sexta-feira, 26 de agosto de 2016

Opinião do dia – José de Souza Martins

O fim da ditadura deu aos vencedores a certeza equivocada de que havia vencido a opção revolucionária contra a opção reacionária e que o Brasil se tornara um país de esquerda. E que o destino do País era um só. Os últimos 13 anos mostraram que as coisas não foram bem assim. A esquerda não se distinguiu claramente da direita, com as exceções que podem ser identificadas, nas ações que não nos revelaram ter ela um projeto de nação libertador, emancipador e educador. O Brasil se diferenciou social e culturalmente, novos e diferentes personagens surgiram e o País, no entanto, não se educou para reconhecer e respeitar o direito à diferença.

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José de Souza Martins é sociólogo e membro da Academia Paulista de Letras, entre outros livros é autor de ‘Uma Arqueologia da memória social – Autobiografia de um moleque de fábrica (Ed. Ateliê). ‘O pêndulo das gerações’, O Estado de S. Paulo /Aliás, 21/8/2016

Julgamento começa com ataques a testemunhas

• Procurador pró-afastamento é ouvido como informante

Acusação pede a Lewandowski que suspenda depoimento de servidora nomeada pela petista Gleisi Hoffmann

No 1º dia do julgamento do impeachment da presidente Dilma Rousseff, defesa e acusação adotaram a estratégia de atacar testemunhas. Atendendo a pedido de aliados de Dilma, o presidente do STF, Ricardo Lewandowski, ordenou que o procurador Júlio Marcelo de Oliveira depusesse como informante, e não como testemunha, por ter apoiado ato contra a petista. O DEM pediu a anulação do depoimento de Esther Dweck, nomeada pela senadora Gleisi Hoffmann (PT). Oliveira disse que a intenção de Dilma de praticar atos dolosos “grita”. O Planalto tenta mudar o voto de três senadores. Telmário Mota, antes contra o impeachment, agora se diz neutro.

Testemunhas viram alvo

  • No 1º dia do julgamento de Dilma, defesa e acusação levantam suspeita sobre depoentes

Cristiane Jungblut, Eduardo Bresciani, Isabel Braga, Júnia Gama, Leticia Fernandes, Maria Lima e Simone Iglesias - O Globo

-BRASÍLIA- O primeiro dia do julgamento do impeachment da presidente afastada, Dilma Rousseff, foi marcado por uma tentativa de politizar ainda mais o processo, esvaziando o debate técnico. Os dois lados apostaram em pedir a declaração de “suspeição” das testemunhas. Além do impacto jurídico de invalidar os depoimentos como prova testemunhal, a medida permite contestar o conteúdo das falas, já que elas são feitas sem juramento. A defesa de Dilma teve sucesso no caso do procurador junto ao Tribunal de Contas da União (TCU), Júlio Marcelo de Oliveira, que depôs ontem como informante, e não como testemunha. Como reação, o DEM levantou questionamento em relação a Esther Dweck, ex-secretária de Orçamento Federal, que acaba de ser nomeada para trabalhar no gabinete da petista Gleisi Hoffmann e foi escalada para ser ouvida pela defesa de Dilma.

Júlio Marcelo foi o responsável pelas representações que levaram o TCU a condenar as práticas das “pedaladas fiscais” e dos decretos de crédito sem autorização. O advogado de Dilma, o ex-ministro José Eduardo Cardozo, pediu que ele fosse declarado impedido por sua atuação no tribunal e por ter compartilhado em redes sociais convocação para um ato pela rejeição das contas de Dilma. Questionado pelo presidente do processo de impeachment, ministro Ricardo Lewandowski, o procurador disse ter divulgado em sua rede social comentário sobre uma convocação, que considerou pertinente.

A escolinha do professor Lewandowski

• Tranquilo, ministro do Supremo tenta controlar os ânimos, mas não impede bate-boca generalizado entre senadores

Maria Lima, Letícia Fernandes, Cristiane Jungblut, Eduardo Bresciani e Isabel Braga - O Globo

O presidente do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowski, mostrou paciência e bom humor para tentar desarmar os confrontos verbais entre os senadores pró e contra a cassação da presidente afastada, Dilma Rousseff. Sem alterar a voz e com ar professoral, interveio para concluir os depoimentos.

Pela manhã, no entanto, a situação saiu do controle. O tom das agressões chegou ao auge numa discussão entre o líder da oposição, Lindbergh Farias (PT-RJ), e o do DEM, Ronaldo Caiado (GO). A confusão começou quando a senadora Gleisi Hoffmann (PTPR) acusou os colegas de não terem “moral” para julgar a presidente Dilma. Foi o estopim para vaias, gritos e discursos inflamados.

