segunda-feira, 24 de outubro de 2016

- Opinião do dia – Roberto Freire

Não só no Brasil, mas em todo o mundo democrático, vivemos um momento de ebulição no campo das forças de esquerda, com uma profunda discussão em torno do papel dos partidos que compõem esse espectro ideológico e os seus desafios nos dias de hoje. No caso brasileiro, é evidente que o retumbante fracasso moral dos governos de Lula e Dilma Rousseff gerou um forte impacto sobre os grupos mais progressistas, como se a esquerda se resumisse ao PT e seus aliados. Trata-se, evidentemente, de uma tese falaciosa e desprovida de qualquer sentido.

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Roberto Freire é deputado federal por S. Paulo e presidente nacional do Partido Popular Socialista (PPS). ‘A esquerda é muito maior que o PT’, Diário do Poder, 22/10/2016.

Senado critica pressa em projeto de Renan

• Parlamentares da base e da oposição não querem aprovar a toque de caixa a nova lei de abuso de poder

Maria Lima - O Globo

-BRASÍLIA- Não é bem-vista no Senado a disposição do presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), de apressar a tramitação do projeto de sua autoria que altera e torna mais rígida a lei sobre crimes de abuso de responsabilidade cometidos por agentes dos três poderes (especialmente autoridades policiais e membros do Ministério Público). A ideia de Renan é fazer a proposta andar paralelamente à PEC da Reforma Política, intenção criticada por parlamentares da base e da oposição.

Nem mesmo a prisão de agentes da Polícia Legislativa do Senado, sexta-feira, demoveu os senadores da posição contrária à agilização da análise da matéria na comissão especial presidida e relatada pelo senador Romero Jucá (RR), presidente nacional do PMDB. Para eles, isso seria retaliação e casuísmo. As mudanças propostas na lei listam 38 crimes com penas que vão de um até quatro anos de prisão, além da perda de cargo, mandato ou função, se o servidor for reincidente.

Policial do Senado relata missão secreta para Sarney

A varredura de grampos feita pela Polícia Legislativa do Senado no escritório particular do ex-senador José Sarney, em Brasília, foi autorizada por “ordem de missão oculta” não numerada, segundo o policial legislativo Paulo Igor Bosco Silva, autor da denúncia que resultou na Operação Métis, deflagrada sexta-feira. Investigações apontam que o grupo “tinha finalidade de criar embaraços às ações”

• Varreduras. Em entrevista ao ‘Estado’, Paulo Igor Bosco da Silva, autor da queixa que originou a Operação Métis, revela ação não registrada em escritório de ex-senador

Policial do Senado denuncia missão ‘secreta’ para Sarney

Erich Decat – O Estado de S. Paulo

/ BRASÍLIA - Autor da denúncia que originou a operação da Polícia Federal no Senado na sexta-feira passada, o policial legislativo Paulo Igor Bosco Silva afirmou que seus colegas cumpriram uma missão “secreta” no escritório particular do ex-presidente da Casa José Sarney (PMDB-AP), em Brasília. O objetivo, como em outros pedidos feitos pelos parlamentares, era descobrir se o local estava grampeado por eventuais escutas ambientais e telefônicas.

Silva recebeu o Estado na tarde de sábado e detalhou a denúncia apresentada ao Ministé- rio Público Federal e à Polícia Federal. A varredura de grampos realizada no escritório de Sarney, de acordo com ele, foi feita por meio de uma “ordem de missão oculta”, não numerada, em julho de 2015, quando o ex-parlamentar não exercia mais cargo público.

Com crise, reforma política ganha força no Congresso

Thais Bilenky – Folha de S. Paulo

SÃO PAULO - A crise deve levar o Congresso Nacional a aprovar alguns pontos da reforma política em discussão, mas o corporativismo ameaça mudanças profundas no sistema, apostam parlamentares e analistas.

Com algum consenso entre governo e oposição, a expectativa é que o Senado aprove, em dois turnos, em novembro, uma proposta de emenda à Constituição que estipula o fim de coligações proporcionais e a instituição da cláusula de desempenho.

