O Globo
Intensidade de conversas sobre alimentação
me leva à conclusão de que isso acabará desaguando na política
Nas vezes em que fui a Londres, costumava
comer num restaurante chamado Food for Thought. Infelizmente, fechou. Não sei
se pela pandemia ou pelos preços de aluguel em Covent Garden.
Na época, creio que o tema dominante nas
conversas sobre comida tratava de alimentos naturais, orgânicos, enfim, tudo
isso que estava associado ao movimento ecológico. Tanta coisa mudou, e
lembrei-me do nome do restaurante ao constatar a presença maciça de postagens
sobre alimentos nas redes sociais. Não me refiro a receitas, mas sim ao debate
acalorado sobre o que comer e o que evitar.
O interessante nesse mar de conselhos é ver como cada item é discutido, decomposto em suas múltiplas propriedades. Brócolis têm zinco; o tomate, licopeno; a abóbora, magnésio. Com o crescimento de casos de diabetes, algumas mensagens são proibitivas: corte o pão, o leite, o macarrão, a batata. O pão branco ou integral, um alimento tão popular e mítico, tem fortes adversários nas redes. Em termos de oposição, creio que existe um alimento que realmente só tem detratores: o açúcar.