— Qual é a moral deste Senado para julgar a presidente da República? Qual é a moral que têm os senadores aqui, para dizer que ela é culpada, para cassar? Quero saber, porque a metade aqui não tem — gritou Gleisi.

Caiado levantou-se e citou indiretamente as acusações contra o ex-ministro Paulo Bernardo, marido de Gleisi, sobre fraude em empréstimos consignados.

— Eu não sou assaltante de aposentado — disse Caiado.

— Você é de trabalhador escravo — rebateu Gleisi.

Lewandowski suspendeu a sessão para acalmar os ânimos:

— Silêncio! Peço a todos que se contenham.

Lindbergh entrou na discussão, citando ligações de Caiado com o senador cassado Demóstenes Torres e com o bicheiro Carlinhos Cachoeira.

— O Demóstenes é que sabe da sua vida, e Cachoeira — afirmou o petista.

— Tem que fazer antidoping! Antidoping! Fica aqui cheirando, não — reagiu Caiado.

Pouco antes da confusão, sem conseguir concluir uma inquirição, por causa do burburinho, o senador Reguffe (sem partido-DF) pediu a intervenção de Lewandowski:

— Devo dizer que os senhores senadores estão muito bem comportados em suas funções. Peço aos assessores que colaborem para que o senador Reguffe tenha garantida sua palavra — pediu Lewandowski.

Planalto faz ofensiva para virar voto de três senadores

• Antes contrário ao impeachment, Telmário Mota (PDT) se diz ‘neutro’

Simone Iglesias, Júnia Gama, Isabel Braga e Renan Xavier* - O Globo

-BRASÍLIA- Seguro de que Dilma Rousseff será afastada definitivamente do cargo, o Palácio do Planalto quer ampliar ao máximo o placar contra a petista. Além dos 59 votos obtidos na fase da pronúncia, quando Dilma se tornou ré, ministros trabalham para virar ainda três votos e para que o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDBAL), não se abstenha.

Ontem, em meio à ofensiva governista, o senador Telmário Mota (PDT-RR), que sempre militou contra o impeachment, disse ao GLOBO que pode mudar de opinião.

— Eu estive com o Temer há alguns dias, mas para tratar de assuntos específicos de Roraima. Hoje, eu, que era 100% Dilma, estou neutro. Terça-feira em diante eu decido como voto — afirmou Telmário.

Além dele, ministros investem nos senadores Elmano Ferrer (PTB-PI) e Otto Alencar (PSDBA). Se a operação der certo, o impeachment poderá ser aprovado com 63 votos, nove a mais que os 54 necessários para afastar Dilma definitivamente.

A pressão de Temer sobre Renan teve pouco efeito até o momento. O presidente do Senado vinha dizendo que iria se abster, mas passou a admitir a possibilidade de que poderá se posicionar. No entanto, vem sendo aconselhado por aliados a manter a posição de neutralidade.

— Ele só deverá votar se isso for decisivo, mas já sabemos que, pelas contas de todos, já há votos suficientes para o impeachment. Para que perder o discurso de magistrado que ele manteve durante todo o processo? — disse um aliado.

O senador Edison Lobão (PMDB-MA), ex-ministro de Dilma, mantém mistério sobre sua posição, apesar de ter votado a favor do prosseguimento do processo contra a petista na etapa anterior ao julgamento final. Afirmou que não se sente constrangido com a defesa pessoal que a petista fará na próxima segunda:

— Não me constrange. Vai ser uma fala técnica, não vai?

(* Estagiário sob supervisão de Paulo Celso Pereira)

Se for confirmado no cargo, Temer poderá ser recebido por Obama

• Autoridades americanas já estudam reaproximação com o governo brasileiro

Henrique Gomes Batista - O Globo

-WASHINGTON- Oficialmente, o governo americano segue cauteloso e afirmando confiar nas instituições democráticas do Brasil para a solução definitiva e constitucional da crise política, sem se envolver no mérito do impeachment. Mas, aos poucos, autoridades de Washington começam a ver cada vez mais clara a possibilidade de um “reset”, um reinício na relação entre as duas maiores nações da América, com o fim do julgamento definitivo de Dilma Rousseff — que teve em seu mandato a polêmica espionagem americana sobre suas comunicações. Nova agenda já vem sendo elaborada para a criação de novas parcerias.

Começo do julgamento de Dilma tem brigas e baixaria

• Senado retoma inquirição de testemunhas no julgamento do processo de impeachment de Dilma Rousseff nesta sexta-feira

Luciana Amaral e Mateus Coutinho - O Estado de S. Paulo

Conduzido pelo presidente do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowski, o julgamento do impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff começou nesta quinta-feira, 25. Foram mais de 15 horas de sessão marcadas por bate-boca. Os senadores retomam a inquirição nesta sexta-feira, a partir das 9h, com seis testemunhas apresentadas pela defesa. Cada depoimento poderá levar até 12 minutos e, se não terminar nesta sexta, poderá avançar pelo fim de semana.