As medidas tentam barrar a proliferação de partidos, ao tirar daqueles que não obtiverem um piso de votos direitos que têm hoje como acesso ao Fundo Partidário e tempo de televisão.

O presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), quer ainda incluir na votação o fim da reeleição para cargos do Poder Executivo.

Já se espera, contudo, que haja impasse quando a votação chegar à Câmara, possivelmente no primeiro semestre de 2017. Emendas requerem maioria de 308 deputados para ser aprovadas.

Lula prepara campanha nacional contra denúncias

Por Andrea Jubé – Valor Econômico

BRASÍLIA - Aliados do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva preparam uma contra-ofensiva em reação às investigações e às ações penais em andamento contra o principal líder petista em tramitação na Justiça Federal em Curitiba e no Distrito Federal. Para isso, foi constituída uma força-tarefa multipartidária, que coordenará e organizará ações em todo o país, a partir de 7 de novembro, voltadas à disseminação de informações em defesa de Lula e do legado de seus dois mandatos.

A avaliação é que além da réplica nos processos, a defesa de Lula tem de ser feita para fora, nas ruas e nas redes sociais. O primeiro ato será o lançamento de uma campanha nacional em defesa do ex-presidente, no dia 7, em São Paulo, com a presença de juristas, intelectuais e militantes, que estimularão a mobilização de simpatizantes da causa em todo o país. Um ato maior, para milhares de pessoas, ocorrerá em 29 de novembro.

Lava Jato vê recado de Cunha a peemedebistas

• Para investigadores, contratação de advogado especializado em acordos de delação premiada pressiona antigos aliados do deputado cassado

Ricardo Brandt - O Estado de S. Paulo

CURITIBA - A contratação de um escritório de advocacia especializado em delações premiadas pelo deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) foi interpretada por investigadores da Operação Lava Jato como um recado ao partido. Após ser preso, na quarta-feira passada, o ex-presidente da Câmara incluiu em sua equipe de defensores o advogado Marlus Arns, que já negociou a colaboração de executivos da construtora Camargo Corrêa.

A possibilidade de um acordo de Cunha com a força-tarefa da Lava Jato assombra o Planalto e membros do PMDB. O ex-parlamentar atuava nos bastidores como uma espécie de tesoureiro informal do partido, intermediando doações eleitorais a aliados.

Temer quer unificar base na disputa pela presidência da Câmara

Gustavo Uribe, Daniel Carvalho – Folha de S. Paulo

BRASÍLIA - Com receio de um racha que afete a pauta governista, o presidente Michel Temer pedirá à base aliada que viabilize um nome de consenso para a sucessão na presidência da Câmara dos Deputados. A eleição só acontece em fevereiro, mas já mobiliza os parlamentares.

Hoje, as forças que se articulam para a disputa são o chamado "centrão", com 13 legendas, e o bloco da antiga oposição –PSDB, DEM, PPS e PSB.

Os pré-candidatos do primeiro grupo são Rogério Rosso (PSD-DF) e Jovair Arantes (PTB-GO). No segundo, aparecem nomes como Carlos Sampaio (PSDB-SP), Antonio Imbassahy (PSDB-BA), Jutahy Júnior (PSDB-BA) e Heráclito Fortes (PSB-PI).

Ex-assessores de Eduardo Paes ajudam Crivella e Freixo

Italo Nogueira – Folha de S. Paulo

RIO - Três ex-auxiliares próximos do prefeito Eduardo Paes (PMDB) ajudam as campanhas do senador Marcelo Crivella (PRB) e do deputado Marcelo Freixo (PSOL) à sucessão municipal.

Freixo tem o apoio de Eduarda La Rocque, ex-secretária municipal de Fazenda. Crivella conta com dicas de Rodrigo Bethlem, ex-secretário de Ordem Pública e Assistência Social, e de Marcelo Faulhaber, ex-subsecretário da Casa Civil.

Os apoios têm significados e motivações distintas.

