sábado, 19 de outubro de 2013

OPINIÃO DO DIA – José Serra: escola da Dilma

A presidente Dilma reivindicou que os candidatos estudem, mas aparentemente ela e sua equipe não estudaram muito antes e nem aprenderam depois. Porque conseguiram a seguinte combinação: economia com crescimento lento, inflação elevada e taxas de juros, as maiores do mundo.

José Serra, “Campanha antecipada: Serra prevê mudanças na cena política e reafirma ser opção”. O Globo, 18 de outubro de 2013.

20 anos depois, PT volta a se dividir em Pernambuco

Partido não chegou a consenso sobre desembarque do governo de Campos

Em 1994, petistas enfrentaram dilema para decidir sobre apoio a Miguel Arraes, avô do atual governador

Daniel Carvalho

RECIFE - Na reedição de um debate de quase 20 anos atrás, o PT de Pernambuco começou a decidir ontem se entrega os cargos que mantém nas gestões do PSB do governador e presidenciável Eduardo Campos e de Geraldo Julio, prefeito do Recife.

A discussão remete a um dilema enfrentado pelos petistas em 1994, quando se dividiram sobre apoiar ou não a campanha do avô de Campos, Miguel Arraes (1916-2005), que acabou eleito naquele ano governador.

Na ocasião, o PT pernambucano começou defendendo candidatura própria, mas optou ao fim pelo apoio a Arraes como forma de se opor ao PFL (atual DEM).

Para o cientista político Túlio Velho Barreto, da Fundação Joaquim Nabuco, o PT-PE sempre manteve atitude "dúbia" em relação ao PSB, mas hoje a discussão é mais pragmática e menos de ideias.

"Não é um debate tão ideológico como nos anos 1980 e 1990. Hoje é mesmo em função de ocupar cargos ou não, entregar ou não", diz.

O tema foi pauta de reunião realizada ontem em São Paulo entre petistas pernambucanos e a Executiva Nacional do partido. A decisão final só deve ser anunciada amanhã, no Recife.

O PT tem 25 cargos no governo Campos, entre eles o de secretário da Cultura. Também comandava a pasta de Transportes, mas o titular trocou o partido neste mês pelo PSB. Na prefeitura, comanda a área de Habitação.

No mês passado, o PSB anunciou a entrega dos cargos que mantém no governo federal, primeiro ato concreto rumo à candidatura presidencial de Campos em 2014.

Diante do movimento do governador de Pernambuco, o PT nacional disse que não faria ação semelhante porque os cargos nas gestões estaduais do PSB que integra pelo país (Amapá, Espírito Santo, Piauí e Pernambuco) sempre estiveram à disposição.

Em Pernambuco, o grupo petista ligado ao senador Humberto Costa e aos deputados federais João Paulo e Pedro Eugênio, presidente do PT-PE, anunciou nesta semana a disposição de deixar o governo Campos.

"Entendemos a necessidade de entrega dos cargos para ficarmos na mesma condição do governador, à vontade", disse João Paulo.

Do outro lado da briga, o ex-prefeito do Recife João da Costa e o presidente do PT do Recife, Oscar Barreto, que é vice da pasta da Agricultura de Campos, querem protelar ou até evitar o desembarque.

"O que defendo é por convicção política e não por oportunismo político", afirma Barreto.

Os conflitos internos do PT-PE se agravaram no ano passado, após a direção nacional do partido impedir a tentativa de reeleição de João da Costa no Recife.

Houve intervenção, e Humberto Costa foi o candidato petista, ficando em terceiro lugar, encerrando hegemonia petista de 12 anos na cidade.

Fonte: Folha de S. Paulo

Ao responder a Aécio, Campos diz que ainda é muito cedo para falar em alianças para 2014

Tucano havia rejeitado a ideia de os tucanos oferecerem palanque duplo para Campos nos estados

Precisamos, nesse momento, ter todo o cuidado para não fazer um debate, que é tão importante, só em torno de nomes”, disse Campos

Letícia Lins

RECIFE - O governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), botou panos quentes na polêmica criada na véspera pelo senador Aécio Neves (PSDB), ao estabelecer que os palanques duplos entre as duas legendas não terão valor na campanha presidencial. Campos afirmou que “ainda é muito cedo” para esse tipo de iniciativa, e que a sucessão presidencial deve ser discutida, agora, em em torno de programas e não de nomes.

- Acho que a gente não deve criar esse ambiente, de forma nenhuma. Hoje mesmo, eu liguei para Aécio, e disse a ele que temos que seguir dialogando, que é legítima a caminhada do PSDB, como é a do PT e a nossa junto com a Rede. Não vamos transformar esse debate em um ringue, pelo contrário. Não teremos uma posição contra quem quer que seja, nem contra o senador Aécio Neves nem contra a presidente Dilma. Nossa posição é construir um pensamento que represente a possibilidade de melhorar a política, pois melhorando a política, melhora o Brasil - disse Campos.

O governador anunciou que, no fim do mês, já espera lançar o primeiro documento para servir de referência da aliança entre Rede e PSB. Os acertos sobre o próximo encontro já haviam sido feitos em Recife, na última segunda-feira, em reunião de mais de três horas com a ex-senadora Marina Silva, líder da Rede.

Sobre a decisão de Aécio Neves, com o partido do qual o PSB desfrutava de vários arranjos locais, inclusive em São Paulo e em Minas Gerais, Campos afirmou ser cedo para tocar nesse assunto:

- Estou muito tranquilo e não vamos fazer debate eleitoral agora. Nosso debate, no momento, é programático, é para buscar o conteúdo da aliança que fizemos com a Rede Sustentabilidade, receber contribuições da sociedade, de nossa militância e dos quatro cantos do país. Eu tenho com o senador (Aécio) uma relação de muito respeito que todo o Brasil conhece. Desde 1984, não estamos na mesma posição política no quadro nacional, mas já estivemos juntos em defesa de muitas questões para o país. Fomos deputados federais na mesma época, e nós o apoiamos para a presidência da Câmara, construímos juntos um ponto programático que falava na participação da sociedade — disse Campos.

Ele não quis comentar a colocação do líder do seu partido na Câmara, Beto Albuquerque (RS), para quem a iniciativa do tucano é “discurso de perdedor”. Mas lembrou:

- É legítima a nossa caminhada, a do PSDB, a do PT, a do povo. A nossa vamos construir com a Rede um pensamento, para oferecer ao país. Precisamos, nesse momento, ter todo o cuidado para não fazer um debate, que é tão importante, só em torno de nomes. Vou agir dessa maneira e não é de hoje, sempre foi assim. Vou continuar fazendo assim, e pedir aos meus companheiros que façam dessa maneira —disse Campos.

Ele negou notícias veiculadas segundo as quais iria antecipar a desincompatibilização do governo de Pernambuco já para janeiro. E disse que a reunião do final do mês, na verdade, já é resultante de uma série de outros encontros entre lideranças do PSB e militantes da Rede.

O encontro foi definido como a primeira tentativa de “afinar o discurso” pelo líder do PSB na Câmara, Beto Albuquerque. Ontem, o governador ratificou a informação, e disse que vai aproveitar o feriado do próximo dia 28 - dedicado ao servidor público - para viajar até São Paulo, a fim de reunir-se com a Rede.

O governador afirmou que a agenda de entrevistas, participação em programas de emissoras de rádio e de TV serão mantidas, mas sem prejuízo das viagens que a dupla pretende fazer depois do dia 28 pelo país.

- Todo mundo está muito entusiasmado, feliz com a aliança. À medida que a sociedade vai tomando conhecimento dessa nova realidade política, vai se empolgando também. Até o momento, só podemos dizer que estamos muito felizes com o seu resultado - afirmou Campos, pouco antes de viajar para a cidade de Ipojuca, onde fecharia um encontro de procuradores de Pernambuco.

O governador falou rapidamente com a imprensa no Centro de Convenções, sede provisória do governo, onde assinou um convênio repassando recursos para o polo de confecções da região agreste, onde mais de 100 mil pessoas vivem da fabricação de roupas populares.

Fonte: O Globo

Chapa Aécio-Serra é 'difícil', 'mas não impossível', afirma Alckmin

Diante de um quadro político com 32 partidos, governador de São Paulo acredita que composição só entre tucanos não é a 'mais viável' na disputa pela Presidência em 2014

Carla Araújo

São Paulo - O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, afirmou nesta sexta-feira, 18, ser difícil a formação de uma chapa "puro-sangue" para a disputa da Presidência em 2014. "Não é hoje o mais viável, mas não é impossível", disse ao comentar a possibilidade de o ex-governador José Serra ser o vice do senador Aécio Neves.

Segundo o governador, a formação de uma chapa com candidato e vice do PSDB é mais difícil em razão do quadro político multipartidário. "São 32 partidos, é muito partido, fica difícil", reforçou, ressaltando que ainda é muito cedo para que o partido tome essa decisão.