Abaixo, confira os cinco fatos principais que marcaram a sessão de ontem:

Lewandowski se equilibra entre pressão de processo histórico e apelos do PT

Lewandowski ‘atualiza’ currículo após relatar processo do mensalão

• O ministro, nomeado em 2006 pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para o STF, deixa para trás a imagem de magistrado ligado ao PT e preside o julgamento do impeachment de Dilma Rousseff

Beatriz Bulla - O Estado de S. Paulo

BRASÍLIA - Desde o último dia 9, quando começou a fase da pronúncia do processo de impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff no Senado, o ministro Ricardo Lewandowski, quatro assessores e três juízes auxiliares se acostumaram a deixar o Supremo Tribunal Federal após as 22 horas. Lewandowski acumula as presidências do STF e do processo de afastamento de Dilma.

Até o início da semana, era depois das sessões da Corte, que duram até as 18 horas, que os trabalhos na presidência sobre o impeachment começavam. Na reta final, chegou a se distrair em um debate constitucional com os outros ministros: “Desculpem, estou com uma questão importante do impeachment”, justificou-se. Desde ontem, Lewandowski dedica o dia todo às sessões no Senado.

Lewandowski faz lobby enquanto lidera sessão do impeachment

Valdo Cruz, Gustavo Uribe – Folha de S. Paulo

BRASÍLIA - Enquanto comanda o julgamento do impeachment de Dilma Rousseff no Senado, o presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Ricardo Lewandowski, tem ligado e conversado com senadores pedindo a aprovação do projeto que eleva o salário dos ministros do tribunal.

O projeto, que reajusta o salário dos ministros de R$ 33,7 mil para R$ 39,2 mil, virou uma das bandeiras de Lewandowski na fase final de seu mandato à frente do STF, que se encerra em setembro.

O presidente do STF assumiu a condução do processo no dia 10 de agosto, após a chamada pronúncia de Dilma Rousseff como ré pelo plenário do Senado. Desde então, intensificou o lobby pelo aumento.

Assessores do presidente interino, Michel Temer, reclamam que ele tem pressionado o governo pela aprovação da medida, que dividiu a base aliada do peemedebista.

Manobras de Dilma no orçamento estão na base do impeachment

- Folha de S. Paulo

SÃO PAULO, BRASÍLIA - Os senadores deram início nesta quinta-feira (25) àetapa final do processo de impeachment de Dilma Rousseff (PT). Nos próximos dias, decidirão se a presidente ora afastada deve deixar definitivamente o cargo.

Embora na prática a resposta se limite a um único "sim" ou "não", em tese os parlamentares terão em mente duas questões: 1) foram violadas leis que regulam o uso do dinheiro público? 2) se sim, Dilma deve ser responsabilizada por isso?

Dizer "sim" ao primeiro item é a parte fácil.

Acusa-se Dilma de ter autorizado despesas adicionais sem obter antes o necessário aval do Congresso –no jargão, trata-se de abertura de créditos suplementares.

Além disso, afirma-se que a gestão petista realizou as agora famosas pedaladas, manobras contábeis que disfarçavam a tomada de empréstimo de bancos públicos.

As duas coisas aconteceram, e ambas contrariam dispositivos da Constituição e da lei 1.079/50, que define os crimes de responsabilidade.

Temer decide gravar pronunciamento à nação antes de viagem à China

Gustavo Uribe, Valdo Cruz – Folha de S. Paulo

BRASÍLIA - O presidente interino, Michel Temer, decidiu gravar pronunciamento à nação antes de embarcar à China para participar de encontro do G-20, nos dias 04 e 05 de setembro.

A ideia é que, caso Dilma Rousseff seja afastada definitivamente pelo Senado Federal, ele faça a gravação após cerimônia de posse no Congresso Nacional e viaje na noite do mesmo dia para o país asiático.

A expectativa do Palácio do Planalto é que o processo de impeachment seja finalizado na madrugada da próxima terça-feira (30) e que o presidente interino tome posse no mesmo dia. Pelo cronograma fechado pelo Senado Federal, contudo, o desfecho deve se estender para a madrugada de quarta-feira (31).

