domingo, 27 de abril de 2014

Opinião do dia: Roberto Freire.

Nós precisamos derrotar esse bloco que está aí e esse não é um projeto para 2018, é para já.

Roberto Freire é deputado federal (SP) e presidente nacional do PPS. No Encontro Programático Norte PSB/Rede/PPS/PPL, Manaus, 26 de abril de 2014.

Petrobras já temia, em 2012, danos à imagem por causa de Pasadena

Uma das preocupações era que administradores tivessem de depor na Justiça

Chico de Gois, Vinicius Sassine e Danilo Fariello – O Globo

BRASÍLIA - Documento interno assinado por dois gerentes-executivos da Petrobras e endereçado à presidente da empresa, Maria das Graças Foster, com data de 4 de junho de 2012, demonstra que a estatal estava preocupada com prejuízos à sua imagem e, por isso, queria pôr fim o mais rapidamente possível à disputa judicial que se arrastava desde 2008 com a companhia belga Astra Oil sobre a refinaria de Pasadena, no Texas.

Uma das preocupações da diretoria, segundo ofício encaminhado a Graças Foster, ao qual O GLOBO teve acesso, era "proteger os administradores, ex-administradores e executivos de uma eventual exposição". A presidente Dilma Rousseff presidia o Conselho de Administração da Petrobras em 2006, quando foi autorizada a compra de Pasadena. Nestor Cerveró era diretor da área internacional na época e sugeriu a transação ao conselho, com base em parecer "falho e incompleto", como acusou a presidente para justificar ter sido favorável à compra da refinaria.

O temor da Petrobras era motivado pelo fato de que a disputa entre as ex-sócias envolvia diversas ações judicias nos Estados Unidos, e, assim, os administradores e ex-administradores poderiam ser chamados a prestar esclarecimentos à Justiça americana, como admitiu a própria petroleira em nota enviada ao GLOBO. Hipoteticamente, portanto, se a disputa jurídica entre Petrobras e Astra continuasse, Dilma e Cerveró poderiam ser chamados a depor nos EUA.

O ofício enviado a Graças Foster tem como tema o "encerramento de todas as disputas judiciais envolvendo a Petrobras America Inc (PAI) e o Grupo Transcor Astra". A PAI foi a subsidiária que se tornou sócia da Astra em Pasadena. Graças Foster havia assumido a presidência da Petrobras em 13 de fevereiro de 2012. Na época, o gasto bilionário para a aquisição de Pasadena já começava a se tornar público.

Uma das maiores preocupações da empresa brasileira, apontam documentos internos, era com a exposição do caso na imprensa e no mercado internacional. O ofício de 4 de junho de 2012 lista cinco motivações para a Petrobras celebrar um acordo com a Astra Oil: liquidar todos os litígios ("a exposição total da Petrobras chega a US$ 1,2 bilhão"); viabilizar dois projetos de desinvestimento em curso; liberar recursos congelados em dois bancos, da ordem de US$ 160 milhões; cessar o acréscimo de juros de 5% ao ano e despesas processuais de US$ 40 milhões/ano; e proteger os administradores, ex-administradores e executivos.

Um trecho do ofício diz que é preciso "eliminar riscos intangíveis inerentes à continuidade do contencioso, por exemplo, eventuais impactos no valor da marca Petrobras, principalmente no mercado externo, na imagem e na capacidade de captação direta de recursos pela PAI, em razão de seu balanço apresentar essa contingência material, e na posição da Petrobras em atuais e/ou futuras negociações com parceiros internacionais".

Outro documento deixa claro que a empresa também estava preocupada com a tramitação do processo nos tribunais dos Estados Unidos. Para os diretores da Petrobras, isso poderia expor a petroleira brasileira. Trecho do documento diz que era preciso "retirar a controvérsia das cortes dos EUA, que seguem procedimentos de produção de prova/documentos extremamente dispendiosos e arriscados e expõem a comunicação interna". Os brasileiros queriam tentar levar o caso para os fóruns da Bélgica ou do Brasil, o que, em sua visão, seria melhor.

Entre as preocupações com o processo que tramitava nos EUA estaria a possibilidade de o Departamento de Justiça local avaliar o caso à luz do Foreign Corrupt Practices Act (FCPA, a Lei Anticorrupção Americana para Estrangeiros). Em casos onde há falta de controles internos de ativos no país, as empresas estrangeiras podem ser multadas e até impedidas de fazer negócios com o país.

Para tentar reduzir o impacto negativo na imagem da empresa, a diretoria executiva da Petrobras autorizou um repasse de US$ 58,7 milhões à refinaria de Pasadena, em 2008. O propósito era resolver problemas urgentes no funcionamento do empreendimento e, assim, evitar o "desgaste político e de imagem da Petrobras junto ao governo norte-americano". As informações estão em outros documentos confidenciais obtidos pelo GLOBO.

A briga travada desde 2007 com a então sócia da refinaria levo Pasadena a enfrentar um grave problema de caixa, por conta da interrupção de repasses de dinheiro pela sócia belga.
A Diretoria Internacional da Petrobras, então, validou um documento interno para pedir autorização de repasses imediatos de verba à refinaria do Texas. O documento, de setembro de 2008, foi validado pelo então diretor da área, Jorge Luiz Zelada. No pedido, fica evidenciada a preocupação com um desgaste do Brasil com o governo dos EUA.

“Não houve nem há ação”
Se as remessas não fossem feitas, poderia haver a declaração de insolvência de "ambas as empresas" envolvidas no negócio, como consta no ofício. As consequências, dizem os documentos, seriam o desgaste político e de imagem da estatal brasileira com o governo dos Estados Unidos, com acionistas e com a sociedade em geral, assim como "perda de pessoal qualificado e prejuízos econômicos irreversíveis". Os recursos necessários, em caráter de urgência, somavam US$ 83,7 milhões. A refinaria precisava fazer um "depósito imediato do valor correspondente ao déficit no banco, sob risco de encerramento imediato da linha de crédito".

A assessoria de imprensa da Petrobras informou que "não houve nem há ação judicial contra executivos da companhia no caso Pasadena". A assessoria também negou que a intenção de encerrar logo a contenda com a Astra foi proteger a imagem de Dilma. Ainda segundo os assessores, a empresa não fez nenhum levantamento sobre os prejuízos à sua imagem.

PT provoca crise em fundo de pensão da Petrobras

Fundo de pensão controlado por sindicalistas ligados ao PT tem perda de até R$ 500 milhões

Ingerência política fez Petros assumir mais de 40 planos deficitários

Alexandre Rodrigues – O Globo

RIO - Enquanto a ingerência política mergulha a Petrobras numa das maiores crises de sua História, o fundo de pensão dos funcionários da estatal, a Fundação Petros, vive dias turbulentos pelos mesmos motivos. Pela primeira vez em dez anos, as contas da entidade foram rejeitadas por unanimidade por seu conselho fiscal. Nem mesmo os dois conselheiros indicados pela Petrobras no colegiado de quatro cadeiras recomendaram a aprovação das demonstrações financeiras de 2013, que apontaram um déficit operacional de R$ 2,8 bilhões no principal plano de benefícios dos funcionários da estatal e um rombo que pode chegar a R$ 500 milhões com despesas de administração de planos de outras categorias. Mesmo assim, as contas foram aprovadas no órgão superior da entidade, o conselho deliberativo, abrindo uma crise interna no fundo.

Um grupo de conselheiros eleitos descontentes resolveu recorrer à Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc), órgão que fiscaliza fundos de pensão, para denunciar a direção da Petros, controlada por sindicalistas ligados ao PT desde 2003. Os resultados dos investimentos da fundação têm recebido pareceres contrários do conselho fiscal há dez anos, mas apenas com o voto dos conselheiros eleitos pelos funcionários. No entanto, as contas sempre foram aprovadas pelo conselho deliberativo, órgão superior, no qual a Petrobras, patrocinadora do fundo, indica o presidente, tendo direito a voto de desempate. A estatal, no entanto, nem tem precisado usar esse recurso.

O conselho deliberativo tem seis integrantes, três eleitos pelos funcionários e três indicados pela Petrobras. Um dos eleitos pelos empregados, Paulo Cezar Chamadoiro Martin, passou a votar com os conselheiros da Petrobras, aprovando decisões por maioria simples. Foi o que aconteceu no último dia 31 de março, quando o conselho deliberativo ignorou o parecer unânime do conselho fiscal e aprovou as contas da Petros sem sequer mencioná-lo. Martin é dirigente da Federação Única dos Petroleiros (FUP), entidade ligada à Central Única dos Trabalhadores (CUT), braço sindical do PT. Sindicalistas ocupam cargos de confiança na Petrobras, que tem obtido apoio da FUP na Petros.

Os conselheiros vencidos, um suplente e dois conselheiros fiscais também eleitos pelos funcionários foram a Brasília entregar à Previc duas denúncias e duas consultas pedindo maior rigor na fiscalização das contas do fundo.

Nos documentos, obtidos pelo GLOBO, eles apontam que o principal motivo da reprovação das contas da Petros pelo conselho fiscal foi o fato de a maioria dos quase 40 planos de outras categorias que passaram a ser geridos pela fundação durante o governo Lula ser deficitária: não geram recursos suficientes para pagar os custos de administração. Esses custos estão saindo do mesmo fundo de administração dos dois planos originais da Petros, que terão de pagar a aposentadoria de 75 mil funcionários da Petrobras e suas subsidiárias. O cálculo dos conselheiros, baseado em dados que atribuem à própria Petros, é que, em cinco anos, os dois planos perderam pelo menos R$ 200 milhões. Esse montante, alegam, pode chegar a R$ 500 milhões, se for corrigido.

