Brasil conduziu com competência negociação na ONU
O Globo
Mesmo que resolução tenha sido rejeitada no
Conselho de Segurança, esforço diplomático não foi em vão
Os ataques do grupo terrorista Hamas e
a subsequente reação de Israel ocorreram no momento em que o Brasil ocupa a
presidência rotativa do Conselho de Segurança das Nações Unidas. A coincidência
histórica deu à diplomacia brasileira a oportunidade — e a responsabilidade —
de assumir o protagonismo nas negociações em torno do conflito. A primeira
resolução proposta pelo Brasil foi rejeitada na última quarta-feira, em razão
do veto dos Estados Unidos. Mas o esforço diplomático brasileiro não foi em
vão.
A resolução brasileira foi uma contraproposta à formulação da Rússia, que manifestava preocupação com o agravamento da situação humanitária na Faixa de Gaza, mas nem mencionava os ataques do Hamas que mataram mais de 1.400 pessoas na semana anterior ou os quase 200 reféns que os terroristas haviam capturado em Israel. Os termos eram obviamente inaceitáveis para os integrantes do Conselho. O Brasil tomou a iniciativa de produzir um texto alternativo que contemplasse três pontos. Primeiro, condenasse explicitamente o terrorismo do Hamas. Segundo, exigisse libertação imediata dos reféns. Terceiro, mantivesse foco na questão humanitária em Gaza.