Temer define ação pós-impeachment

Por Ribamar Oliveira, Camila Veras Mota e Arícia Martins – Valor Econômico

BRASÍLIA E SÃO PAULO - Caso seja confirmado o impeachment da presidente afastada, Dilma Rousseff, no julgamento que começou ontem, o presidente Michel Temer deverá concentrar os esforços de seu governo neste ano em duas providências: a aprovação da proposta de emenda constitucional (PEC) que institui um teto para o gasto da União e o encaminhamento da reforma da Previdência ao Congresso, com a instituição de idade mínima para a aposentadoria.
A área econômica do governo quer que as regras de transição no caso da Previdência sejam curtas, para que os efeitos da reforma ajudem no cumprimento do teto de gastos da União.

Para analistas, impeachment deve acelerar ritmo do ajuste

Por Camilla Veras Mota e Arícia Martins – Valor Econômico

SÃO PAULO - A concretização do impeachment deve acelerar a negociação das medidas fiscais já propostas pelo presidente interino Michel Temer, avaliam economistas. Outras agendas importantes e que exigem maior capital político, como as reformas previdenciária e trabalhista, podem ser encaminhadas ao Congresso até o fim do ano, mas não há expectativa de aprovação no curto prazo.
Além da consolidação do ajuste fiscal, outra condição necessária para que o PIB volte a crescer é o sucesso das concessões em infraestrutura. Por isso, o governo precisa ter urgência na definição dos projetos e do modelo de financiamento do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI).

Dentro do projeto de coleta de projeções dos principais indicadores macroeconômicos do país, o Valor Data faz, periodicamente, consultas qualitativas com as consultorias e departamentos econômicos de instituições financeiras. Para essa rodada, foram apresentadas três questões. O objetivo é entender quais serão as prioridades do governo Temer, caso se torne efetivo, que condições são necessárias para que a economia volte a crescer e, também, o que esperar do ajuste fiscal daqui para frente.

Previdência e PEC do gasto serão prioridades no pós-impeachment

Por Ribamar Oliveira – Valor Econômico

BRASÍLIA - O presidente Michel Temer deverá, no caso da confirmação do impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff, concentrar os esforços do governo este ano na aprovação da proposta de emenda constitucional (PEC) que institui um teto para o gasto da União e no encaminhamento da reforma da Previdência Social ao Congresso, com a instituição da idade mínima para requerer aposentadoria.

A área econômica quer que as regras de transição sejam curtas, pois senão os efeitos da reforma serão de muito longo prazo e não ajudarão o cumprimento do teto do gasto pela União.

Não é intenção do governo, segundo informam fontes credenciadas, elevar ou criar novos impostos neste momento, pois considera que a medida dificultaria a retomada da economia brasileira. A análise feita na área técnica oficial é que, durante o atual período recessivo, as empresas estão justamente adiando a regularização dos encargos tributários para sobreviver. Assim, mais imposto não ajudaria muito.

Para procuradores, delação de Léo Pinheiro pode ser retomada

• MPF avalia que, se ex-presidente da OAS apresentar provas, haverá diálogo

Jailton de Carvalho - O Globo

-BRASÍLIA- O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, suspendeu as negociações para um acordo de delação premiada do ex-presidente da OAS Léo Pinheiro, mas as portas do Ministério Público Federal não estão totalmente fechadas para a empreiteira. Procuradores da Operação Lava-Jato admitem que, se o executivo reapresentar um pedido de negociação, existe a possibilidade de reabertura do diálogo. Mas com algumas condições: apresentar propostas relevantes, com provas consistentes e, especialmente, sem manobras que gerem desconfiança sobre a verdadeira intenção de colaboração.

As negociações foram suspensas no fim de semana, conforme revelou O GLOBO na segundafeira. Janot e outros procuradores da Lava-Jato entenderam que houve quebra de confiança depois que a revista “Veja” divulgou informações sobre suposto anexo do pré-acordo de delação em que Pinheiro citaria o ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF). Numa reunião do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), Janot afirmou que não existe anexo com acusações contra Toffoli ou qualquer outro ministro do STF.

Polícia Federal vê contradição em depoimento de Lula

• Ex-presidente diz não conhecer dirigente da OAS; porém, foto mostra os dois juntos

Cleide Carvalho - O Globo

-SÃO PAULO - Um relatório da Polícia Federal (PF) aponta uma contradição do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em depoimento prestado em 4 de março deste ano, quando ele foi levado para depor coercitivamente. Na ocasião, Lula disse que não conhecia Paulo Gordilho, diretor da OAS. No entanto, foto apreendida pela PF mostra Lula e Gordilho juntos. Os dois estariam no sítio de Atibaia.

O relatório foi antecipado ontem no site do jornal “O Estado de S. Paulo”. “Causa estranheza o fato de, em declarações, o ex-presidente Lula negar conhecer Paulo Gordilho, mas em outro momento aparecer ao lado do mesmo em fotos (...) demonstrando dessa forma haver relação de proximidade”, diz o documento.