Ex-braço direito de Paes, Bethlem é alvo de processos por enriquecimento ilícito e dano ao erário por sua atuação no município. Ele foi flagrado em gravações reconhecendo ter contas na Suíça abastecida por propinas, o que ele nega.

Samba do criolo doido

Ancelmo Gois – O Globo

Marcelo Crivella, em seu programa de quinta, acusou Freixo de ser comunista e de ter o apoio do “sanguinário Fidel Castro”. No dia seguinte, foi festejado no Catete por artistas e intelectuais, num evento organizado por Luiz Carlos Prestes Filho, filho de quem o nome sugere, e com Paulo Sergio Niemeyer, bisneto do grande arquiteto, fiel ao comunismo até a sua morte, em 2012.

Isto é Barretão...
Neste encontro, coube a Barretão, que tinha gravado a favor de Crivella, pedir a palavra para reprovar as críticas ao ditador cubano. E ainda avisou que saltaria fora da campanha caso o candidato “não pedisse desculpas públicas”. Crivella abriu um sorriso de parede, fingiu que não era com ele e ainda foi abraçar Barretão.

Ainda favorito, Crivella sofre desgaste

• Candidato do PRB à prefeitura do Rio passa a atuar na defensiva após revelação de declarações polêmicas e de uma detenção em 1990

Clarissa Thomé – O Estado de S. Paulo

/ RIO - A uma semana do segundo turno, a disputa no Rio, que antes parecia decidida, se acirrou. O candidato Marcelo Crivella (PRB), líder folgado nas pesquisas, passou à defensiva depois que vieram à tona declarações polêmicas sobre religião e homossexualismo e uma detenção em 1990, sob acusação de invasão de domicílio.

Já o candidato Marcelo Freixo (PSOL), que adotava um discurso ameno e propositivo e estava muito longe de Crivella nas pesquisa, contratou assessores que tinham trabalhado em campanhas do PMDB e do PSDB, conforme revelou o Estado, e adotou uma estratégia de desconstrução do adversário, com ataques duros. O resultado foi a redução em nove pontos da diferença entre os dois candidatos, que, no entanto, na ultima pesquisa Ibope, ainda apareciam distanciados um do outro, com uma vantagem de 17 pontos para Crivella.

Senador nega ter sido citado na Lava Jato

- O Estado de S. Paulo

O candidato a prefeito do Rio pelo PRB, Marcelo Crivella, negou que seu nome apareça nas investigações da Operação Lava Jato. Segundo publicou ontem o jornal O Globo, ele foi citado em trecho da delação premiada de Renato Duque, ex-diretor de Serviços da Petrobrás. Duque teria providenciado a impressão de 100 mil banners, avaliados em R$ 12 milhões, para a campanha de Crivella ao Senado em 2010. “Esse inquérito eu acompanhei bem. Há anos ele está correndo e não houve sequer uma menção”, contestou o candidato.

Voto de 34% foi definido na ‘reta final’, revela Ibope

• ‘Improviso’ explica flutuações nas pesquisas; nas capitais, é ainda maior a parcela do eleitorado que só se decide às vésperas ou no dia da eleição

José Roberto de Toledo – O Estado de S. Paulo

Um em cada cinco eleitores brasileiros admitiu ter escolhido seu candidato no próprio dia da eleição, em 2 de outubro, segundo pesquisa inédita do Ibope. A esses 19% do eleitorado somam-se outros 15% que disseram ter feito a escolha não muito antes, nos últimos dias antes de ir à urna. Ou seja, pelo menos um em cada três votos dados no primeiro turno foi decidido em cima da hora.

É esse terço que derruba líderes e elege azarões. Em horas, um favorito pode virar terceiro colocado. Foi assim com Celso Russomanno em 2012 e 2016, e com Marina Silva em 2014.