Fundação assumiu novos planos para seguir política pública do governo Lula

Alexandre Rodrigues – O Globo

RIO - Os problemas da Petros com planos de outras categorias têm origem no início do governo Lula, em 2003, quando a então Secretaria de Previdência Complementar (SPC), antecessora da Previc, tentou estimular a popularização da previdência privada entre os trabalhadores. Alterações na regulação do setor abriram a possibilidade de empresas, sindicatos e associações de classe criarem planos para suas categorias aderindo a um fundo de pensão já existente, em vez de criar uma nova entidade. Entre as grandes fundações, a Petros foi a que mais aceitou adesões desse tipo, virando o maior fundo multipatrocinado do país, com mais de 40 planos de previdência.

O problema é que pouca gente se interessou pelos planos. O EsportePrev, por exemplo, criado para atletas, tinha em 2012 apenas dois participantes. Com isso, as despesas administrativas dos fundos com poucos contribuintes recaíram sobre os dois principais fundos da Petros, os dos funcionários da Petrobras. O tema é tão sensível que acabou, pela primeira vez, unindo conselheiros indicados e eleitos no conselho fiscal.

No entanto, isso não significou uma nova correlação de forças no fundo. Desde o início do governo Lula, em 2003, a Petros é controlada por sindicalistas ligados à FUP e ao PT de São Paulo. O atual presidente do conselho deliberativo da Petros é Diego Hernandes, ex-dirigente da FUP que foi chefe de gabinete de José Eduardo Dutra quando ele assumiu a presidência da Petrobras em 2003 e gerente executivo de Recursos Humanos na gestão de José Sérgio Gabrielli. Atualmente, ele ocupa um cargo de gerência na área de serviços compartilhados da diretoria corporativa, que é dirigida por Dutra. Hernandes foi indicado pela Petrobras para a presidência do conselho deliberativo da Petros em 2011, assim como Nilton de Almeida Maia e Marcos Antonio Menezes, que são, respectivamente, gerentes do jurídico e da contabilidade da estatal. O antecessor de Hernandes no conselho era Wilson Santarosa, ex-dirigente da FUP de São Paulo que também tem cargo de gerência na Petrobras.

Como o conselheiro eleito pelos funcionários que integra a FUP passou a votar com os indicados pela Petrobras, os outros dois conselheiros eleitos, Silvio Sinedino, presidente da Associação dos Engenheiros da Petrobras (Aepet), e o aposentado Paulo Teixeira Brandão, são sempre voto vencido. Na mesma reunião em que não conseguiram evitar a aprovação das contas, os dois também foram derrotados no aval do conselho à nova diretoria executiva da Petros.

Carlos Fernando Costa, que era diretor de investimentos, virou diretor-presidente em fevereiro. Ele substituiu Luís Carlos Fernandes Afonso, ex-secretário de finanças da prefeitura paulistana na gestão de Marta Suplicy, que pediu demissão. Costa já teve vários cargos na área de finanças e arrecadação em prefeituras petistas como as de Santo André e São Paulo. Até o início do ano, ele era o diretor de investimentos da Petros. Para essa posição, o conselho deliberativo escolheu Newton Carneiro da Cunha, outro petroleiro ex-dirigente da FUP de São Paulo que foi secretário geral e diretor administrativo da Petros nos últimos dez anos.

Investimentos controversos da Petros preocupam empregados da Petrobras
O parecer do conselho fiscal da Petros que recomendou a rejeição das contas de 2013 também cita o déficit operacional de R$ 2,8 bilhões acumulado em 2013 no Plano Petros Sistema Petrobras, o principal da entidade, que é de contribuição definida. Num blog que mantêm na internet, os conselheiros eleitos admitem que o resultado está ligado à má fase da bolsa de valores e aos baixos rendimentos de investimentos variáveis que afetaram todos os fundos de previdência complementar no ano passado, mas apontam várias aplicações controversas recentes da Petros que prejudicam a rentabilidade. Entre eles, estão debêntures da Universidade Gama Filho, descredenciada pelo MEC e atolada em dívidas;títulos dos bancos BVA, Panamericano e Cruzeiro do Sul, que quebraram no ano passado; e ações da Lupatech, empresa de equipamentos que o governo queria transformar em grande fornecedora da indústria de petróleo e que acabou em recuperação judicial.

A Petros é o segundo maior fundo de pensão do país, com um patrimônio de mais de R$ 60 bilhões em investimentos. É sócio de grandes empresas, empreendimentos de infraestrutura e um dos maiores detentores de títulos do Tesouro.

— Todos os governos infelizmente utilizam os fundos de pensão de estatais para fomentar negócios de seus interesses. Foi assim nos governos Sarney, Collor, Itamar, FHC e Lula. É assim no de Dilma.

Os negócios propostos não serão necessariamente ruins para os participantes, mas a utilização política é sempre preocupante — diz Ronaldo Tedesco, conselheiro fiscal eleito.

Nos documentos enviados à Previc, os conselheiros também levantam dúvidas sobre a qualificação da consultoria BDO, contratada pela Petros para fazer a auditoria externa de suas contas. A consultoria é a mesma contratada pela Petrobras para assessorá-la na aquisição da refinaria de Pasadena, que se revelou um péssimo negócio para a estatal. Os conselheiros argumentam que a BDO não é uma das quatro grandes consultorias de experiência reconhecida usadas pelos maiores fundos do país.

— Essa questão política prejudica a correlação de forças. Como a FUP é ligada ao PT, o conselheiro que deveria votar com os funcionários vota com a Petrobras, que na prática tem 4 votos contra dois — diz Julio da Conceição, presidente da Associação de Mantenedores Beneficiários da Petros (Ambep).

O conselheiro eleito ligado à FUP negou que vote sempre com os indicados da Petrobras no conselho deliberativo.

— Os outros é que votam sistematicamente contra. Votei a favor das contas com ressalvas. A Petros está num momento de ajuste das taxas dos fundos. Não é possível saber quanto saiu dos planos principais para os deficitários. O fundo administrativo era único. É um valor muito baixo para um patrimônio de 60 bilhões — disse Paulo Cezar Martin.
O coordenador-geral da FUP, João Moraes, disse que a entidade é independente da Petrobras e lembrou que liderou uma greve dos petroleiros no ano passado. Procurada pelo GLOBO, a a Petros não se manifestou. A Previc informou que está impedida de se pronunciar sobre planos ou entidades específicas.

Dúvida cruel

Sonia Racy – O Estado de S. Paulo

Em meio à instalação de CPI da Petrobrás e quase um ano depois de o conselho de administração da estatal ter aprovado a oferta do BTG Pactual pela compra de 50% dos ativos da Petrobrás na África, por pouco mais de US$ 1,5 bilhão, o mercado foi acometido por súbita curiosidade.

Quer porque quer saber o valor da proposta feita pelo empresário libanês-nigeriano Gilbert Chagoury pelo mesmo ativo na mesma época.

Leia também

‘Laboratório lavanderia’ de doleiro preso mandou US$ 113 milhões para o exterior

Movimentação do dinheiro do Labogen, controlado por Alberto Youssef, ocorreu entre 2009 e 2013; relatório da Polícia Federal afirma que os objetivos da empresa eram ‘bem distintos de seu objeto social’

Fausto Macedo - O Estado de S. Paulo

O laboratório Labogen, controlado pelo doleiro Alberto Youssef, lavou US$ 113,38 milhões, entre janeiro de 2009 e dezembro de 2013. O poderio do esquema foi descoberto com a quebra de sigilo bancário e fiscal da empresa no âmbito da Lava Jato – operação deflagrada pela Polícia Federal em 17 de março, que derrubou organização criminosa liderada por Youssef e seu aliado principal, Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da Petrobrás.

O sofisticado esquema do “laboratório lavanderia” desprezou o surrado modelo dólar cabo – transferência virtual de valores para paraísos fiscais – e deu lugar ao uso de contratos de câmbio para importações fictícias de medicamentos. O dinheiro foi parar na China.

A Lava Jato descobriu que o laboratório firmou 1.945 contratos de câmbio em nome de duas coligadas, a Labogen Química Fina e Biotecnologia e a Indústria e Comércio de Medicamentos Labogen.

A primeira realizou 1.294 operações, que somaram US$ 75,31 milhões. A outra efetuou 651 “transações de papel”, ao valor global de US$ 38,07 milhões.

A lavanderia pode ter ocultado dinheiro sujo em volume ainda maior, alcançando a cifra máxima de US$ 184,44 milhões em quatro anos. A Procuradoria da República descobriu que as contas de outras três empresas foram utilizadas para movimentar recursos que o laboratório do doleiro amealhou por meio de contratos superfaturados em órgãos públicos.

Essas três empresas – Hmar Consultoria em Informática, GFD Investimentos e Piroquímica Comercial (fabricante de produtos farmacêuticos) – fecharam naquele período 991 contratos de câmbio para remessa de mais US$ 71,06 milhões para a China.

Beneficiários. A PF e a Procuradoria da República querem identificar os beneficiários reais do dinheiro ilícito aportado em contas de doleiros de Hong Kong e Taiwan, praças escolhidas pelo laboratório para avançar o ciclo da lavagem.

O laboratório é o foco central da Lava Jato porque liga o doleiro ao ex-diretor da Petrobrás – ambos presos em março – e ao deputado paranaense André Vargas, que anunciou anteontem sua desfiliação do PT após pressão dos próprios colegas de partido.

O ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha, pré-candidato ao governo de São Paulo pelo PT, é citado na Lava Jato. Usando o laboratório como carro-chefe, o doleiro tentou obter contrato milionário no Ministério da Saúde, amparado em um programa de parceria da pasta.

No grampo da PF, Vargas – que só pode ser investigado pelo Supremo Tribunal Federal por ser deputado – disse que Padilha indicou o executivo Marcus Moura para atuar no Labogen. O ex-ministro nega relações com o doleiro e rechaça a versão de que recomendou um profissional para o laboratório. O ministério diz que não celebrou contrato com o Labogen.