Depois do anúncio da aliança entre a ex-ministra Marina Silva e o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), Aécio voltou a negociar a construção de uma chapa com Serra. O ex-governador, entretanto, foi categórico ao descartar a ideia. "Delirar é livre. A gente pode aqui especular sobre qualquer assunto. Mas não faz sentido", disse o tucano. Apesar de o nome de Aécio na disputa presidencial contar com apoio da maioria do partido, Serra ainda mantém o discurso de que a decisão do candidato será em 2014.

Palanque duplo. Questionado sobre a possibilidade de um palanque duplo em São Paulo por conta da provável candidatura do governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), à Presidência, Alckmin esquivou-se. "Tudo isso só em 2014", afirmou.

A cúpula nacional do PSDB quer limitar a dobradinha de governadores tucanos com o PSB. Mas dirigentes tucanos no Paraná e aliados do governador Beto Richa (PSDB) já negociam a abertura do palanque a Eduardo Campos (PSB), possível adversário de Aécio Neves (PSDB) na disputa das eleições presidenciais de 2014. Mesmo que Richa e Campos não participem de um mesmo comício, os aliados admitem que o governador do Paraná poderá aparecer ao lado do governador de Pernambuco em materiais de campanha. No Paraná, PSB e PSDB são aliados históricos.

Fonte: O Estado de S. Paulo

Campos telefona para Aécio e busca desfazer arestas

Angela Lacerda

O governador de Pernambuco e presidenciável Eduardo Campos (PSB) procurou desfazer nesta sexta-feira, 18, em entrevista, em Recife, qualquer aresta com o também presidenciável, senador Aécio Neves (PSDB), depois que o vice-presidente nacional da legenda socialista, Roberto Amaral, afirmou que o tucano seria o seu principal adversário na eleição presidencial. uma vez que os dois disputariam uma vaga no segundo turno com a presidente Dilma Rousseff.

"Liguei para o senador Aécio Neves dizendo que nós temos que seguir dialogando", disse Campos ao lembrar a relação de respeito que mantém com o político mineiro. "Não vamos transformar este debate em um ringue, de forma nenhuma, pelo contrário". Ele frisou que ao PSB não interessa disputas fratricidas. "Não teremos nenhuma posição contra quem quer que seja, nem contra o senador Aécio Neves, assim como não tivemos nenhuma posição contra a presidente da República".

"A nossa posição é construir um pensamento que represente a possibilidade de melhorar a política e, melhorando a política, melhorar o Brasil", pontuou. "É legítima a caminhada do PSDB como é a do PT e a nossa, de construir um pensamento junto com a Rede e oferecer este pensamento ao País".

"Temos de ter todo cuidado para não transformar um debate tão importante em um debate de nomes nem de partidos", complementou, ao afirmar que pedirá aos seus companheiros que ajam da mesma maneira.

Campos destacou a relação de "grande respeito" que mantém com Aécio Neves e relembrou que desde 1984 eles não estão juntos na mesma posição política nacional, mas já estiveram juntos na defesa de "muitas questões importantes para o País".

"Quando fomos deputados federais juntos e o apoiamos para ser presidente da Câmara, construímos um ponto programático que falava da legislação participativa", disse, ao citar a abertura à participação popular na proposição de projetos de lei ao Parlamento. "Foi um compromisso assumido e cumprido por ele".

O governador reiterou não ser momento para debate eleitoral e reforçou que o foco do PSB e da Rede é a discussão do programa a ser apresentado pela aliança. Informou que no dia 28, feriado pelo dia do funcionário público, as duas legendas estarão reunidas em São Paulo durante todo o dia "tentando sair dali com mais um documento de referência para a aliança".

Fonte: O Estado de S. Paulo

PSDB mineiro acusa Dilma de 'propaganda mentirosa'

Marcelo Portela

O PSDB mineiro acusa o governo federal de mentir em propaganda de obras públicas em jornais e emissoras de rádio e TV do Estado. A sigla pretende denunciar a presidente Dilma Rousseff por improbidade administrativa.

O presidente do diretório tucano em Minas, deputado federal Marcus Pestana, diz que as propagandas têm "objetivo claramente político-eleitoral". Segundo ele, peças publicitárias mentem ao dizer que obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) de mobilidade em Belo Horizonte são investimento do governo federal. "Empréstimo não é investimento", diz o tucano. O parlamentar ressaltou que as obras são "fruto de investimentos da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) e do Governo de Minas, e empréstimos tomados nos bancos federais".

"São operações de crédito, endividamento. Vai ter de pagar com juros e correção lá na frente. Não são investimentos do governo federal. E o governo federal fala que está realizando", disparou. O deputado disse ainda que o PSDB já solicitou informações sobre os recursos aplicados na veiculação da propaganda e que vai pedir ao MPF apuração sobre o uso da cadeia nacional de rádio e TV, que já teria sido convocada 15 vezes na gestão da petista.

"Ela (Dilma) bateu o recorde do Lula, e olha que ele gosta de falar. (Mas) não teve nenhum anúncio. É uso indevido da máquina", disse Pestana. Para o deputado, a "manipulação da informação" na propaganda oficial tem "claro foco" nas eleições do ano que vem.

Guerra
O PSDB mineiro já trava uma batalha judicial contra o Sindicato dos Auditores Fiscais da Receita Estadual de Minas Gerais (Sindifisco/MG) por causa de uma campanha publicitária criada pela entidade. Com o título de "chega de enganação", as peças da campanha criticam principalmente a política tributária adotada pelo governo mineiro, comandado por duas gestões por Aécio Neves, possível candidato do PSDB à Presidência, e atualmente chefiado por seu apadrinhado, o também tucano Antonio Anastasia.

Após o início da veiculação das peças, com críticas, por exemplo, às alíquotas de até 30% do Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (IMCS) cobradas pelo governo mineiro sobre a energia elétrica e sobre benefícios fiscais concedidos a determinados setores, o diretório estadual do partido recorreu à Justiça Eleitoral para tirar a campanha do ar. A alegação é de que os anúncios fazem "propaganda eleitoral negativa antecipada, objetivando influir na opinião dos eleitores, sendo evidente o propósito de denegrir a imagem do representante (PSDB) e de seus principais lideres: senador Aécio Neves e governador Antonio Anastasia".

Fonte: O Estado de S. Paulo

Indefinição de aliados reforça PMDB e PT

Pelo menos dez ministros devem sair para disputar eleição, e Dilma busca alternativas

Luíza Damé

BRASÍLIA - Enquanto partidos aliados ainda discutem o apoio à reeleição de Dilma Rousseff e, por consequência, deixam de garantir novos espaços na Esplanada dos Ministérios, a presidente está redefinindo a participação do seu partido, o PT, e do principal aliado, o PMDB, no primeiro escalão do governo. Para a reta final de seu mandato, a presidente, segundo as discussões em curso, quer manter petistas à frente de postos-chave e tentar ampliar a fatia do PMDB na Esplanada.

Ex-ministro e ex-presidente do PT, o deputado Ricardo Berzoini (SP) é forte candidato a voltar ao governo, com a promessa de ganhar “um mandato permanente” na equipe do eventual segundo mandato, já que terá que desistir de disputar a reeleição ano que vem. O mesmo compromisso, apostam os políticos, Dilma fez com o ministro do Esporte, Aldo Rebelo (PCdoB), para que ele continue à frente da Copa do Mundo, abandonando sua intenção de disputar um novo mandato de deputado federal.

Outros cargos também terão negociações envolvendo o eventual segundo mandato. Berzoini é cotado para o Ministério das Comunicações, ocupado pelo também petista Paulo Bernardo, que seria promovido para uma pasta de maior importância.

Mistura entre políticos e técnicos

O Ministério da Previdência também chegou a ser cotado para Berzoini, que já foi titular da pasta, mas essa mexida desalojaria o peemedebista Garibaldi Alves Filho, criando mais problemas para a já difícil relação de Duma com o PMDB. Garibaldi não vai disputar eleição, e deve permanecer no cargo. Já Berzoini tem demonstrado pouca disposição de enfrentar uma nova eleição para deputado. A tendência hoje é que a presidente, na mexida para substituir os ministros-candidatos, mescle escolhas políticas com técnicas.

Alguns ministérios ficariam sob o comando dos secretários-executivos, mas postos-chave iriam para políticos aliados, especialmente petistas. A Casa Civil e a Secretaria de Relações Institucionais (SRI) devem ganhar novos ministros petistas com grandes chances de permanência no eventual segundo mandato de Dilma. A ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, vai disputar o governo do Paraná, e Ideli Salvatti (SRI) deve concorrer ao Senado por Santa Catarina.

A ministra do Planejamento, Miriam Belchior, e o secretário-executivo da Previdência, Carlos Gabas, são cotados para a Casa Civil. — Conversa formal da presidente com os partidos aliados (sobre reforma ministerial) ainda não houve. Mas está correndo uma discussão política. A ideia é consolidar os apoios para a reeleição da presidente, atendendo os partidos que ficarão com ela — disse um líder que tem participado desses debates internos.