Na reta final, Crivella busca reduzir danos e subida de Freixo

Por Cristian Klein e Robson Sales – Valor Econômico

RIO - Embora à frente nas pesquisas de intenção de voto, o candidato à prefeitura do Rio Marcelo Crivella (PRB) começa a última semana de campanha nas cordas. O senador precisará conter a reação desencadeada por denúncias na imprensa e terá que se defender como puder da sequência de ataques preparados pelo adversário Marcelo Freixo (Psol), que se especializou na campanha negativa para reduzir a vantagem do concorrente.

De acordo com Tarcísio Motta, vereador eleito pelo partido e um dos coordenadores da campanha, uma reunião no sábado à noite delineou a estratégia que será adotada para aproveitar, na propaganda eleitoral, a reportagem divulgada pela revista "Veja" no fim de semana. A ideia é mostrar que a credibilidade de Crivella está sendo construída em cima de mentiras - ou omissão de fatos de sua vida -, mas sem levar o caso para o "punitivismo". "O problema não é ele ter sido fichado pela polícia. Isso não o condena para toda vida. Pode ter se arrependido. O problema é ter escondido isso da população para fabricar um personagem que não existe, com mãos limpas espalmadas. E isso tem sido uma regra", afirma Motta, que cita ainda o livro publicado pelo senador em 2002 e vídeos na internet como peças que o adversário procura esconder, e que revelariam o verdadeiro Crivella.

Candidatos fazem caminhadas pela Zona Sul

• Crivella e Freixo andaram pelas orlas de Ipanema, Leblon e Copacabana

- O DIA

RIO - A uma semana do segundo turno das eleições para a Prefeitura do Rio, os candidatos Marcelo Crivella, do PRB, e Marcelo Freixo, do Psol, dedicaram o domingo para fazer campanha de rua, com caminhadas pela Zona Sul.

Acompanhado pelo deputado federal e candidato derrotado à prefeitura Indio da Costa (PSD), Crivella caminhou na orla de Ipanema ao Leblon. No primeiro turno, Indio chegou em quinto lugar na disputa pela prefeitura do Rio e há duas semanas declarou apoio à candidatura de Crivella. O senador também é apoiado pelo deputado estadual Carlos Osório (PSDB), que foi o sétimo do ranking na corrida pelo Palácio da Cidade, em 2 de outubro. Além dos correligionários, Crivella também estava acompanhado da mulher Sylvia Jane.

Marcelo Freixo também fez caminhada ontem pela manhã na Zonal Sul, na orla de Copacabana. À tarde, o candidato do Psol panfletou nos arredores do Maracanã, onde Flamengo enfrentou o Corinthians na reabertura do estádio para o futebol carioca depois dos Jogos Olímpicos.

Esta é a última semana de campanha, antes do segundo turno das eleições, que acontece domingo que vem. Os dois candidatos apostam no debate da Rede Globo, na sexta-feira, a menos de 48 horas do início da votação, para conquistar votos.Segundo as pesquisas, Crivella mantém a liderança folgada na corrida pela prefeitura.

Debate ambiental é urgente – Aécio Neves

- Folha de S. Paulo

Maior desastre da indústria da mineração no país, o rompimento da barragem da Samarco em Mariana (MG), prestes a completar um ano, gerou de imediato um debate acalorado sobre a questão ambiental. Os números da tragédia foram colossais. O susto foi colossal. O Brasil pareceu acordar para essa grave dimensão da nossa realidade.

Pelo seu alcance, a tragédia deveria ter se imposto como um marco nas políticas públicas que regem a questão ambiental. Infelizmente, isso não aconteceu. Acossado pela gravidade da crise política e econômica que assolou o país ao longo deste ano, com desdobramentos que culminaram com o impeachment da presidente, o debate ambiental submergiu. É essencial retomá-lo.

Não podemos esquecer Mariana. É urgente colocar o meio ambiente como protagonista da agenda pública.