Para a PF, “pode-se estar diante de mais uma ferramenta para sangria dos cofres públicos, uma vez que os relatórios de inteligência financeira indicam claramente a atuação da empresa Labogen para objetivos bem distintos de seu objeto social”.

A Procuradoria imputa a Youssef e a Costa lavagem de dinheiro ilícito arrecadado a partir de corrupção e peculato. O ex-diretor da estatal teria recebido R$ 7,95 milhões em propinas no âmbito das obras supostamente superfaturadas da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco.

Controle. A “lavanderia” entrou em operação quando Youssef assumiu o controle do laboratório – oficialmente sob direção do administrador Leonardo Meirelles, “operador e testa de ferro” do doleiro, segundo a PF. A produção da “lavanderia” impressionou os investigadores. Os contratos de câmbio se sucederam em ritmo frenético, quase sempre em valores relativamente baixos, em média de até US$ 100 mil cada um, justamente para evitar cair no radar dos órgãos fiscalizadores.

“A organização criminosa agia estruturalmente ordenada, caracterizada pela divisão formal de tarefas e com o objetivo de obter, direta ou indiretamente, vantagem indevida derivada dos crimes de peculato, corrupção ativa e corrupção passiva e lavagem de dinheiro em detrimento da Petrobrás, entre 2009 até 2014”, sustenta a Procuradoria.

Leia também na Folha de S. Paulo:


O doleiro lava-jato

-Zero Hora (RS)

O doleiro Alberto Youssef começou a vida vendendo salgados, passou pelo contrabando de muamba paraguaia e hoje – preso pela Operação Lava-Jato, da PF – surge no centro de uma trama que envolve políticos de diferentes partidos e negócios suspeitos na Petrobras e no governo

Um rápido sobrevoo revela o boom imobiliário de Londrina, cidade paranaense de 485 mil habitantes. Graças à denúncia de um empresário do setor, lesado em um empreendimento, a Polícia Federal descobriu uma das maiores operações de lavagem de dinheiro do país. De quebra, a investigação revelou casos de corrupção na Petrobras e as relações incestuosas entre um doleiro e integrantes de diferentes partidos.

Com receio de novas descobertas, muita gente em Brasília dorme mal. O personagem do pesadelo é o doleiro Alberto Youssef, 47 anos. O menino que vendia salgados pelas ruas de Londrina agora é apontado como o responsável por lavar R$ 10 bilhões.

Os tempos de pasteleiro ficaram para trás assim que, ainda adolescente, Youssef vislumbrou novo mercado contrabandeando eletrônicos do Paraguai. Foi detido cinco vezes com muamba. Logo, Youssef descobriu um negócio mais vantajoso.

Com apoio de políticos corruptos, há duas décadas ele se envolve em casos de desvio de dinheiro público. Fez fortuna colecionando amigos poderosos, envolveu-se em escândalos como o do Banestado, no qual bilhões foram enviados para paraísos fiscais, e teve o nome ligado a réus do mensalão.

– O Banestado foi a catapulta para Youssef se firmar como o maior doleiro do país. Ele saiu praticamente quebrado e se recuperou rapidamente. Hoje, todos os doleiros giram ao redor dele – afirma o então promotor Luiz Fernando Delazari, um dos primeiros a denunciá-lo, 10 anos atrás.

As acusações contra Youssef se avolumam. Na quarta-feira, encabeçou uma lista de réus da Operação Lava-Jato. Entre outros crimes, é acusado de cometer 3.649 vezes o de evasão de divisas. Entre 2011 e 2013, remeteu para o Exterior cerca de US$ 450 milhões. O dinheiro, de acordo com as investigações, sairia do país para pagamentos de importações fictícias de empresas operadas por laranjas.

Segundo a PF, o dinheiro movimentado pelo doleiro circula no submundo do crime, envolve tráfico internacional de drogas e até contrabando de diamantes de uma reserva indígena em Mato Grosso. Entre seus comparsas, estão Maria de Fátima Stocker – braço financeiro de uma organização que fornecia cocaína para a máfia italiana, desmontada pela PF em março – e Nelma Kodama, que aparece em grampos como "Cameron Díaz", presa com US$ 200 mil na calcinha, quando embarcava para Milão.

Mas o que vem deixando gente com insônia são as ramificações de Youssef na vida pública. Além de ter sido flagrado trocando mensagens por celular com o deputado paranaense André Vargas (que pediu desfiliação do PT na sexta-feira), o doleiro tem relações com três dezenas de políticos, segundo comenta-se no Congresso.

Gente de PT, PP e PMDB, entre eles réus do mensalão, como o ex-assessor do PP, João Cláudio Genu. À época do esquema, foi Youssef quem delatou o Banco Rural e a corretora Bônus-Banval. O banco emprestava dinheiro ao PT, e a corretora fazia os pagamentos ao PP. Sua aproximação com os políticos começou em Londrina, com o falecido deputado José Janene (PP-PR), outro mensaleiro graúdo.

– A ligação dele sempre foi com o Janene – diz a vereadora Sandra Graça (ex-PP, hoje no Solidariedade).

Da Kombi ao jatinho
Após a morte de Janene, Vargas herdou as relações com o doleiro. Quem acompanha a ascensão do petista percebe o dedo de Youssef antes mesmo de o caso do jatinho vir à tona.

– Ele começou fazendo campanha em uma Kombi, hoje tem uma mansão – afirma um ex-cabo eleitoral.

A casa de Vargas não consta na declaração de bens registrada na Justiça Eleitoral. Foi erguida em um dos novos condomínios de luxo de Londrina e tem como vizinhos ilustres o narrador Galvão Bueno, o apresentador Ratinho e o cantor Luan Santana. Youssef mora em um apartamento na Vila Nova Conceição, em São Paulo, um dos metros quadrados mais caros do país.

A relação do doleiro com poderosos do PT e com o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa começou a causar inveja em antigos aliados. "Você se aproximou do PR. Não tenho ciúme, mas me sinto traído. Hoje está poderoso, cortejado por todos, resolve tudo para todos", queixou-se Genu, em um e-mail interceptado pela PF.

As iniciais "PR" referem-se a Paulo Roberto Costa. Ele e Youssef são suspeitos de montar uma rede com fornecedores da Petrobras, empresas fantasmas e offshores no Exterior, que fechariam contratos fraudulentos. A suspeita é de que parte do dinheiro seria usada para pagar propina a políticos. A sociedade com "PR" fez a banca de Youssef crescer, assim como a entrega de dinheiro. Em uma caderneta do ex-diretor, aparecem iniciais de políticos ao lado de cifras.

Em março, enquanto o doleiro era preso no Maranhão, a PF explodia seu bunker em Londrina. Ele operava no hotel Blue Tree. Em outro escritório, foi apreendida quase uma central de telefones móveis: 27, ao todo. Outros sete estavam com o doleiro, com um sistema para interceptar grampos. As ligações e as mensagens feitas por esses aparelhos serão agora mapeadas pela PF, o que explica o nervosismo de muita gente em Brasília.

Esquema do doleiro operou nos correios

Investigação aponta elo entre Alberto Youssef e a JN Rent a Car, que embolsou R$ 77,5 mi em contratos com a estatal. Testemunha diz que a locadora era usada para lavar dinheiro

Claudio Dantas Sequeira – IstoÉ

Em 2005, os Correios foram o pivô do maior escândalo de corrupção da era petista no poder, o mensalão. Agora, nove anos depois, a estatal reaparece enredada em outro caso de potencial explosivo. A Polícia Federal, dedicada nos últimos dias a apurar o envolvimento de funcionários públicos no esquema desbaratado pela Operação Lava Jato, encontrou fortes indícios de que o doleiro Alberto Youssef operou, além da Petrobras e do Ministério da Saúde, também nos Correios. O elo entre o doleiro e a estatal é a JN Rent a Car, cujo nome fantasia é Renacar. Esta empresa de aluguel de carros, sediada em Londrina (PR) e pouco conhecida no mercado, embolsou, em oito anos, mais de R$ 77,5 milhões em contratos com os Correios. No inquérito da PF, a JN aparece fazendo transações financeiras com a MO Consultoria, do doleiro Youssef. De 2005 até 2013, a locadora de veículos multiplicou seus ganhos nos Correios em até 20 vezes, com a ampliação e renovação automática de contratos que receberam nada menos que dez aditivos. O proprietário da JN Rent a Car é uma figura conhecida do meio político e policial: trata-se de Assad Jannani, irmão e um dos testas de ferro do ex-deputado José Janene (PP), réu do mensalão que morreu em 2010 de enfarte e que era um dos parlamentares mais próximos de Youssef.

Outra vez nos correios
Pivô do mensalão, a estatal reaparece em novo escândalo. Segundo a PF, o doleiro Alberto Youssef usou prestadora de serviços da estatal

"Eles usavam a JN Rent a Car para lavar dinheiro", afirmou em depoimento exclusivo à ISTOÉ a testemunha-chave da Operação Lava Jato, o empresário Hermes Magnus. Foi através de Magnus que a PF soube, no fim de 2008, que o doleiro Alberto Youssef, velho conhecido dos policiais, tinha voltado a operar. Para ISTOÉ, Magnus, ex-sócio de José Janene, detalhou como funcionava o esquema:

"Lembra os euros apreendidos com o Enivaldo Quadrado, doleiro que virou réu do mensalão? Era para comprar os veículos dos contratos de locação com os Correios", disse o empresário. "Lembro do Janene comemorando o negócio e depois lamentando a apreensão do dinheiro. Eles estão nos Correios. Na verdade, nunca saíram de lá." Magnus se aproximou de Janene quando buscou um investidor para sua empresa, a Dunel Indústria e Comércio. Ele diz ter se surpreendido quando viu sua empresa usada como lavanderia de dinheiro no esquema de Youssef. "Para comprar os equipamentos, eles usaram diversas empresas de fachada, a maioria em Brasília. No início, queriam colocar tudo em nome da JN Rent a Car", conta Magnus.