Ibope: Saúde é a maior preocupação do eleitor em 19 capitais

• Distância para a área citada como a segunda pior chega a mais de 30 pontos percentuais, diz pesquisa

Renato Grandelle - O Globo

Dados das mais recentes pesquisas do Ibope sobre as eleições municipais mostram que a Saúde é, de longe, a maior preocupação dos eleitores em todas as 19 capitais onde foram realizadas consultas. Em cidades como Rio, São Paulo e Belo Horizonte, o setor foi citado por mais da metade dos entrevistados. Na capital fluminense, 54% responderam que é o principal problema, muito à frente da Segurança Pública, mencionada por 15%. Em todas as regiões do país, não importa se o estado é pobre ou rico, a Saúde aparece sempre como a maior preocupação do eleitor. Segundo dados das últimas pesquisas Ibope em 19 capitais do país, a área é apontada como aquela com os maiores problemas na opinião da maioria do eleitorado. Em algumas capitais, como Rio, São Paulo, Belo Horizonte, Porto Velho, Macapá e Aracaju, mais da metade dos eleitores vê esse setor como o mais problemático, e a distância entre a Saúde e a área mencionada como a segunda pior nesses municípios chega a ser de mais de 30 pontos percentuais.

Candidatos do PT e do PSB partilham liderança na disputa pela prefeitura do Recife

João Pedro Pitombo – Folha de S. Paulo

SALVADOR- O ex-prefeito João Paulo Lima (PT) e o prefeito Geraldo Julio (PSB) lideram a sucessão para a Prefeitura de Recife e disputariam o segundo turno, aponta o Datafolha.

João Paulo tem 32% das intenções de voto. Lidera numericamente, mas em situação de empate técnico com Geraldo Julio, que tem 28%. A margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou para menos.

Daniel Coelho (PSDB) aparece em terceiro com 10%, seguido de Priscila Krause (DEM) com 6%. Edilson Silva (PSOL) marca 3%, enquanto Carlos Augusto (PV) tem 1%. Simone Fontana (PSTU) e Pantaleão (PCO) não pontuaram. Ao todo, 13% dos eleitores disseram que vão votar branco ou nulo e 7% afirmam que estão indecisos.

Com 26%, deputado tucano lidera disputa pela prefeitura de Belo Horizonte

José Marques – Folha de S. Paulo

BELO HORIZONTE - A corrida eleitoral em Belo Horizonte começa com o candidato a prefeito do PSDB, João Leite, à frente dos adversários com 26% das intenções de voto, quase o dobro do segundo colocado, Alexandre Kalil (PHS), que tem 14%, aponta pesquisa Datafolha realizada entre terça (23) e quarta-feira (24).

Depois de Leite e Kalil, seis candidatos estão empatados tecnicamente devido à margem de erro de três pontos percentuais para mais ou para menos. Entre eles, Eros Biondini (Pros) lidera numericamente, com 6%.

Russomanno lidera pesquisa Datafolha com 31% e vence com folga no 2º turno

Thais Bilenky – Folha de S. Paulo

SÃO PAULO - Na primeira pesquisa após o início oficial da campanha pela Prefeitura de São Paulo, o candidato Celso Russomanno (PRB) lidera com 31% das intenções de voto e mantém larga vantagem no segundo turno, revelou o Datafolha.

O deputado federal está 15 pontos à frente da segunda colocada, a senadora Marta Suplicy (PMDB), que manteve os 16% aferidos na pesquisa anterior do instituto, realizada em julho.

Na ocasião, Russomanno tinha 25% das intenções. As pesquisas, contudo, não são totalmente comparáveis nos cenários de primeiro turno, uma vez que o vereador Andrea Matarazzo (PSD) e o deputado Marco Feliciano (PSC) ainda estavam na disputa.

Em terceiro lugar, aparecem, empatados dentro da margem de erro de três pontos percentuais, a deputada federal Luiza Erundina (PSOL), com 10%,o prefeito Fernando Haddad (PT), com 8%, e o empresário João Doria (PSDB), com 5%.

Crivella lidera no Rio com 28%; três rivais estão empatados em segundo

Italo Nogueira – Folha de S. Paulo

RIO - O senador Marcelo Crivella (PRB) lidera pesquisa de intenções de voto para a Prefeitura do Rio com 28% da preferência do eleitorado, de acordo com pesquisa do Datafolha divulgada nesta sexta-feira (26).

Os dados mostram que em segundo lugar estão tecnicamente empatados o deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL), com 11%, o também estadual Flávio Bolsonaro (PSC), com 9%, e a deputada federal Jandira Feghali (PC do B), com 7%. A margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou menos.