Crivella e seus demônios - Ricardo Noblat

- O Globo

“Quem fica dizendo ‘sou ficha-limpa, sou ficha-limpa’, talvez diga para convencer a si mesmo.” Marcelo Freixo, candidato do PSOL à prefeitura do Rio

Mesmo em descompasso com a ocasião, o tom da voz continuará o mesmo — calmo, acolhedor e persuasivo, marca postiça de certos homens que se julgam eleitos por Deus para divulgar a sua palavra. Quanto ao dono da voz, está disposto a trombetear sua ira com as denúncias que o atingem há uma semana e que poderão levá-lo a morrer na praia antes do domingo da salvação. Ou da desgraça. Que assim seja!

FOI COM TAL estado de espírito que Marcelo Crivella (PRB), bispo da Igreja Universal, denominação neopentecostal fundada há quase 40 anos, preparavase, ontem à tarde, para gravar os programas de propaganda eleitoral no rádio e na televisão a irem ao ar nos próximos dias. Antes, pela manhã, em caminhada pelos bairros de Ipanema e Leblon, ele antecipou parte do que dirá.

Indestrutível – Ruy Castro

-Folha de S. Paulo

Marcelo Crivella e Marcelo Freixo, candidatos a prefeito do Rio no segundo turno, têm se atacado tão bem que o eleitor, convencido de que os dois estão falando a verdade, cogita não votar em nenhum.

Freixo acusa Crivella de odiar gays, católicos e macumbeiros e de ser apoiado pelas milícias e teleguiado por Garotinho. Crivella, em troca, acusa Freixo de proteger black blocs, ser complacente com os traficantes e jogar para a galera ao gritar "Fora Temer" sabendo que, como prefeito, não poderá brigar com Brasília.

Deus e o diabo na terra do PSOL - Nelson Motta

- O Globo

Curiosamente, ou nem tanto, para quem conhece o Rio de Janeiro, o socialista Marcelo Freixo está ganhando do ultraconservador Marcelo Crivella justamente entre os mais ricos e mais escolarizados, empatando entre os jovens. Será que as elites demonizadas por Lula não são tão demoníacas assim, pelo menos no Rio de Janeiro? Ou são tão masoquistas que atiram nos próprios pés, cedendo os seus “privilégios odiosos de classe” para as forças populares? Que elite mais generosa, a carioca...

Além disso, ela é novidadeira, gosta de estar sintonizada com as tendências internacionais, acha cool ser do contra, não gosta de nada que o povão gosta, tirando futebol, praia e escola de samba, e se acha mais esclarecida e informada. E talvez seja mesmo, para o bem e para o mal. A voz do povo, nem sempre, é a de Deus; às vezes é a dos demônios, senão não teríamos tantos Renans, Cunhas, Collors e Garotinhos. E demoníacas são as elites? São mesmo, quando manipulam a vontade do povo, enganam-no com promessas, exploram sua miséria e compram o seu voto.

PEC 241, para além do ajuste fiscal - Sergio Fausto

- O Estado de S. Paulo

• Ela pode também se revelar produtiva para a melhoria da nossa representação política

Dilma Rousseff levou ideias equivocadas às últimas consequências e assim demonstrou o mal que elas produzem em nome de boas intenções. Destaco uma: a disciplina fiscal seria uma criação de setores conservadores para impedir governos progressistas de promover o desenvolvimento do País e atender aos interesses da maioria da população.

Ainda na condição de chefe da Casa Civil, em 2005, ela chamou de “rudimentar” o programa de ajuste fiscal proposto pela área econômica. A adoção da regra que limitava a evolução do gasto corrente a um porcentual do PIB teria ajudado o País a evitar a trombada sofrida em 2014/2015, quando mergulhou na maior crise econômica da sua História. Mas Lula comprou a ideia de Dilma, acelerou a expansão do gasto corrente (mais do que do investimento) e conduziu-a, com sua popularidade, ao Palácio do Planalto.

Lula e os pequenos favores – Valdo Cruz

-Folha de S. Paulo

Recentemente, antes do impeachment de Dilma Rousseff, conversava com dois petistas amigos de Lula sobre o futuro do ex-presidente. Garantiam que nada de corrupção seria provado contra ele.