No PMDB, é dada como certa a nomeação do senador Vital do Rêgo (PB) para a Integração Nacional, pasta que já foi ocupada pelo partido, mas que estava com o PSB até o mês passado, quando a legenda rompeu com o governo Dilma para lançar a pré-candidatura do governador de Pernambuco, Eduardo Campos, a presidente.

— Vital está no meio do mandato e tem apoio nas duas Casas — afirmou um peemedebista. Mas o partido do vice-presidente Michel Temer não é o único interessado na Integração Nacional, ministério com forte atuação no Nordeste. O PP sonha com a pasta e já tem até candidato: o senador Ciro Nogueira (PL), presidente nacional do partido.

O PP negocia a formação de um bloco com o recém-criado PROS (Partido Republicano da Ordem Social). Na Câmara, os dois partidos ficariam com uma bancada de 62 deputados (41 do PP e 21 do PROS) e usariam essa força para pressionar por mais espaço no governo. Atualmente, o PP comanda o Ministério das Cidades, ocupado pelo deputado Aguinaldo Ribeiro, que deve concorrer em 2014.

Com mais de 60 deputados, acredita que pode ter mais. Embora o PP não tenha garantido apoio formal à reeleição de Dilma, seus dirigentes já negociam com o PROS, oferecendo órgãos ligados à Integração Nacional.

Doze ministérios para negociar

Mas a condição do Planalto para manter e ampliar o espaço do PP é o apoio formal à candidatura de Dilma. Na eleição de 2010, o PP ficou independente, situação que pode se repetir ano que vem, já que setores do partido apoiam Eduardo Campos; outros são favoráveis ao tucano Aécio Neves e outros querem continuar com Dilma.

Além de Gleisi, Ideli e Aguinaldo, devem deixar o governo em dezembro os ministros Fernando Pimentel (Desenvolvimento), Alexandre Padilha (Saúde), Maria do Rosário (Direitos Humanos), Pepe Vargas (Desenvolvimento Agrário), Antônio Andrade (Agricultura), Gastão Vieira (Turismo) e Marcelo Crivella (Pesca). O peemedebista Antonio Andrade não descarta a possibilidade de continuar.

Além desses dez ministérios, a presidente tem livres Integração Nacional e Portos — que eram do PSB — e a Secretaria de Assuntos Estratégicos. São 13 postos de ministros para distribuir entre os partidos.

Fonte: O Globo

Lula ironiza Marina: ‘economista’ sabe tudo na oposição

PT deve anunciar amanhã saída do governo Campos; Rui Falcão fala em ‘declarações hostis’

Thiago Herdy e Tatiana Farah

SÃO PAULO - O ex-presidente Lula ironizou ontem, em São Paulo, crítica de Marina Silva, que acusou o PT de ser negligente com o tripé econômico criado no governo Fernando Henrique, baseado no superávit primário nas contas públicas, regime de câmbio flutuante e metas para inflação. — Economista sabe tudo quando está na oposição. Eu agora estou vendo até uma candidata falar em tripé. “Porque é preciso consertar o tripé.” Acho fantástico como o economista é um bicho sabido.

Como não pude ser, e o José de Alencar também não, a gente tentou fazer os investimentos para transformar o país em uma grande nação — disse Lula, durante palestras para sindicalistas da educação em um clube da zona Norte de São Paulo. Nesta semana, em viagem a Minas Gerais, Dilma já havia dito que seus adversários nas eleições presidenciais de 2014 precisavam “estudar muito” sobre o país. Marina rebateu no mesmo dia, dizendo que “difícil são aqueles que acham que já não têm mais o que aprender” .

Durante o evento realizado na noite de ontem pelo Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp), ligado à CUT, Lula ouviu da plateia um apelo para se candidatar a governador de São Paulo em 2014. No entanto, declinou e disse que deseja ser apenas um “cabo eleitoral nas próximas eleições”. Lula trabalha pela candidatura do ministro da Saúde, Alexandre Padilha, ao cargo. —- Tem tempo de concorrer, e tempo de parar. Eu acho que já fiz a minha parte, já cumpri com a tarefa que vocês me delegaram. (...) Agora temos outra tarefa, que não é a minha — disse o ex-presidente.

Falcão reúne lideranças em SP

O PT deve anunciar amanhã a saída do partido do governo de Eduardo Campos ( PSB), em Pernambuco. Com os ânimos inflamados por conta das eleições internas da legenda, os petistas pernambucanos se reúnem no diretório estadual, quando decidem também como vão se posicionar em relação a Campos, que, segundo o presidente nacional do PT, Rui Falcão, tem feito “declarações hostis” sobre o governo Dilma e os petistas.

Ontem, Falcão reuniu em São Paulo 15 lideranças do PT de Pernambuco para tentar pacificar o racha, que teve início na campanha municipal de 2010 e se agravou com a disputa das eleições internas e com o anúncio de Campos de concorrer à Presidência. Para Falcão, o PT deve se unir no estado como estratégia de “autodefesa”. O partido havia decidido discutir em cada estado como ficaria a relação com os governos socialistas dos quais participava, mas acabou atropelado pela decisão de Campos de anunciar sua pré-candidatura ao lado da ex-ministra Marina Silva.

Fonte: O Globo

Reeleição faz Planalto ceder em aperto fiscal

Para manter o apoio da coalizão à presidente Dilma, governo evita embates sobre matérias consideradas uma ameaça às contas públicas

Para reagrupar a base aliada no Congresso e assegurar alianças para as eleições de 2014,"o governo da presidente Dilma Rousseff passou a avalizar propostas antes consideradas ameaças orçamentárias.

O "afrouxamento" na relação do Executivo com parlamentares vai do Orçamento impositivo, que obriga o governo a destinar recursos para pagar as emendas de todos os congressistas, à recente aprovação de criação de novos 180 municípios.

No caso do Orçamento impositivo, o Planalto ainda tentou resistir. Mas nas vésperas da votação na Câmara, decidiu não acionar mais o Judiciário, como prometia. Agora deixou o Senado livre para até elevar as verbas: a ideia é aumentar de 1% para 1,2% o porcentual da Receita Corrente Líquida (RCL) da União destinado a essas emendas. Na prática, a mudança pode garantir uma injeção de cerca de R$1,3 bilhões a mais destinados aos parlamentares.

A tese de que vinculações de despesa são prejudiciais ao país também foi abandonada no caso dos gastos com saúde. Apesar de não atender o pleito histórico de elevar o investimento na área para 10% da receita bruta, o governo propôs vincular, em quatro anos, 15% da receita corrente líquida, o que dará R$ 49,2 bilhões a mais até 2017.0 montante é menor, mas abase aliada tem demonstrado apoio a essa iniciativa, ainda em tramitação.

No caso do indexador da dívida dos Estados e municípios, havia receio de que a alteração pudesse sinalizar falta de compromisso fiscal. O governo, porém, acabou cedendo e apoiará projeto que será votado na próxima semana trocando o indexador atual, IGP-DI mais 6%, por um novo modelo em que a taxa de juros Selic passa a ser a máxima. Com isso, Estados e municípios pagarão juros menores sobre R$ 468 bilhões que devem à União e terão uma folga de caixa,

A regulamentação da criação de municípios, proposta que abre a possibilidade de emancipação de ao menos 180 municípios, é outro tema semelhante. O governo tinha feito ponderações de que a medida criaria despesas indiretas com socorros aos novos municípios e aos que perderem distritos, além das despesas com instalação de órgãos federais nas novas cidades, como postos da Previdência Social. Por fim, porém, não se opôs ao desejo dos parlamentares.

O líder do PMDB na Câmara, Eduardo Cunha (RJ), afirma que houve melhora no diálogo e ressalta que a base também tem colaborado. Ele lembra que todos os vetos foram mantidos pelo Congresso até agora, inclusive o que acabava com a multa adicional de 10% do FGTS em demissões sem justa causa, o que tiraria mais de R$ 3 bilhões dos cofres da União no próximo ano. "O diálogo melhorou e nós temos conseguido convencer o governo de algumas coisas e eles têm nos convencido de outras."

Fonte: O Estado de S. Paulo

Ex-governador prepara viagens por todo o País

Com um discurso de que está "disponível para o que der e vier", o ex-governador José Serra (PSDB) prepara um roteiro de viagens para rodar o País nas próximas semanas com o objetivo de manter o "recair junto aos eleitores. Candidato à Presidência da República em 2010, quando obteve 43 milhões de votos, 0 tucano aguarda a decisão oficial da legenda sobre quem disputará uma vaga ao Planalto no ano que vem, 0 que deve ser feito em março de 2014. Atualmente, o candidato tucano à Presidência é o senador Aécio Neves (MG).

Até março, Serra deve percorrer alguns Estados com discursos críticos ao atual governo e se colocando como alternativa. "Sei que está sendo montado um roteiro, É normal que ele queira se manter na memória das pessoas", disse o deputado federal Yaz de Lima (PSDB-SP), próximo ao ex-governador "Mesmo um jogador no banco tem que estar com intenção de ser titular. E se acontecer de 0 titular se machucar, o reserva tem que estar pronto para atuar", afirmou Lima.