A pesquisa foi realizada na terça (23) e quarta-feira (24), quando foram entrevistados 928 eleitores.

O candidato do prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB), o deputado federal Pedro Paulo (PMDB), aparece com 5%.

Ele é seguido pelos deputados Índio da Costa (PSD), com 4%, Carlos Roberto Osório (PSDB), com 3%, Alessandro Molon (Rede), com 2%, e Cyro Garcia (PSTU), com 1%. Carmen Migueles (Novo) foi citada, mas não alcançou 1%.

Uma Olimpíada que valeu ouro - Roberto Freire

- Diário do Poder

O Rio de Janeiro, o Brasil e o mundo ainda respiram o clima olímpico poucos dias após o encerramento do maior evento esportivo do planeta. Apesar das dúvidas que despertaram e até de certo pessimismo antes de seu início, os Jogos Olímpicos do Rio, encerrados com uma belíssima festa no Maracanã no último domingo, foram um sucesso indiscutível, trouxeram benefícios ao país e nos encheram de orgulho e emoção.

Com raros problemas de organização, comuns a todos os eventos dessa magnitude, a Olimpíada do Brasil serviu também para devolver a autoestima aos cariocas e brasileiros, em meio a uma das maiores crises econômicas de nossa história e em um momento de grandes dificuldades. O chamado espírito olímpico parece ter se espraiado dos estádios, quadras e ginásios onde se realizavam as competições para todo o Rio de Janeiro e os quatro cantos do país. Nossa população se mobilizou em torno do esporte como raramente se viu, contagiada por um clima festivo, de confraternização e felicidade.

Depois da festa - Fernando Gabeira

• Vivemos intensamente o nosso espírito de cigarra. Agora é hora de baixar o de formiga

- O Estado de S. Paulo

Critiquei a Olimpíada porque achava que fora decidida num período de crescimento econômico e acabou sendo realizada no auge de uma crise. No entanto, uma vez que a decisão era irreversível, o melhor seria desejar que os Jogos Olímpicos transcorressem sem grandes incidentes e as pessoas, satisfeitas, ganhassem mais energia para enfrentar os desafios que temos pela frente.

Creio que o sucesso do evento confirma as previsões daqueles que achavam que hospedar a Olimpíada era o máximo. Eu não achava isso. Apenas desejava o êxito, sobretudo neste momento histórico.

Em busca da narrativa - Merval Pereira

- O Globo

O primeiro dia do julgamento da presidente afastada, Dilma Rousseff, teve tudo o que esse Congresso pode dar sem esforço nenhum: baixarias, quebra de regras mínimas de convivência, acusações em que geralmente os dois lados têm razão.

Tudo reflexo de um momento político rebaixado por instintos primitivos estimulados pela disputa em que o grupo petista já não luta mais pela manutenção do poder, mas pela tentativa de criar uma narrativa que permita disputar as eleições vindouras, inclusive a de 2018, com um mínimo de competitividade.

A senadora Gleisi Hoffman tantas fez, que acabou sendo repreendida pelo presidente do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowski, depois que insistiu na afirmação de que o Senado não tem moral para julgar “a presidenta”.

Grande teatro - Eliane Cantanhêde

- O Estado de S. Paulo

Os próximos dias, as longas horas pela frente e o dia de ontem do julgamento final da presidente já afastada Dilma Rousseff fazem parte de um script preestabelecido há meses, que tem um desfecho para lá de previsível: o impeachment vai passar por 60 ou 61 votos e o presidente Michel Temer passará de interino a efetivo, herdando definitivamente a maior crise da história do Brasil.

Até mesmo os gritos e o destempero de um lado e outro já eram esperados nesse grande teatro, em que os senadores Gleisi Hoffmann, Lindbergh Farias e Fátima Bezerra, do PT, e Vanessa Grazziotin, do PCdoB, são protagonistas desde a comissão do impeachment, encerrada com 59 votos contra Dilma, quatro a mais do que os necessários. Já na estreia do julgamento final, ontem, Gleisi berrou em tom de desafio que o Senado Federal e os senadores da República “não têm moral” para cassar “a presidenta”.

Nem as aparências – Bernardo Mello Franco

- Folha de S. Paulo

O ministro Ricardo Lewandowski abriu o julgamento do impeachment com uma advertência. Os senadores deveriam atuar como "verdadeiros juízes", deixando de lado "opções ideológicas, preferências políticas e inclinações pessoais". Caberia a cada um "atuar com a máxima isenção e objetividade, considerando apenas os fatos".

"Espera-se do juiz que utilize uma linguagem escorreita, polida, respeitosa", prosseguiu o presidente do Supremo Tribunal Federal. Todos deveriam se expressar de "forma cortês", observando a "imparcialidade", a "honra" e o "decoro".

