O Globo
Ainda que Jair Bolsonaro perca as eleições, hipótese hoje bastante plausível, de acordo com as pesquisas, o bolsonarismo como força política permanecerá. Não com a conformação de hoje, tendo o Centrão a ele acoplado como um ser parasitário, mas como um balaio de reacionários, ressentidos, negacionistas e teóricos da conspiração de todos os matizes, com mandatos e com voz nas redes sociais e nos veículos alternativos de mídia que vicejaram nesse período de governo.
É esta a campanha paralela que começa a
ganhar contornos e que deve ser objeto de atenção da imprensa, pois, ainda que
Bolsonaro seja derrotado, haverá uma bancada ruidosa que terá o capitão e os
filhos como gurus seja quem for o próximo presidente.
A radicalização de ministros como Marcelo
Queiroga e Damares Alves já mira esse futuro, e vale para a hipótese de
Bolsonaro ser ou não reeleito.
A ministra que é a antítese de tudo que sua
pasta deveria representar tem investido sem receio do Ministério Público numa
agenda cada vez mais sectária, e especificamente antivacina.
Ela segue a picada aberta pelo chefe, mas conta com seu próprio público, que vem sendo cuidadosamente cultivado nos últimos três anos. Os “damaristas" são uma bolha fiel e dedicada dentro do guarda-chuva do bolsolavismo. E é por isso que uma candidatura dela ao Senado é considerada bastante promissora, a depender do Estado que ela escolha para fincar seu domicílio eleitoral.