Folha de S. Paulo
Uso frequente dessas ferramentas pode
provocar desgaste nos alicerces do regime
Os últimos dez anos foram tudo —menos
fáceis para a democracia brasileira.
Em 2013, difuso descontentamento varreu as
ruas. Em seguida, eleições presidenciais polarizadas produziram um vencedor por
una cabeza, como no tango de Gardel. E, claro, o desfecho foi contestado pelo
perdedor. Em 2015 e 2016, a direita mostrou sua cara nas praças e avenidas, na
mídia e, com especial estridência, nas redes sociais. A Lava Jato expôs a
corrupção que azeitava as engrenagens políticas e deu aos seus condutores olor
de santidade. Ah, sim: fabricou a crise que culminou no controverso impeachment da
presidente eleita.
Para os interessados em entender como a
empreitada pretensamente purificadora produziu tamanho desenlace, chega às
livrarias "Operação
Impeachment", do cientista político Fernando Limongi (Todavia).
Por meio de obsessiva reconstrução dos fatos, o professor da Fundação Getulio Vargas mostra que Dilma Rousseff só perdeu a proteção política que bloqueava o trâmite do processo de sua destituição no Congresso quando as denúncias geradas pela chamada República de Curitiba passaram a ameaçar figuras importantes dos partidos de centro-direita que lhe davam sustentação.