O sucesso da JN Rent a Car nos Correios foi meteórico. De um faturamento de R$ 1,4 milhão, em 2005, a locadora passou a ganhar mais de R$ 20 milhões em 2009. Ela prestou serviços para a estatal em dez Estados da Federação: São Paulo (região metropolitana e interior), Minas Gerais, Espírito Santo, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Maranhão, Bahia, Ceará, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Só o contrato de São Paulo de 2006 foi aditivado dez vezes. Para fornecer 80 kombis aos Correios, a JN Rent a Car recebeu pouco mais de R$ 15 milhões. Um investimento e tanto para quem investiu apenas um terço desse valor – e com dinheiro provavelmente obtido do esquema de lavagem, limpo de impostos e de origem ilegal. Segundo os Correios, cada Kombi custou R$ 1,4 mil por mês.

No inquérito da Polícia Federal fica evidente a ligação da JN com o esquema de lavagem. A quebra de sigilo bancário do doleiro preso mostra a compensação de um cheque de R$ 204.157 emitido pela MO Consultoria, de Alberto Youssef, para a JN, em 9 de janeiro de 2009. Naquele dia não houve outras operações relevantes, embora na primeira semana do ano a movimentação bancária da MO tenha superado os R$ 2,5 milhões. Relatório da inteligência financeira do Coaf, número 4.030, enfatiza o relacionamento da MO Consultoria com a empresa JN Rent a Car Ltda. e uma outra firma, chamada Angel Serviços Terceirizados, ambas investigadas nos autos por "indícios de utilização de pessoas interpostas" para as operações de lavagem de dinheiro. A PF afirma que a empresa de Youssef estava em nome do laranja Waldomiro Tuna de Oliveira, que também aparece no comando de outras empresas de fachada. E se refere à JN como uma "empresa que foi de propriedade de José Janene". Para os agentes que investigam o caso, só a quebra do sigilo bancário da locadora pode mostrar o verdadeiro destino dos R$ 77,5 milhões que escorreram dos cofres dos Correios nos últimos oito anos.

A quebra de sigilo bancário do doleiro preso mostra a compensação de um cheque de R$ 204 mil emitido pela MO Consultoria, de Alberto Youssef, para a JN Rent A Car

Em dezembro de 2012, a JN acabou penalizada pelos Correios por descumprir "cláusulas contratuais". A questão era mais que uma firula: as 80 kombis da JN que prestavam serviços à estatal haviam sumido. Por causa de uma dívida não paga da locadora com a Volkswagen, oficiais de justiça tinham desembarcado em agências de Ribeirão Preto e começado a apreender os veículos. Os Correios ficaram sem conseguir entregar encomendas e cumprir com suas agendas de atividades.

Na entrevista à ISTOÉ, o empresário Hermes Magnus fornece outros elos do esquema criminoso. Ele diz ter decidido pular fora da sociedade na Dunel Indústria e Comércio quando Youssef e Janene o obrigaram a assinar uma papelada para abrir offshores da empresa. A Dunel começaria a ser usada pela CSA Projetct Finance (braço financeiro de Youssef) para lavar dinheiro. Primeiro, nas Ilhas Virgens Britânicas, depois nas Bahamas e assim por diante. Segundo Magnus, o esquema obedece a uma lógica complexa que envolve a criação de offshores em até cinco níveis, uma dentro da outra, e diferentes paraísos fiscais. No plano nacional, a teia de empresas chega a até dez níveis de sociedades. "Quando o Youssef estava chegando do Exterior com os documentos para eu assinar, fugi e contei tudo para a PF", revelou Magnus. Com base nas declarações do empresário, o juiz Sérgio Moro montou uma força-tarefa com a Polícia Federal e o Ministério Público em Londrina para detê-lo. "Para eles, prender o Youssef era uma questão de honra, pois ele enganou a todos em 2003 quando tinha acertado uma delação premiada e prometido não operar mais", afirmou Magnus à ISTOÉ.

Em 2012, a JN Rent A Car foi penalizada pelos Correios por descumprir cláusulas contratuais. As 80 kombis da JN que prestavam serviços à estatal haviam sumido

Segundo o empresário, a JN, que ganhara a licitação milionária nos Correios, estava enredada nessa teia de corrupção. Em 2009, a PF obteve uma pista para prender Enivaldo Quadrado (doleiro réu no mensalão) no Aeroporto Internacional de Cumbica, em Guarulhos (SP). Sócio da corretora Bônus-Banval e condenado pelo Supremo Tribunal Federal na Ação Penal 470, Quadrado fora pego na ocasião com 361 mil euros, equivalentes a R$ 1,2 milhão, em maços de notas presos ao corpo, nas meias e até na cueca. Magnus conta que era para ele estar no lugar de Enivaldo Quadrado. "Mas eu não aceitei ser "mula" (pessoa que carrega o dinheiro e entrega no destino combinado) do esquema", alega. "Eu estava na Europa semanas antes. Deram para mim um celular Voip e queriam um favor. Eu desconfiei e nem liguei o telefone. Duas semanas depois, entendi o porquê", desabafa. Magnum suspeita que parte dos euros do corretor seria usada para a compra dos veículos da JN Rent a Car.

Euros apreendidos com o doleiro Enivaldo Quadrado seriam usados para a compra dos veículos da JN Rent A Car

Os investigadores avaliam que o esquema se beneficiou especialmente das gestões do PMDB no comando da estatal, com a anuência do PT, repetindo o enredo que deflagrou as denúncias do mensalão. Nos últimos dias, a PF e o Ministério Público Federal colheram novos e robustos indícios de que Youssef era o braço financeiro de Janene e que este não era apenas mais um deputado mensaleiro, e sim um dos principais operadores políticos do esquema, que já funcionava antes de o governo do PT chegar à Presidência e que continuou operando depois do escândalo do mensalão. "Janene e Youssef eram unha e carne, como uma pessoa só. Entraram seus herdeiros", confirmou Magnum à ISTOÉ. Quando ele morreu, só moveram as peças do tabuleiro.

Suspeita sobre Padilha põe Planalto em alerta

Núcleo reeleitoral de Dilma e direção do PT montam operação para tentar lidar com crise na pré-campanha paulista

Vera Rosa , Tânia Monteiro - O Estado de S. Paulo

BRASÍLIA - A campanha do PT em São Paulo aflige o Planalto. A preocupação não é apenas com o socorro do ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha, pré-candidato do partido à cadeira do governador Geraldo Alckmin (PSDB), mas com a blindagem da presidente Dilma Rousseff no maior colégio eleitoral do País.

A Polícia Federal levantou a suspeitas sobre Padilha após interceptar mensagens telefônicas trocadas entre o deputado licenciado André Vargas (PR) e o doleiro Alberto Youssef, acusado de liderar esquema de lavagem de dinheiro que usava, entre outras empresas, o laboratório Labogen. Em uma das mensagens, Vargas sugere o nome de um ex-funcionário do Ministério da Saúde para ocupar um cargo no laboratório e diz que foi Padilha quem o indicou - naquela época, em novembro, o Labogen tentava fechar um negócio de R$ 6,2 milhões ao ano com a pasta comandada por Padilha.

Anteontem, o pré-candidato ao governo paulista decidiu vir a público para negar com veemência que tenha indicado o ex-assessor para o laboratório.

Pressionado, Vargas pediu a sua desfiliação do PT - ele ainda tenta manter o mandato.

O plano de reação prevê nova ofensiva do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no palanque paulista, em caravanas pelo interior, após o Encontro Nacional do PT, em 2 e 3 de maio, quando a sigla aprovará as diretrizes do programa de governo de Dilma.

O evento ocorrerá em São Paulo com a presença de Lula, Dilma e Padilha. O PT quer aproveitar o encontro para mostrar unidade diante da crise.

Ontem, ao lado do presidente do PT, Rui Falcão, Padilha recebeu apoio de dirigentes do PC do B. A sigla vai indicar um suplente ao Senado na chapa do PT. "O jogo tem que ser jogado no campo. Nós não vamos aceitar que o jogo seja ganho no tapetão", disse o presidente estadual do PC do B, Orlando Silva, que foi ministro do Esporte e deixou a pasta após denúncias de irregularidades. O presidente nacional da sigla, Renato Rabelo, afirmou que há vazamento de "informações escolhidas e selecionadas" das investigações da Operação Lava Jato.

Marcas. As últimas pesquisas encomendadas por João Santana, marqueteiro de Dilma, assustaram a coordenação da campanha. As sondagens revelam que muitos eleitores não enxergam a ação do Estado em programas sociais do governo, como o Bolsa Família e o Minha Casa Minha Vida, por exemplo.

Para a maioria dos entrevistados, a melhoria de vida é fruto de esforço próprio. Agora, Dilma e Lula vão tentar colar essas marcas ao governo e uma delas, a do Mais Médicos, será sempre associada a Padilha. Com discurso voltado para a nova classe média, o PT procurará vender a ideia de um "país de oportunidades".

A eleição em São Paulo merece atenção redobrada, na avaliação de integrantes do governo. Para eles, tudo está conspirando contra o PT no Estado e isso poderia causar mais desgaste à campanha num momento em que o Planalto está na mira da CPI da Petrobrás./ Colaborou Ricardo Chapola

PT e Padilha em estado de alerta

Bancada federal do partido em São Paulo discute hoje a situação do pré-candidato ao governo estadual, citado em conversas de doleiro interceptadas pela PF

João Valadares – Correio Braziliense

Diante da citação do nome de Alexandre Padilha (PT), pré-candidato ao governo de São Paulo, na Operação Lava-Jato, que investiga esquema de lavagem dinheiro e evasão de divisas com atuação de doleiros em torno de R$ 10 bilhões, a bancada federal da legenda no estado se reúne hoje emergencialmente com o ex-ministro da Saúde para avaliar o estrago eleitoral da denúncia. O encontro não foi divulgado oficialmente. No discurso, petistas avaliaram como bastante positivo o posicionamento do ex-ministro, que negou ligação com o doleiro Alberto Youssef, e não cogitam a substituição do nome dele para a disputa eleitoral. No entanto, nos bastidores, há o temor de que novas revelações enfraqueçam ainda mais Padilha, que ainda patina nas pesquisas de intenção de voto.

