PGR mostra que plenário deve rever decisões de Toffoli
O Globo
Recurso de Gonet traz argumentos convincentes
para que caso Odebrecht seja levado aos 11 ministros do STF
O procurador-geral da República, Paulo Gonet,
apresentou na semana passada recurso contra a decisão individual provisória do
ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), de suspender o
pagamento de multas da Odebrecht (atual Novonor), previstas no acordo de
leniência firmado em 2016 na Operação Lava-Jato. Gonet pede que a decisão seja
reconsiderada por Toffoli ou avaliada com urgência pelos 11 ministros no
plenário do STF, e não pela Segunda Turma, que reúne apenas cinco e julga os
casos da Lava-Jato.
A Procuradoria-Geral da República(PGR)
apresenta duas boas razões em seu recurso. Primeiro, aponta semelhança do caso
com a Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental 1.051, que pede ampla
suspensão de multas e já é analisada no plenário, sob a relatoria do ministro
André Mendonça. Segundo, diz Gonet, não falta “relevância singular” ao tema,
dada a importância dos acordos da Odebrecht no contexto de combate à corrupção.
Quando suspendeu os pagamentos da Odebrecht no fim de janeiro, Toffoli afirmou que a medida era necessária porque a defesa precisava ter acesso e tempo para analisar as mensagens entre o então juiz Sergio Moro e os procuradores de Curitiba, obtidas ilegalmente e investigadas na Operação Spoofing. A suspeita, segundo Toffoli, era ter havido pressão ilegal para o fechamento dos acordos de leniência. Havia, nas palavras dele, “dúvida razoável sobre o requisito da voluntariedade”. Gonet demonstra que o pedido não fazia sentido, pois a Odebrecht está em posse das mensagens desde setembro.