícito.

De acordo com o Ministério Publico em acusação aceita pelo Judiciário e julgada procedente, quando prefeito Maluf superfaturava obras e enviava dinheiro ao exterior. Pois quer dizer então que superfaturava obras sem intenção de fazê-lo? Mandava dinheiro ao exterior para quê? Para contribuir com obras assistenciais de Madre Teresa de Calcutá não era.

A Justiça Eleitoral é que terá a última palavra sobre a possibilidade de ser concedido registro de candidatura a Paulo Maluf, caso ele reivindique, o que certamente não deixará de fazer.

O nome dele consta da lista da Interpol porque a Justiça de Nova York considerou pertinente a denúncia de que fazia, junto com o filho Flávio, parte de "uma conspiração com a finalidade de roubar a cidade de São Paulo".

Por essas e muitas outras, Paulo Salim Maluf perdeu as condições objetivas para obter mandatos majoritários. Mas conta com quantidade suficiente de eleitores para integrar o Parlamento e dispõe da prerrogativa de ser assediado por todas as forças políticas - antagônicas, inclusive - como aliado precioso.

Há as distorções legais, mas há também as deformações morais. Seja no universo dos representantes ou no mundo dos representados. Se há quem busque o apoio de Maluf, decorre da existência de capital fornecido por eleitores. De onde é preciso, no mínimo, compartilhar responsabilidades. Políticos não atuam no vazio.

Vão aonde os ventos mandam. Para o bem e para o mal. Correm atrás dos votos de Maluf, mas, não demora, correrão para longe do prejuízo que vem se desenhando com o dito foro privilegiado de julgamento, buscando mudar a lei.

A longevidade dos processos contra Paulo Maluf se contrapõe à relativa rapidez do caso do mensalão. Foram sete anos entre acusação, investigação, apresentação de denúncia e condenação no Supremo Tribunal Federal. Que sejam oito até o início do cumprimento das sentenças.

Levando em conta a magnitude de processo e a quantidade de réus, é de se concluir que, fossem todos julgados na Justiça comum, a impunidade seria alei. Dentro da tradicional curvatura de uma Justiça que falha porque tarda.

Fonte: O Estado de S. Paulo

Ou com ela ou com ele, promessa é dívida - Rosângela Bittar

Lula põe o PT nas nuvens com a garantia de poder

Obsessão à deriva é como os políticos petistas têm definido, em conversas públicas, a menção à candidatura Lula em 2014, na sucessão da sucessora. É um recuo apenas tático, ensaiado, até porque, falando sério sobre a realidade que se descortina à sua frente, o partido vê como temíveis incógnitas as reações da presidente candidata à reeleição, a quem não quer magoar. Quando o assunto entra sob reserva no debate, é tratado como ele realmente se apresenta e a conversa é outra. E como é, na realidade? A passagem do tufão-Lula por Brasília, durante dois dias, a pretexto de receber uma medalha mas, sobretudo, participar de eventos de campanha, foi reveladora.

Um dos que se postaram na fila do gargarejo concluiu o estado em que ele deixou o partido após dois dias de discursos ouvidos tal como se fossem melodias: "O PT ficou nas nuvens". Voo impulsionado pelo motor- Lula.

Sem temor de consequências, passou um seguro eleitoral de que, em hipótese alguma, entregará o poder a outro partido. Nessa garantia está incluída, principalmente, sua candidatura a presidente.

A estratégia é óbvia e antiga na concepção: Lula está viajando Brasil afora, apartado da caravana de Dilma, oficialmente para fazer campanha para ela e defender o assim denominado legado petista no governo federal. Irá a todos os Estados, será agressivo naqueles que produziram candidaturas adversárias à do PT mas, sobretudo, tentará minar a candidatura Eduardo Campos, no Nordeste, e Aécio Neves, do Sudeste. Atacará com virulência, como já tem feito, a candidata a vice na chapa do PSB, Marina Silva, e ao próprio governador, que o tem irritado sobremaneira pelo sucesso que faz entre os empresários, donos do dinheiro privado das campanhas eleitorais.

Se avaliar que a candidatura Campos está crescendo ao ponto de ameaçar a vitória de Dilma no primeiro turno, o nome na urna eletrônica do Tribunal Superior Eleitoral será trocado e o candidato Lula surgirá na tela. A esta altura ele já terá feito campanha pelo Brasil afora e lembrado aos eleitores da sua carismática existência.