Um parlamentar petista ouvido reservadamente pelo Correio afirmou que a substituição do pré-candidato não foi ventilada no momento, mas “é preciso esperar, porque ainda não sabemos se vem mais coisa por aí”. A avaliação é de que, até agora, as denúncias contra o ex-ministro são “fofas demais e não o vinculam diretamente ao doleiro Alberto Youssef (considerado líder da organização criminosa)”.

Em 2006, em Pernambuco, o senador Humberto Costa (PT-PE) viveu situação parecida. Na ocasião, ele era candidato ao governo do estado contra o governador Medonça Filho (DEM). Ocupava o segundo lugar com folga nas pesquisas, até a Polícia Federal desencadear, em maio, a chamada Operação Sanguessuga, que apurou a máfia das ambulâncias na época em que o petista era ministro da Saúde. Como consequência, Eduardo Campos (PSB) cresceu nas pesquisas, Humberto Costa ficou de fora do segundo turno e o socialista venceu o pleito. Posteriormente, o petista pernambucano foi inocentado de qualquer envolvimento com o esquema investigado.

Na sexta-feira, a presidente Dilma Roussef deve se reunir com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para conversar sobre as denúncias que atingiram petistas e o governo federal, incluindo a situação de Padilha. A estratégia do Palácio do Planalto é deixar a presidente distante de qualquer polêmica relativa a denúncias envolvendo integrantes da legenda na Operação Lava-Jato.

O nome de Padilha surgiu após interceptação de mensagens de 28 de novembro passado trocadas entre o deputado André Vargas (PR), que se desfiliou do PT na sexta-feira, e o doleiro. Os dois comentam a indicação de Marcus Cezar Ferreira de Moura para a Labogen, um laboratório de fachada utilizado por Youssef para, entre outros ilícitos, realizar remessas de dólares para o exterior. O deputado paranaense, que renunciou ao cargo de vice-presidente da Câmara após a descoberta do envolvimento dele com Youssef, teria passado ao doleiro o contato do executivo e avisado que foi Padilha quem o indicou.

Desagravo
Em evento para anunciar o apoio do PCdoB à pré-candidatura do petista ontem, Padilha afirmou que “não tem medo de cara feia e de injúrias”. Coube ao presidente do PT, Rui Falcão, o discurso mais incisivo contra o PSDB paulista, que lançou ofensiva contra o ex-ministro. “A oposição não tem moral para querer fazer algum tipo de debate ético. Eles estão envolvidos no cartel do metrô e outras coisas. São calúnias que não vão prosperar”, afirmou. O presidente do PCdoB em São Paulo, Orlando Silva, que deixou o Ministério do Esporte após envolvimento em denúncias de corrupção, também fez a defesa de Padilha. “O jogo tem que ser jogado em campo. Não adianta querer ganhar a partida antes de o jogo começar.”

A semana promete ser agitada. Os tucanos decidiram acionar o Ministério Público Federal no Distrito Federal para que as revelações em torno de Padilha sejam apuradas. A sigla também vai protocolar pedido para que o ex-ministro da Saúde esclareça os fatos na comissão de Fiscalização e Controle da Câmara.

Trégua entre Aécio e Campos será testada

PSDB e PSB já trabalham com divergências entre os dois pré-candidatos, mas apostam no bom nível do debate

Junia Gama – O Globo

BRASÍLIA - A lua de mel entre os presidenciáveis Aécio Neves (PSDB-MG) e Eduardo Campos (PSB-PE) pode estar próxima do fim. Há entre os dois adversários da presidente Dilma Rousseff um pacto de boa convivência e um acerto informal de apoio mútuo a quem chegar em um eventual segundo turno das eleições de outubro. Ambos lançaram suas pré-candidaturas nas últimas semanas, e a expectativa de lideranças dos dois partidos é que as divergências entre o pernambucano e o mineiro comecem a aparecer ao longo da campanha. As críticas, no entanto, devem ter um tom moderado, menos agressivo do que Campos e Aécio têm adotado em relação à presidente Dilma.

Apesar de dizerem, em tom de brincadeira, que podem ir os dois para o segundo turno, deixando Dilma de fora da decisão, tanto Campos quanto Aécio trabalham com a hipótese mais provável de que um deles seja eliminado na primeira etapa da corrida presidencial. Por isso, a intenção é manter um clima de "amizade moderada", com uma calculada distância para se sobressaírem com suas propostas, mas unindo forças para enfraquecer a principal rival.

- Há uma política de respeito, mas claro que ao longo da campanha os candidatos apresentarão suas diferenças nas propostas. Durante o debate, as críticas vão aflorar, mas os dois são amigos, se respeitam e investem muito no diálogo. Será uma campanha de alto nível entre os dois. A postura é mais dura com Dilma porque é natural que quem está no governo seja mais criticado - afirma o senador Rodrigo Rollemberg (DF), líder do PSB.

Do lado de Campos, haverá uma preferência por centrar as críticas aos governos tucanos passados, ao invés de personalizar ataques contra Aécio. No discurso do socialista deverão estar presentes ressalvas a processos conduzidos pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, como a emenda da reeleição, a forma como foram feitas as privatizações e a política energética. Para essa postura, aliados de Aécio devem responder à altura:

- Nossas diferenças são em relação ao governo Dilma. Até pouco tempo atrás Eduardo Campos participava desse governo. Já estamos fora do poder há 12 anos, não adianta levar as críticas para esse lado - adverte o senador Cássio Cunha Lima (PSDB-MG), que destaca, porém, que será mantido o nível do debate.

Candidato do PSB critica distribuição de cargos ao atacar governo Dilma

Também presente a evento na capital, Marina Silva diz que política macroeconômica do país está ‘por um triz’

Álisson Campos – O Globo

MANAUS- O pré-candidato do PSB à Presidência, Eduardo Campos, afirmou ontem, em Manaus, que é possível governar sem distribuição de cargos, ao criticar o atual governo federal. A declaração foi feita em discurso na abertura do 4º Seminário Regional Programático, na capital do Amazonas.

— Vamos colocar o fisiologismo e o atraso na oposição. Não vamos governar na base da vantagem, da aliança fisiológica, negando nossa história — disse o presidenciável do PSB, partido que já fez parte do Ministério de Lula e de Dilma Rousseff.

Participaram do encontro em Manaus, além de Campos, a ex-ministra Marina Silva, vice na chapa do socialista; o presidente nacional do PPS, Roberto Freire; o senador pelo Amapá João Capiberibe (PSB); e o governador de Roraima, Francisco Rodrigues (PSB).

Em seu discurso, Marina afirmou que o país está “por um triz” na questão econômica, porque o governo federal, de acordo com ela, negligenciou o tripé da política macroeconômica:

— Obviamente que a população não quer perder a esperança de que a estabilidade econômica continue, de que a inclusão social continue, nem em uma educação que gere modelo de igualdade e de oportunidade — avaliou Marina.

Roberto Freire também fez coro com a crítica ao governo federal.

— Este é um governo que se desmilingue, e não é apenas pela crise política, nem pela crise de corrupção ou pela má gestão, é também porque seus aliados já não percebem perspectiva futura para manter-se juntos.

Não seria nada estranho se amanhã o PMDB fracionasse a aliança com o governo nos estados — avaliou Freire.

Presidenciável Eduardo Campos terá dois palanques no Amazonas

Pré-candidato a presidente pelo PSB contará, no Amazonas, com as estruturas de campanha de dois candidatos ao Governo do Estado

Luciano Falbo – A Crítica (AM)

De olho nos 2,2 milhões de votos dos amazonenses, o pré-candidato a presidente da República e ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos (PSB) reforçou nesta sexta-feira (25), durante visita a Manaus, a montagem de palanque duplo para ele no Amazonas. A estrutura de apoio para a chapa Campos/Marina será lastreada pelas candidaturas ao governo do Estado do deputado Marcelo Ramos (PSB) e do vice-prefeito de Manaus Hissa Abrahão (PPS). Os dois aspirantes ao posto de governador voltaram a afirmar, ontem, que não abrirão mão de disputar a eleição majoritária de outubro.

Eduardo Campos disse que não vai interferir nas decisões locais e que ter o palanque dividido não é problema. “Se aqui (no Amazonas) os partidos que nos ajudam a construir a mudança no Brasil tiverem uma candidatura, nós teremos uma candidatura. Se tiver duas, teremos duas... Quem tem que decidir isso são os partidos daqui. Levando em consideração o interesse da nossa candidatura? Não. Levando em consideração os interesses do Amazonas”, disse.

“Vou apoiar as candidaturas do meu conjunto político. Até porque é uma eleição em dois turnos. Se o meu conjunto tiver quatro candidaturas, eu vou falar com as quatro candidaturas... Se tiver uma, ótimo, vou estar com uma. Não vou ter nenhum constrangimento. Eu já convivi com essa situação”, afirmou.

As declarações foram dadas na Câmara Municipal de Manaus (CMM) onde Eduardo Campos recebeu o título de cidadão manauara. O presidenciável aproveitou a homenagem, de autoria dos vereadores Elias Emanuel e Marcelo Serafim, ambos do PSB, como o primeiro palco para testar o discurso que adotará na campanha no Amazonas. Fez críticas à gestão da presidente Dilma Roussef (PT) no Governo Federal. Para o Estado, defendeu investimentos em infraestrutura, pesquisa, agricultura e turismo, além de dizer que sempre foi um defensor da Zona Franca de Manaus (ZFM).