Indagados sobre as investigações do tríplex do Guarujá e do sítio de Atibaia, os interlocutores de Lula, muito próximos a ele, disseram-me quase no mesmo tom: este foi o erro dele, aceitar pequenos favores de empresários, ele não achava errado.

Um deles, com certo ar de reprovação, afirmou: "O Lula tinha dinheiro para comprar aquele apartamento, fazer aquelas reformas no sítio, mas nada está no nome dele, não é dele, são pequenos favores que o mundo da política se permite".

A luz no fim do túnel - Marcus Pestana

- O Tempo (MG)

A herança maldita do governo Dilma deixou o país à beira do abismo. A aguda crise fiscal e a total perda de credibilidade da política econômica e institucional nos colocaram numa verdadeira enrascada. Recessão, desemprego, juros estratosféricos, inflação resistente, endividamento alto se combinaram com a corrosão acelerada da base de apoio político e social ao governo do PT, culminando no afastamento da presidente. Não havia notícia boa e era cada vez mais difícil alimentar a esperança em dias melhores.

Mas de forma lenta e firme começa a surgir luz no fim do túnel. É verdade que o presidente Michel Temer não tem a força e a legitimidade das urnas. Mas tem experiência, serenidade e habilidade política. A relação com o Congresso Nacional mudou da água para o vinho. E a prova disso foi a maiúscula vitória por 366 votos na aprovação, em primeiro turno, da PEC 241, que limita a expansão dos gastos públicos e inicia o ajuste necessário. Isso foi essencial para gerar confiança na sociedade e no mercado sobre a capacidade de o governo liderar um conjunto de reformas que reponham o Brasil nos trilhos. O índice de confiança dos consumidores e dos investidores aferido pela Fundação Getulio Vargas já melhorou consideravelmente nos últimos cinco meses. A esperança estilhaçada pela desastrosa condução de Dilma Rousseff começa a ser reconstruída.

A centro-direita não tem pressa - Marcos Nobre

- Valor Econômico

• Uma trégua tensa vigora no campo à esquerda

Até 2014, parecia que tinha se tornado parte da paisagem política a polarização entre uma candidatura de centro-direita e outra de centro-esquerda. A partir da eleição de 1994, o PT conseguiu se firmar como líder inconteste da esquerda, o que se confirmou na eleição seguinte, em 1998, com a chapa Lula-Brizola. Em 2002, o PT estendeu sua hegemonia para o campo da centro-esquerda, o que foi simbolizado pela chapa Lula-José Alencar.

As eleições municipais ainda em curso já mostraram que essa polarização deixou de ser uma evidência. Apesar de muitas cidades terem segundos turnos com a presença de candidaturas de esquerda e de centro-esquerda, essa presença não mais se confunde com o PT, direta ou indiretamente. Dominam os cenários em que mesmo candidaturas competitivas de esquerda e de centro-esquerda podem não conseguir lugar em um segundo turno (como aconteceu em Porto Alegre). Mesmo quando conseguem o segundo lugar na votação, podem ser derrotadas em primeiro turno (como aconteceu em São Paulo).

BC corta juros com cautela, mas pode rever estratégia – Editorial / Valor Econômico

Havia uma quase unanimidade entre os economistas a favor da redução da taxa básica de juros (a Selic) pelo Banco Central. Formou-se, antes da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), na semana passada, uma verdadeira torcida favorável à medida e, desta vez, é bom que se diga, não apenas da parte dos políticos. A decisão do BC, portanto, não pode ser considerada extemporânea ou contrária à tendência majoritária do mercado.

Uma análise cuidadosa do comunicado emitido pelo Copom, após a reunião, mostra que uma leve queda na projeção de inflação para 2017 e a melhora no balanço de riscos fiscais depois da aprovação em primeiro turno da PEC do Teto do Gasto na Câmara dos Deputados deram o conforto que os diretores do BC precisavam para promover o primeiro alívio monetário depois de quatro anos. A inflação projetada para 2017 no cenário de referência caiu de 4,4% para 4,3% desde fins de setembro.