A próxima viagem está prevista para ocorrer na semana que vem, quando 0 tucano deve desembarcar em Salvador na quarta-feira para proferir palestra a representantes do setor de supermercados. No dia 9 de outubro, Serra esteve no Rio Grande do Sul e falou em evento patrocinado pela Federação das Associações Comerciais e de Serviços do Rio Grande do Sul (Federasul). Na ocasião, adotou um discurso de candidato e criticou a atuação econômica do governo Dilma Roussefi Ontem, de passagem por Brasília, o ex-governador, em tom eleitoral, deixou o recado de que não tinha se aposentado da política e que estava "disponível para o que der e vier".

Fonte: O Estado de S. Paulo

Gilmar Mendes alfineta governo

Ministro do STF ressalta a importância da Carta Magna e critica a concentração de recursos pela União

Ana D’Angelo

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes encerrou ontem o 16º Congresso Brasiliense de Direito Constitucional, em Brasília, destacando a importância da Constituição Federal de 1988, que completou 25 anos no último dia 5, por permitir que os brasileiros vivam em um ambiente de paz e liberdade. “É o mais longo período de normalidade institucional, pelo menos da vida republicana, o que já seria suficiente para valorizar esse modelo que foi feito com muito sacrifício”, avaliou. Na ocasião, o ministro aproveitou para alfinetar o governo.

Passados 25 anos, no entanto, disse o ministro, há reformas a serem feitas no plano constitucional e também no da legislação ordinária. Ressaltou que algumas leis que complementam a Carta Magna não foram editadas, o que gera enormes conflitos entre o STF e o Congresso, tendo como pano de fundo a falta da lei ou a inércia legislativa.

Mendes elogiou avanços como a reforma do Judiciário, que instituiu o Conselho Nacional de Justiça e o Conselho Nacional do Ministério Público, e a Lei de Acesso à Informação, mas citou a necessidade de repensar o pacto federativo, a distribuição dos royalties do petróleo e as dívidas dos estados, entre outros pontos. Segundo ele, a situação atual é “peculiar” e “atípica”, que é “a concentração, pela primeira vez, de recursos financeiros nas mãos da União e falta de recursos nos estados e municípios”.

Nos três dias no congresso promovido pelo Instituto Brasiliense de Direito Público (IDP) — Do Poder Constituinte aos dias atuais — em defesa da Constituição na celebração dos seus 25 anos —, os participantes acompanharam palestras de juristas brasileiros e estrangeiros, parlamentares e economistas, que abordaram desde o nascimento da Carta e a sua evolução nesses 25 anos. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso fez a conferência de abertura na noite de quarta-feira. O ex-governador de São Paulo José Serra, também palestrante, contou sua experiência como relator de parte do texto constitucional.

Em brilhante exposição ontem, em que comparou a Carta de 88 e a de Portugal de 76, o constitucionalista português Jorge Miranda deixou um recado aos brasileiros, de que só a “consciência constitucional de paz cívica e liberdade dos indivíduos, essência do estado democrático de direito, pode garantir a sobrevivência da Carta Magna. Miranda lembrou que o Brasil passou esses 25 anos da Constituição de 88 com crises graves, como o impeachment do presidente Collor de Mello, e outros fatos determinantes, como a luta contra a inflação, a alternância de poder com a subida do PT (à Presidência), em ambiente de paz institucional. “É a Carta dos nossos direitos que temos que defender, que não podem ser esmagados por nenhuma força interna ou externa”, declarou.

Fonte: Correio Braziliense

Cortina de ouro - Cristovam Buarque

Em uma noite morreram 359 pessoas tentando atravessar o Mediterrâneo, de países pobres para ricos. Estima-se que 280 morrem, em um único ano, tentando atravessar a fronteira entre a América Latina e os Estados Unidos, contra 809 que morreram tentando pular o muro de Berlim em todos os 28 anos de sua história. O número de mortes é muito maior se considerarmos milhões que morrem por não terem dinheiro para saltar os muros dos bons hospitais em busca de atendimento médico com qualidade.

O mundo derrubou a Cortina de Ferro, separando a escassez nos países socialistas dos benefícios nos capitalistas, e construiu uma Cortina de Ouro, que serpenteia o planeta por dentro de cada país, separando as necessidades dos pobres dos privilégios dos ricos.

O que aconteceu à margem da Ilha de Lampedusa chamou atenção pelo tamanho da barbaridade concentrada em uma noite sobre emigrantes tentando sair da pobreza da África para a riqueza da Itália. Mas todos os dias morrem muito mais pessoas por não conseguirem saltar os muros que fazem parte da Cortina de Ouro, que cercam as boas escolas para impedir que nelas entrem crianças de famílias de baixa renda. De um lado do muro, uma famosa foto mostra o edifício de apartamentos de luxo no bairro Higienópolis de São Paulo e, no outro, uma favela chamada Paraisópolis.

A escada que permitiria o salto de um lado para o outro seria colocar as crianças dos dois lados em escolas com a mesma qualidade.

Mas a Cortina de Ouro está sendo consolidada entre países, por muralhas ou polícia de fronteira; e, dentro de cada país, visíveis ou não, pelos muros de shopping-centers, escolas, hospitais e condomínios. Mas, em vez de espalhar os benefícios construídos pela modernidade, a civilização parece estar preferindo fazer uma humanidade dividida. O Brasil é um exemplo. Somos um país dividido, com a população separada por uma Cortina de Ouro.

A tarefa dos abolicionistas foi derrubar, por meio de uma lei, o muro que separa escravos-negros de livres-brancos. A Cortina de Ferro foi derrubada pelos martelos nas mãos dos moradores de Berlim Oriental. A derrubada da Cortina de Ouro só será possível com leis que assegurem ao professor brasileiro ser tratado com o reconhecimento máximo.

Mas parece que estamos longe disso. Talvez não seja coincidência que, no mês em que morrem africanos fugindo para a Itália, nas vésperas do Dia do Professor, tenhamos mestres em greve no Brasil, em busca de pequenos aumentos salariais. Alguns deles sendo vítimas de violência policial.

Ao cometer o crime de depredar bens públicos ou privados, os manifestantes, ao lado dos professores, estão provavelmente sem saber e por caminhos errados lutando para derrubar a Cortina de Ouro, como os berlinenses fizeram com a cortina de ferro.

Cristovam Buarque é senador (PDT-DF)

Fonte: O Globo

Pior que os números só o otimismo de dona Dilma - Rolf Kuntz

Há uma notícia pior que a mistura de inflação em alta, economia quase parada, contas públicas piorando e balanço externo em deterioração. O fato mais assustador, mas nada surpreendente, é a tranqüilidade, quase alegria, exibida pela presidente Dilma Rousseff e por sua solerte equipe econômica diante desse quadro. Este ano foi difícil para todos, disse o ministro da Fazenda, Guido Mantega, na apresentação do oitavo balanço do PAC 2, o atual Programa de Aceleração do Crescimento, Foi realmente um ano difícil, mas ele parece haver esquecido alguns detalhes. Á economia americana continuou" em recuperação, com mais investimentos e mais exportações* a União Européia começou a sair da recessão, o Japão continuou avançando e a maior parte dos emergentes, embora perdendo impulso, continuou crescendo mais que o Brasil Á economia brasileira, disse nesta semana o secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Márcio Holland, será uma das poucas, neste ano, com crescimento superior ao de 2012. Ora, alvíssaras! E quantas terão crescido 0,9% no ano passado, depois de alcançar o ritmo quase alucinante de 2,7%, em 2011?

Se a presidente e seus ministros levam a sério o próprio discurso, ninguém deve esperar medidas mais produtivas nos próximos meses, até porque a campanha para a reeleição é o primeiro item da agenda presidencial. A inflação e as contas públicas estão absolutamente sob controle, disse a presidente em Salvador, na terça-feira. Pelos dados oficiais, essa inflação "controlada" continua em alta. O IPCA-15, prévia do índice de Preços ao Consumidor Ampliado, subiu 0,27% em setembro e 0,48% em outubro, continuando a ascensão iniciai da em agosto. Em julho havia ficado em 0,07%, mas no mês seguinte já avançou 0,16%.

Acabado o efeito dos truques com tarifes de ônibus e de eletricidade, o conjunto dos preços voltou ao curso normal numa economia com muita gastança pública, iftuita demanda privada de consumo e capacidade produtiva defasada. Além disso, a difusão dos aumentos de preços passou dê 59,5% em setembro para em outubro, 110 IPCÀ-15, segundo cálculo da Votorantim Corretora.