Agenda
À tarde, na companhia da ex-senadora Marina Silva, Eduardo Campos visitou a fábrica da Moto Honda, no Distrito Industrial de Manaus. Depois, foi ao Instituto de Pesquisas da Amazônia (Inpa). À noite, Marina participou de encontro com jovens na Assembleia Legislativa do Amazonas (ALE-AM). A agenda dos dois pré-candidatos em Manaus terá continuidade neste sábado. A partir das 9h, na ALE-AM, eles participam de um encontro com lideranças do PSB, Rede, PPS e PPL para discutir as diretrizes do programa de governo da aliança partidária para a região Norte.

Luiz Werneck Vianna: Está esquisito

- O Estado de S. Paulo

Está esquisito: a que se devem essa difusa sensação de mal-estar e esses pequenos abalos que vêm surpreendendo a rotina do cotidiano não só nos grandes centros metropolitanos? Por que uma parte da juventude escolarizada se empenha, nos espaços da internet, na procura por um herói sem rosto e anônimo - a multidão, construção cerebrina da fabulação de profissionais de utopias, de quem se espera a recriação do nosso mundo?

Também está esquisita essa descrença generalizada nas pessoas e nas instituições diante da Constituição mais democrática da nossa história republicana e das políticas bem-sucedidas de inclusão social levadas a efeito nos últimos governos. Esquisitice que beira a ironia quando se constata que as Forças Armadas, em meio a um processo de revisão da Lei da Anistia que as contraria, são mobilizadas para tudo, até para intervenção direta na questão social, como na chamada pacificação das favelas cariocas. E, como se sabe, não haverá Copa do Mundo sem elas.

É crível compreender tal estado de coisas pelo preço dos tomates? E quanto às jornadas de junho, ainda resiste a explicação singela de que foram desencadeadas pelo aumento em centavos dos preços das passagens dos serviços de transportes urbanos? Faz algum sentido esperar pela próxima campanha à sucessão presidencial com o olhar fixo nos índices da inflação? O mal-estar pode até ser medido, como se pode ver nas recentes pesquisas eleitorais que indicam robustos 24% do eleitorado com a opção de votos brancos e nulos, inocentando o observador de fazer uma avaliação idiossincrática.

O economicismo, ideologia reinante entre nós, fruto nativo do nosso longevo processo de modernização, retruca com acidez aos argumentos que lhe são estranhos com o bordão "é a economia, estúpido!", com o que filosofa sub-repticiamente, identificando o homem real com o consumidor, e não com o cidadão, a seu juízo uma simples abstração.

Nessa visão rústica da dimensão do interesse, somente o que importa é o bolso, o poder de compra, e as ideias e as crenças de nada valem, dando as costas a lições de clássicos como Marx e Weber, que estudaram seu papel na produção da vida material. Basta lembrar a análise do primeiro sobre a ética calvinista e a formação do espírito do capitalismo e a afirmação do segundo sobre como as ideias podem se tornar uma força material.

Alexis de Tocqueville, em sua obra-prima dedicada ao estudo da Revolução Francesa, O Antigo Regime e a Revolução, demonstrou não só a importância para a produção daquele evento, capital na passagem para o mundo moderno, do papel das ideias e dos intelectuais - os iluministas que forjaram o conceito de direito natural com base na Razão -, como expôs, com base em sólida empiria, o processo especificamente político com que a monarquia se teria isolado da sua sociedade, em particular do Terceiro Estado, a sociedade civil da época. E sem deixar de registrar que, às vésperas da revolução, a França estaria conhecendo um bom momento em sua economia, e que o campesinato - personagem decisivo naqueles acontecimentos - estaria experimentando um inédito movimento de acesso à terra.
Entre nós, desde que se fixou a hegemonia do viés economicista no senso comum, para o que a influência do marketing político tem sido considerável, toldando a percepção do que é próprio à política como o lugar da produção de consenso e de legitimação do poder incumbente, nada de surpreendente que ela venha sendo degradada a um mero registro desconexo de questões de bagatelas.

Esquisito, então, que a presidente da República, quadro do Partido dos Trabalhadores (PT), possa vir a ter sua indicação à sucessão presidencial substituída pela do presidente de honra do seu partido, seu mais ilustre personagem e responsável por sua eleição, caso não sustente até o momento da convenção partidária indicadores aceitáveis de inflação. Esquisito que a Copa do Mundo, a ser disputada em nossos estádios pela nossa seleção de futebol, a Pátria de chuteiras - expressão que, como sentimos, tem seu quinhão de verdade -, seja recebida pelos brados de "não queremos Copa!", inclusive por um partido político no seu horário eleitoral.

Debalde procurarmos as razões desse estado de coisas na dança dos indicadores econômicos. Elas estão noutra parte, visível o fio vermelho com que ele se liga às jornadas de junho, que denunciaram a distância entre o governo e a sociedade civil, especialmente da juventude. Em princípio, isso não era para ser assim, uma vez que o PT tem em suas marcas de fundação a vocação para agir na sociedade civil e favorecer sua organicidade - e, de fato, começou sua história fiel a essa orientação -, de resto, refratárias à época, em certos casos até acriticamente, ao Estado e à sua história institucional.

No governo, porém, essa plataforma de lançamento cedeu, com uma guinada em favor da recuperação da política de modernização da nossa tradição republicana, aí compreendida até a vigente no regime militar. Nos seus fundamentos, passam a ser incorporados elementos da estratégia política de Vargas, com a ampliação do Estado a fim de nele incluir sindicatos e movimentos sociais, em alguns casos mesmo que informalmente, caso do Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST).

Essa inclusão, contudo, não significou a adesão a um programa e a uma política, mas a satisfação de interesses segmentados, como atesta hoje o quadro atual da fragmentação das centrais sindicais. O triunfo maior da lógica dos interesses sobre a política veio com a adoção, e o sucesso, do programa Bolsa Família, perfeitamente compatível com os princípios neoliberais de raiz economicista. Sob esse registro, a sociedade não se educou nem se organizou, e corre o risco de se converter na multidão dos profetas apocalípticos que estão por aí. Ficou esquisito.

* É professor pesquisador da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio)

Elio Gaspari: Tião Viana desovou os haitianos

- O Globo

Na semana em que o Papa Francisco canonizou José de Anchieta, o governo do Acre completou a desova, em São Paulo, de 400 haitianos que se refugiaram no Brasil.

É um truque velho, usado até mesmo com brasileiros. Quando um prefeito incomoda-se com a chegada de migrantes, dá-lhes algum dinheiro e passagem de ida para outro lugar, desde que não apareçam mais por lá.

Em São Paulo, os haitianos ficaram sob a proteção da Igreja Católica. No século XVI, quando Anchieta andava pelo Brasil, a cultura europeia entendia que os índios nem gente eram.

Passaram-se cinco séculos, o governador Tião Viana mandou refugiados haitianos para São Paulo e acusou a “elite paulista” de “preconceito”, quando uma secretária do governo estadual classificou seu comportamento como “irresponsável”.

Foi ele quem exportou os refugiados, sem dar um só telefonema ao prefeito petista Fernando Haddad. O problema que está no seu colo deveria ser tratado com o ministro petista da Justiça, não com a empresa de ônibus.

Não é justo que a economia do Acre receba o impacto de 20 mil refugiados, mas a solução de Viana foi demófoba e sua justificativa, demagógica. Salvo a elite petista, nenhuma outra tem algo a ver com isso.

Os haitianos estão amparados pela mesma fé que movia Anchieta, na paróquia de Nossa Senhora da Paz. Faltaram recursos, comida e até mesmo colchões ao padre Paolo Parise, que cuida do lugar.

Há dias, voluntários começaram a chegar à paróquia. Alguns foram cozinhar, outros ofereceram empregos. Até quinta-feira, a paróquia não havia recebido qualquer ajuda federal, estadual ou municipal.

O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, faz o que deve, o comissário Fernando Haddad, também, e Tião Viana diz o que quer. Juntando tudo, nada.

João Bosco Rabello: PT investigado e dividido

- O Estado de S. Paulo

Desde a declaração da presidente Dilma Rousseff de que fora ludibriada pela diretoria da Petrobrás que conduziu a operação de compra da refinaria de Pasadena, consolidou-se e ganhou visibilidade o conflito entre sua gestão e a do ex-presidente Lula.

Insatisfações por interesses contrariados levaram uma parcela do PT a alinhar-se contra o governo Dilma na forma do movimento pela volta de Lula, tanto mais viável quanto menor a popularidade da presidente.

O deputado André Vargas, agora ex-PT , por conveniência mútua, é um dos líderes do coro "Volta, Lula", tanto quanto os deputados Cândido Vaccarezza (PT-SP) e Vicente Cândido (PT-SP), outros que começam a se enredar na trama que comprometeu o ex-vice-presidente da Câmara.

O ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha, o ex-diretor da Petrobrás Paulo Roberto Costa e o ex-presidente da empresa José Sérgio Gabrielli também são escolhas de Lula, ainda que o dirigente preso o seja por via indireta. Mas com ele conviveu administrativamente - e bem.

Um ponto comum entre todos esses lulistas é o doleiro Alberto Youssef, com digitais na Petrobrás e no Ministério da Saúde - com Paulo Roberto Costa na primeira e André Vargas no segundo.

Vargas arrecadava para campanhas do PT e de aliados, assim como Costa se mantinha diretor da Petrobrás porque desviava recursos - e não apesar disso. Ambos tinham sempre a companhia de Alberto Youssef, o que reforça a destinação eleitoral dos recursos.

É o que torna delicada a situação do ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha. O montante do dinheiro que sairia pelo duto da pasta que comandou - R$ 30 milhões - para o laboratório Labogen, de Youssef, só foi estancado pela denúncia.

Agora complementada pela gravação em que Vargas atribui a Padilha a indicação de diretor para a Labogen. Embora ao ex-ministro ainda caiba o benefício da dúvida, a lógica da teia impõe explicação clara, rápida e melhor do que a oferecida nas primeiras 24 horas.