Essa é a ideia colocada à mesa desde quando Lula saiu do governo e já foi mais de uma vez retomada, mas refluiu por diferentes razões. Primeiro, em determinado momento de seu tratamento de combate ao câncer, quando se acreditava que não teria forças para enfrentar uma nova campanha; e, em seguida, em período mais recente, por causa das reações contrárias da presidente à hipótese de não ser ela a candidata. O recolhimento, agora, é teatral.

Voltou a vigorar no PT, com campanha às claras, a sua não admitida candidatura. Lula não quer permitir o segundo turno porque tem certeza que todos se unirão contra o PT e Dilma poderá não aguentar, eleitoralmente falando.

Chegou a Brasília elétrico, sob o efeito das reclamações que vinha recebendo dos empresários que o têm procurado para se queixar do intervencionismo do governo Dilma e da derrocada na economia. Sugeriu medidas, como a de independência do Banco Central, para reconquistar os ortodoxos. Procurou em todas as conversas um antídoto para o sucesso que, vem anotando com profundo desgosto, Eduardo tem feito entre os potenciais financiadores de campanha.

Movido por tão forte pressão, Lula deu ao PT a agenda política pela qual quer ver o partido se empenhar: a reforma política velha de guerra mas, nela, buscar resolver uma questão que acredita esgotada no modelo atual, a do financiamento de campanhas. O ex-presidente está achando cada vez mais difícil, tendo o obstáculo das deterioradas relações entre eles e o governo Dilma, arrancar dinheiro dos financiadores nas proporções da sua época áurea.

Uma vez reconduzido ao poder federal, e vitorioso em vários Estados, principalmente São Paulo, o ex-presidente deu ao PT a esperança de poder, lá na frente, se dar ao luxo de fazer o programa que quiser se o financiamento for público. Inclusive criar e aumentar impostos, como revelado ontem, neste espaço, por Raymundo Costa.

O ex-presidente quer garantir para o futuro verbas permanentes para as campanhas eleitorais, que permitam ao partido manter-se no poder sem a submissão à vontade dos financiadores.

Para isso, Lula exigiu que retomem a discussão da reforma política, sobretudo o financiamento público das campanhas eleitorais.

Lula mostrou que não há mais como fazer campanha, no Brasil, e que não tem outra saída fora do financiamento público. O ex-presidente, candidato de campanhas milionárias, convenceu-se que com ele foi encerrado um ciclo.

A reforma política concluída ontem no grupo de trabalho criado pelo presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves, em que se destacam o fim da reeleição, é considerada irreal pelo ex-presidente, não é o que ele quer. Apenas um corpo a ser remodelado à medida em que conseguirem avançar nas negociações com os aliados.

O PT deve reconsiderar o projeto conhecido como sendo o de Henrique Fontana, que insiste em duas teses caras ao partido porque fortalecem sua cartolagem: além do financiamento público, o voto em lista.

O PT gostou também da defesa que o ex-presidente fez do Parlamento e da política. Como o partido não conseguiu incluir-se nas manifestações populares, achou uma boa saída Lula taxar como fascistas os movimentos que só criticam e negam a política.

Também agradou o ex-presidente ter reagido ao que chamou de tentativa de desconstrução do seu legado, quando se atribuiu ao governo Fernando Henrique a estabilização da economia, um fato que o PT não registra e ele agora também prefere não registrar. Foi aí que disse, em tom que soou como ameaça, que se falarem mal do seu governo volta em 2018. A ameaça é à própria presidente Dilma, pois o que está posto mesmo é a sua volta em 2014. Mesmo agitado, espalhando farpas e animando o auditório, foi Lula quem se aproximou das teses mais caras ao PT, não o contrário.

Fonte: Valor Econômico

Qual é a marca da presidente Dilma? – Luiz Carlos Azedo

Não foi à toa a reunião do sábado passado da presidente Dilma Rousseff com seus ministros da área social. A um ano das eleições, o governo não tem uma marca para chamar de sua. O que ancora o prestígio da atual administração no eleitorado são velhas bandeiras que a petista herdou do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, como os programas de Aceleração de Crescimento (PAC), que tem problemas de execução nos projetos mais grandiosos, como a transposição do Rio São Francisco e a construção da ferrovia Transnordestina; o Minha Casa, Minha Vida, de financiamento da habitação; e, principalmente, o Bolsa Família, que beneficia 13,5 milhões de lares.