O indicador de difusão porcentagem de itens com majoração de preços - é rotineiramente calculado pelas instituições do mercado financeiro. E um importante sintoma da vulnerabilidade dos vários segmentos do mercado às pressões inflacionárias. Quando a alta se espalha por quase dois terços dos preços e a alta geral acumulada em 12 meses, 5,75%, continua longe da meta: discutir ia a inflação está controlada ou descontrolada é um exercício de escassa utilidade. Além disso, o resultado em 12 meses deve continuar acima da meta de 45% nos próximos dois anos, até o terceiro trimestre de 2015, segundo projeção do Banco Central (BC) repetida na ata da última reunião do Comitê de Política Monetária.

Além dessa ata, o BC divulgou também, nesta semana, seu índice de atividade econômica,o IBC-Br, uma espécie de prévia do produto interno bruto (PIB). Esse indicador subiu apenas 0,08% em agosto, depois de ter caído 0,33% em julho. Mesmo com um resultado melhor em setembro, a comparação do terceiro com o segundo trimestre deverá apresentar uma variação muito próxima de zero, talvez negativa, segundo a maior parte das projeções do mercado.

Esse e outros números parecem apontar, passados três ; quartos do ano, um crescimento pífio em 2013, embora maior que o do ano passado. O ministro da Fazenda já declarou aceitar a projeção de 2,5%, formulada pelo BC e pelo Fundo Monetário Internacional (FMI).

Mas o FMI, ao contrário do governo brasileiro, projeta a mesma taxa também para 2014 I e uma expansão anual média, nos próximos cinco anos, de 3,5%, se os investimentos em infraestrutura começarem a deslanchar. As previsões são melhores para a maior parte dos emergentes da Ásia, da Europa ex-socialista e da América Latina. Quase todos, além disso, continuarão com inflação menor que a do Brasil. O crescimento brasileiro, garante o ministro da Fazenda, será puxado, a partir deste ano, principalmente pelos investimentos. Mas, como ele mesmo reconhece, o valor investido em equipamentos produtivos, em instalações e em infraestrutura tem continuado próximo de 18% do PIB, poderá subir um pouco este ano e caminhar -esta é a meta oficial - para 24% dentro de alguns anos. Ninguém sabe quando essa proporção será alcançada, Quando isso ocorrer, o Brasil ainda investirá menos, proporcionalmente, do que investem hoje as economias mais dinâmicas da América do Sul Se esse avanço depender do governo, o caminho será muito longo, Até setembro o Tesouro investiu 35,7% dos R$ 9i,2bilhões previstos no Orça) mento federal, valor menor que o do ano passado, descontada a inflação. A infraestrutura continua muito deficiente e o setor privado, por muitas razões, também tem investido menos que o necessário.

A piora da balança comercial é uma das conseqüências. O saldo oficial de 2013 até a segunda semana de outubro foi um superávit de "US$ 964 miIhões. Na semana anterior, a exportaçao fictícia de uma plataforma de petróleo havia adicionado US$ 1,9 bilhão à receita.

Essa e outras plataformas contabilizadas neste ano jamais foram embarcadas. A operação tem finalidade tributária, mas é contada como receita.

A presidente e seus auxiliares costumam insistir, também, no discurso da boa gestão fiscal. Podem convencer quem ignora a contabilidade criativa e as ligações perigosas do Tesouro com os bancos federais -dados conhecidos internacionalmente e objetos de gozação dentro e fora do País. Pelo menos isto se pode dizer a favor da retórica e dos truques oficiais: são divertidos.

Jornalista

Fonte: O Estado de S. Paulo

Rio, passado e futuro - Merval Pereira

No momento em que a aliança do PMDB com o PT no Estado do Rio está em perigo devido a divergências sobre o candidato à sucessão do governador Sérgio Cabral, acaba de ser publicado na “Dados’ a principal revista de ciências sociais do país, “O Rio de Janeiro e o Estado nacional artigo dos cientistas políticos Octavio Amorim Neto, da Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas da Fundação Getulio Vargas, e Fabiano Santos, do Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, que analisa a influência do Rio na política nacional entre 1946 e 2010, com ênfase nos fatores que explicam o “impressionante declínio” da participação do estado no governo federal a partir de 1969, confirmado nos 20 anos seguintes ao retorno de eleições multipartidárias, em 1982.

Os autores atribuem à chegada da esquerda ao poder, a partir de 2002, a aproximação do governo estadual com o federal, principalmente a partir da eleição de Cabral em 2006, o que resultou na “relativa recuperação política do Rio”. Segundo eles, entre 1946 e 1964, o Rio de Janeiro logrou exportar sua política para o plano nacional porque a balança de poder entre o governo central, por um lado, e o Congresso e a Federação, por outro, pendia para estes.

Durante o regime autoritário, o Executivo, “como era de se esperar”, concentrou amplas prerrogativas, passando a ter recursos para punir o Rio por sua rebeldia. Aqui vigorava a mais forte oposição do país, com o MDB, oriundo basicamente do PTB, pela esquerda e os correligionários de Carlos Lacerda pela direita. Apenas técnicos com origem estadual politicamente irrelevante viriam a participar dos gabinetes presidenciais entre 1969 e 1979.

A participação política do Rio de Janeiro no governo federal foi praticamente nula a partir de meados dos anos 1970 até boa parte do período relativo à transição e consolidação democrática, ressaltam. Já no começo do século XXI, a balança continuou a oscilar agora em bases democráticas, para o lado do governo central, forçando cariocas e fluminenses a ter que importar a política daquele para ter novamente um papel político nacional relevante.

De maneira complementar, o esvaziamento econômico por que passou o Rio desde 1950 e a transferência dos ativos administrativos da capital para Brasília em 1960 também devem ser considerados fatores relevantes no declínio político da região, sublinham os autores, “uma vez que dinamismo econômico e poder político costumam andar de mãos dadas”. A fusão do Estado da Guanabara com o Rio de Janeiro, no governo Geisel, é vista pelos autores como um instrumento para o amesquinhamento político do estado.

A perda de influência política no âmbito nacional decorrente de esforços bem-sucedidos do regime militar certamente contribuiu para acentuar o declínio econômico. O estudo ressalta que, além disso, a implantação do brizolismo no estado a partir de 1983 acabou por ampliar mais ainda o fosso entre o Rio de Janeiro e o governo federal, “gerando um ciclo vicioso entre decadência econômica e desentrosamento político, agravado pela crise inflacionária da década de 1980 e do começo da década seguinte”.

Ao que tudo indica, analisam os autores, este ciclo parece ter chegado ao fim a partir de 2007, quando o estado e o Executivo federal voltaram a se alinhar politicamente, “criando um ciclo virtuoso entre cooperação intergovernamental e revitalização econômica”. Assim, se durante o período 1946-1964 a influência política do Rio de Janeiro decorreu da capacidade de exportar seu padrão de competição partidária para o plano nacional, sob o atual regime representativo, o Rio recupera influência após decidir importar os padrões de alinhamento partidário estabelecidos pelo governo central.

A possibilidade de uma dissidência do PMDB-RJ poria em xeque essa recuperação política e econômica, caso o PT continue à frente do Executivo nacional. Mas pode sinalizar também o desgaste do modelo petista instituído no país a partir de 2002.

Fonte: O Globo

Um país atrasado - Fernando Rodrigues

Sou a favor da liberdade de expressão. Considero uma regressão civilizatória a retirada de um livro do mercado só porque um biografado se sentiu ofendido. Um cidadão incomodado deve ir à Justiça e ser ressarcido pelo dano causado. Mas quem vive e ganha dinheiro se expondo na mídia não tem como reclamar quando seus hábitos no café da manhã são revelados.

Apesar de pensar assim, acredito que Caetano Veloso, Chico Buarque e Djavan, entre outros, prestam um serviço ao ficarem do outro lado do muro. Eles nos ajudam a enxergar o óbvio: o Brasil é um país atrasado. Não estão disseminados por aqui os valores republicanos clássicos. Liberdade de expressão é uma abstração que não faz parte da vida real da imensa maioria dos brasileiros.

Caetano, Chico e Djavan compõem essa paisagem. Chocam parte dos leitores da Folha, mas será que a reação seria a mesma na maioria da população? Não somos o Brasil potência dos anúncios do governo na TV, em que os pobres estão sempre sorrindo e os direitos parecem plenos para todos.

O Brasil real é o das ruas com calçadas esburacadas e ônibus sujos e lotados. Da Justiça lenta e improdutiva. O Brasil é conservador. Seu conjunto de valores está em formação. A democracia só tem 25 anos.

Talvez o Datafolha pudesse perguntar a brasileiros que circulam no viaduto do Chá, em São Paulo, ou na Cinelândia, no Rio: "Você é a favor ou contra retirar do mercado um livro que exponha a vida de Roberto Carlos, incluindo a intimidade do cantor, dramas pessoais na infância sobre os quais ele não fala em público, casamentos malsucedidos e um lado menos conhecido da vida desse artista? Está certo publicar um livro que seja verdadeiro, porém constrangedor para Roberto Carlos?".

Suspeito que muitos aprovariam a censura prévia. O Brasil profundo é assim. Continua refém daquela velha profecia: corre o risco de ficar obsoleto antes de ficar pronto.