Nem se pode atribuir a uma vingança do deputado contra o PT a denúncia, porque a declaração que compromete o ex-ministro foi gravada sem que Vargas, obviamente, já se soubesse parte da escuta telefônica autorizada para Paulo Roberto Costa.

Entre o Ministério da Saúde e a Petrobrás, há Alberto Youssef, que lavava verbas desviadas para campanhas, o que projeta esquema maior e com mais personagens ainda ocultos.

As denúncias conhecidas atingem o projeto de continuidade do PT, mas com predominância da ala lulista anti-Dilma, o que, se não melhora a situação da presidente na eleição, pode reduzir as chances de retorno do antecessor.

Tereza Cruvinel: Sob dois fogos

Em 2006 e 2010, o PT enfrentou escândalos políticos, mas o desgaste foi compensado pelos resultados econômicos. Agora, enfrentará adversidades nas duas frentes

A CPI da Petrobras e as conexões entre a estatal e o esquema chefiado pela dupla Youssef-Paulo Roberto Costa prometem um braseiro de denúncias que não vai restabelecer a moralidade, mas dará munição pesada às oposições na campanha. Nas eleições de 2006 e 2010, apesar dos escândalos de corrupção explorados exaustivamente, o PT conseguiu reeleger Lula e eleger Dilma. O desgaste na agenda ética foi daquela feita compensado pelos bons resultados econômicos e suas repercussões sociais, noves fora o carisma de Lula. O crescimento do PIB foi de 3,8% em 2006 e chegou a 7,5% em 2010. Dilma, pelo contrário, disputará a reeleição enfrentando adversidades nas duas frentes. A estridência dos escândalos políticos tem ao fundo a batida grave e soturna das notícias sobre a piora nos indicadores econômicos, especialmente os da inflação e do emprego, que afetam diretamente o eleitorado petista.

Favorecida pela decisão do Supremo, determinando que a CPI da Petrobras investigue apenas denúncias sobre a estatal, a oposição apressa sua instalação. Os governistas tentarão responder com investigações sobre o cartel que teria atuado nos governos tucanos de São Paulo, na venda de trens e metrôs superfaturados. Uns e outros sabem que esses palanques parlamentares terão vida curta. Por isso, os governistas tentarão todas as manobras protelatórias, inclusive o recurso ao colegiado do Supremo, que será apresentado pelo presidente do Senado, Renan Calheiros não por nutrir ilusões quanto à posição da Corte, mas para ganhar tempo. Quando junho começar, todos estão focados em convenções, montagem de chapas e registro de candidaturas. Depois, vem a Copa, e a campanha para valer começará em agosto, com o horário eleitoral. Mas a oposição já terá abastecido o arsenal com que tentará abater Dilma e o PT na eleição de outubro. Na disputa presidencial, o segundo turno vai se tornando líquido e certo. Candidaturas estaduais importantes, como a do ex-ministro Alexandre Padilha em São Paulo, começam a ser alvejadas.

A luta política no campo da moralidade, herança da UDN, não é inócua. No caso presente, não é uma criação da oposição. Não tirou o PT do poder, mas já destruiu sua aura. Acontece porque uma fração do partido não aprendeu nada com o mensalão, permitindo que o fisiologismo nutrisse uma figura como Paulo Roberto Costa. Suas conexões envolvem muito mais outros partidos da base aliada que o próprio PT, embora até agora só tenham sido divulgadas as relações com o ex-petista André Vargas. Com a abertura do inquérito, terá fim o vazamento seletivo e será possível conhecer a extensão da teia.

Nos pleitos anteriores, os programas sociais, o pleno emprego, o crescimento da renda e a ascensão social fidelizaram a Lula e ao PT os eleitores mais pobres, que são a maioria. Na hora da urna, o escândalo terá produzido seus efeitos, mas quem vai decidir mesmo é o sentimento desse eleitorado maior. Logo, será a economia da vida real e cotidiana. O peso de variáveis como custo de vida, emprego, tarifas e serviços públicos será muito maior que o das grandes obras de infraestrutura tocadas pelo governo Dilma. A oposição vai explorar também esse filão, mas terá de dizer o que faria de diferente na economia e na administração do país. Mas isso, só lá adiante. Agora, rufam os tambores de guerra.

A morte do torturador
Precisa ser mesmo federalizada a investigação sobre o assassinato do coronel Paulo Malhães, como pede a Comissão Nacional da Verdade. Ele foi morto exatamente um mês depois do depoimento em que confessou a participação em torturas e mortes de militantes da resistência à ditadura. Deixou claro que sabe muito mais do que falou. Suas declarações, pela frieza e cinismo (“Matei quantos foi preciso”) revoltaram parentes de mortos e desaparecidos, mas seu assassinato sugere uma queima de arquivo, e não um “justiçamento” por vingadores das vítimas do passado. Se a esquerda remanescente tivesse que acertar contas com seus algozes desse modo, o primeiro a morrer seria o cabo Anselmo, que entregou dezenas de “companheiros”, inclusive a própria mulher, Soledad, grávida de quatro meses, para serem trucidados. Ele vive em paz por aí. A morte do coronel torturador diz que o Brasil demorou demais para instalar sua comissão da verdade, mas que ainda é tempo. Se não existissem muitos criminosos do regime vivos, não o teriam calado.

Nova o quê?
É palpável a irritação das pessoas com a política e os políticos. Intangível ainda é o efeito que isso terá nas urnas. A oposição, e, com mais ênfase, a dupla Eduardo Campos-Marina Silva, prega uma nova forma de fazer política, livre dos vícios seculares que o PT acabou assimilando. Mas, fazendo as contas, qualquer tolo conclui que isso é impossível com o sistema de 34 partidos que temos. O PSDB elegeu Fernando Henrique duas vezes sem alcançar mais que 18% das cadeiras da Câmara. O PT ganhou três eleições presidenciais e não passou dos 17%. Juntos, o PSB e seus aliados PPS e PPL não elegerão mais que 60 deputados. Em caso de vitória, mesmo com apoio do PSDB, o bloco mal passaria dos 100 deputados. Ou seja, para governar, precisaria do PMDB, do PP e outras siglas que apoiam hoje o PT. As ruas começam a entender isso. Um sinal foi a manifestação de segunda-feira passada em São Paulo pela consulta popular para a reforma política.

Leia também os artigos na Folha de S. Paulo:


Merval Pereira: Urbanização de favelas

- O Globo

“Temos que ser criativos. Aqui no Rio, é um campo imenso para a gente inovar”, diz o governador. Transformar as favelas em bairros é uma maneira mais ampla de tratar as ações sociais, tão necessárias para a consolidação da pacificação nos territórios anteriormente dominados pelo tráfico de drogas. Um enfoque diferente de serviço público, com efeito importante de mobilidade. Com o modelo urbano das favelas é muito difícil a solução, analisa Pezão.

“É difícil fazer patrulhamento em becos, vielas, em que as pessoas têm que andar até de lado. Quando você vê, de cima, do helicóptero, esses becos, é impressionante. E quando se anda nesses locais na Rocinha, no Jacarezinho, é uma coisa assustadora”, comenta.

O projeto prevê a abertura de avenidas em certas comunidades, onde não entra carro da polícia, não entra ambulância, do que se aproveita o tráfico para predominar. “Temos que ter planos de remoção, usar o Minha Casa Minha Vida para esse trabalho social mais amplo”, enfatiza Pezão, que pretende ir a Brasília discutir diretamente com a presidente Dilma Rousseff essa questão específica.

Mas Pezão também procurará o ministro da Justiça, José Eduardo Cardoso, para lançar uma discussão mais ampla: ele acha que é preciso maior autonomia federativa para certas legislações, desde o Código Ambiental até o Penal. “Isso é guerra, é o tráfico internacional que está aqui. Tem gente poderosa atuando aqui”, ressalta Pezão, que lembra que também é preciso mais ação do governo federal para ajudar o Estado do Rio que, destaca, é cercado de estradas federais: Rio-Santos; Rio-Petrópolis.

“É preciso ter um patrulhamento forte nas rodovias, na Baía da Guanabara. Não é um problema só do Rio. É do país”. A antiga reivindicação de que a Polícia Federal aumente a fiscalização de armamentos e drogas que chegam aqui pelas fronteiras continua de pé, mas as ações mais próximas das entradas do Estado do Rio são urgentes neste momento de confronto.

“Se houve um Estado que fez esse enfrentamento foi o nosso”, frisa Pezão, desfiando números: “Quando nós entramos, havia 33 mil policiais. Hoje são 48 mil. E dão baixa cerca de mil por ano, por aposentadoria ou morte. Vamos abrir concurso agora para mais 6 ou 7 mil policiais militares e mais outro tanto de civis. Eram 21 mil presos; hoje são 37 mil”.

Ele pretende começar uma discussão nacional, convocar líderes da bancada federal do Rio para debater no Congresso mudanças no pacto federativo que permitam que os estados tenham legislações próprias, como acontece nos Estados Unidos, por exemplo. “Não dá para a gente ter um Código Penal nem um Ambiental igual ao do Acre, as prioridades são distintas”.

A necessidade de revisão da legislação penal tem na liberação do traficante Pitbull, líder do tráfico no Pavão-Pavãozinho, um exemplo chocante: cinco meses depois de ter sido preso, foi autorizado a ver a família, e nunca mais voltou para a cadeia, estando neste momento comandando as ações naquela favela, enfrentando a UPP lá instalada.

“Cada um desses que é solto, desestabiliza”, lamenta Pezão. “Não é que não estejamos equipados para enfrentar, mas fazemos um grande esforço para prender um chefão do tráfico, e, depois de cinco, seis meses, ele é solto e volta. Isso cria uma instabilidade dentro dessas comunidades violenta”.