Escombros - César Felício

• Impeachment é só mais uma etapa no pesadelo da oposição

- Valor Econômico

O nascimento oficial da Presidência de Michel Temer, uma certeza para a próxima semana, marca a primeira etapa do fim de um bombardeio. Sob os escombros, lá está a nova oposição, que só não é a mais débil a surgir desde o regime militar pelo seu caráter relativamente homogêneo.

O lado contrário ao Palácio do Planalto não é um balaio de gatos a tal ponto diverso entre si que não se possa unir adiante, embora não tenha conseguido unidade de ação nem na resistência ao impeachment, nem na eleição de Rodrigo Maia para a presidência da Câmara.

Apesar da enorme dificuldade decisória, PT, PDT, PCdoB e Psol convergem para o que difusamente se convenciona chamar de esquerda. São confusos, mas estão no mesmo time.

Roteiro do desastre - Rogério Furquim Werneck

• Dilma esteve direta e estreitamente envolvida em cada uma das mudanças de rumo que nos trouxeram ao colossal atoleiro

- O Globo

Tudo indica que o Senado está prestes a dar por encerrado o mandato da presidente Dilma. Confirmada a decisão, é preciso que o país saiba ir além dos termos estreitos em que, há meses, vem sendo travado o debate sobre o impeachment, e consiga ter perspectiva clara da trajetória de Dilma Rousseff em Brasília, desde que ali aportou, vinda de Porto Alegre, há cerca de 14 anos.

Em boa medida, essa trajetória demarca o descaminho dos governos petistas e o roteiro do desastre a que o país foi arrastado. De uma forma ou de outra, Dilma esteve direta e estreitamente envolvida em cada uma das mudanças equivocadas de rumo que nos trouxeram ao colossal atoleiro em que estamos metidos.

Lua de mel com Temer está no fim - Claudia Safatle

• Não há hipótese de abrir exceção na PEC 241, diz Padilha

- Valor Econômico

O PIB per capita caiu 16% entre 2013 e 2016, de R$ 30,5 mil para R$ 25,7 mil por ano. A população empobreceu. O desemprego cresceu de 6,4% para 11,2% em igual período até o meados deste ano. Cerca de 12 milhões de trabalhadores perderam o emprego, mais do que a população de Portugal.

O Brasil vive a pior recessão deste século e do século passado. Entre 1929 e 1933, período da Grande Depressão, a economia teve retração de 5,3%. Nos anos 80, quando da crise da dívida externa, foram duas recessões de 6,3% (de 1980 a 1983) e de 3,4% (de 1989 a 1992) Agora, a contração da economia já é de 6,8% no período de 2013 a 2016.

O juiz e o informante - Míriam Leitão

- O Globo

Faltavam três minutos para as 18 horas quando o ministro Ricardo Lewandowski disse que, conforme o que fora acertado entre ele e os senadores, a sessão seria suspensa. Foi a única parte do combinado a ser respeitada: a hora do breve descanso. Os senadores que defendem a presidente Dilma Rousseff ignoravam desde a manhã tudo o que fora acertado previamente.

O ministro foi engolido pelas manobras rasas e previsíveis da bancada da defesa da presidente. Não era para falar do mérito nas questões de ordem, e eles assim o fizeram. Não deveriam usar a palavra para procrastinar, e foi isso o que conseguiram. Não deveriam reapresentar as perguntas com outras palavras, e eles se repetiram durante todo o dia. Deveriam fazer perguntas e não discursos. Nada foi respeitado. O ministro, às 16h34m, decorridas seis horas da sessão, chegou a avisar aos petistas: — Daqui para a frente, serei muito rígido. Não foi. Continuou sem pulso. O ato mais discutível da atuação de Lewandowski foi impugnar o procurador Júlio Marcelo de Oliveira como testemunha pelo compartilhamento de uma postagem no Facebook.

O PT abre o jogo – Editorial / O Estado de S. Paulo

A abertura da fase final do julgamento do impeachment da presidente Dilma Rousseff deixou clara a estratégia que o lulopetismo adotou para tentar sobreviver politicamente. Não se trata mais de defender a presidente afastada das acusações que certamente lhe custarão o mandato, o que implicará para o PT o fim melancólico de um ciclo de poder de mais de 13 anos que culminou com a destruição do País. Isso ficou claro na reunião da Executiva que rejeitou por 14 votos a 2 a esdrúxula tese de Dilma de convocação de um plebiscito e antecipação de eleições. Daqui para a frente, como ficou demonstrado na sessão de ontem no Senado, o lulopetismo vai partir abertamente para a contestação da legitimidade dos poderes constituídos, renegando o sistema democrático que a duras penas vem sendo construído pelos brasileiros há mais de 30 anos, com base no argumento de que Dilma Rousseff é vítima – e, consequentemente, também o Partido dos Trabalhadores – de uma violência cometida por “eles”, os inimigos do povo.