Fonte: Folha de S. Paulo

O eleitor neutro define a campanha - Leonardo Cavalcanti

Há um erro básico em considerar o cidadão independente como um indeciso, alguém débil, pronto a ser fisgado. Nada mais falso. Sem as máscaras de um partido ou candidato para curtir nas redes sociais, ele evita as manadas e se transforma no maior desafio do marqueteiro

A edição deste mês da revista norte-americana Esquire apresenta uma ampla pesquisa sobre a importância dos eleitores independentes nos Estados Unidos. Nem republicanos nem democratas, eles funcionam tal qual um pêndulo entre dois pólos, ora em direção à esquerda ora à direita. A atenção com esse público pode ser explicada por vários motivos. O mais forte: homens e mulheres de “centro” representam a maioria da população votante dos EUA, capaz de definir plebiscitos sobre assuntos específicos, como financiamento de determinado programa, ou uma disputa presidencial.

Com o distanciamento do discurso político de Washington, tais eleitores buscam meios próprios para entender e digerir temas como o casamento gay, gastos públicos e — o assunto da vez por lá — o financiamento público da saúde. Além da barreira do discurso oficial, os cidadãos do “centro” não se consideram como do “centro”, o que dificulta por si só o próprio enquadramento para os marqueteiros. Depois, eles formam uma massa disforme demais para facilitar qualquer tipo de discurso de um candidato. Ganhar corações e mentes nessa trincheira não é uma tarefa das mais fáceis.

Antes de um paralelo com o Brasil, vale destacar outros dados da pesquisa. A maioria dos eleitores “independentes” nos Estados Unidos não concorda como “as coisas estão caminhando”, apesar da maior parte desses terem optado por Barack Obama nas últimas eleições e se dizerem mais próximos dos democratas. É importante saber que temas como armas e Deus são pouco atraentes para esse pessoal, mas eles parecem dispostos e sensíveis positivamente a assuntos como legalização da maconha e aborto nos primeiros três meses de gravidez. O “centro” apoia impostos para ricos e poluidores.

Cor brasileira
No Brasil, tal cidadão é mal visto, como se fosse um débil por não tomar partido. E é tratado como um eleitor indeciso por marqueteiros e políticos. Tudo fica ainda mais confuso quando grupos políticos ligados à oposição e ao governo invadem as redes sociais tentando enfiar goela abaixo a legenda A, B ou C. Há uma guerra partidária que pouco ou nada interessa a esse cidadão. O mundo real ainda está distante das eleições, então não adianta bordoadas entre candidatos. Nessa disputa, apenas as torcidas partidárias reagem. Os independentes permanecem independentes, por mais que escolham um candidato no momento adequado ou até mesmo decidam votar nulo ou branco.

Para os marqueteiros, a dificuldade é se atrapalhar na hora de identificar esse eleitor, tratando-o como indeciso. Nada mais falso. Ele não está na maré, pronto a ser fisgado. Tem posições firmes sobre vários temas e até pode defender um candidato em determinado dia e criticá-lo no outro. E só a partir de uma sequência de variáveis escolhe, ao longo da campanha, um político. Sem as amarras das legendas, o “independente” é um eleitor mais difícil de convencer, por trabalhar com mais informações e não simplesmente concordar com a manada, curtindo postagens partidárias nas redes sociais.

Esses eleitores no Brasil, em proporções pouco menores do que nos Estados Unidos — estimados em 51% —, têm uma interferência direta na corrida eleitoral. Qualquer movimento errado pode afastá-los de determinado partido ou candidato. Uma diferença, entretanto, torna o brasileiro ainda mais importante: a obrigatoriedade do voto. Não existe uma forma de se abster no Brasil.

Por fim, o recado: nunca desdenhe de um “independente”. Ele vai fazer diferença nas urnas.

Prêmio Esso
O Correio está na final do Esso, um dos mais prestigiados da imprensa brasileira, com cinco reportagens das editorias de Economia, Cidades e Política. É um orgulho trabalhar com equipes tão especiais.

Fonte: Correio Braziliense

Panorama político - Ilimar Franco

Ressentimento
O governador Sérgio Cabral e o prefeito do Rio, Eduardo Paes, registraram, para a cúpula do PMDB, que o PT menospreza as votações que Lula e a presidente Dilma receberam no Rio. Dizem que Lindbergh Farias ainda tem que superar pendências judiciais. Acreditam que os eleitores vão julgar o governo e não o governador. E, garantem, que a candidatura de Luiz Fernando Pezão é irremovível.

Um conto de fadas?
A construção do cenário da campanha eleitoral, feita pelos tucanos, prevê a cooperação, e não a disputa pelo segundo lugar, entre Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB). Na cabeça deles, os dois candidatos combatem juntos o governo petista. Portanto, dizem que “Aécio minar Eduardo seria como minar a oposição e a possibilidade de segundo turno”. Tucanos e socialistas que apostam nesse embate estariam na contramão da luta política. A citação de experiências, ocorridas em eleições passadas, também não conta na montagem deste esquema, pois diferente de candidaturas passadas “eles (Aécio e Eduardo) são amigos’ Quem viver, verá!

“Beto Albuquerque, Márcio França e Roberto Amaral estão meio confusos com seu neo oposiconismo, e escolhem o alvo errado (Aécio Neves)
Marcus Pestana
Deputado federal e presidente do PSDB de Minas Gerais

Sem combinar com os russos
O ministro Aloizio Mercadante (Educação) não gostou da decisão do ministro Alexandre Padilha ( Saúde) de negociar no Congresso, sem combinação prévia, a antecipação do Revalida dos médicos estrangeiros de seis para três anos.

Deu no ‘Pravda’
O que pesou na decisão do ministro Aldo Rebelo, de atender a presidente Dilma, e permanecer no Ministério do Esporte, foi o cenário eleitoral. O PCdoB elegeu dois deputados federais em 2010: Aldo e Protógenes Queiroz. No ano que vem, seu partido terá outros três candidatos: Protógenes, o vereador Netinho de Paula e o ex-ministro Orlando Silva.

Mala pronta
O deputado Valdemar Costa Neto (PR-SP) entregou sexta-feira à Câmara o apartamento funcional que ocupava em Brasília. Aos mais próximos, diz que está esperando para fevereiro sua condenação no mensalão.

Derrota da esquerda
Os partidos identificados com a esquerda foram derrotados na Câmara na votação da reforma eleitoral. A maioria rejeitou emenda que limitava os gastos de campanha, que tinha o apoio de PT, PSB, PDT, PCdoB, PV e PSOL. Os partidos do centro à direita, que votaram para manter o teto liberado, ironizavam que a limitação funcionaria como um anabolizante para o ‘Caixa 2

É o fim
A subcomissão de Direitos Humanos da Comissão de Cultura, criada como contraponto à Comissão de Direitos Humanos presidida pelo deputado Marco Feliciano (PSC-SP), foi extinta a pedido da Frente Parlamentar Evangélica.

Agora vai
PROS e Solidariedade estão formando bloco na Câmara, somando 44 deputados. A aliança se estende à eleição do Rio. Os dois partidos estão conversando com o que restou do PSB no estado para tentar fechar uma chapa ao governo.

A PRESIDENTE DILMA vai a Belo Horizonte, na próxima quarta, inaugurar duas creches e contratar a construção de 40. Está de olho no voto feminino.

Fonte: O Globo

Brasília-DF - Luiz Carlos Azedo

Esse filho é teu
O polêmico leilão do poço de petróleo de Libra da câmara pré-sal é vital para o segundo mandato da presidente Dilma Rousseff . É o primeiro do novo marco de partilha de produção — o anterior, muito bem-sucedido, foi no sistema de concessão. Pode representar o maior aporte de investimentos estrangeiros no país durante o atual governo, cujo programa de concessões e parcerias público-privadas não deslanchou como se esperava.
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O leilão aposenta o discurso que levou a nocaute os tucanos na reeleição do presidente Lula, em 2006: a crítica às privatizações de Fernando Henrique Cardoso. A presidente Dilma larga também a histórica bandeira do “petróleo é nosso”, mais importante movimento nacionalista do país no século passado. Não porque a oposição faça muita carga contra o leilão. Quem acusa o governo de lesa-pátria são os petroleiros, que desde ontem estão em greve por tempo indeterminado nas plataformas e refinarias do país. A maioria dos sindicatos é ligada à CUT.
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No Rio de Janeiro, o clima é tenso. As manifestações para impedir a realização do leilão podem ter a adesão de professores, militantes de oposição e mascarados arruaceiros. O governador Sérgio Cabral (PMDB), na berlinda por causa dos protestos, pediu que o governo federal mobilizasse o Exército para garantir a realização do leilão. Essa espécie de “toma que o filho é teu” também fará com que forças federais, pela primeira vez, se responsabilizem pela repressão aos protestos. Até aqui, a presidente manteve sua imagem descolada dos choques entre manifestantes e policiais que vêm ocorrendo por todo o país desde junho.