Sergio Fausto: Faces da corrupção no Brasil

- O Estado de S. Paulo

Que uma pessoa de origem pobre tenha alcançado o cargo de vice-presidente da Câmara deveria ser um sinal de vitalidade da democracia brasileira. Que o tenha feito cometendo crimes contra a administração pública e o sistema financeiro é sinal de alerta. André Vargas não é um caso isolado.

O uso da política para enriquecer e acumular ainda mais poder político não é prática nova no Brasil. Para não recuar demasiado no tempo, basta lembrar a emergência de novos grupos oligárquicos a partir dos anos 50, que desbancaram as velhas oligarquias rurais e alçaram voo nas asas do Estado desenvolvimentista, intermediando verbas federais e grandes contratos entre empresas estatais e empresas privadas, em seus Estados de origem. Decolaram ainda no regime democrático de 1945-1964, ganharam altura durante a ditadura militar e mantiveram-se em velocidade de cruzeiro no retorno à democracia. Algumas dessas oligarquias estaduais estão aí até hoje.

Com características distintas, a associação entre projeção política e ascensão social se deu também em Estados mais desenvolvidos da Federação. São Paulo, não faz tempo, teve um governador que saiu da classe média do interior para acumular fortuna e poder ao longo de sua carreira política. E outro que, mesmo nascido em berço de ouro, seguiu semelhante trajetória de desvio de recursos públicos para os próprios bolsos.

Aparentemente, pois, não há nada de novo em cena. Mas não é bem assim. A primeira novidade é que parte das forças que se empenharam pela real democratização social e política do País passou a reproduzir velhas práticas. Sob esse aspecto, há muito em comum entre André Vargas e o ex-deputado José Janene, ambos do Norte do Paraná, embora o primeiro venha de uma família pobre, tenha rezado, por breve período, a cartilha da Teologia da Libertação e pertença ao PT, enquanto Janene, falecido depois de ser indiciado no processo do mensalão, fosse rico fazendeiro e deputado do PP.

Ainda mais importante é o fato novo de que, com o PT no poder federal, práticas de corrupção antes descentralizadas tornaram-se mais sistemáticas e orgânicas. Não desapareceram os esquemas localizados, mas a eles se acrescentou, não raro subordinando-os, uma organização político-partidária nacional e mais bem estruturada. Note-se, para ficar no exemplo em questão, que Vargas abastecia o caixa de vários partidos da base aliada, mas era ele, por ter melhor acesso ao poder federal, quem dava as cartas do jogo. Vargas discrepa do padrão do seu partido por ter misturado financiamento político com enriquecimento pessoal.

A nova cena se completa quando consideramos que, ao mesmo tempo, a disponibilidade de recursos públicos e privados aumentou, entre 2003 e 2010, com a aceleração do crescimento, e a nova expansão da presença do Estado no domínio econômico criou novas oportunidades de negócios aqui e em países "amigos" não democráticos. Simultaneamente, romperam-se as barreiras à ocupação política de empresas, órgãos e agências estatais, para acomodar a nova elite no poder e seus aliados.

A presidente Dilma não é protagonista da cena que se está revelando a cada dia um pouco mais. Recebeu o cenário pronto das mãos do seu antecessor. E não tem nem força política para alterá-lo nem talento político para seguir o script, agora que os atores batem cabeça em cena aberta e a plateia já não está mais inebriada pelo "espetáculo do crescimento".

O desafio é reescrever o enredo que vem desmoralizando a política, os partidos e o Congresso no Brasil. Não há risco iminente à democracia. Mas não há regime democrático que possa conviver indefinidamente com a desmoralização cada vez maior de suas principais instituições.

O primeiro passo é mudar os protagonistas. A alternância no poder é saudável, sobretudo depois de três mandatos consecutivos. Isso, porém, está longe de ser suficiente. É preciso limitar as áreas do Estado submetidas à lógica da barganha política, saneando as empresas estatais, as agências regulatórias, eliminando ministérios e reduzindo cargos em comissão. É urgente que a maior capacidade investigativa da Polícia Federal e do Ministério Público se traduza, no Judiciário, em punição efetiva de corrompidos e corruptores. Para tanto, deve-se recolocar em pauta a chamada Emenda Peluso, que permite a aplicação da pena a partir da segunda instância, sem prejuízo do direito do réu a recorrer ao STJ ou ao STF, e rever a lei de execuções penais, que prevê progressão de regime depois de cumprido apenas um sexto da pena.

Com a decisão do STF de proibir as doações eleitorais de empresas privadas, hoje as atenções se voltam quase exclusivamente para o financiamento das campanhas. Não haverá solução satisfatória para essa questão sem redução dos custos crescentes das campanhas eleitorais, a principal origem da corrupção envolvendo dinheiro público. O atual sistema proporcional com lista aberta nas eleições para o Legislativo encarece as campanhas e dificulta o controle do eleitor sobre o representante. Chegou a hora de um acordo em torno do sistema distrital misto, cuja introdução não requer emenda à Constituição.

A proeminência do marketing político, com custos não raro propositalmente superfaturados para atender a conveniências políticas, alavanca ainda mais os gastos das campanhas políticas. Nas eleições presidenciais de 2010 eles somaram aproximadamente R$ 600 milhões! Não haverá dano ao direito à informação do eleitor se medidas legais forcem a simplificação dos programas eleitorais na TV.

As questões aqui mencionadas - nenhuma isenta de controvérsia - precisam ser enfrentadas se quisermos restabelecer a credibilidade de instituições essenciais ao bom funcionamento da democracia. Formam uma pauta que exigirá liderança do próximo governo e pressão da sociedade para que se produzam avanços concretos.

* Superintendente executivo do IFHC, colaborador do Latin American Program do Baker Institute of public policy da Rice University, é membro do Gacint-USP.

Diário do Poder: Cláudio Humberto

- Jornal do Commercio (PE)

• Como Ideli, PGR utilizou o helicóptero do Samu
Foi para evitar um “mico” que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, arquivou a investigação sobre o fato de a ministra Ideli Salvatti haver utilizado, em Santa Catarina, um helicóptero do Samu destinado à remoção de pacientes graves resgatados em acidentes e tragédias naturais. É que o próprio órgão chefiado por Janot usou o mesmo helicóptero para transportar procuradores, como atestam documentos.

• Como acusar?
O helicóptero do Samu foi usado pela Procuradoria da República de Tubarão (SC) e a Procuradoria da República em Santa Catarina.

• Levando autoridade
Em Tubarão, o helicóptero foi requisitado para transportar, em agosto de 2013, o subprocurador-geral da República Mário Gisi, em serviço.

• Documentado
Os procuradores pediram o helicóptero através dos ofícios PRMT/n° 664/2013 e PR/SC/GABPC/nº 7233/2013 (cópias em poder da coluna).

• Sem ilícito
Em seu despacho, o procurador-geral Rodrigo Janot afirma não haver encontrado “elementos que configurem qualquer ilícito penal” de Ideli.

• Brasil vai continuar sem embaixador na Bolívia
O presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, Ricardo Ferraço (PMDB-ES), manterá sobrestada, na gaveta, a indicação do novo embaixador do Brasil em La Paz. Até que reavalie as relações com o governo do cocaleiro Evo Morales, que coleciona molecagens contra o Brasil – da invasão à refinaria da Petrobras à recusa de salvo conduto ao senador que ficou 445 dias refugiado na nossa embaixada.

• Perseguição cruel
O senador Ricardo Ferraço também continua inconformado com a perseguição do governo ao diplomata brasileiro Eduardo Saboia.

• Nos conformes
O advogado e ex-ministro José Dirceu, mensaleiro recolhido à Papuda, está em dia com a inscrição na OAB-SP: “Situação regular”.

• Fala que eu te entendo
Uma gíria que deverá sair definitivamente de moda na Petrobras e na entourage do doleiro Alberto Youssef após as escutas da PF: “Sacou?”

• Ela quer o fígado
A presidenta Dilma está possessa com o senador Pedro Taques (PDT-MT), que protocolou na terça (22) representação na Procuradoria-Geral pedindo que ela seja investigada pela compra da refinaria de Pasadena.

• Deputado lobista
A Fundação dos Economiários Federais (Funcef) complicou ainda mais a já embolada vida de André Vargas (PR). A Funcef afirma que seu diretor só recebeu o doleiro Alberto Youssef após pedido do deputado.

• Fim dos tempos
Líder do PPS, Rubens Bueno (PR) diz ter ficado surpreso com decisão do presidente Renan Calheiros de tentar derrubar a CPI exclusiva da Petrobras: “Ele deixou de lado o Senado para defender o governo”.

• Samba do crioulo
Os líderes do governo, Arlindo Chinaglia (SP), e do PT, Vicentinho Alves (SP), não se entendem. Na votação da suspensão do tucano Carlos Leréia, um orientou pela aprovação e o outro liberou a bancada.

• O pastor é pop
Após passagem polêmica na Comissão de Direitos Humanos, o pastor Marco Feliciano (PSC) lidera ranking político no Facebook, com 840 mil curtidas, seguido de Romário, 820 mil, e Eduardo Campos, 787 mil.

• Estranho
Algo falta ser dito na história de “DG”. Ele foi sepultado no jazigo da família no cemitério São João Batista, que custa uma fortuna para quem, até recentemente, era mototaxista na favela do Pavão-Pavãozinho.

• E na Copa?
Deputados estão indignados com os péssimos serviços nos aeroportos. Na terça, avião da TAM, voo 3710, de São Paulo para Brasília, abriu as portas para o desembarque em meio a um temporal, a 3m do ônibus.

• No ventilador
Políticos do PT atribuem denúncias envolvendo a Petrobras e o doleiro Alberto Youssef à suposta briga interna entre delegados da Polícia Federal, que ameaçam jogar no ventilador esquemas de toda ordem.

• Pensando bem…
…as denúncias ligando o ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha ao doleiro Youssef colocaram a campanha dele na UTI…. do SUS.