Isso quer dizer que a proposta de continuidade da Era Lula não seja um bom chamamento eleitoral? Claro que não. Mas também é aí que mora o perigo se o cenário eleitoral se complicar na virada do ano, por força das circunstâncias econômicas. Ou Dilma alavanca sua administração, a ponto de consolidar a expectativa de que será reeleita logo no primeiro turno, ou o fantasma do ex-presidente Lula continuará assombrando o Palácio do Planalto e os corações e mentes de seus aliados, com risco de contaminar a base eleitoral do governo, uma vez que Lula faz campanha aberta em defesa de suas realizações.

Bem que a presidente da República está tentando realizar um governo com a sua identidade, a ponto de provocar reações de petistas e aliados saudosos do trato com Lula na Presidência. O programa Mais Médicos, por exemplo, é uma tentativa audaciosa de construção de sua própria marca na área da saúde. Mas nem sempre isso soma a favor de sua reeleição. É o caso, por exemplo, da marcha forçada para baixar os juros, que fracassou diante da alta da inflação. Nove entre 10 empresários ligados ao governo se queixam do Palácio do Planalto. A rigor, até os executivos das empresas estatais.

Dilma foi eleita com a economia bombando, os peso-pesados do empresariado nacional ao seu lado e o maior arco de alianças políticas já visto no país. Mas tudo indica que o cenário da reeleição será outro, mais adverso do ponto de vista das condições macroeconômicas e correlação de forças políticas. Sua política de concessões na área de infraestrutura, por uma série de erros de seus gestores, acabou não deslanchando. Somente agora, após o leilão de Libra — que só teve um consórcio interessado, graças ao empenho do próprio governo —, parece que deslancharão as privatizações de aeroportos, estradas, ferrovias e portos. Se o governo for bem-sucedido nessas privatizações, Dilma terá uma marca importante para mostrar na economia: a retomada dos investimentos privados em infraestrutura.

Esses investimentos, porém, estão mais para programa de governo do segundo mandato do que para bandeira de realizações com apelo eleitoral. O bicho pega é na área social, que puxa para baixo a avaliação da administração e da própria presidente da República. O modo de governar da presidente Dilma Rousseff, por exemplo, no Ibope/CNI de setembro, havia subido de 45% para 54% de aprovação, mas quase todas as áreas de atuação do governo registraram quedas. A saúde havia caído de 32% para 21%, com desaprovação passando de 66% para 77%. Na educação, passou de 47% para 33%, enquanto a desaprovação foi de 51% para 65%. Na segurança pública, caiu de 31% para 24%, enquanto a desaprovação foi de 67% para 74%.

O setor melhor avaliado foi o combate à fome e à pobreza. Mesmo assim, a aprovação caiu de 60% para 51%, enquanto a desaprovação foi de 38% para 47%. No combate ao desemprego, a aprovação de 52% baixou para 39% e a desaprovação subiu de 45% para 57%. A pior queda, porém, foi na política de juros. O índice caiu 16 pontos percentuais, de 39% para 23%. A desaprovação foi de 54% para 71%. Pior, é que no combate à inflação, a aprovação caiu de 38% para 27% e a desaprovação passou de 57% para 68%. Ou seja, um dilema de Sofia, pois não dá pra segurar a inflação sem subir os juros.

Como se sabe, um cenário desses, durante campanhas eleitorais, com suposta paridade de armas, é um campo aberto para ataques de adversários. Além disso, com esse desempenho, a cara do governo Dilma pode ser muito diferente do de Lula, mas para pior. Vem daí o puxão de orelhas na equipe de ministros da área social.

Polícia pra quem?
O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, admitiu ontem disse que 70% das pessoas não creem nas polícias brasileiras, segundo pesquisa feita pela Fundação Getulio Vargas (FGV) para a elaboração do Índice de Confiança na Justiça Brasileira. Divulgado ontem, em São Paulo, o 7º Anuário Brasileiro de Segurança Pública aponta que, em 2012, pelo menos 1,89 mil pessoas foram mortas em confrontos com policiais civis e militares.

Fonte: Correio Braziliense