Tropa na rua
O Exército interditará um trecho da Praia da Barra da Tijuca e todo o perímetro do Hotel Windsor Barra, que fica em frente à praia, na Avenida Lúcio Costa, local escolhido a dedo para dificultar a vida dos manifestantes. Cerca de 1.100 homens — com a participação da Marinha e de forças policiais federais e estaduais — restringirão o acesso aos moradores da região, munidos de comprovantes de residência.

Negociações
O Palácio do Planalto tem margem de manobra para negociar. Além do protesto contra o leilão do campo de Libra, os petroleiros reivindicam a retirada da pauta de votação da Câmara dos Deputados do Projeto de Lei (PL) 4.330/04, de autoria do deputado federal Sandro Mabel (PMDB-GO), e a mudança de regras para a terceirização de serviços.

Aumento real
Os petroleiros reivindicam aumento no salário-base de 16,53%

Go home
Oito pessoas foram detidas ontem após invadir e depredar uma sala mantida pelo consulado dos Estados Unidos em Porto Alegre (RS), no shopping Boulevard, na Zona Norte da cidade, durante um protesto contra a espionagem americana e o leilão do campo de Libra. O ato foi promovido pelo grupo Marighella, que se intitula uma “organização socialista, patriota e revolucionária”. O bando jogou tinta em paredes e derrubou bandeiras dos Estados Unidos.

Novela
Os russos estão de volta à disputa pela venda de caças de última geração ao Brasil. O ministro russo da Defesa, Serguei Choigh, durante sua estada em Brasília, propôs parceria ao governo brasileiro para desenvolver e fabricar aviões de combate de quinta geração. O ministro da Defesa, Celso Amorim (foto), admitiu a possibilidade. Como se sabe, o Brasil acaba de adquirir mísseis russos por R$ 2 bilhões. Além do francês Rafale, também participam da concorrência para reaparelhar a Força Aérea Brasileira (FAB) o Grippen, da sueca Saab, e o F-18 Super Hornet, da Boeing. Os caças russos Sukhoi foram desclassificados pela FAB.

Supersalários/ O ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal, deu prazo de 72 horas para que o Tribunal de Contas da União (TCU) e o Senado se manifestem sobre a devolução de supersalários de servidores do Legislativo. O Sindilegis tenta barrar a devolução no STF.

Concessões/ O ministro dos Transportes, César Borges, tenta animar os empresários de Brasília a investir mais no programa de concessões e na modernização da infraestrutura de transportes no Brasil. É o convidado do LIDE — Grupo de Líderes Empresariais para o próximo encontro, em Brasília, no dia 28.

Até breve/ Caros leitores, a partir de amanhã a jornalista Denise Rothenburg reassumirá a coluna Brasília-DF. Nos reencontraremos segundas, quartas e sextas-feiras na coluna Entrelinhas, para a qual estou voltando.

Professores
Caetano Veloso, Wagner Moura (foto), Marisa Monte, Leandra Leal, Fernanda Abreu e Thayla Ayala resolveram ajudar os professores em greve no Rio de Janeiro a reabrir as negociações com o prefeito carioca, Eduardo Paes. Parados desde 8 de agosto, por causa do novo plano de cargos e salários do magistério municipal, os professores querem uma saída para o movimento.

Fonte: Correio Braziliense

Painel - Vera Magalhães

A todo vapor
Lula deflagrou ontem a estratégia para tentar isolar Eduardo Campos (PSB) na disputa pela Presidência. O petista se reuniu com o vice-presidente da República, Michel Temer, em seu instituto. Acertaram a criação de um grupo para evitar atritos entre PT e PMDB que prejudiquem a campanha de Dilma Rousseff. O ex-presidente recebeu ainda o ex-governador Paulo Hartung (PMDB-ES), de quem se afastara desde que deixou a Presidência, para discutir o quadro político no Estado.

Mão na massa Lula ficou de conversar com Rui Falcão para indicar os nomes do conselho. Defendeu Sérgio Cabral e Luiz Fernando Pezão, mas não falou em retirar a candidatura de Lindbergh Faria (PT) ao governo do Rio.

Máquina Os dois avaliaram que, na troca das pastas, no ano que vem, o ideal é que sejam ocupadas por políticos, e não "tecnocratas''.

Sem... No telefonema que deu para Aécio Neves, ontem, Eduardo Campos desautorizou aliados seus que atacaram o PSDB nos últimos dias. Os dois combinaram de se encontrar nos próximos dias.

... antropofagia O governador pernambucano e o senador mineiro avaliam que a briga entre eles só interessa ao governo e ao PT, pois dá razão à tese do marqueteiro de Dilma, João Santana, que previu uma guerra de "anões" em 2014.

Papo reto Aécio adotou um tom mais enfático ao defender as privatizações em site do partido. "Nós defendemos as privatizações de setores que precisam de mais investimentos do que aqueles que o Estado tem", diz em um vídeo, citando portos, aeroportos, rodovias e ferrovias.

Ontem e hoje O tucano aproveita para provocar Guido Mantega: "É curioso vermos nesses últimos dias o ministro da Fazenda dizendo que só privatizações e concessões salvam o Brasil de mais um crescimento medíocre".

Barata... A operação da Polícia Federal que identificou fraude em diplomas de médicos formados no exterior pegou de surpresa ministros do governo. José Eduardo Cardozo (Justiça) não avisou o colega Alexandre Padilha (Saúde) sobre a operação assim que ela foi deflagrada.

... voa O ministro da Saúde foi surpreendido com uma pergunta sobre o tema durante uma entrevista em Brasília. Além disso, Dilma Rousseff ficou irritada com o delegado da PF que envolveu no episódio o Mais Médicos, menina dos olhos da petista, que reclamou com Cardozo.

Partida 1 A Assembleia Legislativa de SP publica hoje regras para a renovação de sua frota oficial, abrindo caminho para a compra de carros novos para os deputados. A Casa prepara uma concorrência ampla, sem limitações de modelos e marcas, como aconteceu na última licitação, que acabou cancelada.

Partida 2 Os veículos serão substituídos quando completarem 100 mil km ou 5 anos de uso, ou se houver danos que comprometam seu funcionamento. Quase 70% dos carros dos 94 deputados se encaixam nos critérios.

Cada um... Fernando Haddad indicou a auxiliares que não vai criar empecilhos à permanência em sua gestão de secretários indicados por partidos que enfrentarão o PT na eleição paulista de 2014.

... na sua Seis chefes de pastas são filiados a siglas que devem apoiar rivais do petista Alexandre Padilha.

Visita à Folha Newton Lima, deputado federal pelo PT-SP, visitou ontem a Folha. Estava com Luiz Zucchi, chefe de gabinete, e Cláudio Camargo e Júlio Moreira, assessores de imprensa.

Tiroteio

"Dilma decidiu copiar FHC. Além de privatizar o petróleo, agora chama o Exército contra os petroleiros, como o tucano fez em 1995."

DE ZÉ MARIA, PRESIDENTE NACIONAL DO PSTU, sobre o reforço de segurança convocado pela presidente para garantir o leilão de Libra, na segunda-feira.

Contraponto

Meia palavra basta

Após duas horas de debate sobre o programa Mais Médicos no plenário do Senado, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) subiu à tribuna para se posicionar sobre o tema. Ao contrário de congressistas da oposição, que fizeram discursos extensos e inflamados contra o programa, o petista foi conciso e bastante aplaudido ao final.

Jorge Viana (PT-AC), que presidia a sessão no momento, justificou a empolgação dos colegas:

--Suplicy, você falou em apenas um minuto e meio! Teve unanimidade! --brincou com o colega, conhecido por longas falas em comissões e no plenário da Casa.

Fonte: Folha de S. Paulo

Política – Claudio Humberto

• Serra: Aécio só ‘aguenta o tranco’ até março
Com os ares renovados após a aliança entre Marina Silva e Eduardo Campos (PSB-PE), ex-governador José Serra (SP) ganhou motivação para tentar desbancar Aécio Neves (MG) e disputar a Presidência pelo PSDB, em 2014. Segundo interlocutores, ele acredita que o desafeto só resiste nas pesquisas até março, quando a transferência de votos de Marina Silva ao adversário socialista deverá ficar mais evidente.

• No aguardo
Apesar de oficialmente ser pré-candidato ao Senado, Serra continua achando que vai sobrar para ele a candidatura presidencial.

• Deixa esfriar
Para não criar indisposição ainda maior do que já tem no PSDB, José Serra planeja manter sua campanha sem alardes, País afora.

• Estrutura
Serra continua montando uma estrutura que mais parece de campanha presidencial, e não de senador por São Paulo.

• Sem mágoas
Apesar de a senadora Kátia Abreu haver trocado o PSD pelo PMDB, seu filho Irajá Abreu (TO) é o novo vice-líder do partido na Câmara.