Corrupção institucionalizada – Editorial / O Estado de S. Paulo

A informação de que 18 ex-ministros dos governos de Dilma Rousseff e Luiz Inácio Lula da Silva são suspeitos de envolvimento em esquemas de corrupção, conforme levantamento feito pelo Estado em investigações que tramitam no Supremo Tribunal Federal (STF), é mais uma evidência de que a bandalheira não era nem episódica nem acidental ao longo do período lulopetista. A singularidade dos governos do PT nesse quesito se revela não pela corrupção em si, pois a prática de desviar dinheiro público, infelizmente, é bastante antiga e recorrente no Brasil. O que torna tão especial esse nefasto período de nossa história é que, pela primeira vez, a corrupção tornou-se um método de governo, de onde resulta o envolvimento direto - e a mancheias - de tantos ministros de Estado.

Os casos levantados dizem respeito somente àqueles ministros que estão formalmente sob investigação ou que já foram acusados ou condenados. Não incluem, por exemplo, os ex-ministros que foram apenas citados em delações premiadas de envolvidos no esquema de corrupção investigado pela Operação Lava Jato. Também não citam os processos de ex-ministros suspeitos ou acusados de envolvimento em crimes quando já não estavam mais no governo - caso, por exemplo, da senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), que foi ministra da Casa Civil de Dilma e responde a ação sob acusação de ter recebido dinheiro roubado da Petrobrás para financiar sua campanha ao Senado.

Um efeito manada – Editorial / O Globo

• Como um rebanho, o PT costuma ficar unido nas crises, mas a atual pode alterar este padrão

Termo incluído no jargão do mercado financeiro para designar movimentos bruscos e rápidos de compradores e vendedores em momentos tensos de crise, “efeito manada” também pode dar ideia de união, agrupamento. Tem sido este o comportamento padrão do PT quando alvejado por críticas, mesmo baseadas em fatos concretos, comprovados, condenados na Justiça.

Quanto explodiu o mensalão, em 2005, parlamentares petistas se chocaram com a revelação de que o partido havia pagado a marqueteiros no exterior, por baixo do pano, em dólares. Alguns trocaram de legenda, mas, na essência, vigorou este efeito manada.

Mesmo quem propôs a “refundação do partido” ficou no rebanho. Isso apesar das evidências convertidas em provas de que houve uma associação criminosa de dirigentes petistas com um esperto detentor de tecnologia de lavagem de dinheiro, este bombeado ilegalmente dos cofres do Banco do Brasil, para a compra literal de apoio parlamentar ao primeiro governo Lula. Desfalque, roubo, em outras palavras. O escândalo foi convertido em processo no Supremo (STF) e dele saíram condenados à prisão petistas de alta patente, como José Dirceu, José Genoino, Delúbio Soares e João Paulo Cunha.

Nova fase, velha Fiesp – Editorial / Folha de S. Paulo

Que desfaçatez: num momento em que se discute um teto para a expansão dos gastos públicos, a Fiesp aproveita um encontro com a presidente do BNDES, Maria Silvia Bastos Marques, para pleitear que o banco, em vez de devolver ao Tesouro R$ 100 bilhões em empréstimos, use os recursos para ajudar o setor das indústrias.

A dívida do BNDES com a União monta a espantosos R$ 525 bilhões. Teve origem na tentativa dos governos petistas de estimular a economia com o uso de dinheiro público.

Na operação, o banco empresta ao setor privado com juros subsidiados e, para fechar as contas, recebe a diferença do Tesouro. Como este se financia pelas taxas de mercado, mais altas, sobra para o contribuinte um custo, estimado em R$ 27,4 bilhões apenas neste ano.

É a alma - Graziela Melo

É a alma
que
entristece

quando
anoitece...

Suas
vertentes
inclinadas
derramam
lágrimas
no coração,

em rajadas,
em turbilhão...

É o grito
triste
da solidão!!!

É o momento
infeliz,

quando
os olhos
se calam,

quando
a boca
não diz!!!

Quantas lágrimas - Teresa Cristina