Jogo duplo do PMDB – Editorial / Folha de S. Paulo

Não chega a trazer alívio a suspensão, até 8 de setembro, da tramitação no Senado do projeto que aumenta proventos dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Melhor seria que ficasse adiada por prazo indefinido.

Na quadra em que se debate um teto constitucional para as despesas, incluindo saúde e educação, é impróprio decidir matéria dessa importância de forma desconectada de outras medidas de ajuste.

Se já havia controvérsia com a aprovação de afogadilho, em junho, de reajustes para diversas categorias, com impacto de R$ 67 bilhões até 2018, o clima na base de apoio do governo interino de Michel Temer (PMDB) ficou ainda pior com a benesse para o topo da pirâmide do funcionalismo.

Crédito tem no ano o pior desempenho desde o Real – Editorial / Valor Econômico

A concessão de crédito pelo sistema bancário deu um profundo mergulho em julho, indicando que, se depender dos empréstimos, a recuperação econômica ainda não está a vista e pode ser demorada. E, ainda que a taxa Selic se mantenha estável há um ano, os juros do crédito subiram 0,5 ponto percentual no mês e nada menos de 8,5 pontos percentuais em doze meses. A desaceleração fará o Banco Central rever sua estimativa da evolução do saldo de crédito para o ano. A expectativa era de um avanço de 7%, mas o estoque evoluiu apenas 1% até julho e continua encolhendo. Em termos reais, a queda do estoque poderá chegar perto de dois dígitos em 2016.

Há alguns fatores positivos em meio à performance horrorosa do crédito. A inadimplência das pessoas físicas ficou praticamente estável, com pequeno recuo no mês, no trimestre e no ano. E tanto o nível de endividamento como o comprometimento da renda dos consumidores com dívidas mantiveram-se em trajetória descendente. Algo semelhante ocorre com as empresas, com a diferença que os bancos estão renegociando dívidas de pessoas jurídicas em apertos. O total desses débitos é de R$ 97 bilhões e avançou 20% em doze meses. Sem esta ação razoável, os números da inadimplência das pessoas jurídicas seria bem maior.

Seriedade como política social – Editorial / O Estado de S. Paulo

Criação de empregos é a melhor política social, disse o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, ao defender no Congresso a criação de um teto para o aumento do gasto público. Num país com desemprego de quase 12 milhões de trabalhadores, em consequência dos erros de um governo incompetente, gastador e irresponsável, os congressistas deveriam levar em conta as palavras do ministro. Sim, uma boa política social deve também educar as pessoas para empregos decentes e produtivos, além de garantir os cuidados básicos com sua saúde.

Mas nada disso se faz sem a aplicação eficiente de recursos em programas bem concebidos. Eficiência envolve parcimônia no uso de dinheiro e atenção aos fundamentos da economia. O desprezo a esses cuidados empurrou o Brasil para o buraco onde se debate há mais de dois anos.

Amigos e ideias – Ruy Castro

- Folha de S. Paulo

Um pesquisador carioca, Bruno Gomide, encontrou semelhanças entre um texto de 1936 do ensaísta alemão Walter Benjamin (1892-1940) e outro, de 1942, do austríaco-brasileiro Otto Maria Carpeaux (1900-1978), a respeito de certo escritor russo. Ainda que a contragosto, Gomide arrisca que Carpeaux —que veio para o Brasil em 1939, fugindo do nazismo— teria plagiado Benjamin, então desconhecido por aqui. E que isso pode pôr sob suspeita toda a monumental obra crítica de Carpeaux.

Será? Há tempos, revirando velhas pastas de recortes, saiu-me uma crônica de Carlos Heitor Cony, de 1962 ou 63, no "Correio da Manhã", intitulada "Eruditos & eruditos". Nela, Cony fala de dois colegas do "Correio": Carpeaux, então articulista do jornal, e o poeta e editorialista José Lino Grünewald.

Negra – Carlos Drummond de Andrade

A negra para tudo
a negra para todos
a negra para capinar plantar
regar
colher carregar empilhar no paiol
ensacar
lavar passar remendar costurar cozinhar
rachar lenha
limpar a bunda dos nhozinhos
trepar.

A negra para tudo
nada que não seja tudo tudo tudo
até o minuto de
(único trabalho para seu proveito exclusivo)
morrer.

Tudo que eu vivi [Wilson das Neves & Moacyr Luz]