• Relator cogita escutar Donadon no Conselho Ética
Relator da cassação do mandato de Natan Donadon (RO), José Carlos Araújo (PSD-BA) consultou o presidente Ricardo Izar (PSD-SP) sobre a possibilidade de convocar o presidiário para se defender no Conselho de Ética, onde responde por quebra de decoro. Ladrão transitado em julgado, Natan foi condenado a 13 anos de prisão, mas se livrou da cassação em razão do voto secreto e da grande abstenção de colegas.

• Lavou as mãos
Com medo do desgaste, Ricardo Izar acha que, se o relator quiser convocar Donadon, isso será submetido antes ao Conselho de Ética.

• Tem tempo
José Carlos Araújo tem o prazo de 40 dias úteis, contados desde o último dia 14, para apresentar seu parecer no Conselho de Ética.

• Todos por uns
A fim de salvar mensaleiros, o PT continua empacando na Câmara a votação de proposta que prevê voto aberto em cassação de mandato.

• O que importa
Após tentar derrubar a ministra Helena Chagas (Comunicação), o ex-ministro Franklin Martins quis obter, por carteirada, um contrato de R$ 12 milhões para “fazer comunicação das redes sociais”, na campanha de Dilma. Esquerdopatas adoram grana.

• Em extinção
A ONG Repórteres Sem Fronteiras condenou a execução a tiros, no sábado (12), do diretor da rádio Meridional de Rondônia. É o sexto jornalista assassinado no Brasil em 2013, fora os que apanham da PM.

• Proximidade
Feita por telefone, pesquisa Ipespe mostra que a presidenta Dilma Rousseff teria entre 33 e 35 pontos, se a eleição fosse hoje. Eduardo Campos, que encomendou a pesquisa, aparece com cerca de 16%.

• Saiam do armário
Aspirante a disputar o governo da Bahia, o senador Walter Pinheiro cobra uma posição do governo e do PT: “Há quatro candidatos, eles precisam assumir publicamente qual destes eles querem”.

• Moeda de troca
O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), articulou a filiação de dez vereadores de oposição ao PROS. Em troca, a mais nova bancada governista indicará comando das secretarias de Turismo e Trabalho.

• Lá e cá
O chefe da Promotoria do Reino Unido, Keir Starmer (o PGR de lá), acha que a Justiça deve proteger jornalistas que violam leis para revelar fatos de interesse público, como Julian Assange, do Wikileaks. No Brasil, são ameaçados com tentativas de controle e intimidação.

• Hotéis de luxo
A justiça eleitoral tem investido na formação “profissional”: gastou R$ 46,3 mil só com diárias para que servidores do TRE-DF participem de conferências fora de Brasília. No ano passado, gastou R$ 108,3 mil.

• Vácuo à esquerda
Doido por números, o ex-prefeito Cesar Maia diz ter recente pesquisa de instituto revelando que se o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) se candidatar herda os votos de Marina Silva, baterá o tucano Aécio Neves e esvaziará a candidatura de Eduardo Campos (PSB-PE).

• Pensando bem…
…parece, mas não é Lula quem faz os destrambelhados discursos de Dilma.

Fonte: Jornal do Commercio (PE)

O que pensa a mídia - editoriais de alguns dos principais jornais

http://www2.pps.org.br/2005/index.asp?opcao=editoriais

Vinicius centenário – Por Carlos Felipe Moisés

Para celebrar a data, neste sábado, é só repetir o titulo do álbum de Bethânia “Que falta você me faz”, esperar que todos ao alto-falantes do país toquem o “Samba da Bênção”, e rematar com Toquinho: Vininha velho sarava!”

Em depoimento prestado a Miguel Faria Jr., na abertura do precioso documentário "Vinicius de Moraes" (Videolar/Paramount, 2006), Chico Buarque afirma não ser capaz de imaginar Vinicius vivo, hoje: que relações ele manteria com a generalizada luta pelo sucesso a qualquer preço nesta sociedade tão pragmática e neoliberal? Se aparecesse de repente no Rio, em Salvador, em Los Angeles, em Paris, depois de anos de ausência, é possível que ele se espantasse: vocês desistiram? Deixaram os caras tomar conta de tudo? A vida única e a liberdade de cada um não valem mais nada?

De fato, quem, hoje, diria: "Eu sei que vou te amar, por toda a minha vida eu vou te amar"? Sim, claro, alguém talvez lembrasse: "...que não seja imortal posto que é chama, mas que seja infinito enquanto dure". Mas onde foi parar a "chama"? E como sonhar que venha a ser "infinito" o que nem chega a começar? De que adianta saber que "a alegria é a melhor coisa que existe", e que "pra fazer um samba com beleza é preciso um bocado de tristeza", se todos desistiram de conciliar os contrários?

Pois é, se aparecesse por aí, Vinicius ficaria desolado. Mas, um uísque depois, ele contaria uma boa piada, se sentiria de novo em casa e começaria a cantar, com "o Baden mandando brasa no violão": "Afogai-me, tirai-me deste tempo,/ Levai-me para o campo das estrelas,/ Entregai-me depressa à lua cheia,/ Dai-me o poder vagaroso do soneto, dai-me a iluminação das odes, dai-me o cântico dos cânticos,/ Que eu não posso mais, ai!,/ Que esta mulher me devora!/ Que eu quero fugir, quero a minha mãezinha, quero o colo de Nossa Senhora!"

Vinicius passou a vida (1913-1980) tentando conciliar os contrários - na poesia, na música, nas amizades, nas profissões que exerceu, na fieira de amores que viveu (casamentos reconhecidos foram nove). Por isso não só acompanhou, mas ajudou a criar a profunda transformação de valores que este país conheceu no período que vai dos anos 30 à década de chumbo posterior ao Ato Institucional nº 5, de 1968: ditadura Vargas, democracia Dutra, Vargas de novo, depois Juscelino, Brasília, Jânio, a renúncia, Jango, o golpe de 64, a ditadura militar e bem mais tarde a volta à democracia. Ao longo desse tempo, alheio ao vaivém, o sonho de um Brasil grande - na arquitetura, no futebol, no cinema, no teatro, na indústria automobilística, na urbanização triunfante, na desigualdade crescente...

Enquanto a pátria oscila entre o jeitinho brejeiro do homem cordial e a tirania dos que se sentem donos do poder, Vinicius alterna a alegria ilimitada dos prazeres do amor com a inarredável consciência da tragédia iminente. Não ora um, ora outro, mas os dois sempre entrelaçados - na alma do poeta e nas entranhas do país.

Mas a revolução de Vinicius parece ter-se concentrado na liberalização dos costumes. Para ele, esse Brasil novo tem como epicentro a Mulher, que desce do pedestal onde a tradição espiritualizante a colocara, para surgir aos olhos do poeta - Vênus nascida da espuma - banhada de sol e mar, livre e sensual, "leve como um resto de nuvem: mas uma nuvem com olhos e nádegas". "Em sua incalculável imperfeição", a mulher, para Vinicius, é "a coisa mais bela e mais perfeita de toda a criação inumerável".

Poeta de prestígio, já ao estrear, em 1933, com "O Caminho para a Distância"; diplomata bem-sucedido, a partir dos anos 40 - Vinicius foi aos poucos largando a pose, a gravata, o paletó, a carreira segura que tinha pela frente, para se arriscar na aventura da música popular, o livre exercício de cantar a vida que brota do efêmero e passa e se renova a cada novo amor.

A partir dos anos 50, graças ao sucesso de sua peça "Orfeu da Conceição", encenada no Theatro Municipal do Rio de Janeiro (cenário de Oscar Niemeyer, música de Tom Jobim); graças à boa aceitação das primeiras apresentações em público, ao lado do mesmo Tom, Odette Lara, João Gilberto -, Vinicius se entrega por inteiro à poesia da vida cotidiana que, convertida em música, se espalha por toda parte. O poeta descobre sua vocação de cantor, ao mesmo tempo, da mulher e da alma do povo.

Em plena ditadura militar (ele ainda ligado à diplomacia, mas já famoso como parceiro de Tom Jobim, Carlos Lyra, Baden Powell e outros), o Itamaraty não lhe perdoou a ousadia da hibridez e fez cumprir a ordem transmitida, em curto e grosso memorando, por Costa e Silva: "Demita-se esse vagabundo".

Ele fez o possível para mostrar que não estava nem aí e seguiu em frente. Ainda teve fôlego para mais três casamentos, e uma derradeira parceria, a mais duradoura, com Toquinho, que tinha idade para ser seu neto.

Para celebrar o centenário (19/10/2013), é só repetir, com Maria Bethânia, o título do álbum que é um dos pontos altos da carreira da cantora: "Que Falta Você Me Faz - Músicas de Vinicius de Moraes" (Biscoito Fino, 2004); esperar que todos os alto-falantes do país toquem, vezes sem conta, o "Samba da Bênção"; e rematar, com Toquinho: "A vida é pra valer,/ A vida é pra levar./ Vininha, velho, saravá!"
Carlos Felipe Moisés é poeta ("Noite Nula"), crítico literário ("Poesia & Utopia") e tradutor ("O Poder do Mito")

Valor Econômico